● Capítulo II - Encantada●
ATENÇÃO: Ainda vou mandar betar os capítulos, então qualquer erros, por favor me perdoem <3
O guarda que estava ao meu lado era o mesmo que não havia me tocado mais cedo, caminhávamos em silêncio e isso me incomodava um pouco. Ele parou bruscamente em frente a uma grande porta branca, girou a maçaneta e abriu espaço para que eu entrasse e assim que o fiz ouvi a porta se fechar.
Havia uma cama enorme cheia de travesseiros, caminhei até lá e vi que a roupa de cama estava bordada, os desenhos pareciam ser de flores, na cômoda ao lado da cama havia um livro grosso e uma espécie de lamparina. Abri o guarda roupas e me deparei com um número de vestidos que jamais havia pensado em ter, os sapatos pareciam acumular a cada vez que olhava, dei um pequeno pulo certificando-me que não havia rangido algum. Corri até a cama e me joguei de costas, senti-me como se estivesse deitada nas nuvens.
Então é essa a sensação de deitar numa cama de verdade?
— Senhorita Annelise — ouvi a voz feminina.
Não havia percebido que alguém havia entrado. Sentei na cama com um pulo, a mulher a minha frente riu.
— Não precisa ficar acanhada sei como essas camas são um máximo — sorriu amigável.
O vestido azul marinho arrastava no chão, seus olhos castanhos esverdeados pareciam me estudar, seus lábios grossos contorcidos em um sorriso, seus longos cachos tinham um volume majestoso e sua voz como uma sinfonia de pássaros.
— Eu sou Lady Olívia e serei responsável por você enquanto estiver sob os cuidados da Rainha — apresentou-se.
— Eu sou... — Tentei falar. Tentei.
— Eu sei que você é — o sorriso dava a ela um "q" de criança.
Ela desfilou até o guarda roupas e examinou peça por peça até que pareceu ficar encantada por um dos vestidos, Olívia arrancou o vestido de dentro do guarda roupas e colocou na cama.
— Tome um banho relaxante e eu lhe ajudarei a se aprontar para o jantar — voltou para o guarda roupas — Garanto que será divertido.
Abri a porta e me deparei com um enorme banheiro, havia uma banheira de porcelana, despi-me de minhas roupas habituais e entrei na banheira e meu corpo pareceu derreter na água quase fervente, demorou poucos segundos para que me habituasse ao banho quente.
O tempo pareceu voar ou eu acabei cochilando, despertei com as batidas urgentes na porta.
— Senhorita Green — não era a voz feminina e suave de Olívia, mas sim uma voz presente de um timbre diferente de todas as vozes que já ouvi.
— Só um minuto — enrolei-me em um tecido macio e saí.
— Eu sou Astrid Corbiére e sou sua tutora — ela pegou na barra de sua longa saia e me reverenciou.
Olívia levantou-se da cama e me puxou pelo pulso até o pé da minha cama, ela pegou o vestido que escolhera e me entregou.
Astrid ajudou-me a colocar o longo vestido verde oliva bordado com fios de ouro, realmente lindo. Suspirei involuntariamente.
— Espere só até pentearmos seus cabelos — Olívia bateu palminhas.
Sentei-me em frente a um enorme espelho, Astrid pegou uma escova branca e começou a pentear meus cabelos. Logo meus fios ondulados e oleosos estavam presos em um rabo de cavalo alto deixando meu pescoço quase a mostra. Calcei um sapatinho branco e fiquei de pé, meus dedos doíam e eu não sabia andar com aquela coisa.
— Respire fundo e finja estar andando descalça — Astrid parecia saber exatamente do que falava e é claro que ela sabia, era uma perfeita dama.
— Não dá para fingir estar descalça por que meus dedos estão doendo — reclamei e Astrid passou-me um olhar mortal — Sim senhora.
— E lembre-me senhorita — Astrid me olhou com seus grandes olhos azuis — A partir de agora não é mais Annelise Green e sim Lady Annelise — passou os dedos por seus fios dourados – de um tom quase esbranquiçado – e os prendeu em um coque com bastante agilidade.
— E lembre-se também de que não poderá dirigir nenhuma palavra com Rainha se ela não pedir — Olívia abriu a porta.
— Senhorita Annelise — Astrid segurou meu pulso — Existem coisas nesse castelo, eles vão entrar em guerra com a senhorita — parecia temer.
— Estou ficando apavorada — suspirei.
— Só confie em mim porque sou sua tutora, em Olívia que é sua dama de companhia e no soldado Ravaner — Astrid parecia tensa — Ninguém além de nós é confiável, todos querem sua derrota — disse por fim.
Astrid soltou meu pulso e então caminhamos rumo ao meu primeiro bombardeio ou deveria dizer jantar.
— Existe uma pessoa aqui que você não pode falar — Olívia começou, mas fomos interrompidas.
— Ora, ora! — Artemis arqueou a sobrancelha — A filhinha do padeiro resolveu virar uma dama — riu com desdém.
— Ora, ora! — imitei-a — Vejo que uma vaca resolveu aprender a falar — ela parecia estar a ponto de voar no meu pescoço.
Nunca senti tanta vontade de matar alguém, desde crianças Artemis me persegue e zomba de mim por qualquer motivo.
— Artemis — a moça ao lado dela pareceu xingar o nome da garota que consertou a postura.
A porta enorme abriu-se revelando uma enorme mesa farta, a Rainha estava sentada na ponta, havia um rapaz na primeira cadeira do lado esquerdo. Artemis foi andando pelo lado direito sentando-se de frente ao rapaz, eu sentei-me ao lado dele e ao meu lado Astrid.
— Boa noite — a Rainha levantou-se — Tenham um bom jantar.
Disse apenas isso e nem sequer nos olhou nos olhos. Assustei-me com tal comportamento, logo que mais cedo ela havia sido tão gentil.
Colocaram uma espécie de bicho no meu prato e quanto mais eu tentava cortar aquela coisa mais ela escorregava no meu prato, praguejei em pensamento, o rapaz ao meu lado riu e só assim realmente o notei ali.
Passei o jantar inteiro tentando comer e todas as coisas que serviam eram difíceis demais para mim, temi que Astrid tivesse vergonha de mim e que Artemis visse.
— Estão satisfeitos? — a Rainha questionou e assentimos em silêncio — Então estão dispensadas, podem ir para os quartos descansar, o dia de amanhã será longo — dito isto ela simplesmente saiu.
Astrid saiu antes de mim, Artemis e sua tutora também, o rapaz desconhecido saiu após elas. Desisti de fugir daquela situação e finalmente e saí contrariada.
— Lady Annelise — meu nome saiu de seus lábios como um sussurro — Estou certo? — o rapaz parou em frente a mim.
— Sim — tentei passar em vão — Se o senhor não deixar que eu passe chamarei o soldado Ravaner — avisei.
— Deixe-me apenas me apresentar — insistiu.
— Não quero que se apresente — recusei.
Cruzei os braços e ele fez o mesmo, pela primeira parei para analisa-lo. Muito mais alto que eu, olhos avelã, em seus lábios finos dançava um sorriso sarcástico, o cabelo castanho estava cortado baixo, a barba estava por fazer, vestia-se como um nobre, seu porte era prepotente, mas eu não posso negar que ele tenha uma beleza pura.
Passei por ele na primeira oportunidade que tive, sabia que ele ainda me olhava.
— James — a voz rouca ecoou no corredor.
— O quê? — me virei.
— Meu nome é James — sorriu e eu revirei os olhos voltando para minha caminhada.
Os corredores eram repletos de quadros e retratos de pessoas da realeza, parei em frente a um deles, um retrato pintado extremamente belo, a Rainha estava de pé ao lado do Trono em que o Rei estava sentado, eles se olhavam e através do quadro podia-se ver o amor que sentiam um pelo outro, o garoto agarrado a saia dela encarava o pintor, me encarava. Avelã. Era tudo o que eu consegui ver.
Voltei a mim quando Astrid parou ao meu lado.
— Hora de dormir, se te pegam aqui uma hora dessas levará advertência — avisou-me.
Saí em silêncio, ela desceu a escadaria certamente indo para o quarto dos servos do Castelo. O soldado Ravaner não estava na minha porta, abri a porta e Olívia não estava lá. Estava completamente solitária agora.
Tirei o vestido e vesti uma camisola longa de cetim e me enfiei debaixo dos cobertores, joguei a maioria dos travesseiros no chão deixando apenas um para repousar minha cabeça e outro para abraçar.
Senti-me perdida, descolada durante todo o jantar. A única coisa que me consola é que mamãe receberá todo mês uma espécie de pagamento para ajudá-la, sinto como se fosse um objeto sendo alugado.
Fechei os olhos novamente.
Lembrei-me que talvez Bash houvesse passeado por esses corredores, imaginei que minha mãe gostaria de estar aqui, lembrei que vovó certamente sentia minha falta, lembrei que meu pai precisava de mim. Então chorei. Chorei por toda a noite até finalmente cair em minha inconsciência completa.
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