5. A servidão para um deus

Por Grisha,

Poseidon me deixa intrigada eu amo servi-lo, mas não consigo compreender o por que deixou essa humana viva. Ele não costuma ter clemência com ninguém e ao olhar para essa garota sei que ele está comprometido, de algum jeito. Talvez pela fúria que sentiu ao ouvi-la mencionar Anfitrite várias vezes ou por simplesmente ser desafiado, o fato é que o deus dos mares é uma incógnita demasiada profunda em seus sentimentos, todos os deuses demonstram algo e em todos esses anos essa é a primeira vez que o vejo minimamente empolgado.

Saí do salão convocando Surya e sua irmã Bel, ambas sereias. Surya tem sangue de deusa em suas veias, mas Bel é apenas uma criatura inferior do mar.

— Preparem um banho com ervas frescas e flores, separem óleos e cremes e me aguardem.

Fui até a cidade de Atlântida andando até o anel superior dois já que o local do palácio não tem nada por perto, entrei na melhor loja de vestidos ao qual Poseidon aprecia os tecidos e pedi por um vestido que valorizasse o corpo pequeno. Meu querido e amado Deus não me pediu especificações então tomei a rédea da situação, olhei para Aritne e pedi um peplos levemente cinza, com amarração abaixo dos seios é simples mas ficaria belo naquela humana e ela não demorou a me entregar o tecido pronto. Retornei para o palácio deixando as roupas com as sereias e segui para a masmorra onde a humana se encontrava e quando abri a cela percebi que a mesma ficou confusa e não saiu.

— Me acompanhe.

— É a hora da minha punição? Vou ser morta finalmente? — Tive que conter meu olhar de pena, essa garota não sabe o que lhe aguarda.

— Te levarei para um banho. — Os olhos dela brilharam, oh pobre e ingênua humana.

— Finalmente aquele deus meia pataca resolveu me ouvir!

— Peço que não trate o imperador dos mares com desrespeito principalmente em minha frente. Agora por favor me siga. — Eu realmente sinto pena por ela ao ponto de matá-la apenas para tirar-lhe desse tormento, mas sei que essa não é a vontade de meu senhor.

Descemos a masmorra e andamos até o lado direito do palácio, essa humana não disse uma palavra, sempre em silêncio apreciando tudo ao seu redor, os olhos dela contém um fascínio que para nós deuses não existe. Ao chegar no quarto de banho Bel mexia no vestido e arrumava os cremes enquanto Surya a aguardava com os pés na água.

—  Tire as roupas. — Pedi.

— O quê? Não podem sair?

— Não é permitido, iremos te dar um banho.

— Oh céus! Não podem, não podem isso é violação de privacidade. — Tais palavras não faziam sentido para nós.

— Se não se despir, não haverá banho. — Ela pareceu ponderar e sorriu ao me olhar, se virou de costas e começou a desabotoar, essa garota utilizava muitas peças. Sn usava botas e calça, por cima o que parecia ser um camisa de mangas longas e prendendo seu busto um corset. Quando ela tirou tudo restou um vestido curto colado a sua pele além de vestes intimas. — Como se mexe com facilidade usando tantas peças? — Perguntei.

— Quando se é humana você se acostuma principalmente se viver no mar, ele é frio e não se pode confiar nos homens. A violação do corpo é algo comum durante abordagens imperiais ou piratas e até mesmo pelos próprios companheiros, com essas roupas eu passava despercebida pois encaixava meus seios, colocava um longo casaco pirata e prendia meus cabelos com chapéu. — Entendi perfeitamente seus motivos, aqui e Atlântida há deuses que cometeram esse mesmo pecado e Poseidon os matou simplesmente por sujarem sua cidade.

A humana tirou as últimas vestes e tapando os seios adentrou na água Surya revirou os olhos achando tal ato ridículo, sei que a sereia se considera invejavelmente majestosa com seus longos e loiros fios e seus olhos azuis, há tantas como ela na cidade, já Bel possuiu fios escuros como os meus e olhos âmbar é tão bela quanto respeitosa.
As costas da humana eram esfregadas com calma enquanto Bel passou a cuidar dos cabelos e eu fui verificar as vestes.

— Ela não tem muitos pelos entre as pernas, mas abaixo dos braços parece um Minotauro e as pernas então nem se falam — Notei a humana se envergonhar.

— Muito bem se preparem para tirar.

— É o quê? — Ela se exaltou.

—  Você está entre os deuses, enquanto estiver aqui sua aparência não deve ser desleixada. — Informei.

— Mas o que meus pelos tem haver com isso? Quer dizer eu não tenho problemas, só que não estou em meu território.

— Humana pelo estado das suas pernas você não vê um cuidado há anos. — Surya falou.

— N-não é bem assim. Eu só uma mulher muito limpa, tomo banho todos os dias quando em terra, no mar não há como, pois não podem descobrir o que sou, exceto agora que o deus dos mares me deixou mais de quarenta dias sem cuidados. — Informou e balancei minha cabeça me aproximando.

— Beba isso. — Entreguei uma concha com líquido perolado.

— O que é isso?

— Uma poção para que não sinta nada, se bem que geleias não doem, mas incomodam. — A humana estava desconfiada e eu não menti, assim que ela consumiu a poção foi tirada da água e deitada no tecido,  seu corpo foi coberto por aquilo que a ajudaria a relaxar enquanto fizemos o nosso trabalho, seu corpo agora estava liso como tecido e seu cabelo cuidado.
Lhe demos mais um banho e trançamos os fios turquesa perolado o tecido passou a deslizar por seu corpo e após amarrado ela estranhou.

— Não há roupas debaixo? — Sussurrou.

— Estás perto de sangrar?

— Negou.

— Então não há necessidade. — Foi até o espelho mais próximo e viu o próprio corpo.

— Céus esse tecido é transparente! — Tentou cobrir os seios que já estavam cobertos, a transferência é mínima por todo o vestido marcando as curvas e demonstrando seus atributos. Um seio é apenas um seio, um corpo é apenas um corpo e não faz diferença para nós. A prova viva disso são nossas próprias vestes, sempre prezamos o que é mais confortável.

— Agora vou te levar até o imperador.

A humana tentou pegar aquelas vestes sujas, mas Bel as tomou.

— Não precisará mais disso. Agora se aparecesse, estou autorizada a te punir se não obedecer. — Ela pareceu se dar conta do que lhe aguardava enquanto veio a mim de cabeça baixa andamos pelos corredores até chegar na sala do imperador dos mares. Não bati pois ele nos aguardava, apenas abri a porta e a empurrei delicadamente fechando em seguida.

Por Sn,

Eu estou nervosa, confusa e muito, muito constrangida. Nem mesmo em seu templo as ninfas vestem roupas tão abertas ou transparentes, eu tentei me tapar a todo custo e não dei um passo a mais naquela enorme sala com um única mesa de jantar que provavelmente cabe quatorze pessoas.

— Se aproxime. — Engoli minha saliva e senti meu corpo tremer e se Poseidon tentasse algo? Eu não conheço esse deus, quer dizer, tudo o que eu acreditava que ele representa é... Mentira.
Poseidon pra mim era a representação da virtude do mar, punia aqueles que não respeitavam as águas e protegia os navegadores bravos que nunca foram contra as águas. — Está surda?

Balancei minha cabeça e andei até ele lentamente.

— O que você quer comigo deus dos mares? — Minha coragem saltou de meu peito, mesmo que não fosse durar.

— Você não faz perguntas humana insolente e sim cumpre ordens — E lá estava a arrogância novamente.

— E o que o deus todo impossível deseja? Por que não me mata de uma vez? — Ok, não estou pensando direito, acabei de pedir a Poseidon para me matar, mas essa parte da minha vida eu chamo de improviso.

— Humana insolente, você não gritou aos quatro quantos que servia a mim, Poseidon o deus dos mares? Agora você fará o que nasceu pra fazer. Vai me servir!

O olhei desacreditada, ele só pode estar brincando comigo acabei por gargalhar tendo a atenção dele que me olhava como se fosse me matar.

— Eu não te sirvo mais há doze anos. Nesse tempo só tenho orado a você e agora percebo o grande erro que cometi e me recuso a lhe obedecer.

Ele se levantou e veio até mim, meu corpo por instinto foi para trás até que encostasse na parede e seu tridente novamente deslizasse por meu braço, esse deus é muito alto e com essa pressão esmagadora que exerce torna tudo pior.

— Ousa recusar o pedido de um deus? Humana imunda quantos matariam para estar em seu lugar.

— Todos eles desconhecem a sua verdadeira natureza. — Senti que agora não era o tridente dele que me tocava e sim sua mão, parecia involuntário pois seguidamente tirou.

— Nem mesmo você conhece minha verdadeira natureza agora se apresse e me sirva, você vai passar o dia inteiro comigo. Creio que isso será pior que a morte para um ser como você. — Poseidon voltou a se sentar na cadeira que mais parecia um trono e eu desejei ter uma tesoura para cortar aqueles cabelos, tudo para deixá-lo minimamente ridículo.

Eu só queria fazer meus mapas e escrever sobre essa cidade.

Por Poseidon,

Essa humana realmente me tira do sério, faz anos que não sinto vontade de esmagar algo até que não lhe reste mais forças, matá-la não seria o suficiente quero que se arrependa profundamente por ter provocado a mim, o deus dos mares.
Grisha fez um trabalho excelente lhe dando um bom banho e escolhendo um vestido comum e agora entendo porque o maldito do Hermes tem vindo aqui com tanta frequência essa mulher tem um cheiro muito bom e sua aparência completamente incomum foi capaz de fazer a mim Poseidon reconsiderar suas punições e por hora vou esmigalhar esse vontade que ela tem de bater de frente com um deus.

— Comece me servindo vinho. — Ainda incrédula ela se aproximou, despejando um pouco de vinho na minha taça, não há álcool nele.  — Agora beba.

Eu sei que ela não consome, então quero ver como escapará dessa situação mesmo que seja apenas para minha diversão.

— Não posso.

— Isso foi uma ordem. Ou bebê ou volta para  o mar índico. — Senti seu corpo ressoar e a mesma pegar a bebida e tomar apenas um gole, toque na base da taça virando fazendo com que bebesse tudo e algumas gotículas caíssem em seu busto manchando o vestido ela tossiu.

— Agora limpe a mesa. — Me afastei apenas para notar o semblante perdido dela que aos poucos fez o que mandei, notei seus cabelos bem trançados, suas curvas  e o fato de que apesar de odiar cada ordem as cumpriu perfeitamente. 

— Deseja mais alguma coisa deus dos mares? — Havia desdém em sua voz.

— Apenas que cale a boca e me siga. — E assim saímos da sala, andei com ela até a arena de Atlântida onde os deuses menores se digladiavam por diversão.

Os orbes dela ficaram inertes e a cada demonstração de violência fechava os olhos, os deuses estavam em polvorosa pela minha presença e isso sim é irritante, mas bastou um olhar para que ficassem em silêncio e voltassem a se concentrar em seus jogos, quando me entendeu levei-a até a minha terma pessoal na cidade e aí sim notei seu rosto mudar de cor, modéstia parte não uso esse lugar, mas hoje estou disposto.

— Essa humana cuidará de cada uma de vocês, ela irá lhes servir enquanto me servem. — A respiração dela ficou pesada e algumas mulheres se aproximaram. A humana deu alguns passos para trás. — Está esperando o quê? A cozinha é logo ali. — Antes que ela saísse puxei o resquício de vinho de sua roupa e a mesma  desviou o olhar. Não desejo sexo, não é como se um deus precisasse disso ou de qualquer outra coisa somos intangíveis se assim desejarmos, venho a este local para que essas deusas não passem os anos se queixando então as permito fazer uma massagem em minhas costas e pernas, a única que tem permissão para sentar em meu colo é Grisha a deusa das rochas e sedimentos do mar.

Por Sn,

Eu estou incrédula um deus se porta desse jeito? Quer dizer na terra conhecemos a fama de Zeus o deus formadores de semi-deuses, mas Poseidon é diferente. Se bem que não o conheço, a cada minuto que passo nesse plano minha crença morre. Respirei fundo colocando muitas frutas e carnes em pratos diversificados e as enormes garrafas de vinho. Ao chegar na casa de banho notei Poseidon sentado com duas mulher abaixadas massageando suas panturrilhas e outras em pé massageando seus braços, havia uma atrás massageando suas costas e seu tronco estava completamente exposto assim como os fios belos e grudados na face, ele é um deus muito bonito.  Em silêncio fui deixando a comida em seus devidos lugares algumas me pediam bebidas e eu as servi, passei horas fazendo isso até que segui para a cozinha para buscar mais e encontrei um bilhete.

Vá até o fundo da cozinha
Não precisa ter medo,
apenas vou tirá-la daí.

Hermes

Senti meu corpo relaxar e fui ao fundo, quando cheguei lá notei uma mulher com a minha aparência.

— Como? — Acenei com as mãos e ela fez o mesmo.

— Um dos muitos artefatos que meu pai guardou de Prometeu. Não durará muito, mas será o suficiente para que possa dar início ao que veio fazer aqui. — Hermes respirou calmamente e percebi que seu olhos foram de encontro ao meu corpo e eu tentei me cobrir.

— Céus não seja tão pervertido.

— Perdoe-me, mas está bem diferente com essas roupas. — Ele sorriu.

— Por que está me ajudando?

— Estou realmente entediado e a forma como Poseidon está agindo me deixou curioso, então vamos tira-lo do sério. Eu te ajudo com seus objetivos enquanto te observo e ele é enganado simples assim. Agora mande esse monte de barro fazer o que você quer. — Fiz como ele mandou e antes de sairmos Hermes me deu um manto para que cobrisse meu rosto e busto agora assim eu estou me sentindo melhor.

...

Já estávamos há mais de dez minutos fora, Hermes havia me oferecido maçã  e outras frutas ao qual aceitei sem perceber que estava com fome além de beber água.

— Seja sincero por que me trouxe aqui? — Observei suas luvas bem postas e seu semblante calmo.

— Eu realmente estou curioso a seu respeito. Me conte mais sobre sua mãe, como era a aparência dela e o que gostava de fazer. — Comi a maçã observando Hermes me encarar.

— Deus Hermes está cismado com o meu passado, se hipoteticamente eu fosse a Semi-deusa que você tanto espera, que diferença fará em sua vida?

Ele se aproximou tocando nos meus cabelos.

— Posso? — Assenti sentindo-o desfez s trança. — Ah muitos mitos em seu plano Sn, quando se trata dos deuses grande parte é verdade, mas ao mesmo tempo esse conhecimento é nulo consegue compreender?

— Não exatamente.

— Imagine que o mar já existisse antes de Poseidon, mas que pela fome, ambição e tédio um deus resolveu governá-lo. Como um humano reagiria a isso? Ele acreditaria ou investigaria a fundo para saber como a água surgiu e como o mar se formou? Quando encontrasse a resposta tal cede seria saciada ou partiria para uma nova? Isso é a base da curiosidade seja ela humana ou divina.

Senti meus olhos brilharem, mesmo que esteja tentando me engabelar é tão bom poder conversar com um ser pensante.

— Agora reles humana, satisfaça a minha curiosidade. — Apesar das palavras, não havia desdém em sua voz, Hermes estava a se divertir e pela primeira vez desde que cheguei aqui sorrir tranquilamente, estava prestes a falar quando Hermes se levantou.

— Pelo visto teremos que conversar em outra hora, vamos voltar o Olimpo me chama. —  Por um momento me senti curiosa a respeito do reino dos deuses e ao mesmo tempo temerosa, como se todos pudessem ser como Poseidon...

Retornamos até aquela fonte de banho, terma ou harém não consigo entender e a minha cópia veio até a cozinha, Hermes tomou-a pelas mãos e sumiu dali eu encarei os pratos a maioria já limpo e me apressei em lavar o restante, quando estava prestes a retornar a deus dos mares e perguntar se desejava algo senti meu corpo ser travado e a presença esmagadora que vinha atrás de mim.

— Você não aprende, como ousa enganar um deus? —  Meu coração bateu de maneira desgovernada conforme ele se aproximou o tridente parecia mais brilhante do que o comum e tenho certeza de que esse é o meu fim.

Vestido que a Grisha comprou um peplos esses tecido é transparente, só que a modelo da foto está utilizando roupas íntimas por baixo, no contexto que busquei se utilizava uma peça íntima apenas embaixo os seios realmente ficavam a mostra por dentro do tecido dependendo da peça.

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