● Capítulo XII - Sentida●
DEDICADO Á: TODOS OS MEUS LEITORES AMADOS E CHEIROSOS <3 EM ESPECIAL AS MENINAS QUE COMENTARAM E VOTARAM :3
Já havia muitas luas desde que Lincoln chegara aqui, nós estávamos muito próximos. Conversávamos por horas, cavalgávamos, passeávamos. Estávamos nos dando bem, ele é um bom amigo. Hoje ele se auto convidou á ir comigo visitar minha família, como eu poderia dizer não?
Para não ficar tão evidente que saíra do castelo, Lincoln pedira ajuda a Ravaner.
Já estávamos consideravelmente longe do castelo e quase perto de minha aldeia.
Já conseguia sentir o cheiro de terra molhada, as pessoas conversando pela estrada, as plantações, as flores campestres, o vento batendo no meu rosto... Tudo tão familiar.
Tudo do mesmo jeito, quase que como se eu jamais tivesse saído daqui. Eu até poderia pensar que acordei no meu quintal e correr para dentro de casa e contar á vovó sobre meu sonho de realeza, mas olhando ao meu redor nada poderia ser mais real do que Lincoln tagarelando sobre como tudo parecia tão estranho para ele — nem mesmo a farda emprestada de Ravaner o fazia parecer menos príncipe — falando no soldado, eu jamais o havia visto de roupas normais e isso era um pouco estranho, ele cavalgava mais na frente com Olívia ao seu lado, ela temia que o cavalo desembestasse a correr e Ravaner — que eu descobri se chamar Jace Ravaner — parecia temeroso em ficar tão perto dela.
— Ele gosta dela, não é?
— Por que achas isso? — fiz-me de desentendida.
— Olha o jeito que ele olha para ela... É tão bonito de ver — eu poderia rir da maneira que Lincoln sempre parecia estar apaixonado por tudo á sua volta.
— Queria que alguém olhasse para mim assim um dia — comentei sem pensar.
— Talvez alguém já olhe, mas você esteja ocupada demais olhando para o lugar errado — não sabia o que responder, o ar pareceu se esvair e meu coração a ponto de explodir.
— Hm...
— Sabe, conversei com Artemis por um instante enquanto lhe esperava — senti uma coisa estranha ao ouvi-lo falar o nome daquela serpente sem usar o "Lady" — Ela é meio arisca, mas ao mesmo tempo tão...
— Tão o quê? — perguntei de mau gosto.
—Não sei, frágil talvez — deu de ombros e é só o que me faltava "Artemis sendo frágil" — Eu descobri uma coisa — não dei importância, não quero ouvi-lo falar sobre ela — Acho que ela gosta do James, achava que você gostava e que vocês tinham alguma coisa — gelei dos pés a cabeça e égua pareceu perceber porque mexeu a cabeça algumas vezes como se estivesse agoniada — Mas eu e ela o encontramos no corredor e James estava pendurado em uma garota... — meus olhos arderam — Artemis pareceu ficar instantaneamente brava, as bochechas rosaram e não era porque estava sem jeito de estar sozinha comigo. Então ela fez uma coisa estranha quando ele nos olhou.
— O quê? — parei e ele imitou meu gesto um pouco adiante.
— Beijou-me — O QUÊ?
Uma queimação tomou conta do meu interior, parecia que todo o líquido do meu corpo estava fervendo, minha respiração ficou alterada como se eu tivesse corrido da casa de Genevieve até a minha depois do horário combinado com mamãe. Lincoln ficou parado me olhando como se tentasse ler minhas expressões, toquei o pé na égua que desembestou correndo. E tudo isso em alguns segundos. O que está acontecendo comigo?
Tudo por culpa de Artemis! Maldita!
Parei um pouco longe de onde comecei a cavalgar na frente sem falar com ninguém. A porta de madeira parecia a mesma, mas mamãe havia mandado consertar usando um pouco do dinheiro do meu aluguel. Meus pés tocaram o chão, as verduras plantadas aos lados da estradinha, bati duas vezes e minha mãe apareceu com seu vestido surrado, um lenço na cabeça, um pano no ombro e se atirou em mim.
— Minha Anne — beijou-me como se houvesse mil anos desde que nos vimos — Você cresceu.
— Mamãe... — resmunguei.
— Senhora Green — Olívia cumprimentou e Ravaner apenas se contentou em acenar levemente com a cabeça.
— Mamãe essa é Olívia a minha dama de companhia e amiga maravilhosa — assisti o sorriso de Liv alargar e toda sua doçura ser contemplada por um certo soldado apaixonado que sorriu ao vê-la sorrir — Esse é Jace Ravaner meu soldado pessoal — Olívia revirou os olhos — O soldado pessoal da Liv, na verdade — e de repente não sei qual dos dois ficaram mais vermelhos, mamãe riu.
— Ah! O amor jovem, melhor das épocas — suspirou.
— Senhora Green — ouvi a voz harmoniosa de Lincoln invadir minha audição e eu tive vontade de esganá-lo.
— E esse é o Príncipe Lincoln — apresentou bem de mau gosto pra ele perceber que eu estava com raiva.
— Um príncipe — mamãe ameaçou se curvar.
— Não o faça, por favor — ele segurou a mão dela — A mãe de Annelise não deve se curvar.
— Por quê? — ela perguntou.
— Porque se ela parar de birra eu vou casar com ela — meu coração se encheu de esperanças e eu quase sorri. QUASE.
— Disse isso para Artemis antes ou depois de beijá-la? — não deu tempo para ele me respondesse, mas ouvi sua risada nasalada — Mamãe vamos entrar, por favor.
Passamos pela porta, papai estava sentado á mesa com uma xícara rústica — bem longe de ser a porcelana do castelo — com café, ele levantou os olhos e sorriu para mim. Meu pai sorriu. Ele esboçou sentimentos.
— Senti saudade papai — abracei-o e o senti retribuir ainda que levemente — O senhor está mais 'cheiozinho', está se alimentando direitinho?
— Estou — ouvi sua voz depois de muitos anos e quase chorei — Senti saudade.
Apenas sorri, não falei mais nada para não forçá-lo de maneira alguma.
Sentamos todos, apresentei meus amigos á ele e papai sorriu amigavelmente. Logo mamãe trouxe vovó.
— Ela está quase andando? — perguntei pasma.
— Sim, a Rainha envia pessoas aqui todos os dias para cuidar da vovó — me contou — Eles disseram que com o tempo ela melhorará, não voltará a ser como antes, mas ficará melhor e poderá até comer sozinha.
— Eu nunca vou poder agradecer a Rainha Helena por tudo isso — as lágrimas escorreram por minhas bochechas — Senti sua falta vovó — beijei sua bochecha quentinha — A senhora é a pessoa mais importante da minha vida.
Ela sorriu pra mim. Vovó não precisava me dizer nada, eu sabia que ela me amava pela maneira que me olhava.
Depois de todos nós sentados e servidos de café e bolo — algo que há muito não via ser servido na mesa de minha família — começamos a conversar. Mamãe contava sobre como eu agia quando mais nova, contava como papai era, como vovó era e a parte que mais temi começou a ser colocada em assunto.
— Annie — um nó se formou em minha garganta — Sebastian a chamava assim. Annelise amava tanto o irmão que nem toda a areia do deserto chegaria perto em quantidade — mamãe sorria de um jeito saudoso — Anne subia nas árvores com ele, aonde Bash ia lá estava Anne o seguindo. Enquanto as garotas brincavam de roda e trocavam receitas, Bash ensinava Anne a ser arteira. E nada nunca mudou essa relação dos dois, quando Sebastian ia caçar Anne passava a noite inteira sentada no chão da sala enrolada esperando que ele voltasse, porque ela não conseguia dormir preocupada com ele — apontou para a porta — Quando ele entrava eu ouvia os passos apressados dela pela sala e logo o ouvia brigar com ela, sempre dizendo "Annie você tinha que estar dormindo, não pode ficar nessa friagem" e depois ouvia apenas as histórias que ele contava para ela conseguir dormir.
— Mamãe...
De relance vi quando Olívia suspirou, Jace estava atento às palavras de mamãe assim como meu pai, já Lincoln tinha lágrimas nos olhos.
— A primeira vez que Sebastian foi para o campo de batalhas Annie orava dia e noite para ele voltar á salvo e quando ele o fez ela chorou de alegria. Todas as vezes que ele foi, ela orou, ele voltou. Mas um dia ele foi ela orou e ele não volt...
Não consegui ouvir mais nada, as lágrimas estavam inundando meu rosto, meus passos me guiaram para o quarto dele. Precisava o sentir perto de mim, mesmo que não estivesse aqui.
— Eu sinto muito — ouvi Lincoln dizer.
— Eu o amava tanto — virei para ele.
Agora havia lágrimas no rosto dele, muitas lágrimas que deixavam um rastro translucido em sua pele já tão alva.
— Eu sei como se sente — passou as costas da mão no rosto — Eu a amava também e isso não foi o suficiente para fazê-la ficar.
— Quem? — perguntei.
Ele sentou ao meu lado e entrelaçou meus dedos aos dele.
— Minha irmã — engoliu em seco — Minha irmã gêmea.
— Eu não sabia que você tinha uma irmã — funguei.
— Eu tinha, mas em uma noite eu a deixei na porta de seu quarto, ela estava bem e nós nos despedimos, mas era como se ela estivesse sentindo que havia algo errado. Sophie me amava, mas não era de dizer, mas naquela noite ela disse. E no outro dia acordei com o castelo em polvorosa. Sophie estava morta. Minha mãe estava em prantos, titia estava desolada e meu pai escondendo-se em sua armadura de rei sem coração. E eu só a vi morta, estirada na cama sem marca alguma. Ela só havia ido embora para sempre.
— Temos alguma coisa em comum.
— Temos muita coisa em comum — senti quando ele tirou os dedos do entrelaço dos meus e senti uma tristeza enorme por isso, precisava daquele contato — Tenho confissão á fazer — fiz sinal para ele continuasse — Artemis não me beijou de verdade, foi na bochecha.
Um enorme sorriso surgiu no meu rosto. Luz no meio da escuridão em que eu me encontrava. Era isso que Lincoln significava para mim.
— Você falou aquilo para saber se eu ficaria com ciúme? — perguntei.
— Funcionou — sorriu e balançou a cabeça — Achei que você ia me matar.
— Eu deveria — mordi o lábio inferior.
— Crianças por que não vão passear? — mamãe apareceu na porta — Leve seus amigos até o Campo dos Lírios, certamente Genevieve está lá.
— Estou morrendo de saudades de Gen e Darin — levantei e sai pela porta, mas não sem antes dar um beijo estalado no rosto de mamãe.
Uma grande e deliciosa sensação de nostalgia me invadiu.
NOTA DA AUTORA:
OLHA QUEM CHEGOU COM UM CAPÍTULO NOVO <3
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO, SE PUDEREM, POR FAVOR COMENTEM :3
XOXO, LADY ALLEN.
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