● Capítulo V │ O Maldito Filho ●


E eles haviam conseguido fugir. Os malditos haviam conseguido fugir com vida.

Minha mente só girava em torno disso.

Depois de mandar atear fogo aos vários corpos que haviam se acumulado pelo castelo, dei ordem para que dessem uma boa limpeza por todo o local.

Sebastian estava estranho, não sei se por ter trazido sua família para o castelo contra a vontade deles ou pelo fato de sua irmã o estar o odiando ainda mais. Ele era um fraco, não merecia ser o líder, eu sim merecia e agora que posso ser quem sou vou fazer de tudo para chegar ao topo disso aqui e mostrar quem manda.

— Olá mamãe — minha voz chamou sua atenção.

— Por que me trouxeste de volta á esse castelo amaldiçoado?

— Também estava com saudades — usei de ironia.

—Não sabes o que sentir saudades de alguém porque tampouco sabes o que amar.

— A senhora sabe que é minha mãe e que deveria supostamente me apoiar nas minhas decisões pessoais, não sabe?

— Apoiar um monstro? — revirou os olhos — Recuso-me á tal.

— Posso saber o motivo de todo esse chilique?

— Não tinhas o direito de trazer meu menino para cá — então aí está o problema. Alek.

— Seu menino deveria ter vivido aqui, deveria me agradecer por trazê-lo para seu lar.

— Não sabe do que está falando.

— Sei — vociferei — Tudo isso é dele.

— Não, não é. Isso é dos Scolland's, essas malditas paredes amaldiçoadas são deles e só deles.

— Alek é um Príncipe — ela riu sem humor com a minha fala.

— Não é, Helena não tem sangue real, era só uma camponesa e como tal Alek não é um Príncipe.

— É um Príncipe Bastardo.

— Não, não é e tampouco você é uma Princesa Astrid. Se conforme.

— Te deitaste com um Rei e viveu como uma mendiga — estreitei os olhos na direção dela — Acha que quero o mesmo para mim? Quero mais, quero muito mais. Não vou me conformar com as migalhas.

— Então tivesse entrado aqui sozinha. Meu menino não merece...

— Ele não é seu menino — gritei — Ele é o menino dela, Alek não é seu filho. Eu sou.

— E isso te faz achar que ele vai te olhar como mulher um dia? Ele acha que é seu irmão e mesmo que descubra que não é jamais irá te amar porque pessoas como você não merecem o amor de ninguém.

— Eu sou sua filha — vociferei indignada com suas palavras.

— Você é cria do demônio Astrid, devo ser muito pecadora para ter sido amaldiçoada com teu nascimento.

— Por que me odeia? — perguntei.

— Porque você me lembra ele e aquele homem não era um ser humano normal, ele era a reencarnação do que há de mal.

— Mamã...

— Astrid — a voz dele inundou o ar — Eu vi um leão de ouro Astrid, de ouro.

Eu sorri com seu jeito de menino, tudo parecia muito bonito para Alek, a maneira com a qual ele olhava para as coisas, um jeito quase inocente de ser.

Eu não o merecia, ela tinha razão.

— Você gostou de conhecer o castelo? — perguntei.

— Sim — respondeu vindo até mim — É verdade que eu vou morar aqui agora?

— É — tirei o capuz e ele retraiu o corpo — Não precisa se esconder — toquei a parte de seu rosto que havia ficado a cicatriz do incêndio.

— Não quero que vejam. Não quero que ninguém veja que sou diferente.

— Mas você é e isso é a melhor coisa que poderia lhe acontecer Alek. Você é diferente de nós porque é muito melhor que qualquer um.

— Por que fez isso? — sua pergunta me pegou desprevenida assim e minha mãe me olhou com seu velho olhar de "Eu disse".

— Eu tive que o fazer pelo nosso bem — Alek abaixou a cabeça.

— Não quero viver aqui, pessoas morreram aqui. Eu vi o monte de corpos que queimaram.

— Te mostraram aquilo? — me irei.

— Não, eu encontrei andando aos arredores do castelo. Você fez aquilo?

— Quer falar sobre isso agora? — ele concordou com a cabeça — Fiz e faria tudo de novo.

Minha resposta fez com que ele se afastasse com um olhar horrorizado e virou as costas andando para longe de mim.

— Você faz mal para ele Astrid, se afaste.

Mamãe caminhou pelo mesmo lugar que ele e seu foi.

Nunca dividiríamos um mesmo cômodo, nunca dormiríamos na mesma cama ou compartilharíamos o mesmo sobrenome como marido e mulher. Eu tinha que me conformar, mas não conseguia.

Abri a porta do quarto que Annelise costumava ficar com seu maridinho, Sebastian estavas sentado na beirada da cama com algo enrolado á sua mão.

— O que é isso? — perguntei e ele logo guardou.

Uma fita de cetim.

— Tenho a impressão de que vi essa fita antes — zombei.

— Não estou com paciência para você Astrid.

Mabelle — eu disse o nome da garota e foi o suficiente para ele me olhar — O nome da garota dona da fita.

— Não sei do que está falando.

— Sabe o que é mais interessante do que o nome dela? — sorri maleficamente — Mosart, ela é a irmãzinha caçula de Kendra.

Sebastian engoliu em seco e se levantou caminhando até a janela e ficando de costas pra mim. Senti-me tentada em empurrá-lo e tomar seu lugar de uma vez, mas lembro que se ele morrer não vou ter quem infernizar.

— Ela nunca vai querer você uma vez que já se envolveu com a irmã dela.

— Cala a boca — estava ficando bravo.

— Mabelle é o que há de melhor em Olívia, mas também é o que há de pior em Kendra. É o equilíbrio entre uma bondosa Mosart e uma guerreira Saint-Claire...

— Já mandei ficar calada — vociferou.

— O que foi se apaixonou no meio de uma batalha Sebastian? O quão fraco você é?

Ele não me disse nada apenas me pegou pelo braço e me rebocou para fora do quarto me deixando no meio do corredor.

— VOCÊ NÃO A MERECE E NUNCA VAI MERECER — gritei chamando a atenção dele, de alguns soldados e de sua mãe que vinha na nossa direção — Mabelle é boa demais para uma pessoa como você e sabe o que é mais divertido Sebastian? Você está aqui sozinho e ela está em algum lugar lá fora com seu priminho.

Sebastian só não explodiu porque sua mãe me olhou feio e o puxou para dentro do quarto fechando a porta em seguida.

Sebastian nunca mereceu ser o líder, sempre fora esse fraco.

Deveras por isso era o favorito do Rei, o maldito filho que ele nunca teve.




NOTA DA AUTORA:

Como vão vocês? Espero que bem.

Sim, eu vou finalmente terminar o livro. Hoje terá uma maratona de postagens de capítulos. Gostaria de pedir que vocês  deixassem comentários nesses capítulos para que eu saiba que ainda estão gostando da história. 
Obrigada pela paciência, amo vocês. 

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