CAPÍTULO 38 - PARTE 1

Christopher Gutiérrez

Desço os degraus da escada de dois em dois quando a campainha toca duas vezes seguidas mais uma vez.

Dou uma pequena corrida até a entrada, são oito da manhã e a pessoa do outro lado da porta parece estar bem impaciente, além de que parece estar querendo me deixar com raiva, pois fica tocando a campainha insistentemente como se não houvesse amanhã!!

— Que saco!! Já vai!! — Grito já de frente para a porta e girando a chave na fechadura, destrancando e abrindo-a. — Mas... Caramba!?

Abro a boca duas vezes meio surpreso, já esperava receber três pessoas essa manhã, meus sogros e cunhado. Mas as duas pessoas ao lado,  sorrindo e igualmente cheios de bagagens, me surpreende, minha mãe não me avisou que ela e meu pai iriam vir junto nos visitar. Ergo a mão ainda meio perdido e coço o cabelo da minha nuca.

Minha mãe, Cristina e meu pai, Leandro, sorriem felizes por conseguirem ter me surpreendido e sinto, bem no meu peito que a minha esposa vai ter um treco. Tínhamos planejado já contar de uma vez que nos casamos e logo em seguida sair com as mochilas para o aeroporto, para não ter perigo da língua solta de Julia deixar escapar ou deles contestarem nossa decisão. Só que com meus pais aqui, vai ser ainda mais complicado!!

— Olá, querido!! — Minha mãe é a primeira a se pronunciar. Anda até o mim e passa os braços em torno de meu corpo, as muitas pulseiras cintilham com o movimento e ela me abraça apertado, beijando meu rosto diversas vezes. Sorrio e retribuo o aperto, senti falta da minha mãe. — Estava com tanta saudades do meu bebê!

— Ahh, mãe?! — Resmungo apertando os olhos com força, é assim desde a época do colégio, me chamando de bebê na frente de todo mundo! Uma vez na frente de um cliente chato meu, foi insuportável terminar o caso dele.

— Eu não sei vocês, mas eu estou com fome e cansado! — Daniel interrompe passando por nós dois e entrando em casa. — Ei de casa! — Grita largando a mala perto da parede e se jogando no sofá.

Nem um minuto depois, Julia aparece no topo da escada vestindo uma camisa xadrez de Vinicius, que facilmente caberia duas dela e desce os degraus saltitando e gritando.

— Tio Dani!

Volto para a porta, para terminar de receber os convidados e, já não tem mais ninguém do lado de fora, a porta fechada e as malas encostada na mesma parede que Daniel largou a sua. Suspiro e volto para a escada ouvindo o tênis de Dália fazendo barulho no piso ainda no andar de cima. Coloco um sorriso no rosto e a encaro no topo da escada, tão pasma quanto eu fiquei.

— Parece que vamos ter que fazer mais café!! — Diz por fim, sorrindo sinceramente. Consigo soltar um suspiro contente, desde que o maluco levou Vinicius que não vejo as duas sorrirem dessa forma.

— Minha filha! — Mónica vai em direção a escada e Dália desce a escada correndo tão ou mais que a filha e se joga nos braços da mãe.

Sorrindo eu me viro, deixando as duas conversarem e caminho até os outros, para cumprimentar adequadamente.

— Pai? Por que vocês não avisaram que vinham? — Pergunto enquanto o abraço, também senti falta do meu velho.

— Sua mãe quis fazer surpresa. — Responde revirando levemente os olhos, solto uma risada, típico da mamãe.

— É, Mónica e Cristina planejaram tudo ontem!! Quando eu vi já estava dentro do avião, rumo ao Brasil. — Rogério resmunga, ajeitando a camisa escura.

— Se prepare, sua mãe vai te pegar pra Cristo! — Meu pai sussurra em confidência e Rogério acena concordando. — Você tinha dito que iria para o congresso e depois passar lá em casa, mas avisou em cima da hora que viria para o Brasil. Ela está uma fera! — Alerta fingindo limpar um pó de meu ombro. — Está dizendo que se sente traída pelo único e amado filho!!

— Mamãe sempre dramática! — Sussurro revirando os olhos e me surpreendo quando minha orelha é puxada.

— Não sou dramática! — Minha mãe murmura assustadoramente. — Sou culturalmente realista!

— Aí mãe! Me larga. — Resmungo apertando os dentes. Ô baixinha dos braços fortes!!

— Larga o menino, Cristina! — Meu pai pede indo em direção a Julia. Mamãe me larga e vai para perto de Mónica e Dália, massageio minha pobre e vermelha orelha. — Oi lindinha do vô, que saudade!!

Abro um sorriso saudoso, vendo Rogério se aproximar de Julia, Daniel e meu pai no sofá. Ver que minha família está aqui, em um momento tão difícil para nós três, é essencial! Um apoio que é muito bem vindo para esperar o retorno do nosso pequeno homenzinho!

Dália Menezes

— Vêm gente, vamos tomar café! — Exclamo para chamar atenção de todos que estão conversando entre si,  sigo para a mesa de café que Chris arrumou, ele deve ter ido na padaria porque acordou cedo e eu mal dormi, estou me segurando pra não ter um treco de nervoso!

Pego um mini pão de queijo e ando até a cozinha pra pegar um suco que sei que minha sogra gosta; quando volto coloco a jarra em cima da mesa em sua frente e sento ao lado de meu marido, vejo a manteiga bem a frente, onde o meu menino deveria estar sentado e sinto as lágrimas brotarem no canto de meus olhos. Respiro fundo enquanto fecho os olhos, procuro e aperto a mão de Chris ao meu lado. Meu marido entrelaça nossos dedos e aperta, me passando um pouco de calor, conforto e força, abro os olhos e vejo minha mãe me dando um sorriso contido.

— Teve alguma notícia, Dália? — Pergunta com cuidado, sei que não quer abalar ainda mais os nossos sentimentos, mas é inevitável, sinto uma lágrima descer por meus olhos e como imã outras fazerem força para descer, escuto Chris responder por mim.

— Ligaram ontem, descobrimos que ele está no Rio de Janeiro! — Explica e vejo a alegria que todos demonstram, meus filhos são aceitos e Vini está fazendo falta para eles também. — Por isso que eu e Dália vamos para lá com o detetive, hoje de tarde. — Explica calmamente e na minha mente eu vejo coisas que Eduardo possa fazer contra o meu filho, balanço a cabeça para evitar esses pensamentos.

— O que leva uma pessoa a fazer essas coisas? — Meu sogro resmunga enquanto come um pedaço de bolo.

— Também queria saber, tio Leandro... — Murmuro cabisbaixa, sinto sua mão passar por minhas costas tentando passar conforto. Chamar Leandro e Cristina é uma coisa que faço desde criança, e mesmo agora, casada com o filho deles, não consigo evitar. — Mas no momento só quero meu filho!

— Calma meu amor. — Olho para Christopher e sorrio, amo quando ele me chama de professora mas quando me chama de amor, sinto um conforto ainda maior. Olho para nossas mãos pousada em sua coxa e vejo a aliança brilhar, preciso contar logo para esse povo sobre o casamento.

Ergo a cabeça a ponto de ver minha mãe e minha sogra nos olharem interessadas e desconfiadas. Elas sabem que nós vivemos um rolo por mais de dez anos, foram longos dias até aceitarmos que não era somente um caso e sim um namoro, as duas comemoram felizes da vida junto com Julia. Mas agora, estamos casados e duvido que vão ficar eufórica por descobrirem que não estavam presentes. Sorrio para elas que se encaram rapidamente, minha mãe é a primeira a falar.

— Vocês formam um casal tão lindo!! — Isso é uma direta que ela tenta disfarçar, está insinuando que devíamos nos casar, é assim tem três anos.

— Concordo! — Cristina continua e nos encara profundamente, com olhos avaliadores. — Ela já é uma ótima nora, amaria ter mais netos!

O pão de queijo para na minha garganta, as palavras de minha mãe no telefone voltam com tudo e começo a tossir engasgada, e Chris bate levemente em minha costas e aos poucos volto ao normal. Encaro minha mãe com os olhos quase arregalados e ela me dá um sorriso que medonho, aquele tipo de sorriso que revela a sua alma, todos os seus pecados, é como se ela dissesse, "Eu sei o que você fez e o que você ainda faz!".

Engulo em seco meio atordoada, parece que voltei a minha adolescência, onde eu e Daniel tínhamos que esconder quem éramos por medo da repreensão! Olho para Christopher nervosa, o calor que ele me passa sempre me acalma, o sorriso que ele me direciona faz eu soltar um suspiro meio perdida.

Respiro aliviada quando minha mãe entra em uma conversa com meu irmão, retorno minha atenção para o café. Estico a mão para pegar a geléia, hoje estou com mais fome que os outros dias e depois que passei mal, não sinto mais vontade de comer canela, só que essa geléia parece bem saborosa!! Alcanço o potinho de vidro mas ele despenca de minha mão quando escuto Julia comentar:

— Mãe, mostra a foto do vestida de noiva para a vovó!! — Ergo a cabeça para encará-la e ela está toda sorridente, e com uma inocência sem tamanho se vira para minha mãe e continua. — O papai estava muito bonito! Mas a mamãe tava muito mais! Parecia até a minha barbie noiva!! — Completa ainda mais eufórica, seu sorriso reluzente é de se admirar mas no momento, eu sinto o sangue fugir de meu rosto, meu coração acelera e acho que vou ter um treco! Me viro para Chris buscando força porém ele parece pior que eu, mais branco que papel!

— Como assim, vestida de noiva? — Meu pai é o primeiro a se pronunciar. — Você se casou Dália?

O falatório de questionamento e o julgamento que a gente já esperava começa e por um instante, não consigo ouvir nem a voz de meus pensamentos! Respiro fundo para conter minha ansiedade e não deixar os nervos me atacarem, sei que estou completamente descontrolada ultimamente, as minhas emoções estão de pernas pro ar e ser cobrada vai me deixar ainda mais estressada!

Afasto a cadeira e o ruído alto para o falatório, respiro aliviada e vejo Chris se levantar junto comigo, porém confuso por não entender o que pretendo, ele também já percebeu que estou instável, e qualquer coisa pode vir de mim. Suspiro pesado, para que todos saibam que estou de saco cheio e sem paciência, ando rapidamente até o escritório. Deixei o álbum que confeccionei em meio as lágrimas, com algumas recordações do nosso dia e volto para a sala de jantar. A primeira feição que vejo é a emburrada e de poucos amigos de meu pai, ignoro por hora pois ele como sempre está sendo incoerente por se irritar por algo ainda incoerente!!

— Vou ser clara e objetiva! — Começo encarando a todos e ao mesmo tempo a ninguém. — Todos vocês me conhecem e sabem que não sou de enrolar e não tenho muita paciência! E para piorar não estou nos meus melhores dias, meu filho foi sequestrado por uma pessoa mais instável e desordeira que eu!! — Explico vendo todos recuarem um pouco por minhas duras palavras, mas o que é verdade deve ser dito e não engolido! — Portanto, peço bom senso! Se quiserem reclamar, que não seja dentro da minha casa e na minha presença! — Ergo a mão assim como que volto para meu marido, ele entende e caminha até mim, seus braços rodeiam meu corpo e relaxo meio que instantaneamente, deixo que ele termine de anunciar nosso feito.

— Eu e Dália nos casamos! — Diz sorrindo e todos menos meu irmão se surpreendem. É impressionante que mesmo depois de anos, meu irmão me entende e apoia, somos uma dupla até o fim! — Em Las Vegas!!

— Aee cunhadinho!! — Exclama contente, a animação sempre presente em sua voz, não muda nenhum pouco! Ele se levanta e anda até nós. — Não perderam tempo! — Nos abraça juntos apertado e sorrio, sinto que agora quero chorar de alegria. — Parabéns maninha!! Toda felicidade do mundo aos dois! Aos quatro! Ou na verdade são cinco?! — Brinca e intorto o nariz, por que deu para esse povo ficar falando de gravidez?

— Larga de ser besta, Daniel! — Bato de leve em seu braço rindo para esconder meu nervoso. — Muito obrigada! Seu apoio sempre é bem vindo!

Depois de agradecer meu irmão, ele abraça mais uma vez meu marido e volta a se sentar ao lado de Julia, comendo e conversando animadamente!

Me viro para ver os outros olhares e infelizmente meus olhos se deparam com o revoltado e desanimador do meu pai, meu sorriso some e minha mãe percebe, ela se curva até meu pai e sussurra alguma em seu ouvido que desfaz um pouco da careta desagradável, então eles se levantam e caminham até nós dois. Minha mãe abre os braços e me acolhe entre eles, já está chorando e acabo soltando algumas lágrimas também.

— Aí minha filha, estou muito feliz por vocês!! — Murmura ainda abraçada e sorrio meio aliviada. —  Mas por que não me avisou que iria se casar? Teria organizado tudo!! — Diz e nos afasta segurando meus ombros, olha dentro de meus olhos e sorri empolgada. — Quando meu neto voltar, faremos uma festa de arromba! — Ela diz muito convicta das duas afirmações, de que meu menino logo vai estar aqui conosco seguro e que vai comemorar meu casamento da maneira mais mexicana possível. Por isso e por estar emocionalmente abalada, eu choro, o soluço escapa e eu apoio meu rosto nas mãos, sinto vontade de gritar. 

— Se casar em Las Vegas foi só para me provocar, né Dália? — Meu pai que até então estava quieto, resmunga ao nosso lado. 

Me viro feito flecha solta ao vento, desenfreada! Sou meio incapaz desde sempre, de evitar sentir dor toda vez que meu pai me repreende com essa frieza e julgamento. E com isso, eu lembro de um dos porquês de ter abandonado tudo no México, de ter pego minhas poucas coisas adquiridas com meu próprio trabalho e esforço e sem olhar para trás, ter me mudado para o Brasil. Essa ignorância e acidez  de sempre parece ser demonstrado toda vez que eu não estou sobre o teto da casa dele, sobre a muralha em que ele é o imperador e eu sou obrigada a seguir as regras dele, sou obrigada a me sentir pressionada e sufocada com cada mínima atitude, porque o meu pai não consegue ficar com as garras e palavras depreciativas, presas por muito tempo!

Mas chega! Eu já não sigo as regras dele a muito tempo! Não sou mais obrigada a ficar calada, somente ouvindo, aceitando e guardando no meu âmago para sofrer essa rejeição na escuridão do meu quarto!

— Nem tudo o que eu faço gira em torno do senhor, pai! — Exclamo sentindo as lágrimas secarem, a anos atrás quando me livrei de suas amarras eu jurei não chorar mais por causa dele, e sei que meu corpo me atende. — Eu tenho uma vida além da muralha que o senhor construiu!

— Sem contar que a ideia de casarmos  em Las Vegas, foi minha, Rogério! — Christopher murmura o encarando sério, ele sabe, ele sempre soube e sempre esteve presente na nossa casa para presenciar constantemente oa ataques de meu pai. — Quem organizou, fui eu! Quem levou Dália para lá, fui eu também! Quem se responsabilizou fui eu, mas isso não tira em nenhum momento o direito de escolha dela! — Ele dá um passo e abraça brevemente minha mãe, que assiste tudo como sempre, quieta! Respiro fundo e ele continua meio sarcástico. — No final das contas a vida ainda é nossa e nós que fazemos as escolhas! Aceitar nossas decisões vêm sempre quem nos ama, não é mesmo? Não importa qual seja, a felicidade vêm sempre em primeiro lugar, não é verdade?

Enquanto Christopher conversa com meu pai, vejo minha sogra e minha mãe pegarem o álbum de fotos da minha mão e começarem a folhear, as expressões encantadas e felizes acalma novamente meu coração.

— Parabéns aos dois!! Estou muito feliz, porque agora é oficial, tenho uma linda nora e dois lindos netos! — Leandro nós parabeniza e eu o abraço contente, sorrio em seu abraço tão caloroso quanto o do filho. — Estou muito orgulhoso, não esperava menos de vocês dois! E estou torcendo para o terceiro neto já estar a caminho! — Congelo, isso só pode ser um sinal, não é possível que todo mundo esteja comentando, será que está escrito grávida na minha testa?

— Obrigada, o senhor foi como um pai pra mim durante todos esses 10 anos! — Murmuro depois de me recompor ainda abraçando Leandro. — Sei que nos conhecemos há muito tempo, mas o seu apoio foi muito reconfortante! Além de que os gêmeos já os consideram como avôs muito antes de nos casar! Julia mesmo pode comprovar! — Comento sorrindo totalmente agradecida e escuto meu pai bufar ao lado, resolvo ignorá-lo, porque ele é completamente desequilibrado! Ele aceitou nosso envolvimento e depois namoro com tranquilidade, agora foi eu me casar que fica nessa picuinha idiota! 

Completamente surtado! Reviro os olhos.

— Agora só falta eu! — Cristina exclama me tirando dos braços de seu marido que acariciava minhas costas carinhosamente e me abraça apertado. — Sempre soube que você iria colorir nossas vidas, querida!! Obrigada, Dália! Você é realmente uma flor encantadora e brilhante, encanta a todos com sua espontaneidade! Te amo, minha flor, seja bem vinda a família!!

— Eu que tenho que agradecer, tia Cristina! — Murmuro emocionada, já quero chorar e não aguento mais! Vou acabar desidratando!

— Pois eu estou explodindo de alegria! Não vejo a hora de viajar muito com meus netos! — Ela se afasta e ainda com o braço ao redor de meus ombros, ela sorri para Chris que nos olha também emocionado. — Você finalmente me ouviu! Pensei que iria deixar esse espetáculo de mulher escapar por entre os dedos feito areia! 

Sorrio contente, pelo menos a maioria querem me ver feliz e isso que importa! A minoria opressora não passará!

ßĀßĀ

Depois de todas a explicações, comentários, felicitações e projetos para o futuro próximo, as visitas se organizaram e se acomodaram pelos quartos, para descansar da viajem longa e cansativa. Com a grande maioria quietos em seus respectivos cômodos, a casa voltou para o silêncio, Julia parece ter lembrado de toda a situação que estávamos assim como eu, as conversas, intrigas e brincadeiras paralelas não surgiram e nesse clima sofrido, eu me arrumei e organizei nossas coisas até o início da tarde, que surgiu triste e chuvosa! Parecia estar sentindo o clima feio dentro de casa e espelhado para que todos da cidade sentissem a nossa dor! 

Então, faltando alguns minutos para as duas da tarde, o barulho da campainha soou pela casa e já sabíamos que era o detetive. Christopher desceu primeiro até a sala e eu fiquei me despedindo.

— Filha se comporte, obedeça seus avós! — Beijo e abraço apertado Julia, já sentindo meu peito apertar. — Eu nem vou demorar, logo eu chego com seu irmão.

— Mãe, toma muito cuidado por favor! — Julia sussurra segurando firme minha manga da jaqueta.

— Mas é claro, minha menina! — Murmuro de volta e cheiro seu cabelo sedoso. — Esquenta o meu lugar na cama que quando você menos esperar eu vou estar de volta!

Coloco Julia no chão e me ergo, encaro minha mãe e minha sogra que estão abraçadas nos encarando e chorando silenciosamente.

— Tchau mãe, a benção? — Peço como sempre fiz quando ainda morava no México e ia sair de casa.

— Deus te abençoe minha filha! — Diz emocionada, sorrio. — Se cuidem, viu?! — Avisa e anda até mim,  colocando discretamente a mão sobre minha barriga, ela realmente acredita  que estou grávida, suspiro meio resignada.

Por fim, abraço minha sogra, meu sogro, um meio abraço em meu pai assim como a benção e então pego minha bolsa e ando até a escada.

— Vamos logo, professora! — Christopher grita da porta sem saber que já estou na sala e quando percebe, me encara brevemente e  reclama. — Pra que essa bolsa gigante, Lia?

— Para de gritar, não sou surda, advogato! — Advirto enquanto desço os degraus e me explico. — São coisas que com certeza vamos precisar. — Exclamo arrumando a mochila nas costas e puxando a barra da camiseta azul escuro para baixo.

— Se você diz, eu finjo que acredito! — Dá de ombros sorrindo com deboche. — Vamos logo, temos que pegar o avião!

Olho mais uma vez para minha casa e fecho a porta enquanto saio decidida a recuperar e trazer meu filho, custe o que custar!!

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