29. Valquírias e deuses
Acordei ouvindo vozes, tudo ao me redor estava calmo e para completar a lareira acesa me confortando, me levantei tomando cuidado para não expor meu corpo já que amarrei o traje de Thor de qualquer forma, meu corpo estava em uma temperatura confortável e me aproximei da porta podendo ouvir a conversa perfeitamente:
-- E então você falou com a valquíria? -- A voz de Thor ecoou.
-- Hrist é uma durona que mulher, mas enfim ela falou que virá buscar a sereia em breve, já que estão ocupadas com a folga. -- A voz desconhecida ecoou.
-- Entendo, vou levar Sn ao castelo ainda precisamos comer e por falar nela, já está de pé. -- Maldita percepção desses deuses, abri a porta lentamente olhando por uma fresta só para reparar que o homem que conversava com Thor tinha chifre enormes e uma estatura tão grande quanto a dele.
-- E pelo visto atrapalhei vocês... Eu já dei o recado vê se não demora. -- Parecia uma conversa muito informal entre eles como se fossem amigos, me afastei voltando para perto da lareira e conferindo se meu vestido estava seco e fiquei feliz quando senti o tecido seco, me preparei para me trocar quando Thor abriu a porta.
-- Se estiver pronta podemos ir.
-- Eu ia me trocar agora. -- Mencionei.
-- Não precisa, a parte do manto acaba por ser mais quente e de ontem para hoje esfriou bastante. -- Comentou e percebi que ele me encarava demais, procurei por onde seu olhar se perdia e notei que a lateral da minha coxa exposta. Céus que vergonha! Ajeitei minha roupa e ele sorriu, me aproximei segurando meu vestido e meu livro e ele me puxou para seu corpo e fechei meus olhos senti uma pressão absurda e em poucos minutos estávamos em frente ao palácio.
-- Espera deus Thor você podia ter feito isso antes...
Ele me olhou e sorriu me deixando com vergonha.
-- Poderia, mas você não estava em condições. Agora pode entrar fique a vontade.
-- E você? -- Perguntei deixando de lado minha vergonha.
-- Não vou ficar aqui Sn, você é uma perdição e no momento preciso me concentrar em algo... -- Seus olhares pareciam queimar minha pele e respirei calmamente.
-- Bem obrigada pela privacidade.
-- Disponha, vou ao palácio real e depois podemos nos ver se quiser é claro...
Fiquei com muita vergonha mais concordei, Thor se despediu com um olhar mais do que intenso parecia que esse deus estava me despindo com um olhar, adentrei o palácio contemplando toda a beleza de antes, deixei o livro sobre a mesa, fui até o banheiro e tirei o manto de Thor, fiz minhas higienes e tomei um banho aqui não tem termas como no palácio de Poseidon e sim banheira como no palácio de Hermes, vesti meu vestido e desci indo direto até a cozinha, disposta a aprontar algo para comer, porém, fui novamente surpreendida com a comida sobre a mesa, em uma das cestas havia uma espécie de pão enrolado com cheiro forte de canela e outro tempero que não sei dizer, havia também peixe temperado e assado em um prato, uma jarra de suco e para finalizar mais um prato com bolinhos em tom marrom que se assemelham ser carnes com um cheiro muito gostoso e isso praticamente me levou até eles, peguei um mordendo com gosto e senti de imediato meus olhos lacrimejarem isso é muito apimentado. Tomei o suco após por em um copo e decidi comer o pão que além de canela há algo de sabor desconhecido e extremamente deliciosos, eu comi cada fatia sentindo minha boca ressoar, depois de limpar tudo o que sujei e tapar a comida restante com um pano fui até a sala na intenção de escrever sobre ontem, porém batidas na porta mudaram o meu trajeto, ao abrir dei de cara com uma mulher de cabelos roxos alta e com um traje bem peculiar.
-- Bom dia, quem é você? -- Ainda estava a prestar atenção em sua bela aparência.
-- Você deve ser a Sn, eu me chamo Hrist é um prazer. -- Recuei, é normal que isso me ocorra depois de tudo o que passei.
-- Não precisa ter medo, nenhum valquíria vai te atacar a não ser que tente nos matar. -- Piscou.
-- Como sabe quem sou?
-- Thor e minha irmã Brunhilde, falaram de você. -- Senti um certo alívio. -- Agora venha comigo vou ser sua guia pessoal da cidade e se for boazinha te apresento as minhas irmãs. -- A forma como falava comigo chegava a ser divertida, peguei meu livro e a pena antes de partimos...
A senhorita Hrist me mostrou a praça central, os prédios do que seria o governo de Asgard e o palácio, também foi me explicando como funciona a flutuação desse mundo e claro que eu estava a anotar tudo com o máximo de afinco, porém, penas demandam de tinta e em dado momento ela riu da minha frustração de não poder mais acompanhar suas explicações com minha escrita.
-- Tente usar esse. -- E assim me entregou uma espécie de tubo pequeno que não parecia ser de vidro.
-- O que é isso?
-- Digamos que é uma pena sem necessidade de recarregar com tinta, os humanos milênios há frente além de inventarem chamaram de caneta e não posso permitir que escreva sobre ela, sobre meu mundo tem total liberdade compreende? -- Assenti tentando segurar o corpo maleável da tal caneta a mão de Hrist direcionou a minha sobre o papel me explicando como usar e isso foi magnífico! Que espécie incrível é essa tal caneta. Continuamos a andar e a dúvida do que seria uma Valquíria surgiu em minha mente e as sanei com perguntas específicas para não estressa-la visto que em uma hora ela praticamente berrou comigo que sou uma nerd e não faço a menor ideia do que isso significa depois voltou ao semblante doce e me pediu desculpas, essa valquíria é muito confusa, paramos em frente a uma loja muito bonita.
-- Sn não está com frio? -- Olhei-a de maneira confusa, não senti frio, porém percebi que meu corpo está totalmente gélido.
-- Eu não percebi. -- Comentei.
-- Então entre e escolha uma roupa a noite deve nevar. -- Meus olhos brilharam, há pergaminhos na biblioteca de Alexandria que mencionavam a neve inclusive um poema infantil que a descrevia como a paisagem branca que descia dos céus como um presente dos deuses.
-- E como pagarei por isso? -- Arqueei a sobrancelha e ela riu.
-- Você é muito desconfiada, a lojista em questão é uma das minhas irmãs e ela adora suvenires. -- A mão da valquíria foi no meu vestido esfregando o tecido entre os dedos. -- Aposto que Randgriz vai adorar ter essa peça em seu museu.
-- Ela coleciona roupas? -- Fiquei confusa levando Hrist a rir de leve.
-- É só um hobby, todas temos um. Você pode simplesmente trabalhar em uma biblioteca e gostar de cozinhar em seu tempo livre por exemplo. -- Ela deu de ombros. -- O hobby de Randgriz são as roupas ela costuma colocar as peças dos deuses em molduras e expor na cidade é uma forma de se entreter e acaba lucrando com isso, pois, Reginleif é a responsável pela história.
Me senti bem em ouvir tal relato, se existe alguém responsável pela história significa que terei com quem conversar.
-- Agora vamos, VOCÊ ENROLA DEMAIS GAROTA! Quer dizer, você precisa se aquecer. -- Sorriu, a mudança de personalidade dele é impressionante.
Adentramos a loja e novamente me maravilhei, haviam adornos dourados nas paredes brancas, ramos desenhados dando uma diversificada na imagem e deixando tudo mais bonito, algumas flores que pareciam ser desenhadas a mão, o teto abobadado em vidro colorido e em seu centro uma decoração em metal e uma espécie de iluminação.
-- Bem vinda irmã Hrist, veio suturar seu traje?
-- Não seja boba Randgriz, vim trazer essa semideusa para se trocar. -- Ela sorriu.
-- Ah e o quê eu vou ganhar com isso? -- A mulher utilizava um vestido tão belo parecia uma princesa e sorriu ao me ver e pela primeira vez alguém estou de frente para alguém da mesma altura.
-- RANDGRIZ MERCENÁRIA!
-- Ok Hrist não se irrite. Eu aceitarei esse vestido como opção. -- Ela olhou para minha peça e senti vergonha, se não estivesse desejando uma calça me recusaria a essa troca. -- Fique a vontade senhorita, quando escolher basta ir até o provador e deixar o vestido sobre o meu balcão. -- Apontou para uma cabine de madeira e eu assenti observando ela ir de encontro a irmã, comecei a andar entre as roupas dobradas até ver uma que me chamou atenção:
Uma capa em tom verde escuro com bordados dourados era tão linda que não resisti, depois fui até as calças me encantando pela marrom escura de tecido confortável. Como eu estou com saudades disso, por fim peguei um cinto de couro fino, um corset marrom e uma sobreposição branca, fui em direção a cabine sendo parada pela dona da loja:
-- Espere você precisa de peças íntimas.
-- N-não preciso... -- Eu estava morrendo de vergonha.
-- Relaxe esse é o departamento feminino, pode ficar a vontade. -- E assim Hrist me entregou uma peça que nunca vi antes. -- É mais confortável do que esse troço que você usa, posso afirmar. -- Piscou e eu observei a peça confusa.
-- Coloca e depois nos diz se aprovou. -- A voz de Randgriz ecoou e eu fui até o provador e me vesti a tal peça se parecia com a que eu uso sem ser amarrada e realmente é mais confortável e parece que não estou usando nada.
Me vesti tranquilamente e respirei fundo me observando no espelho, meus cabelos estão tão longos e meus olhos parecem ter um brilho mais intenso, também notei o ganho de peso que me deixou mais bonita e estou me sentindo muito saudável. A comida dos deuses faz milagres e como lembrei antes em minhas viagens é difícil comer bem em um navio cheio de piratas ou navegadores sedentos por conhecimento, ainda me recordo da época em que eu viajava em um navio repleto de tripulantes loucos por prazeres carnais e dinheiro e foi um verdadeiro caos quando eles foram pegos, por minha sorte eu consegui sair do navio com algumas horas de antecedência, mas agora minha vida é aqui e em Atlântida e por mais que sinta saudade do mar, Asgard está me tratando tão bem que talvez, só talvez eu deva reconsiderar e ficar.
Terminei de me vestir e sai do provador me sentindo tão confortável, as valquírias conversavam, deixei meu vestido sobre o balcão e notei Randgriz se aproximar rapidamente.
-- E então o que achou da calcinha?
-- Então esse é o nome da peça que estou usando? -- Questionei em um sussurro e ambas as valquírias riram de leve.
-- É sim, mais fina e confortável do que qualquer coisas que já tenha usado mas lembre-se não pode anotar isso. -- Randgriz sorriu e suspirei, porém em mantive no fato de serem confortáveis é como se eu não sentisse nada em meu corpo.
-- Eu posso comprar mais dessas peças aqui?
-- Ah claro só que com dinheiro. -- Bati a ponta dos dedos no meu queixo tendo uma ideia terrível.
-- E vocês só aceitam dinheiro de Asgard?
-- Ah não, temos moedas universais por quê?
Desviei meu olhar envergonhado, mas vou fazer isso.
-- Conseguem mandar a conta para um deus específico? -- Hrist sorriu de maneira leviana ao me ouvir.
-- Depende isso vai deixá-lo com raiva? -- Ela parecia ansiosa por minha resposta.
-- Provavelmente sim. -- Se bem que não será a primeira vez e ele não reclamou, então não sei porque estou hesitando se o próprio adora me fazer passar raiva.
--E para onde mandamos a conta? -- Randgriz perguntou.
-- Para o palácio de Atlântida e as roupas que vou escolher será que posso levar para o lugar onde estou hospedada?
-- A casa do deus do trovão. -- Hrist respondeu. -- Garota você está se enfiando em uma enrascada e tanto, se colocando entre dois deuses, já parou para pensar se eles decidirem disputar você?
Deixei uma risada escapar.
-- TENHO CARA DE PALHAÇA GAROTA?
-- Por favor não se estresse não foi a minha intenção sugerir isso e sim que esse costume de disputa é algo tão... Primitivo.
Dessa vez foi Hrist a gargalhar.
-- Eles são deuses. São egocêntricos e mais falhos do que humanos cobiçando dinheiro, então não e engane. Thor é um ser extremamente entediado por não ter um oponente a altura e Poseidon é arrogante o suficiente para reivindicar o que quiser como dele.
Pisquei diversas vezes, como ela sabe de Poseidon? Céus! Os deuses são todos uns fofoqueiros!
-- Não fique assim Sn, Hrist só ligou os pontos, se a conta vai para o palácio do imperador dos oceanos está claro que ele é quem vai pagar, fora que irmã Bruhilde estava lá e ficamos sabendo em primeira mão como uma certa semideusa estava tirando a paz de alguns seres do Olimpo. -- Randgriz esclareceu me deixando muito envergonhada. -- Agora coloque isso, essas meias e botas vão suavizar seus passos a noite fria e essas luvas vão impedir que suas mãos congelem. -- Concordei agradecendo e deixando as sandálias junto ao vestido.
Agora que estou pronta sinto que posso fazer mais perguntas, me aproximei calmamente e Hrist me olhou:
-- Será que podemos ir até biblioteca?
-- Não, agora vamos ao jardim. Está quase na hora do almoço e depois você pode ir aonde quiser. Você vem Randgriz? -- A voz de Hrist é suave e ambas estavam alegres pelo horário em questão. A loja foi fechada e andamos calmamente pelas ruas, a conversa sempre diversificada e divertida e foi nesse momento que eu notei que não me sentia mais sozinha.
...
O jardim estava cheio de belas mulheres Hrist rapidamente me informou que todas eram suas irmãs e me levou até uma mesa para que pudéssemos conversar e segundo ela me entrosar mais:
Uma valquíria de fios claros e presos de ambos os lados se sentou usava um vestido levemente engomado em tom rosa com muitos detalhes, em minha concepção parecia uma criança, outra com os cabelos presos nas laterais em vestes que pareciam pertencer a outra cultura e mesmo que me dissessem seus nomes eu sabia que não os gravaria, porém, faria questão de os deixar em meu livro. O almoço correu perfeitamente e após ele Brunhilde se juntou a nós, a valquíria usava uma roupa que mais parecia uma armadura e isso me deixou curiosa e logo foi dissipada já que Hrist a ajudou a tirar.
-- Irmã Brunhilde o que vamos fazer agora? -- Aquela que se apresentou como Groll se aproximou.
-- Ah vamos curtir a folga. Hércules, Buda, Loki, Siegfried e mais alguns já estão no salão.
-- E você acha isso uma boa ideia? Francamente vai todo mundo perder. -- Aquela que se chama Reginleif ao qual guardei o nome por conta de ser a equivalente a bibliotecária mencionou.
-- Não vamos não. Sem dúvida alguma vai ser divertido, porém não espero menos de Buda e Hércules.
Por um momento fiquei ansiosa, Hércules está aqui? Seria a passeio ou a trabalho?
-- Não duvidem da minha palavra, vamos vencer o babaca do Loki! Aquele trapaceiro de merda. -- Arregalei meus olhos, não estou acostumada a ver mulheres falando desse jeito, a liberdade é algo realmente incrível. Brunhilde se aproximou olhando diretamente pra mim e fiquei confusa.
-- Sn você vai ficar ao lado de quem? -- Apontei para mim mesma. -- Isso aí, todas vamos torcer, se o campeão ganhar temos um desejo realizado é apenas uma forma de tornar as coisas mais movimentadas por aqui nessa época de muito frio e pouco trabalho.
Parei um pouco para assimilar minhas escolhas tendo em conta que eu só conhecia um deus escolhido, mesmo que fosse pelos textos ao seu respeito.
Por Hermes,
Eu estou há exatas duas horas em Asgard e para completar não fiz questão nenhuma de procurar por Sn, afinal se ela está bem não há por que levá-la até o Olimpo apenas para ser punida por Poseidon, esse deus está completamente louco, desde que colocou em sua cabeça que ela é dele não há conversa que o faça entender que está errado. Caminhei pelo castelo tranquilamente e quando dei de cara com Thor soube que algo estava errado, o Deus estava com um livro em mãos e sério demais.
-- Você apresentou Sn como uma sereia, mentir não me agrada em nada Hermes. -- Fingi não entender.
-- Realmente foi uma falha minha, Sn é uma semideusa das sereia. -- Não há necessidade de dizer-lhe a verdade.
-- Pare de teatro Hermes e me siga de uma vez. -- Thor caminhou até uma biblioteca e me olhou, colocou o livro sobre a mesa com força e pude perceber o desenho de uma árvore sobre ela.
-- É uma bela figura.
Thor riu sem humor deixando claro que estava estressado ao sentar-se sobre uma das cadeiras apoiou os cotovelos na mesa e me olhou dessa vez com arrogância.
-- Pelo visto você também não sabe. -- Endireitou a postura. -- Uma semideusa não resistiria por tanto tempo debaixo das nascentes de Yggdrasil e nenhuma deusa tem esse feito, pois não adentrámos tais águas sagradas. Fora aqueles cabelos tão brilhantes debaixo daquela água escura.
Tal relato me deixou ainda mais interessado.
-- E onde você quer chegar? -- Thor se levantou.
-- Ah meu caro Hermes, não farei o seu trabalho, tenho um torneio para assistir e com toda certeza será mais interessante do que ficar nesse biblioteca, mas como estou de bom humor procure na sessão particular do meu pai, talvez você encontre o que tanto deseja.
O deus do trovão me deixou sozinha e relaxei por completo, ao que parece sairei de Asgard com a minha resposta.
Roupa usada por você e descrita ao longo do texto na capa do capítulo.
Publiquei a última parte da fic do Hades e o spin-off do Beelzebub também, caso queiram ler está no meu perfil.
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