37.Os vínculos de uma Deusa

A: = Meu comentário no capítulo

Os vínculos de uma deusa

Por Poseidon,

Três dias se passaram desde a maldita reunião com meus irmãos que pareciam dedicados a tirar toda a minha paciência enquanto imaginavam diversos relacionamentos alternativos para mim. Segundo Zeus eu deveria ter no mínimo umas seis mulheres entre criaturas do mar e
Hades que parece exemplificar como Perséfone está certa e que eu deveria ouvi-la.
O problema é que juntando tudo isso ao fato de que Sn anda irredutível só me deixa ainda mais estressado eu vou acabar matando alguém! Batidas a minha porta, destravaram meus pensamentos e fui obrigado a deixar que entrassem.

-- Imperador desculpe incomodá-lo, mas a senhorita não estará disponível para o almoço. -- Camilla me informou e pude vê-la se encolher conforme meu palácio passou a tremer, essa sereia é a única que jamais me irritou ou sequer tentou e é por isso que lhe dei a minha proteção.

-- Diga a sua senhora que não admito essa decisão. -- Sn está passando dos limites, como se não bastasse ter se mudado para o quarto mais distante se nega a me ver. Há três dias que meu sono é uma porcaria e essa humana insolente nem teve a coragem de buscar as próprias roupas mandando Camilla e as demais serviçais até aqui, agora eu estou puto e com meu estresse em níveis latentes.

Camilla se curvou em respeito.

-- Senhor. A senhorita Sn e a senhora Perséfone vão almoçar com o deus Hermes. Com licença.

Respirei pesado, é hoje que eu alguém morre.

Por Sn,

Tudo está mais leve, até a sensação terrível de cansaço tem deixado meu corpo aos  poucos e agora Perséfone não para de rir enquanto recebe o que deveria ser uma bronca do próprio marido.

-- Querido não é assim que vai me convencer. Verei com Sn o que faremos e depois lhe informo está bem? Claro meu bem, também te amo.

Desligou uma espécie de comunicador muito esquisito e me olhou.

-- Onde estávamos?

-- Na parte da Harpa, já que lhe contei que não vou encostar naquilo. -- Apontei para o órgão de tubos lembrando de quando fiquei presa e ela riu de leve, realmente agora parece engraçado.

-- Ok, você sabe o que tocar?

-- Tive algumas aulas com Hermes, não sei ao certo se ficaram boas, mas escute. -- Levantei a barra do vestido e me sentei atrás do instrumento e comecei a dedilhá-lo me recordando das poucas aulas que tive que Hermes e de como nunca poderei esquecer essa música, ao fim da minha curta apresentação Perséfone sorriu.

-- É a música de Poseidon, foi ele quem lhe ensinou? -- Neguei. -- Então ele ficará ainda mais desesperado. -- Ela riu. Estou começando a crer que Perséfone está com raiva dele.

-- Aconteceu alguma coisa entre vocês?

-- Hunf. Digamos que ele ousou me chamar de Aphrodite, da pra acreditar no seu futuro marido? -- Ironizou.

-- Ah não Perséfone você também não! Poseidon não é meu futuro marido, tá mais pra futuro solteiro eterno. Aquele deus meia pataca! -- Ela gargalhou.

-- O que meu cunhado estúpido fez dessa vez? -- Preferi desviar meu olhar do que comentar sobre a nossa recente briga onde ele tentou me seduzir mais uma vez para que eu desistisse de sair do quarto, aquele deus cretino... Ainda consigo me lembrar dos nossos beijos e de como eu me deixei levar pela situação o empurrando na cama e saindo revoltada do quarto. Balancei a cabeça, não posso me permitir pensar nele. -- Ah Sn, ele te seduziu e você cedeu.

-- Não foi bem assim, não quero me deixar levar pelos sentimentos carnais. E por que ele lhe comparou com Aphrodite? -- Mudei de assunto.

-- Ah eu bati na cara dele. -- Me espantei. --  Ok Sn, sei o que deve estar pensando, mas ele é um deus. Então fique tranquila, seu trono está intacto.

-- Perséfone! O que deu em você?

-- Estou de muito bom humor e sobre Aphrodite, ela possui uma personalidade que eu não gosto.

-- Nisso eu concordo. Ela me odeia e eu não fiz nada e nem sei seus motivos.

-- Querida, ela não te odeia e sim te inveja. Você conseguiu o que ela quer sem fazer esforço algum, simples assim.

-- Isso não é um bom motivo, poxa, eu nunca desejei nada disso e não espero que ela me trate bem, mas não irei permitir que continue a me deixar desconfortável.

-- Faça isso Sn! Aphrodite não é má pessoa só está tendo uma crise. Seria uma deusa mais esperta se tentasse ajudar Poseidon a te conquistar ao invés de te afastar. -- Perséfone se pôs a arrumar as flores pelo salão. (A: Perséfone adora por uma lenha na fogueira, eu aprovo)

-- Poseidon não precisa de ajuda pra isso, ele precisa de um manual de como tratar os outros!  -- Indaguei fazendo com que ela risse mais.

-- Ok. Não está mais aqui quem te provocou, agora vamos nos ater a essa festa ok?  -- Concordei. -- Bom, não vou esconder mais de ti. No início os deuses vulgo Zeus e Hera esperavam que Poseidon lhe pedisse em casamento, então a festa tinha esse tema, mas depois de conversarmos nesse curto período deixei claro que não ocorreria, pois, vocês não estão no clima e principalmente por você, Sn não ter se decido.

Por um minuto me senti incrédula, será possível que Perséfone seja a única que esteja me ouvindo nesse lugar?

-- E agora o que vamos comemorar? -- Tentei não me ater a essa curta explicação.

-- O aniversário de casamento do meu pai. Acredita que ele esqueceu?

-- Imagino que a deusa Hera tenha ficado revoltada. -- Perséfone me olhou antes de se aproximar olhando para os lados como se conferisse se há alguém a nos espionar:

-- Não conte a ninguém, ela não sabe. Na verdade Zeus fará uma surpresa.

Por um minuto achei a ideia bela, principalmente se for parar para pensar em quantos anos estão juntos, porém, lembrei que o todo poderoso senhor do Olimpo já a traiu mais vezes do que consigo contar nos dedos e todo o encanto foi embora.

-- Você pode tocar o tema por-favor?

-- Mas só sei uma música.

-- É o suficiente, Hera nunca ouviu toda essa canção e você consegue reproduzi-la fielmente. -- Mesmo envergonhada concordei, recebendo de Perséfone um abraço caloroso antes dela me arrastar até o pergolado da varanda superior ao qual eu não tinha nenhum conhecimento de sua existência alegando que o almoço já estava pronto, além de reclamar do atraso de Hermes, pouco tempo se passou enquanto conversávamos sobre o evento quando uma carta praticamente se materializou em nossa frente, a deusa foi rápida em pegá-la e ler em voz alta:

Peço desculpa as minhas caras damas,
mas não poderei participar desse almoço
minha reunião se estende mais do que deve e querida Perséfone sua presença é solicitada.

Sn, podemos nos ver depois? Prometo mandar assar uma torta de amora só para você.

Hermes.

Ambas suspiramos antes de Perséfone pedir desculpas por não prosseguir com nossa refeição e ao ficar sozinha encarei a mesa pensando no que faria é muita comida. Suspirei convencida de que deveria importunar Camilla com mais um de meus favores, saí do salão e desci as escadas apressada até a cozinha, porém ela não estava lá. Fui em todos os lugares que imaginei onde ela estaria e nada, até que decidi ir até a sala principal onde o trono de Poseidon costuma ficar, empurrei a porta com calma antes de adentrar apenas para notá-lo sentado analisando alguns papéis.

-- Entre Sn.

-- Não... -- Desviei meu olhar ao notá-lo me observar, respirei fundo e olhei para ele: -- Sabe onde Camilla está?  Meus convidados aparentemente furaram o almoço e há muita comida só para mim.

Poseidon se levantou e veio em minha direção, senti meu coração bater mais forte antes dele passar por mim e abrir a porta.

-- Você não vem? -- Demonstrei-me confusa. -- Não deixarei que coma sozinha, além do mais ainda não almocei. -- Não sei por que, mas, algo me diz que esse deus gostou de me ter nessa situação já que são três dias sem termos um momento juntos.

...

Estávamos no salão há algumas horas, havíamos terminado nosso almoço e Poseidon me convenceu a descansar deitada em uma superfície tão confortável quanto sua cama.

-- Tem algum compromisso por hora? -- Olhei para os lados.

-- Está mesmo me perguntando isso? -- Ele arqueou a sobrancelha. -- Não tenho. Todas as flores foram postas, a biblioteca está perfeita e meus quadros estão acabados, falta só terminar o meu livro. -- Não sei porque me dei ao trabalho de explicar, creio que ele não ligue para nada a meu respeito.

-- Quando acabar o seu livro pretende me deixar ler?

-- Você quer? -- Fiquei confusa.

-- Obviamente, escreveu sobre o meu reino, não só lerei como manterei uma cópia em minha biblioteca pessoal antes de mandá-lo para Alexandria. -- Uma certa euforia invadiu meu coração. -- Sei que essa é a sua vontade Sn.

Tentei conter meu sorriso em vão e com isso abaixei minha cabeça, para que ele não visse.

-- Vamos quero que me acompanhe até um local. -- Ficou de pé e me ofereceu a mão de maneira cordial, o que esse deus está aprontando? 



MOMENTOS ANTES, QUANDO SN E PERSÉFONE ESTAVAM A CUIDAR DO SALÃO:

Por Hermes,

Nunca pensei que diria isso, mas talvez levá-la para terra e abandoná-la a mercê da própria sorte me parece uma boa opção...

Há três dias que ignoro solenemente Sn, sei que é errado e grosseiro, mas não há como dialogar com ela nesse momento, não quando o egoísmo da minha espécie me obriga a buscar pela clareza intermitente entre os pedaços desgarrados da história e dessa vez eu mesmo pedi por uma audiência com os fundadores e mais alguns selecionados e apesar do olhar analítico de Zeus sei que me concederá essa reunião.

-- Hermes eu filho diga o que quer, estamos curiosos por tanta clareza. -- Meu pai me olhou sorridente, tenho certeza que esse velho safado sabe o real motivo da meu pedido, já que a minha frente além dele estão Odin e Thor.

-- Poderoso Zeus você sabe muito bem o motivo de minha vinda. -- Fui direto o observando alisar a própria barba.

-- Fale logo velho, eu tenho mais o que fazer. -- A voz de Thor ecoou.

-- Como são impacientes... -- Meu pai se deu por vencido. -- Aparentemente Sn está despertando aos poucos, há uma ruptura em cada prisão dos filhos daquela maldita, mas não se preocupem com isso, se ela despertar bye-bye. -- Meu pai riu e fiquei incrédulo, seu método a muito me agradaria se Sn não fizesse praticamente parte dessa porcaria de família.

-- Não apoio essa ideia. Sn em breve vai entrar para a família fora que vocês precisam me explicar o que está acontecendo!

-- Se acalme Hermes. Sn só precisa se manter estável.

-- Sua falta de explicação é impressionante. Garoto, nunca parou para pensar por que essa deusa atrai a todos ao seu redor? -- Os corvos de Odin falavam.

-- Caro Hermes, Sn é praticamente o portal vivo para a reencarnar a suprema deidade que vai destruir tudo pense um pouquinho. -- Thor desconversou antes de se levantar: -- Bom preciso resolver alguns assuntos pessoais minha presença nessa reunião não é mais necessária.

Sentei e degustei um chá pelo visto ninguém aqui interpretou o livro de maneira decente, ou tem seus próprios planos e não querem me contar. Respirei fundo movendo minhas mãos manuseando o papel e depois fazendo com que ele desaparecesse.

-- Pelo visto estão cansados demais para me dar o que preciso.

Meu pai riu.

-- Hermes não seja tão chato. Cadê seu espírito de diversão? Meu aniversário de casamento está se aproximando então deixe isso para lá, conversamos depois. -- Zeus se levantou.

-- A garota não será uma ameaça enquanto estiver ludibriada, se quer mesmo que não haja nossa interferência é melhor que ela permaneça assim. -- Os corvos de Odin mencionaram e não me preocupei com mais nada apenas fui para a minha casa e esperei por Perséfone, seria ela a me ajudar com esse problema afinal de contas não sou o único apegado a mais nova deusa do Olimpo, mesmo que ela não aceite ou sequer acredite nisso.

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