Capítulo X
KIM JIEUN
Mais um dia ensolarado com uma brisa tão gelada que arrepiava os cabelos da nuca. No meio da noite, acordei para alimentar o bebê e silenciosamente, escondida atrás da porta, vi Jungkook conversar com o filho. Era uma conversa que fluía como se ambos os lados pudessem responder, mais algumas horas e os dois dormiam tranquilamente. Jeongsan deitado no peito no pai e o Jeon deitado na cama, com as mãos firmes em volta do pequenino.
Observava ali e um sentimento angustiante me sufocava. Pensava como o mundo era tão difícil de ser entendido, pelo simples fato de alguém, com potencial para ser um bom pai, sofria com uma perda tão fatal e transformadora, enquanto os demais, que tinha a felicidade entregue de bandeja, desperdiçava. Certo, eu não tinha o menor exemplo para julgar ou entrar em um parâmetro duvidoso, minha infância foi marcada por um pai presente, contudo exigente, achava que o que os filhos precisavam era apenas de comida e um canto para dormir, cresci acreditando que era o jeito dele ser, que talvez, meus futuros filhos pudessem ser amados e ensinados a amar.
Quando tudo parecia ter sido tomado pela escuridão, abrir meus olhos, sentindo o raio solar atravessar a cortina e tocar minha pele. Me levantei, sendo aconselhada a me arrumar para o início do dia, então primeiro cuidadei do San, dando banho e deixando-o arrumadinho e bem alimentado. Em seguida foi minha vez, tomei um demorado banho, lavando meus cabelos e sair, vestida com uma calça jeans escura, uma camisa rosa de manga e por cima um sobretudo.
— O que acha de tomarmos café no restaurante aqui perto e em seguida irmos para o aeroporto? — sentada no sofá, dando atenção ao bebê, não percebi o momento em que Jungkook adentrou o quarto.
— Bom, podemos tentar — Respondeu a sua empresária, indo até mim e sentando ao meu lado — Estou com bastante fome, os shows de ontem me deixaram faminto — segurou a mão do filho.
— Tudo bem, vou marcar um horário e já volto para descermos — acenou, se despedindo temporariamente.
Ficamos alguns minutos conversando a respeito do Jeongsan, compartilhando idéias para mantê-lo de certa forma seguro. Mesmo que eu amasse falar sobre o San com o Jungkook, eu sentia a necessidade de explica-lo o ocorrido do dia anterior, não queria que ele pensasse que sou todas aquelas coisas que o Luke disse sobre mim.
Saímos do quarto e pegamos o elevador. Antes de sair pedir para um dos segurança montar o carinho e e logo deitei o bebê confortavelmente. Chegando no andar onde iríamos descer, Jungkook foi o primeiro a se retirar do elevador, pegando a bolsa e segurando a porta para que passássemos.
— É aqui pertinho — avisou e seguimos para o lado de fora.
— Tudo bem por aí San? — parei e olhei para ele — parece que sim — sorri e peguei sua garrafinha de água — é importante que você fique hidratado — puxei um pouco a vela, deixando que o sol alcasse apenas as perninhas dele.
Entramos e nos acomodamos em uma mesa distante dos outros clientes. Com a presença do Jungkook, todos olhavam em nossa direção, principalmente em direção ao bebê. No que se refere aos pedidos feitos, aguardamos a chegada.
— Você tem que visitar o orfanato young, sua última visita foi ano passado, as crianças já estão cobrando sua presença novamente — escutava a conversa, sem dizer nada.
— veja um dia na minha agenda e marque, antes compre alguns brinquedos para dá as crianças, crianças gostam de brinquedos, não é? — sorriam.
— Sim, mas elas gostam mais de atenção, carinho… — disse, sem pensar. Somente saiu, quando percebi eles já estavam olhando em minha direção.
— Concordo com você, aposto que dá pra tirar um dia e ficar com eles, não é?
— Posso ver isso Jeon, vou ver isso ainda hoje — respondeu e vi duas pessoas se aproximarem, pondo o pedido na mesa.
Com as malas postas dentro do carro, avançamos para o aeroporto. Não demoramos muito e já estávamos no local, peguei a bolsa e mais uma vez coloquei o San no carrinho. Seguir ao lado da CEO que sempre se mostrou ser bastante legal, não o que eu imaginava que um chefe era, talvez isso tenha influenciado positivamente na carreira do Jungkook.
— As malas foram na frente senhora, podemos seguir — informou o segurança.
Depois de passar por alguns paparazzis, conseguimos chegar até onde o jatinho estava. Mais umas horas de viagem e pousamos em outro local, Califórnia, diferente de onde encontrávamos, assim que pisamos fora do lugar pude sentir a brisa quente relaxar meus músculos anestesiados pelo ar-condicionado do avião. Apressamos e fomos para o apartamento, Jungkook se despediu e me pediu para ficar de olho no pequenino.
Assim que saíram, me vi sozinha em um espaço maior do que imaginava.
— Bom, a noite vai ser longa san — nos olhamos. Ele parecia me entender, visto que sorriu assim que ouviu minha voz. Afastei alguns móveis da pequena sala e montei um círculo de almofadas, espalhando brinquedos, na tv, coloquei um desenho e passei o resto da minha noite me distraindo com as risadas do pequeno Jeon.
[ ••• ]
No dia seguinte acordei na minha cama, ao meu lado, no berço, Jeongsan brincava silenciosamente com seu bonequinho redondo. Ele tinha realmente gostado e isso ajudaria muito a acalma-lo. Me coloquei de pé e seguir para o banheiro, lavando meu rosto e finalmente acordando de uma vez, escovei os dentes e prendi meus cabelos. Nem sabia que horas eram, mas pela claridade e o silêncio, tinha certeza que ainda é bem cedo.
Tudo pronto e limpinho, sair do quarto junto com o bebê e fomos na sala. As coisas da noite anterior não estavam lá, tudo organizado e como entramos.
— Eu acho que alguém descobriu nossa baguncinha de ontem — fiz leves cócegas em sua barriga, arrancando dele uma gargalhada alta.
— Bom dia — me assustei quando ouvir a voz surgir de repente, encarei a janela que dava para a varanda do apartamento e Jungkook lá estava, com um violão em seu colo e papéis sobre a mesa.
— Oi? — cumprimentei educadamente, indo até o mesmo. A vista era majestosa, um ar puro e o sopro do vento próximo aos ouvidos. Na redonda mesa posta ali, algumas frutas, pães e bolo. — Bom dia — me inclinei em comprimento.
— Que bom que acordou, o pão ainda está quente e o café também — puxou a cadeira e por ser convidada, me sentei — Ontem, quando cheguei pela madrugada vi que tinha rolado uma festa muito legal por aqui, queria ter participado, mas Infelizmente tinha compromissos.
— Desculpa senhor — abaixei a cabeça envergonhada. Não bastava o ocorrido anterior, agora essa.
— Desculpa? — riu e olhei para ele. Botou o violão ao lado, em uma posição segura. — não tem o porque se preocupar, o Jeongsan deve ter se divertido bastante e isso enche meu coração, fico feliz por ter você aqui com ele.
— Oh — sorri de canto — mesmo com pouca idade, ele é bem esperto e ama brincar, principalmente com o bonequinho que o senhor deu.
— Sabia que ia gostar — Permaneceu e se curvou, ficando mais próximo do bebê — Desculpa por perder todos esses momentos seus filho — Acariciou as madeixas do bebê — Eu realmente tô me esforçando pra ser o melhor para você, não quero perder seus ensinamentos — Levou a mãozinha até os lábios, beijando. — Jieun é como se fosse uma mãe pra você e isso é muito importante, vou deixar você ciente todos os dias o quanto te amo.
Olhando e ouvindo aquilo, sentia um aperto no peito. Ao mesmo tempo que era fofo, era triste. Podia ver que ele queria passar mais tempo com o filho, ser o que a ex-esposa dele não conseguiu ser.
— Bom… — levantou o corpo, se aconchegando novamente na cadeira — melhor tomarmos o café antes que esfrie.
Concordei e tomamos o café. Nesse meio tempo, optamos por ficar quietos e aproveitar o silêncio.
— Jieun? — me chamou e dei atenção — Eu sei que não deveria entrar em detalhes nisso, mas esses dias venho pensando como tentar puxar assunto a respeito disso. — engoli a saliva com dificuldade e molhei meus lábios — naquele dia que o rapaz tentou tirá-la do camarim, eu vi que você conhecia ele.
— É… — confirmei — eu o conheço.
— Eu quero tentar — articulou com as mãos — mas se não quiser, compreendo. Até porque não tenho nada a ver com a sua vida pessoal.
— Tudo bem, sentir que também precisávamos conversar sobre isso — parei de fazer o que fazia, indireitei San em meu colo, balançando em um vai e vem e respirei fundo. — Não queria que tivesse uma idéia errada de mim.
— Não teria antes de saber sua versão, tive cuidado com isso.
— e agradeço — mordi a boca — Ele era meu namorado, pai do meu filho antes de me abandonar junto com minha família depois que perdi o bebê.
— Sinto muito… — Assentir.
— Eu achava que ele era o amor da minha vida, entende? Que meu bebê teria o melhor pai do mundo e que seríamos felizes para sempre, porém depois da perda, ele não quis mais nada comigo, disse que a culpa da morte era minha.
— Não foi sua, isso… — pausou — Acontece, as vezes acontece. Infelizmente, é mais normal do que pensamos.
— No começo eu não conseguia compreender isso, até uns meses atrás, eu não conseguia ver isso, mas…uma coisa me fez ver que tudo tem um motivo.
— O que?
— O San, eu aprendi com o San que precisamos levantar quando caímos, antes de conhecer vocês, eu sabia que tinha que fazer isso, só não sabia como.
— Realmente — sorrimos juntos e nos olhamos. — Eu entendo isso Jieun, só não entendo como esse rapaz pôde ser tão idiota com você, sinto muito por cogitar a idéia de acreditar nele.
— É isso que ele faz, manipular pessoas e sentimentos — desviei o olhar, olhando para os prédios e para o céu, sem ver quando Jungkook deitou a mão sobre a minha, apenas pude sentir o calor envolver a minha.
— Mas você foi forte, devemos ser fortes e passar pelas dificuldades, não é fácil, mas precisamos, por nós e por aqueles que nos ama — Mais uma vez naquele dia nos olhamos. Desta vez seu olhar transmitia acalma a minha alma, alcançava até o mais profundo dos meus sentimentos, sendo capaz de me fazer sentir um momento de segurança, nunca sentido antes. Seu corpo se achegou e automaticamente, como ímã aconteceu o mesmo comigo, não via nada em minha frente a não ser ele, não tiramos o olhar um do outro em um único momento, ele estava sério e eu, nem sabia como me encontrava.
Um balbucio no estômago me pegou de surpresa, um frio na nuca arrepiou todos os fios do meu corpo, sendo que estava calor, o calor emitido pela mão dele em minha mão. Quando vi, nossos lábios estavam unidos, ele tinha terminado de se aproximar como se fosse puxado por mim e eu por ele. Apenas sabia que era bom, seu beijo era doce, seus lábios macios e molhados, seu perfume adentrava minhas narinas, deixando-me mais mole do que já estava.
— Jungkook? — no fundo de tudo, escutei uma voz, voz na qual conhecia. Automaticamente me afastei, quando no exato momento a CEO adentrou. — Aqueles malditos paparazzis já fizeram fofoca — Jogou a revista no colo do Jeon. Por dentro, diante de tudo aquilo eu não entendia absolutamente nada — Eu não acredito, tenho vontade de processar todos eles — Ela estava bastante irritada e não tinha receio de demostrar isso.
— Melhor você se acalmar — pediu, olhando para a revista e em seguida me mostrando. Na capa da revista, estava Jungkook e eu, no canto uma legenda bem chamativa “ A babá também é namorada, será? ”.
— Eles não perdem uma, e eu tenho vontade de esganar-los com minhas próprias mãos. Não tem um pingo de respeito com você e a Jieun, não acham? — Jungkook me olhou — gente?
— Sim? — desviou antes que ficasse mais constrangedor do que estava — vocês não acham? É uma falta de respeito com vocês.
— Com certeza — se levantou — Mas vindo deles, não poderia esperar coisa pior.
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