● Capítulo XV │ Espionagem e Silêncio ●

Depois dos vários protestos de Artemis conseguiremos sair de Waterfill e ir em direção á vila mais próxima ao castelo.

Fazia pouco tempo desde que havíamos saído dali, mas tudo parecia ter virado um caos. Os mendigos pareciam ter se multiplicado, pudera já que desde a invasão do castelo vários servos vieram parar no meio da rua.

A vila que costumava ser tão limpa, agitada e pacífica estava totalmente ao contrário. A escuridão reinava.

É tão estranho entrar no reino que nasci e cresci encapuzada me esgueirando pelas beiradas fugindo de tudo e todos. A capa de Mabelle ficara grande demais e só seus lábios ficavam de fora, já Lincoln havia ficado extremamente atraente.

— Precisamos encontrar uma maneira de conseguir falar com Kieran — Lincoln apertou o broche que eu havia o entregado.

Meu esposo havia me explicado que ambos trocavam broches em forma de pedidos silenciosos de ajuda ou quando um fazia besteira o outro acobertava.

Não tive coragem para falar sobre a tal Clarissa, senti medo da resposta e talvez tenha sido egoísta em não informar notícias suas, mas não posso e não vou perder Lincoln.

Senti quando alguém puxou meu pulso me impulsionando para trás, era Mabelle com seus dedos finos.

— Guardas — moveu os lábios sem deixar que som algum escapasse.

Lincoln se esgueirou mais a frente e depois virou para trás movendo os lábios silenciosamente dizendo "Achei Kieran". Meu esposo imitou um pássaro que não reconheci, talvez um tordo.

Vi quando Kieran disfarçadamente ordenou aos guardas rebeldes que fossem na direção oposta á nossa, depois de um tempo ele veio ao nosso encontro.

— Eu estava preocupado — Kieran acolheu meu esposo em um abraço — Está bem?

— Estou — Lincoln encheu os olhos de lágrimas — O que é tudo isso?

— Um golpe bem maior do que você pensa — massageou as têmporas — Eles não querem só Aquila, querem o Noroeste e Winefall também, por isso meu pai me enviou como um espião.

— Não tem medo que eles descubra? — perguntei.

— Astrid sabe — respondeu.

— E não fez nada?

— Digamos que ela tem um interesse carnal em minha pessoa, enquanto eu estiver a servindo do jeito que ela quer, eu não serei exposto e Claire estará a salvo.

— É um jogo perigoso — Lincoln avisou.

— Eu sei, eu vi um homem ser arrastado e colocado no açoite, faz dois dias e ele ainda permanece lá — Kieran contou.

— Que homem? — perguntei temendo sua resposta.

— Seu irmão — respondeu e eu me quebrei por dentro.

— Quanto ao resto da família pode ficar tranquila — ficar tranquila quando minha família está presa em um maldito castelo — A mãe de Astrid, a senhora Corbiére, intercedeu por eles e conseguiu que eles ficassem presos na torre. A senhorita Genevieve e a menina estão em um quarto, Aleksander está os alimentando direitinho, estão bem na medida do possível — me informou.

— E Claire? Onde ela está? — Lincoln perguntei e eu recebi um olhar confuso de Kieran.

— Ela está aqui, mas não está correndo perigo algum, fez amizade com o irmão de Astrid e ele está a protegendo dos ataques estranhos que Astrid tem dele.

Mabelle estava inquieta ao meu lado.

— Você está bem? — perguntei.

— Eu estou, mas e quanto á ele? Ele está bem? — Mabelle estava aflita.

— Ele? — questionei.

— Seu irmão — respondeu um pouco áspera ou talvez só esteja afobada.

— Ele está em um açoite docinho, não é como se ele estivesse bem — Kieran respondeu olhando para ela com ironia.

— Nós temos que fazer alguma coisa — ela me olhou suplicante.

— Você quer o que Mabelle que eu entre no castelo e acaba com uma espada atravessada em mim? — não queria parecer dura, mas precisava.

— Então eu vou — Mabelle ameaçou sair dali, mas os braços rápidos de Kieran a impediram.

— Estás enlouquecendo? — revirou os olhos — Você é a tal Mabelle, não é?

— Como sabe meu nome?

— Você é a arma mais poderosa que Astrid tem — não sei de eu, Lincoln ou Mabelle conseguimos entender direito — Ela fala seu nome e ele aceita todas as chicotadas sem gritar.

— Por quê?

— Porque você tem um tipo de... Importância para ele.

— Não é possível — ela pareceu confusa.

— Precisamos ir não podemos nos arriscar ainda mais — Lincoln suspirou pesadamente.

— Nos mantenha informados Kieran — pedi.

— Não podemos ir embora — Mabelle me olhou com tristeza — Ele é seu irmão.

— Eu sei e eu sou uma Rainha — respondi.

— Sua família está lá dentro — me enfrentou.

— Eu não posso não pensar nas consequências dos meus atos Mabelle, tudo o que eu faço se espelha no futuro.

— Me perdoe eu não sei onde estou com a cabeça — abaixou a cabeça.

— Eu vou reconsiderar as suas palavras porque você está apaixonada — tentei me controlar — Mas nunca mais, eu disse nunca mais, grite comigo ou se altere dessa maneira.

— Perdoe-me Vossa Majestade.

— Quando a fuga que estou arquitetando estiver pronta enviarei um mensageiro até vocês para que ajudem quem eu mandar — Kieran disse.

— Como podemos confiar em você? — Mabelle perguntou.

— Confia em Sebastian, não confia? — respondeu com mais uma pergunta.

— Que mensageiro enviará? Como saberá que ele nos encontrará? — perguntei.

— Me dê um ponto de referência e eu enviarei um pombo com as informações — Kieran disse.

— Existe um lago, envie o pombo até lá — no lago ficam dois vigias guardando o caminho até a cachoeira.

— Temos que ir — Lincoln suspirou — Cuide-se meu primo, não confie naquela cobra.

— Ficarei bem — garantiu.

Ele estaria apaixonado por aquela cobra peçonhenta?

— Não podemos confiar nele — Mabelle alertou quando estávamos afastados da vila.

— Você está apaixonada por Sebastian e mesmo assim confiamos em você — Lincoln retrucou.

— Só que Vossa Majestade, Sebastian não era verdadeiramente um traidor e eu não estava dormindo com ele — respondeu.

— Ela está certa, querido — Lincoln suspirou pesadamente ao me ouvir — Precisamos confiar desconfiando.

— Estão certas, me perdoem.

— Mabelle poderia ir cavalgando mais á frente? — ela assentiu e obedeceu — Quem é a tal Clarissa?

— Minha prima, irmã de Kieran e...

— Eu sabia que iria ter um "e..." — revirei os olhos.

— Antes do tratado de paz eu iria me casar com ela — ah claro — Seria um casamento político e era estranho, pois sempre fui como um irmão mais velho para ela, Kieran tentou interceder, mas o único jeito de não nos casarmos foi o trato de paz.

— Você triste por não casar com ela?

— Você não pode estar perguntando isso Annelise — bufou contrariado — Ela é como uma irmã para mim e quando soube que não se casaria comigo Clarissa ficou tão feliz que pediu ao pai que desse um baile em comemoração.

— Garota mimada — impliquei.

— Ela não é mimada, Claire tem um coração de ouro — defendeu.

— Vejo que vou ter que ficar de olho aberto quando ela vier ao nosso encontro.

— Sinceramente não vejo motivo para ciúme, sem contar que Clarissa é uma menina para mim.

— Mabelle tem minha idade e meu irmão mais velho é apaixonado por ela — dei de ombros.

— Não sabemos se ele é apaixonado por ela?

— Você ouviu seu primo Lincoln — respirei fundo — Agora vamos nos apressar antes que sejamos surpreendidos por rebeldes.

— Estás brava?

— Estou com medo — respondi — Uma vez você disse que reis têm amantes, Lincoln e agora sua prima que é sua ex-noiva está muito ficar de nós, o que quer eu faça?

— Eu estava com a cabeça quente e você deveria confiar mais em mim e no meu amor.

— Até porque você confiou no meu quando eu mais precisei que acreditasse, não é? — perguntei com ironia.

— Não vou discutir — e assim o fez.

Fomos em silêncio até Waterfill.

É bom essa Clarissa ficar bem longe do meu marido ou eu acabo com ela.

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