● Capítulo XVI │ "ELE NÃO É MEU IRMÃO" ●
Eu não posso acreditar no que meus olhos estão vendo. Meu próprio irmão me desafiando dessa forma?
Alek com um prato de comida nas mãos alimentando meu pior inimigo.
— Eu disse que ele ia ficar sem comer e sem beber! — gritei ao chegar lá.
— É desumano fazer isso com alguém Astrid — Alek se virou para mim segurando um prato com sopa.
— Você não pode alimentar esse traidor — vociferei nervosa.
— VOCÊ É A TRAIDORA ASTRID — Alek gritou nervoso de um jeito que eu jamais o vira — Você é a mentirosa, torturado, um monstro em forma de mulher.
Aquilo me doeu mais do que qualquer coisa.
— Alek...
— Você é cruel, sem escrúpulos, mentira, patética, mal amada, a criatura mais fria que eu já vi na minha vida, alguém que não sabe o que amor ou compaixão.
— Não é verdade — fui até ele — Eu o amo — segurei seu rosto com minhas mãos.
— Você. Não. Sabe. O. Que. É. Amor.
Dito isso Alek se afastou como se estivesse enojado e aquilo foi a gota d'água para mim.
— Você quer que tirem Sebastian do açoite, tudo bem — levantei as mãos em rendimento — Tirem essa criatura do açoite e o segurem.
Os guardas tiram Sebastian do açoite, o coitado mal conseguia se manter em pé com as próprias forças.
Tão lindo, tão tolo.
— Eu sinto muito Alek — ele me olhou sem entender — Coloquem meu irmão no lugar do traidor.
— Astrid... — Alek me olhou com os olhos arregalados.
— O que está fazendo? — mamãe veio correndo.
— Segurem essa mulher — e assim os guardas o fizeram.
Quando os guardas colocaram Alek no açoite senti toda a raiva que estava sentindo se esvair. Que tipo de monstro me tornei?
— Ele é seu irmão Astrid, tenha piedade — mamãe choramingou.
— ELE NÃO É MEU IRMÃO — gritei sentindo minha raiva voltar.
— Astrid... — os olhos de minha mãe me imploravam pra que me calasse.
— Não quer contar para o seu filhinho a verdade? — perguntei e ela abaixou a cabeça — Você me chamou de mentirosa Alek, mas na verdade a mentirosa aqui é ela — apontei para a loira que chorava — Ela mentiu para você, a sua mãe verdadeira é a Rainha Helena, a mulher que te colocou no mundo e descartou.
— Não é verdade — mamãe defendeu a rainha — Ela não podia ficar com você filho, mas ela te amava.
Olhei para Alek. Suas expressões estavam impassíveis.
— Eu amo você Alek — fui até ele — Não como irmão, sempre amei.
Com resposta Alek cuspiu no meu rosto, com o susto quase caí para trás. Limpei o rosto e senti meu sangue ferver.
— Eu te amava como minha irmã, te admirava como mulher, mas agora eu te abomino — trincou a mandíbula — Você matou a minha mãe de verdade. Adele cuidou de mim, ela pode ter mentido, mas ela sim me amou.
— Você não pode me rejeitar — vociferei.
— Você não me ama Astrid, você não sabe o que isso.
— Eu faria tudo por você Alek, se isso não é amor... O que é?
— Se me amasse me deixaria em paz.
— Me deem o chicote — um dos homens me entregou o objeto — Talvez você esteja certo sobre tudo Alek, mas está errado quando diz que eu não sei o que amor — rasguei a camisa velha dele deixando suas costas á mostra.
Eu tenho muitos erros, carrego em minhas costas muitos arrependimentos, mas olhando para ele ali tão frágil, essa culpa não posso carregar.
— Deixe-o em paz — a voz enjoativa de Clarissa anunciou sua chegada.
Seu cabelo vermelho preso em um coque parecia quase se desmanchar enquanto ela corria segurando a barra do vestido.
— Você é a pior das criaturas Lady Astrid — me pegando desprevina a pirralha me acertou um soco.
— Garota não testa a minha paciência — eu disse entre dentes.
— Você é o que há de pior, sua bruxa, cobra peçonhenta — gritou com o rosto vermelho.
— Pirralha impertinente — segurei-a pelo braço.
— Astrid para — Alek pediu preocupado — Deixa a Claire ir.
Claire?
A minha raiva recaiu duplicada em cima da ruiva que me olhava com superioridade.
— Você gosta dela? — perguntei á Alek, ele não respondeu — Você gosta dele?
— Eu gosto muito — a ruiva respondeu segura — Ele gosta de mim e vamos ficar juntos.
Dor.
A pior dor que alguém pode sentir.
Coração partido.
— Você vai entrar Princesinha e vai ficar longe dele, está entendendo? — gritei e balancei-a.
— Se você o deixar nesse açoite...
— Você o quê? Vai espernear? — soltei a garota que caiu no chão.
— Se você o deixar nesse açoite vai ter que explicar o porquê de eu estar também — ameaçou.
— Como é que é?
A ruiva se levantou, limpou as mãos no vestido azul marinho e colocou a ela mesma no açoite, suas pequenas mãos alvas se encaixaram nas algemas.
— Tranquem as algemas — dei ordem.
— Mas senhora, ela é irmã do Príncipe...
— Eu dei uma ordem, limite-se a cumpri-la.
A ruiva e Alek trocaram um olhar de cumplicidade que fez com que meu estomago revirasse.
— Você gosta dele Clarissa? — perguntei novamente.
— Eu já disse que gosto — ele sorriu minimamente com suas palavras.
— Ótimo — rodeei ficando atrás dela — Quero que fique atento á isso Aleksander — puxei os botões do vestido deixando as cordas imaculadas á mostra — Isso é sua culpa Alek.
O chicote rasgou o ar, nem os gritos de Sebastian pedindo para que eu parasse foram capazes de abafar o som estridente do chicote colidindo com as costas da garota, ela gritou de dor e pude ouvir um choramingo.
Levantei o chicote novamente e me preparei para outro golpe, mas senti a mão de alguém apertar meu pulso.
— Não se atreva — Kieran arrastou o chicote das minhas mãos.
— Não se atreva você!
— Eu ainda sou a única pessoa no mundo que tem algum sentimento por você Astrid, pense bem antes de me perder.
Suspirei. Ele gostava de mim, eu não gostava dele, mas em um mundo cheio de pessoas que me odeiam, um só me amar é importante.
— Tirem a garota e meu irm... Alek — corrigi — E os levem para dentro e Sebastian para o calabouço.
Os olhos azuis de Kieran me seduziam, mas me olhando cheios de ódio me assustavam.
— Nunca mais toque na minha irmã — ameaçou.
— Eu te tenho em minhas mãos Kieran — ameacei de volta.
— Eu morro por ela — e virando se afastou de mim.
Ninguém morreria por mim.
— Espero que morra pelo bebê também — ele se virou ao me ouvir.
Agora só restávamos nós.
— Que bebê? — perguntou ainda longe.
— O que estou esperando e é seu — arqueei a sobrancelha.
— Eu sei que é e a resposta é sim, se isso for verdade, por ele eu morrerei, mas por você... — balançou a cabeça negativamente e saiu.
Esse pequeno bebê em meu ventre é a minha chance de manter Kieran sob meu controle e afastá-lo de seus planos contra os rebeldes.
Serei Rainha de Aquila e ele será meu Rei.
Alek pode ser meu amante.
Sebastian também.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top