● Capítulo XI │ Draco Um ●
Meu nervosismo e preocupação eram aparentes e o olhar de minha mãe acompanhava meus passos apressados.
— Sebastian o que tem nessa caixa? — perguntou novamente.
— Mãe eu só preciso saber e a senhora viu a caixa — passei a mão no rosto — Só me responde, por favor.
— O que você está escondendo Bash? — levantou e veio até mim.
— Por que acha que estou escondendo alguma coisa?
— Porque você é meu filho e eu conheço você e sua irmã como a palma da minha mão.
— Está errada dessa vez.
— Estou mesmo?
Suspirei.
— Oh querido, eu te conheço muito bem para saber que não é esse monstro que aparenta ser.
— Avisa isso para sua filha.
— Não fale assim, você a ama.
— Eu sei, eu amo, mas Annelise parece não entender que tudo o que fiz foi protegê-los. Se ela, ao menos, soubesse tudo o que tive de abrir mão.
— O que de tão importante abriu mão?
— Minha dignidade, por exemplo.
— Dignidade... Você já a teve um dia?
— Tive, a senhora me ensinou.
— E tu esqueceste?
— Não.
— Então por que fizeste todo esse escarcéu? Por que começaste uma guerra contra tua irmã?
— Ela começou a guerra.
— Você realmente achou que ela seria uma assassina e que mataria o marido dela?
— Então tivesse me matado.
— Queria que ela te matasse?
— Me pouparia de ter que enfrentar esse olhar de vocês todos os dias.
— Foi tua a escolha de se tornar um rebelde traidor.
— Eu sei.
— Genevieve te amou tanto.
— E a amei também.
— Não, não amou. Porque amor não se acaba Sebastian.
— Esse acabou.
— Então nunca amou — concluiu — Tu terias feito o possível e o impossível para voltar para ela.
— Eu não podia — vociferei — Será que ninguém entende isso? Eu não podia voltar mãe.
— E por que não podia?
— Para protegê-los.
— De quem?
— Deles — apontei para o lado de fora do quartos.
— Para nos proteger tornou-se um deles?
— Pra proteger todos.
— Eu tento entender, mas não consigo.
— Então pare de tentar.
Sentei na ponta da cama.
— O tem nessa caixa Sebastian? É a última vez que vou te perguntar isso.
— Tudo o que importa é que o tem dentro daquela maldita caixa pode ser a morte decretada.
Mamãe se assustou, seus olhos arregalados.
— O que quer dizer com isso?
— Que se aquela maldita caixa cair nas mãos da Astrid, eu sou um homem morto.
— No que se meteu meu filho?
— Fiz o que precisava ser feito para proteger o meu povo, já falei isso milhões de vezes.
— Mas nunca explicou o motivo de tal.
— E nem vou.
Ela revirou os olhos se dando por vencida. Não falaremos mais sobre isso mamãe e é para sua proteção.
— Como é essa caixa? Eu ajudo você a procurar.
— Eu não sei exatamente. Tudo o que sei é que ela existe e que tem talhado na tampa: Draco Um.
— Draco?
— Dragão em latim.
— Eu não vi nenhuma caixa assim, tem certeza que essa caixa é tão importante, filho?
— Tão importante que a caixa ficava com a Rainha e a chave ficava com uma que pessoa que ninguém sabe quem é.
— Se não tem chave não tem como abrir, fique tranquilo.
— Astrid fará tudo o que ela puder para abrir a caixa á força.
— Me diga o que tem lá dentro de uma vez, já estou preocupada.
— Documentos, cartas... Coisas que podem me matar.
— Filho... — minha mãe segurou meu rosto entre suas mãos — O que você fez?
— O que eu achava que era correto.
— E era?
— Era e é.
— Valeu á pena abrir mão do amor de sua irmã, de ter uma família com Genevieve e ter ficado conosco?
— Valeu porque ainda estão vivos.
Os olhos de mamãe desviaram do meu olhar e recaiu em meu bolso, suas mãos ágeis pegaram o tecido, ela sorriu de lado.
— Desde quando usa laço de fitas?
— Não uso — peguei a fita e guardei de novo — Qual é o problema de vocês? Todo mundo enxerga essa porcaria onde quer ela esteja.
— Se é uma porcaria por que ainda não jogou fora? — estreitou os olhos em minha direção.
— Eu vou jogar.
— Então jogue — desafiou.
— Depois — guardei novamente.
— Ela é importante?
— A fita? Não.
— E a dona dela?
"A coragem é tola meu caro"
O amor é muito mais.
— Não, nem lembro mais de quem era. Só achei pelo castelo, achei bonita e guardei. Satisfeita?
— Ela está aqui no castelo?
— Não mãe. Quantas perguntas! — perdi a paciência.
— Você gosta dela.
— Não.
— Não foi uma pergunta, meu caro.
Mamãe sorriu e deixou um beijo estalado no meu rosto.
— Eu só a vi duas vezes na vida, satisfeita? Não posso gostar de uma pessoa que não conheço.
— Ah querido, seu sangue te puxa exatamente para se apaixonar rapidamente. É dos Green. Todos nós somos assim.
— Mãe eu não vou ter essas conversas com a senhora.
— Vai sim — sentou ao meu lado e entrelaçou os dedos nos meus — Existe uma lenda sobre uma cordão vermelho...
— Não acredito em almas gêmeas, sequer acredito no amor.
— Eu amo seu pai e ele me ama, não acredita nisso?
— É diferente mãe.
— Não é — segurou meu rosto entre suas mãos — Quando duas pessoas estão destinadas uma á outra, não importa para onde elas fujam, não importa o quanto neguem, elas encontram uma maneira de se encontrar. Almas gêmeas tem uma ligação que nada consegue explicar.
Dito isso beijou minha testa e saiu porta á fora.
Quanto mais fujo de lembrar-me dessa menina, mais as pessoas me aproximam dela.
A porta se abriu novamente revelando uma Astrid vestida de preta e com um sorriso assustador dançando nos lábios.
— In Draco Secretum — meu corpo tencionou com as palavras dela — Isso te diz alguma coisa Soldado Green?
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