25.O rumor dos deuses

Eu estava chateada, após o café da manhã no salão principal senti a hostilidade que tanto me assolou em Atlântida e agora desejo mais do que nunca não ter contato com tantos deuses visto que muitos deles tem verdadeira aversão ao desconhecido. Hermes me conduziu até um lugar com muitas fontes e me pediu para ficar a vontade que em breve voltaria, sei que ele é um deus ocupado e tudo que eu queria era estar dentro de sua casa onde ninguém poderia tentar me matar por ser simplesmente um ser humano.

Respirei fundo antes de planejar o que faria, estou longe de acabar minhas pesquisas a respeito do Olimpo, mas em compensação tenho desenhado cada canto e retratado os deuses em alguns rabiscos, pois em minha primeira oportunidade farei quadros lindos e por falar em quadros, preciso terminar o de Hermes deitado comendo uma maçã e de Poseidon entediado em seu trono. Aos poucos o receio foi dando espaço para o calma e assim tirei meus sapatos e suspendi um pouco do vestido para que pudesse me sentar melhor na grama assim minhas panturrilhas ficaram de fora e aproveitei para me refrescar conforme detalhava o local ao qual estou, de repente uma sensação estranha passou por meu corpo, como se alguém estivesse me vigiando e mesmo que eu tentasse ignorar e focasse nas fontes e no jardim a sensação parecia crescer. Fechei meu livro e me levantei pegando a sandálias em mãos e dando passos distantes para longe da fonte, não preciso de mais confusões, porém não cheguei muito longe visto que as águas envolveram minha cintura e apesar da pressão no ar senti todo o meu corpo relaxar.

— Vamos conversar. — Poseidon não esperou que eu respondesse apenas me fez prisioneira em suas águas enquanto retornávamos para o palácio ele só me soltou quando entramos no quarto ao qual ele fechou a porta.

— Já pedi para não fazer mais isso. Não sou uma criança. — Indaguei e pela primeira vez ele não me repreendeu, estava sério, mais calado que o normal e me analisando.

— Você voltará para Atlântida em alguns dias. 

Pisquei confusa, ele estava me deixando... Livre?

— Eu tenho assuntos sérios a tratar e a sua presença somente me atrapalharia, não pense que o Olimpo fará parte de sua vida. — Deixei o livro sobre a cama me recusando a sentar nela, só de lembrar do que ocorreu aqui dentro  já é motivo para esconder meu rosto entre minhas mãos, porém não o farei.

— E se eu não quiser voltar?

— Não existe essa possibilidade. — Revirei os olhos

— Poseidon, você já parou pra pensar que seres humanos tem vontades? E que talvez, só talvez eu queria escolher o que vou fazer, afinal não sou sua prisioneira! — Olhei em seus olhos enquanto ele arqueava a sobrancelha e quando fez menção de abrir aquela boca para retrucar coloquei o indicador sobre seus lábios ficando na ponta dos pés, esse filho da mãe é alto demais:

— E nem venha me dizer que agora estou em seus domínios e só por ser um deus tudo o que digo deve ser ignorado, eu quero ficar aqui e terminar meus trabalhos além de... — Senti a destra dele segurar meu pulso e baixar minha mão puxando meu corpo em direção ao seu e a outra envolver minha cintura. — O que pensa que esta faze...

Poseidon simplesmente me beijou e eu o empurrei. 

— Você não pode me tratar desse jeito, hoje de manhã não queria olhar na minha cara e agora simplesmente me beija?

— Não quero que fique andando pelo Olimpo, obedeça a este deus  e não fique de conversas com os outros deuses, nem todos são como Hermes ou coisas terríveis podem acontecer entendeu?! — Apesar do tom ele não parecia estar me ameaçando. — Voltarei o mais breve possível então trate de ficar neste palácio. Hermes também não estará aqui até amanhã pela tarde. — Andou até o espelho d'água e virou o rosto em minha direção. — Não apronte Sn.

E assim desapareceu me deixando completamente confusa e foi ai que percebi que a sensação que me rodeava na fonte acabou.

Asgard

Por Thor,

Meus trabalhos entediantes estavam por um fim, até cheguei a substituir meu pai em uma  reunião e me surpreendi pelo tema ser o panteão grego: o deus da conquista tinha propostas mais do que interessantes que afetariam não só a política de cada canto do Olimpo como a promessa de um reinado promissor, meu pai ainda havia se decidido e como fui eu a estar naquela reunião fui completamente contra, afinal um conquistador não serve para governar, pois no fim apenas a vontade de tomar para si crescerá mais e mais e quando não houver mais o que conquistar, começaremos a ter problemas e pelo visto, nenhum dos deuses que votaram a favor pensou nessa possibilidade.  Após mais algumas conversas com alguns seguidores passamos para a próxima pauta, ou seja, uma possível traição onde a libertação de trinta e quatro deuses estava presente.  Não que eles fossem nos afetar, porém, daria um trabalho desnecessário, além de fracos se consomem em vingança com muita facilidade.

— Deus Thor, precisamos votar! — Um dos seguidores do meu pai informou.

— Não. não precisamos., após aquela rebelião contra Zeus ficou decidido que iriam dividir em dois grupos de doze que estão presos em extremos da terra e os dez restantes no extremo mar, não é jurisdição de Asgard se meter nesse detalhe, deixe que os gregos se virem e se precisarem de ajuda ai sim interferiremos.

— Mas senhor, há bezerkers e gigantes selados em corpos frágeis naquelas prisões e se o deus Adamas resolver os soltar? Ele quer tanto o trono do irmão q...

— Se ele fizer isso terá que lidar com a irá do pai do cosmos, o pai de todos e o mais infernal entre eles o rei do submundo. Não acho que Adamas seja tão burro. — Me levantei disposto a encerrar essa maldita reunião. — Não haverá votação até segunda ordem, estão dispensados. 

Que trabalho de merda, da próxima vez deixo que Loki venha no meu lugar, se bem que meu irmão é capaz de desencadear o verdadeiro Ragnarok na terra apenas por diversão, ainda me recordo da cidade que destruíram simplesmente por ser regida pelos pecados, um verdadeiro espetáculo de terror tão desnecessário e sem um pingo de emoção. Estava disposto a ir para a arena extravasar quando os cabelos escuros da Valquíria deram o ar de sua presença, Brunhilde trazia consigo uma prancheta em holograma xingando baixinho.

"Eu queria mandar aquele deus de merda pra puta que o pariu!"


Deixei um riso escapar, sei bem de quem ela está falando.

— Ora valquíria não seja tão nervosa, peça a Loki e ele terá o maior prazer em pregar peça em alguém.  — Ironizei e ela riu.

— Claro assim como entender a forma literal de destruir a cidade mandando uma chuva de fogo dos céus, Loki é extremamente ardiloso. — Nisso ela tem razão. — Agora vamos ao que interessa, já está pronto para ir ao Olimpo? Ao que parece a reunião definitiva com Zeus será essa semana.

Respirei deixando um sorriso escapar, já que é para ir ao Olimpo passarei a semana inteira por lá e quem sabe conhecendo melhor uma certa semideusa.

— Apenas darei um fim a alguns tratados e irei imediatamente. 

Ela sorriu.

— Sabe que tem no mínimo uns três dias de diferença, mas creio que Sn vá estar por lá. — Não precisei me virar para entender como compreendia o que ocorria, a fofoca no Olimpo corre solta pior do que entre os seres humanos e a bela Sn está hospedada na casa de Hermes, mais um motivo plausível para a ironia dessa valquíria, segui meu caminho deixando para trás tal pensamentos e acabei por ter uma ideia tentadora, até que Brunhilde sabe o que está fazendo.

Olimpo


Por Sn,

Eu estava exausta, havia terminado todos os esboços e me surpreendi pela bagunça que deixei no quarto, Poseidon não tinha reclamado antes então não reclamaria agora.

Alguns esboços estavam sobre o espelho d'água e os golfinhos e botos os olhavam e tive sorrir.

— Vocês estão me vigiando por ele não é? — Sussurrei e os golfinhos fizeram um círculo como se confirmassem minha suspeita e com isso revirei os olhos, esse deus cretino. Movida por minha vontade de não ficar a sua mercê ignorei completamente a sensação de que alguém estava a me espionar nas fontes e sai do quarto, desci as escadas e deixei o palácio com meu livro em mãos e óbvio que não arrumei nada, estou com a cabeça cheia e preciso desesperadamente ignorar qualquer coisa que remeta a Poseidon.

...

A biblioteca dessa vez não estava completamente vazia, em sua mesa redonda localizada no centro da como a maior de todas o Deus da conquista se localizava ao seu redor haviam deuses que desconheço e sobre a mesa uma verdadeira maquete do Olimpo parece ser invisível e amplamente fascinante, pisquei diversas vezes antes de dar meia volta e ir para a primeira fileira que encontrei pois sair agora seria uma péssima opção principalmente porque me veriam Então se embrenhar nos livros além de camuflar A minha presença me deixaria entretida. Fui até sessão de seres do mar pegando um livro de capa laranja intitulado Kraken a punição do mar e logo de cara me ocorreu que talvez houver um livro sobre as maldições e castigos rogados pelos deuses E com isso decidi que mais tarde viria procurar, por hora caminhei até a mesa Mais afastada e abrir o livro peguei a pena deixei meus pertences e procurei um dia inteiro. Da última vez que vim aqui ele estava sobre o balcão espécie de balcão na entrada, de forma silenciosa fui até lá peguei a pequena com porta de vidro que carregava a tinta mais que o suficiente para que eu produzisse um pouco mais. Respirei de leve notando que ninguém havia sentido minha presença ou talvez apenas ignorado e retornei para a minha mesa disposta a preencher meu livro com relatos significativos do mar porém, meu corpo travou enquanto meus olhos espreitavam a figura sentada à mesa lendo o meu livro,
Ali estava o deus da conquista folheando as páginas do meu escrito e bebendo algo em uma taça brilhante:

— Que livro tolo. — E assim me olhou.

— É só um passatempo deus Adamas. — Me curvei em respeito enquanto sentia um certo medo, tal reação a mesma que tive quando estava na fonte.

Adamas sorriu se levantando e vindo em minha direção.

— Se tem tempo para algo tão inútil significa que Poseidon não está lhe dando trabalho suficiente. — Adamas deixou meu livro em minhas mãos e seguiu para pelo corredor, virou a cabeça e sorriu de maneira cruel: — Talvez você deva trabalhar para mim, terá tanto trabalho nas profundezas do meu palácio que vai implorar por descanso.

Engoli seco retraindo meu corpo.

— Só mais uma coisa, você tem cheiro terrível que desperta a minha raiva, se não quiser morrer sugiro que saia daqui, do contrário Poseidon ficará sem sua meretriz favorita.

Pisquei diversas vezes antes de abraçar meu livro, esse deus é tão desagradável e parece sentir prazer em me desprezar.

— Não sou uma meretriz e você não me conhece para me insultar. — Sei que não devia me dar ao trabalho de responder, mas sinto meu sangue ferver com tais palavras.

— E pelo visto não conhece seu lugar. — Adamas parou de andar e uma pressão estranha se formou no ar, estava longe de ser esmagadora como a de Poseidon, era apenas desagradável e só por isso não ficarei aqui, sendo assim peguei minhas coisas e segui para fora da biblioteca ouvindo um riso de satisfação seguido pelas palavras boa garota.

Que deus babaca...

A fonte estava bem tranquila na verdade o adorno de mármore perfeito fazia a água reluzir, abri o livro sobre o Kraken e me pûs a ler, com a pena em mãos tentei reproduzir sua aparência a partir das palavras do livro e as lembranças que possuo das histórias dos navegantes de minha terra, é no mínimo engraçado o desenho que consegui: um polvo gigante com mais dentes do que posso contar e cabeça levemente triangular, deixei um sorriso escapar pois esse é o desenho mais feio que já fiz, ouvi vozes de aproximando e fechei ambos os livros na intenção de ir embora, não queria topar com qualquer outro deus que pudesse vir a me insultar e para o meu desespero não deu tempo, vi os fios loiros seguido de várias risadas de mulheres diferentes e virei de costas na intenção de ir embora.

— Sn... — Ah não, tentei por um sorriso em meus lábios ao me virar e dar de cara com a famigerada deusa do amor. — Que bom te ver aqui, quero que tome um chá conosco.

Nem se fosse obrigada, só pelo olhar sei que essa deusa quer algo de mim.

— Agradeço deusa, mas estou a trabalho para Hermes.

Vi seu semblante ruir em uma expressão séria voltando rapidamente ao sorriso perfeito.

— Ele não está aqui agora. — Insistiu.

— E ainda assim serei punida, preciso terminar de catalogar esse livro para sua biblioteca, só estou fora de seu palácio por insistência do deus mensageiro que me pediu para tomar um ar, porém não estou livre de minha funções.

Ela suspirou.

— Você é bem leal, quando seus serviços acabarem creio que irei solicitá-la a Poseidon. — Assenti observando as ninfas me olharem de cara feia, era só o que me faltava e se essa deusa soubesse a verdade entenderia que o deus dos mares é completamente averso a ideia de me deixar no Olimpo e percebi que ela iria ficar aqui e assim pedi licença e caminhei para longe da fonte, estou me tornando completamente arisca as seres daqui, tudo que sinto é receio, dei alguns passos para longe da fonte e abrir meu livro anotando somente o necessário:

"A deusa da beleza Aphrodite é uma peitudas ardilosa."

"Zeus é um adolescente pervertido."

"Adamas o deus da conquista não citado é cruel e rancoroso."

"Thor o filho da mitologia nórdica é belo, gosta de lutas e caçadas."

"Brunhilde..."

"Loki o filho mais novo da mitologia nórdica é um pregador de peças irresponsável."

" Hermes o deus mensageiro é adorável, astuto e muito inteligente."

Parei para pensar um pouco essas são as frases que gosto de por no final de cada descrição que faço somente para dar um toque pessoal e posso me orgulhar do conteúdo que estou produzindo, pois vou contribuir com palavras e também com mapas e só de pensar nisso sinto uma satisfação encher o meu corpo afinal é muito bom pode fazer o que gosta.

Tive meu ombro tocado deixando de lado meus pensamentos e ao virar meu rosto dei de cara com seu belo sorriso, pelo visto hoje é o dia dos encontros sejam eles desastrosos ou não.

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