Capítulo C

CONTINUAÇÃO

Dirigir o mais normal que conseguir. As ideias martirizam em minha consciência, tanto que não tinha como não expor para eles e me condenava por isso. Assim que pisamos em casa, JK fez questão de levar ji para o quarto, ela tinha corrido e brincado muito com os tios e com isso, gastou toda a sua energia.

Guiei San até o sofá e sentei ao seu lado, segurando sua mão.

— O que foi mãe? — sua pergunta fez com que me questionasse se estava sendo serena naquela ocasião. Se minhas preocupação não poderia dificultar o processo.

Escutamos passos descendo as escadas e assim que olhamos, vimos Jungkook se aproximar confortavelmente, sem hesitação. Em uma das suas mãos estava um álbum de fotos. Eu conhecia aquele álbum, já o tinha visto algumas vezes.

— Pronto, agora sim — sentou do outro lado, também do lado de San. — bem, eu preciso te contar uma coisa filho, na verdade, eu não sei como contar, mas acredito que manter essa informação tão especial escondido de você não é o certo.

— Não estou entendendo.

— Vou te explicar — passou a mão nos cabelos dele, visando a mim e sorrindo. — vou te mostrar uma pessoa.

Abriu o álbum, folheando algumas páginas até encontrar uma foto. Nessa foto estava Jungkook e a mãe de San, ela grávida, sentados no sofá do velho apartamento que não via a anos. O mesmo apartamento que fui no primeiro dia para conhecer meu novo emprego como babá. A moça era bonita, cabelos longos e escuros, olhos proeminentes e largos, pele levemente amarelada e sorriso alto. Conseguia enxergar minuciosidades que jeongsan tinha herdado. 

— Essa não é a mamãe — falou e apontou para a foto. — mas ela também é bonita.

— sim filho, ela era muito bonita — entregou o álbum para ele. — antes de você nascer San, antes mesmo de conhecer a Jieun, eu fui casado com uma moça, essa moça — enfatizou. — eramos duas pessoas apaixonadas uma pelo outro e desse amor surgiu um bebê, você San.

Notei o olhar confuso.

— Essa moça bonita... — pausou. Levou instantes para ele continuar. — Ela, ela é sua mãe biológica — prosseguiu com a voz anasalada, fungando levemente. — mas infelizmente, por um acaso da vida, essa moça ela se tornou uma bonita borboleta e voou para longe.

— Ela morreu? — Jungkook assentiu. Pude ver os olhos marejados do mais velho, assim como eu sentia que meus olhos iam pelo mesmo caminho. O pequeno olhava tudo com atenção e curiosidade. — Como ela morreu? Por que ela morreu?

— Ela morreu no hospital San, ela foi muito forte — estendeu a mão. — eu pude ver a força dela, sentir e tudo isso porque ela te amava antes mesmo de você nascer filho. Eu sei que pode ser confuso — entrelaçou as mão a dele. — e quero te dizer que não importa o que aconteceu antes, ela sempre esteve aqui pra proteger você de qualquer coisa. Ela fez por você o que com certeza eu nunca iria conseguir fazer.

— Então quer dizer que… — pausou, respirando pesadamente. — que a minha mãe, não é minha mãe? Digo, que a mãe que me criou, não é minha mãe? 

Quando vi seus olhos molhados pelas lágrima não existia mais barreira que segurasse minhas emoções.

— ela é sua mãe e sempre será sua também San, a Jieun é sua mãe e nada vai mudar isso — encarou a criança, dando um beijo na testa dele. — sua mãe biológica deve ter ficado tão feliz vendo como você tinha uma mãe do coração incrível e tão maravilhosa.

— Tem certeza? — redirecionou a mim. Não pretendia atrapalhar aquele momento, compreendia mais que ninguém que esse instante era para os dois conversarem e se entenderem e talvez, se fosse necessário, eu estaria ali. — Eu não quero que você deixe de ser minha mãe.

Com a íris refletindo as lágrimas dele o puxei para mim, apertando-o em um forte e amoroso abraço. Se ele soubesse que eu nunca deixaria de ser mãe dele e de ama-lo infinitamente. 

— Eu nunca, jamais vou deixar de ser sua mãe, filho — me distanciei, pousando gentilmente a palma sobre sua face, mantendo contato visual. — desde a primeira vez que te vi San, eu sentir que eu tinha ganhado um filho, mesmo que não fosse do meu sangue, não importava se não era do meu sangue, você é meu filho desde do minutinho que sentir você aqui dentro — deitei sua mão do lado do meu coração.

Pensava constantemente sobre minha perda, sobre meu primeiro filho e sobre San. Nunca o vi como substituto e sim como meu filho e apenas isso, sendo um amor tão puro que não conseguia explicar em palavras. A perda tão violenta do primeiro havia abalado e causado muitos problemas, no entanto, o sentimento genuíno e a conexão que tinha com jeongsan me fazia enxergar esperança onde, para mim, nunca existiria mais.

— Eu não sei o que dizer muito sobre isso… — entendia perfeitamente e Jungkook também. — minha mãe biológica parecia ser uma pessoa tão boa e eu pareço com ela também, mesmo que tenha puxado mais o papai — voltou a olhar a foto do álbum. — fico triste em saber que ela não tá mais aqui e não sei como explicar, mas me sinto triste por isso..

— Saiba que estaremos aqui, por você.

— Ao mesmo tempo que, por outro lado, ao saber que não deixarei de ser filho de vocês dois, como a ji, eu me sinto aliviado. 

— Você e a sua irmã são meus filhos e nada nesse mundo mudará isso — deixei claro, fungando e limpando o rosto.

— Também, fico feliz em saber que tenho duas mães, saber da minha primeira ou segunda mãe, não sei.

— se quiser, eu posso falar tudo o que sei sobre ela, tenho certeza que você tem muitas perguntas.

— Tenho sim pai, mas agora eu quero ficar com minha mãe — fechou o álbum, trazendo os pés para cima do sofá, se encolhendo e achegando em minha direção.

Abrir meus abraços, permitindo que ele se acomodasse como sempre fez.

— Eu não sei se quero saber de tudo, agora eu quero ficar aqui, com vocês dois — estendeu a mão para o pai. Jungkook veio, se julgando a nós em um abraço acolhedor e afetuoso. — ficar como sempre ficamos. Eu te amo mãe, eu te amo pai.

— Também te amamos San.

Nem eu e muito menos Jungkook negamos isso a jeongsan, muito pelo contrário, envolvemos ele com o que tínhamos de mais especial: nosso amor. em nenhuma circunstância pensaria em viver tudo que tinha passado, em amar, em sofrer, em enfrentar meus piores pesadelos, em enfrentar os piores pesadelos daqueles que amava, de fazer parte de momentos que não tinham palavras o suficiente para descrever, não daquele jeito e de qualquer forma, eu sinto que não mudaria uma só linha da história da minha vida. Assim como uma borboleta, o meu ciclo foi respeitado, mas diferente dela, eu teria ainda muito para ser e ciclos infinitos para viver.







FIM! 


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