● Capítulo XVII │ Arqueiros ●


Não podemos chegar e dizer "Eros você poderia nos emprestar seus arqueiros para embarcarmos em uma missão suicida" — Artemis bufou contrariada.

Depois das descobertas bombásticas, meu esposo reuniu novamente nós dois junto á James e Artemis.

— Principalmente agora que ele voltou e vai casar — Lincoln completou.

— Precisamos entrar naquele castelo se o queremos de volta — James me apoiou — É o único jeito.

— Mas acontece que Eros está ocupado com as coisas do casamento e com Olívia — Artemis retrucou.

— Casar no meio de uma guerra é loucura — eu disse — Mas pensando por um lado isso é bom para nós, podemos usar isso.

— Usar isso? — Lincoln juntou as sobrancelhas em uma careta de confusão.

— Podemos convencer Eros de que Olívia precisa da ajuda dele e de seus arqueiros, o pai dela está em Aquila e...

— Você está sugerindo usar sua melhor amiga, dama de companhia e fiel escudeira como pretexto?

— Estou.

— Annelise... — Lincoln tentou argumentar.

— Precisamos de aliados, precisamos de Eros e de seus arqueiros se queremos Aquila de volta e usarei o que for preciso para chegar até meu objetivo.

— Faça o que quiser só que depois não venha lamentar — Artemis se levantou e saiu.

— Ela mesma disse que eu teria que tomar decisões difíceis — revirei os olhos.

— Antes de fazer qualquer coisa se lembre de que é de Olívia que estamos falando — Lincoln também se foi.

— Eu apoio você em suas decisões, mas temo que essa em especial irá lhe magoar — James se levantou — Pense bem nessa decisão Annelise, ser uma boa Rainha não quer dizer não ouvir seu coração.

Eros estava sozinho em seu quarto, sei que não é de bom tom estar sozinha com um homem em um quarto, mas nesse momento é necessário.

— Boa noite — bati na porta aberta.

— Boa noite, deseja algo Vossa Majestade?

— Sim — respondi firme.

— Quer entrar ou prefere que eu saia?

— Eu entro — e entrei.

Eros me olhou um pouco confuso e curioso, ele olhou além de mim talvez esperasse que Olívia viesse comigo.

— Ela não vem — garanti — Sou só eu e um pedido.

— Sou todo ouvidos Vossa Majestade.

— Você sabe que Olívia é muito apegada a família não sabe? — ele assentiu — Aquila está tomada por rebeldes e o pai de Olívia está lá.

— Ela me garantiu que sabe que ele está bem, Olívia acredita nas habilidades do pai e sabe que tudo ficará bem.

— Parte da família dela está lá fora e mesmo que ela se faça de forte, Olívia sente falta deles.

— O que a senhora quer me pedir?

— Que se juntem á nós e lutem essa guerra conosco, se não pode fazer isso pelo povo de Aquila, nem por mim ou por Lincoln, faça por Olívia.

— Ele não vai fazer nada em meu nome — o tom de voz áspero de longe parecia o jeitinho de Olívia fará — Você vem comigo agora Annelise.

— Sou sua Rainha agora Olívia — respondi firme e me virei para ela.

— Advinha só Vossa Majestade eu não ligo — virou-se de costas saindo do quarto e me fazendo segui-la.

— Você não pode falar comigo assim na frente dos meus súditos.

— Súditos? — Olívia riu sem humor — O poder já te subiu á cabeça?

— Olívia — ameacei apenas dizendo seu nome.

— Pode abaixar a bola Annelise porque antes de você ser a droga de uma Rainha eu já era sua amiga, eu permaneci ao seu lado, eu matei um homem para te proteger.

— Matou porque quis — respondi.

— Matei para te proteger porque eu te amo e porque você é minha melhor amiga — vociferou.

Vi quando as silhuetas de Lincoln, James e Artemis se formaram junto á de Eros. Ótimo uma plateia.

— Eu não pedi para matar ninguém, mas estou te pedindo para me ajudar agora.

— Pedindo para Eros te ajudar e fazendo isso em meu nome, me usando como uma arma de manipulação.

— Eu sou uma Rainha agora não posso me dar ao luxo de não lutar pelo meu povo, você deveria me apoiar já está comigo desde o começo.

— E é exatamente por esse motivo que você deveria me considerar Annelise.

— Estás me negando ajuda, está a me abandonar e tudo por que está apaixonada por ele Olívia?

— Eu não vou perdê-lo — ela respondeu firmemente — Me recuso á tal.

— Isso não é amor Olívia, você está se segurando á ele, está usando-o como uma âncora.

— Do mesmo jeito que você se segurou ao seu marido? — as bochechas dela avermelharam de raiva — Você quase enlouqueceu o castelo inteiro quando saiu no meio de uma tempestade e eu te julguei? Não. Você escondeu dele o caso que teve com o Príncipe James, eu te julguei? Não. Você deixou seu irmão ir e condenou seu povo á essa maldita guerra e eu te julguei? Não. Ontem quando você veio conversar comigo e se reclamar que está preocupada por Mabelle estar apaixonada pelo seu irmão e você jogou na minha cara que ela pode nos trair por ele e eu te julguei? NÃO.

— Ótimo Olívia, não quer perdê-lo? Não perca, mas então perca á mim e tudo pelo seu egoísmo.

— Egoísmo? — ela riu alto sem humor e com muita ironia — Você, Annelise Green, está falando de egoísmo... Irônico, não acha? Você que escolheu fugir com James sem nem conhecer o Príncipe — não fala sobre isso Olívia, senti os olhos de Lincoln sobre mim — E depois simplesmente escondeu do seu marido sobre tudo isso, você que disse coisas horríveis á Lady Artemis, você que escolheu proteger seu irmão traidor, você que não teve coragem de enfrentar nada e ninguém além do seu irmão naquela batalha, você que viu Jace morrer e fechou os olhos se negando á vê-lo morto, você que permitiu que Dalia deixasse alguém importante para ela preso á uma árvore, você que magoou seu marido, você que só viu a sua dor e não se importou em tentar olhar para a dor do seu próprio irmão, você que julga Mabelle por gostar do seu irmão, você que me magoou, sua melhor amiga. Quer mesmo falar sobre egoísmo Annelise?

— Você é tão egoísta Olívia — as lágrimas me ardiam os olhos.

Você é egoísta — vociferou — Jace estava certo, Jace disse que você ia me abandonar quando se tornasse Rainha, ele estava certo e mesmo assim eu escolhi á você e não á ele.

— Jace... Eros... Jace... Eros... Isso é o que se resume sua vida agora Olívia. Mas eu não, eu sou uma rainha e tenho um povo para pens...

Minha bochecha ardeu e assisti Olivia se afastar olhando para mim e para sua mão. Olívia, a minha Liv, havia me batido.

— Como você pôde? — as lágrimas me escaparam.

— Vai me condenar á morte, Vossa Majestade? — havia ironia em sua voz, mas tristeza em seu olhar.

— Tudo isso por ele? Você está me trocando por um homem? — vociferei irada com tamanha falta de consideração — Eu sou sua melhor amiga Olívia e ele é só um homem.

— Lincoln é só um homem também, mas você morreria por ele, não morreria?

Só então tive consciência dos meus atos e palavras.

Liv havia me batido e eu tinha merecido.

Eu havia merecido ouvir as palavras duras dela.

— Liv me perdoa — mesmo com medo da rejeição a abracei sem que ela esperasse — Eu não gosto de mim assim.

— Nem eu — me abraçou de volta — Para vencê-los, não precisa ser como eles.

— Para vencê-los eu preciso ser eu mesma — concordei.

— E isso conta com seu coração Annelise — ela se afastou um pouco, mas continuou me segurando pelos ombros — Não faça mais isso de me usar.

— Se você não me bater.

— Se você não merecer — rimos.

— Eu vou tentar o meu melhor Liv — garanti — Eu te amo.

— Eu te amo mais sua ex camponesa sem graça — encheu minha bochecha de beijos.

— Estava preparado para ouvir choro á noite toda — Lincoln disse e então percebi que ele não estava bravo com as coisas que ouviu.

— Eu também — Eros concordou.

— Me perdoa — olhei para ele — Não sei onde estava com a cabeça, todo mundo me avisando que era errado e eu...

— Tentando fazer seu melhor — ele me cortou — É uma Rainha agora e precisa de aliados.

— Não precisa fazer isso...

— Não posso obrigar meus arqueiros a lutar, mas pode convida-los á ir conosco — Eros me cortou novamente.

— Obrigada — agradeci.

— Não faça isso por mim — Olívia pediu á ele.

— Farei por nós dois Olívia, farei por todos nós e por todos os que estão lá fora sofrendo.

— Acho que vou perder minha dama — soltei um muxoxo e depois sorri.

— Você nunca vai me perder Annelise — ela respondeu já abraçada á Eros.

— Eu entenderei se quando tudo acabar você quiser voltar ao castelo com sua Rainha e...

— Eu vou casar com você em quatro dias e não irei para lugar algum sem você — minha garota.

— Casar comigo em quatro dias? — arregalou os olhos.

— Já combinei com sua avó.

— E ninguém combinou comigo? — perguntou surpreso.

— Estou a combinar agora — todos rimos com a resposta dela.

— Eu estou orgulhoso de você — Lincoln me abraçou quando fechamos a porta do quarto.

— Por quê?

— Porque soube voltar atrás deixando seu orgulho de lado e seguindo seu coração.

— Eu já disse que te amo hoje?

— Já, mas eu gostaria de ouvir de novo.

— Eu te amo meu Rei, meu esposo, meu tudo — beijei-o.

— Eu te amo — me rodopiou. 

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