Capítulo LXXXIX
KIM JIEUN
Ainda não conseguia acreditar no que tinha ouvido naquele dia, ainda não conseguia acreditar que teria uma filha com um pouquinho meu e um pouquinho do jungkook. Quando menor, minha mãe sempre dizia que ter uma filha era uma oportunidade de você se ver mais uma vez, agora com uma visão mais madura, que em dados instante ela conseguia se ver em mim, no entanto, com uma chama ardente única apenas minha.
Na semana que veio a seguir, tudo parecia ter ganhado ritmo na arrumação das coisas do bebê, minha mãe e minha sogra insistiram em me ajudar com tudo o que faltava, os dias passavam e os meses também e a cada momento eu sentia que estava perto de conhecer aquele ser que crescia fortemente e me dava forças para confiar ainda mais em mim mesma.
Era uma tarde tranquila, no pequeno espaço florido em frente a nossa residência, observava san dar seus primeiros avanços sozinho sobre a bicicleta depois de ensina-lo a pedalar. Dizia ele em voz alto que conseguia sentir o vento sobre seus cabelos que já estavam grandes, roubando muitos sorrisos da minha parte. Ficamos mais algumas horas para que ele se divertisse bastante com a novidade que aprenderá, eu até queria participar da brincadeira e correr atrás dele em uma divertida brincadeira de pega pega, mas o peso da barriga e a falta de fôlego não cooperava muito. Mesmo assim o pouco que conseguia, me fazia sentir cada vez mais a animação e a energia do menor.
Algumas horas se passaram, chamei San para entrar junto com Koya, ambos sujos de tantos correrem e rolarem pela grama.
— Vamos filho, direto para o banho — deitei a mão sobre seu ombro e o guiei até dentro de casa, esperando Koya entrar e fechando a porta. Jeongsan foi direto guardar a bicicleta e posteriormente veio até mim. — Tomar um banho bem demorado, Huh? — sorrimos um para o outro enquanto acariciava seus cabelos.
Concordamos e seguimos em direção as escadas, mas antes que eu pudesse subir o degrau, escutei o toque do celular tocar, observando que estava sobre o sofá.
— Vou ver quem é e já vou, tudo bem?
— Tudo bem mamãe — assentiu e subiu os degraus, indo em direção ao quarto. Caminhei até o aparelho e peguei, notando que o número não estava registrado na minha agenda e nem era conhecido.
Permaneci hesitante por alguns minutos, levando o celular até o ouvido ao finalmente atender.
— Olá? — iniciei o diálogo, apoiando a palma sobre o “braço” do sofá para me manter em pé.
— Jieun… — a voz soou rouca e falha em meus ouvidos, todavia, ainda sim dava para indentificar. — Por favor Jieun, não desligue.
Após tantos meses sem ter o menor que fosse de informações, me via diante da voz que tanto fazia meu peito apertar ao recordar do passado. Escutar a voz do meu pai foi uma mistura de alívio com medo: alívio por saber que estava vivo e medo por não saber o que esperar dele, uma vez que ele já me surpreendeu negativamente várias e várias vezes.
— Pai… — meu timbre falhou, ecoando quase como um rasgo. Sentei e respirei fundo. — Não vou desligar porém… — pausei. — por que ligou? Peço que por favor não comece com todo aquele papo de antes.
— Não vou Jieun… — fungou do outro lado da linha. — Liguei porque queria saber como você está, o bebê, sua família.
— Estão todos bem, estamos bem — respondi sem hesitar, com um tom limpo e direto, engolindo a saliva com dificuldade.
— liguei também porque queria pedir perdão por causar tantos desconfortos para você minha filha, minha intenção sempre foi o melhor para você.
— A intenção sempre era o melhor para você, não acha? — Perguntei, aguardando uma resposta e recebendo um silêncio fatal. — É difícil, confuso que depois de tudo o senhor esteja me ligando pra pedir perdão.
— Sei, sei que parece confuso, mas mesmo que seja isso não impede o fato que você seja minha filha e eu simplesmente a abandonei e depois pisei na sua ferida como se não fosse ninguém — Com os olhos fechados e punho serrado, abaixei um pouco a cabeça, suspirando toda a sensação que meu peito tentava por para fora. — Desculpa querida, Desculpa minha filha — pude notar em segundos que estava chorando.
Mais uma vez a vida me colocava contra a parede, mas diferente de antes eu já tinha uma decisão, um coração mais forte mesmo que existisse resquício de uma dor anterior, agora se encontrava mais forte. Sempre ouvir que o perdão era mais sobre si mesmo do que sobre o outro, que dói duas vezes mais em quem é ferido do que em quem fere porquê além do ato cometido, ainda sofre com o machucado criado pelo próprio sentimento, seja raiva ou tristeza, um machucado duplo que eu não queria mais viver.
— O senhor tem meu perdão, de todo o meu coração, mesmo que pareça algo impossível de se perdoar, mas eu perdoou, mas…
— Eu sei — interrompeu. — não será mais como antes, as coisas mudaram.
— Eu mudei pai, com certeza para melhor, é o que eu sinto dentro de mim — deitei a mão na barriga. Sentir o bebê naquele momento me fez sorrir, me fez só acreditar que estava tudo bem, que não estava enfrentando aquilo sozinha.
— Eu só queria seu perdão filha, agora eu consigo ver muitos problemas que nunca foi por causa de você, da sua mãe ou dos seus irmãos, era eu. Queria algo para você que eu não lutei pra ter para mim e agora vendo que você conseguiu o que tanto lutou é o suficiente para mim, basta para esse velho que mesmo com tanta vivência ainda sim, persistiu em ser imaturo e egoísta.
— E-Eu… — sequei as lágrimas. — eu só peço que não machuque meus irmãos, que não cometa novamente o mesmo erro, que esteja ao lado deles quando eles mais precisarem — Foi a última coisa que disse antes de desligar e me encolher no sofá, deixando as lágrimas rolar sem medo nenhum.
Tive que me acalmar e engolir a seco, ficando em pé, visando a tela do celular e indo até às escadas, subindo lentamente, repensando tudo, cada palavra dita e ouvida.
A noite, quando jungkook retornou dos seus afazeres, o ouvir falar sobre suas idéias e compartilhamos muitas que tínhamos em comum, depois dele perceber "algo diferente" em como falava, me abrir para falar sobre o acontecimento de mais cedo, escutando suas palavras graciosas e seu apoio sobre o que me fazia bem, respeitando do início ao fim.
— Comecei a pensar sobre alguns nomes e cada vez que pensava, não conseguia decidir — sussurrei, deitada sobre seu peito, com seus dedos dedilhando sobre os fioszinhos próximo a minha orelha, olhando de lado e vendo San abraçado com seu eterno companheiro Tata.
— Também estive tralhando isso — confessou. — nunca imaginei que poderia ser tão difícil tomar uma decisão.
— Temos tão pouco tempo, mesmo com alguns nomes eu me sinto perdida.
— Vamos decidir isso amor — entrelaçou nossos dedos. — Juntos como sempre fizemos as coisas — sentir seus lábios sobre minha testa e um abraço forte, concordando com suas palavras.
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