17. Os cuidados de um deus
Por Poseidon,
Encarava essa humana desmaiada ao meu lado com o rosto ainda colorido pela provável vergonha, respirei fundo pensando onde eu estava com a cabeça quando me deitei com essa insolente. As deusas não são tão interessantes e isso tenho que admitir, pois para nós deuses nada é o suficiente, há não ser que nos permitimos sentir e ainda assim poderá vir a ser... Comum.
Com o tempo vamos nos interessando por aquilo que nos diverte, mas tal meta também se perde diante do costume e é por esse motivo que Zeus não consegue ficar parado, meu irmão é levado por esses sentimentos mundanos embebidos em luxúria, não consegue manter o próprio falo dentro das calças.
Os cabelos de Sn estavam esparramados por minha cama e tive que suspirar pegando-a no colo, não costumo me descontrolar porém essa humana a muito me agradou, caminhei com ela pelo quarto até a fonte que iria reparar todos o seu corpo, no entanto, parei no meio do caminho. Ouso dizer que estou curioso sobre como essa mulher vai reagir amanhã e apenas por isso lhe dei um banho normal, mandei que trocassem os lençóis e deitei disposto a dormir sentindo-a se aproximar e enlaçar minha cintura com a perna, poderia facilmente repeli-la por tanta insolência, entretanto estou começando a me divertir com essa situação.
...
Por Sn,
Meu corpo estava reclamando, como se eu tivesse passado a noite inteira na mesma posição, me mexi levemente encostando em algo e respirei pesado ao entende o que era. Memórias da noite anterior vieram a minha mente me deixando completamente constrangida, o céus eu não acredito que aceitei seu acordo com tanta facilidade, olhei para baixo e foi então que notei o porque do meu corpo reclamar tanto, o braço do deus dos mares repousava em minha cintura me prensando com força como se eu fosse seu travesseiro pessoal, eu tentei me mexer para sair sem acordá-lo e falhei.
— Fique quieta. — Reclamou.
— Eu preciso levantar. — Informei e ele me soltou, a primeira coisa que fiz foi tentar sentar na cama e sinceramente não tinha ideia pior não? — Céus como isso dói. — Sussurrei e tenho certeza que escutei Poseidon soltar um hunf de satisfação, me virei lentamente para conferir o sorriso vitorioso em seus lábios, que filho da mãe, olhei para ele deitado na cama com os fios levemente bagunçados tão nu quanto eu. Poseidon é tão... Bonito. Balancei minha cabeça e mesmo com dor respirei fundo e me levantei, fui praticamente choramingado até o banheiro, mas com minha dignidade intacta mesmo que fosse pouca. Me aliviei e entrei em uma terma quente, parecia que os vapores nunca acabariam.
— Tão quente. — Fechei meus olhos deixando a água relaxar meu corpo, minha vergonha estava latente só de lembrar todas as palavras ditas e as posições que fiquei.
— São águas de vulcão. — Ele simplesmente adentrou a terma a fumaça conseguia esconder sua nudez, mas eu sabia exatamente qual era a situação e fiquei em silêncio. — Vamos ao anel inferior primário, então não demore.
— Nós? — Ele arqueou a sobrancelha com arrogância.
— Está vendo mais alguém aqui?
Revirei os olhos.
— Você é tão grosso... — Sussurrei.
— Não pareceu se importar muito durante a noite. — Senti meu rosto esquentar mais ainda e desviei o olhar. — O café da manhã será servido na sala de jantar não se atrase.
Poseidon saiu da terma me deixando completamente constrangida e infelizmente essas águas não curam apenas relaxam, eu queria conversar, ao menos tentar entender que porcaria está acontecendo.
Saí da terma um tempo depois do deus e segui até o quarto enrolada em uma toalha, meus cabelos estão longos devido a falta de corte ao ponto de tampar os meus seios, arrumei deixando sobre corpo e vesti o traje azul e branco que havia escolhido era bem discreto e tamparia as marcas que Poseidon deixou em meu quadril, mas a mordida em meu ombro ficou um pouquinho aparente, calcei as sandálias e tentei dignamente andar, creio que uma tartaruga andaria mais rápido, ao chegar no salão vi que havia mais pessoas, além de Hermes um deus com aparência de velho sentava-se a mesa, desisti de entrar no local e fiquei na porta os ouvindo conversar:
— Precisaremos de uma reunião para isso, não consigo concordar com essa ideia estúpida de Odin. — O velhinho falou.
— E pelo visto Thor também não é a favor. — A voz de Hermes ressoou. — Ao que parece Adamas está do lado dele.
— Isso é tão irrelevante. — A voz de Poseidon ecoou enquanto ele levava a xícara aos lábios.
— E ainda assim teremos a reunião, após a festa é claro. — O velhinho comentou.
— Se é necessário irei ao Olimpo quando convocarem, mas hoje estou ocupado. — Pelo jeito a arrogância desse deus não é só comigo.
— Estou vendo a sua ocupação isso no seu peito são marcas de unha? Então finalmente Poseidon foi encantado! Qual será a deusa que conseguiu esse mérito? — Respirei pesado me afastando.
— Você ficaria chocado com a resposta meu pai. — Hermes comentou e um estalo soou em minha mente, o pai de Hermes é Zeus, então aquele senhor é o todo poderoso Zeus? Por um momento me deixei levar e acabei empurrando a porta atraindo a atenção de todos e deslizei para a lateral com dificuldade, Poseidon é um verdadeiro ogro! Mal estou me aguentando de pé.
— Venha até aqui querida. — Travei ao ouvir a voz do velhinho e dei meia volta caminhando o mais rápido que consegui, ou seja, a tartaruga ainda vence, ouvi som de passos e nada foi dito.
— Sn venha, talvez seja você que está faltando para tomar café da manhã. — Engoli minha saliva sentindo a mão de Hermes segurar meu ombro.
— N-não, eu estava indo para a cozinha. Só me deixei levar pela curiosidade.
— Sn não seja assim vamos, me estendeu a destra enluvada. — Respirei pesado aceitando sua destra. — Está muito bonita nessa roupa.
— Obrigada. Só anda devagar está bem? — Ele arqueou a sobrancelha.
— É que eu machuquei meu pé ontem quando caí da escada arrumando os livros. — Menti descaradamente. A esquerda de Hermes arrumou meus fios atrás da orelha e deslizou pelo meu ombro onde havia a mordida.
— Realmente foi uma queda bem brusca. — Respirei fundo e aos poucos fomos até a mesa.
— Oh que coisinha linda! Quem é essa? — O homem que agora sei que se chama Zeus perguntou, me curvei lentamente em respeito.
— É uma deusa do primeiro anel inferior. — Hermes respondeu e Zeus levou a destra a frente da boca rindo e fazendo barulhos engraçados de quem entendia o que estava acontecendo.
— É um prazer senhor Zeus deus dos deuses. — Observei Poseidon arquear a sobrancelha enquanto a xícara em suas mãos trincava.
— Ela é uma graça Pose e ainda tem um belo quadril. —Notei que o deus observava meu corpo e tentei o tampar com as mãos mesmo que estivesse completamente coberta.
— Creio que haja um engano senhor, sou apenas uma serviçal.
— Criança não adianta tentar mentir pra mim, só não compreendo por que Hermes parece está tão interessado em você, a não ser que...
— Quê? — Hermes
— Que ela seja a sua escolha e esteja me escondendo!
Um barulho de estrondo ecoou e todos olharam para a mesa onde Poseidon estava, havia uma pequena rachadura na madeira e engoli em seco.
— Pela irritação do meu irmão, acho melhor irmos Hermes. — Zeus riu e mais uma vez me enganei sobre eles, Zeus parece um adolescente pervertido.
— Vá na frente pai, ainda quero dar uma palavrinha com Sn. — Zeus balançou a cabeça antes de ir em frente e eu observei Hermes se curvar.
— Amanhã vamos terminar o quadro? Podemos ir a um piquenique. — Desviei meu olhar para o lado sem arriscar cruzar com o de Poseidon, sei que ele esta com raiva e não vou brincar com sua pouca paciência principalmente agora que meu corpo todo está doendo, mas o sorriso de Hermes me deixou aflita, aos poucos fui percebendo que o deus mensageiro estava jogando um jogo perigoso e me utilizando de peça em seu tabuleiro. Antes de sair deixou um beijo em minha mão e quando fiquei sozinha fui até a mesa me sentando mais afastada dele e assim senti as águas me puxarem até a cadeira ao seu lado.
— Termine o seu café e me encontre na frente do palácio. — Poseidon se levantou sem dizer uma palavra e respirei pesado antes de comer meu desjejum que por sinal estava uma delicia. O povo de Atlântida tem uma mão e tanto para cozinhar, comi degustando com gosto e quando acabei pensei em tirar a mesa mas a mesma deusa que foi obrigada a me ajudar já estava em pé na porta.
— Humana ... — Desdenhou e lembrei que foi ela que estava com Poseidon na cama. — Espero que ao ser descartada o deus dos deuses nos dê a honra de matá-la pessoalmente.
Me assustei, porém tentei não demonstrar, não fiz nada para merecer isso e a provável raiva desse ser é por não estar na cama de Poseidon algo tão... Fútil. Uma pressão se fez presente na sala e a mulher rapidamente foi até a mesa começando a tirar as cerâmicas.
Fiquei de pé e andei calmamente até a porta, antes que Poseidon chegasse ao local, quando cheguei perto apenas respirei fundo.
— Espero que ele esteja de bom humor do contrário não serei eu que sentirei sua fúria, principalmente se a culpa recair sobre você por exemplo. — não faz parte de mim agir dessa forma, mas estou começando a cansar desse tratamento estúpido quando eu não fiz nada e notei a deusa menor enrijecer os músculos provavelmente querendo me matar naquele momento, saí da sala sem desgrudar o olhar dela por medo vai que essa louca se vira e tenta me matar do nada? Senti meu corpo bater em algo e vi pelo sorriso dela que estava encrencada ao me virar dei de cara com o peitoral de Poseidon.
— Por acaso ficou surda? Mandei terminar de comer e ir até a mim.
— Eu estava indo até lá agora. — Desviei o olhar e ele começou a andar na frente. — Grosso... — Sussurrei e ele parou me fazendo bater em seu corpo novamente.
— Humana... Minha paciência está por um tris, se me xingar mais uma vez vai passar a tarde inteira aprendendo a nadar com os tubarões.
— Todo dia a sua paciência está por um tris, interessante será o dia que você virar para mim e me da bom dia ou quem sabe me tratar com educação! — Eu literalmente ignorei qualquer aviso, estou realmente cansada desse tratamento, Poseidon se virou me empurrando até a parede e respirei pesado sem recuar.
— A punição de ontem não foi o suficiente? — Apertou minha cintura me fazendo reclamar, meu corpo ainda dói, mas eu sabia que se continuasse baixando minha cabeça por medo nada mudaria, os lábios dele tocaram meu ombro por cima da marca sua mão subiu dedilhando e envolvendo meu seio com calma e assim olhei em seus belos olhos tomando o que poderia ser a pior decisão da minha vida:
— Que punição? —Tenho certeza que vi uma veia saltar na têmpora dele, mas o mesmo sorriu e isso ficou perigoso. Poseidon assoviou a melodia do mar e foi só o tempo de relaxar meus ombros para sentir o baque em meu corpo que me fez fechar os olhos, não demorou muito para notar que estávamos nos movendo.
Eu estou literalmente sendo carregada como um saco de batatas.
...
A cidade parecia em festa simplesmente por vê-lo, eu estou atrás sendo carregada por uma pequena maré com meus pulsos amarrados com água como se estivesse em uma biga. Poseidon recebia o que eram gritos de comemoração e promessas de admiradoras apaixonadas e eu só consegui pensar em como seria se descobrisse o grande desgraçado que ele é, pelo menos lá na terra seca, já que aqui parece ser normal não valer nada.
A biga d'água foi desfeita me fazendo cair sentada no chão, me levantei rapidamente observando o lugar amplo ao qual adentramos, haviam videiras, frutos, folhas e flores descendo pelas paredes como se plantas rameiras descessem dos céus.
Um senhor de fios brancos musculoso e bem apanhado apareceu, usava uma toga branca como a de Zeus só que sem bordado ou qualquer detalhe.
— Mestre Poseidon que honra. — O homem se curvou e o loiro levantou a direita. — Em que posso lhe ser útil?
— Dê algo a essa humana frágil para que não engravide Esculápio. — Pisquei diversas vezes, ele só pode estar brincando comigo.
— Eu tenho alguns remédios a base de ervas para deusas, não sei se funcionará em uma humana.
— Faça o necessário, tem dois dias e quando acabar vá ao meu encontro. — O homem se curvou e pisquei diversas vezes, novamente a biga surgiu e percebi que Poseidon me carregaria daquela forma pelo resto do caminho, após saímos da loja que conclui ser de cuidados como um curandeiro fomos até a mesma loja de roupa que vim com Hermes.
— Senhor Poseidon, senhorita Sn. A que devo a honra? — O loiro me olhou furioso. — Os vestidos que o senhor Hermes encomendou ficarão prontos amanhã, já as demais peças estou terminando de costurar.
Oh céus eu havia esquecido completamente disso.
— Faça uma roupa branca, para um baile. — Poseidon exigiu.
— Quer que eu ponha algum detalhe?
— Não. Para humana quando me entregar conversaremos.
E mais uma vez saímos da loja e novamente a biga, eu já estou frustrada.
— Será que podemos conversar?
Ele se manteve em silêncio se afastando de tudo.
— Poseidon da para me por no chão? — Pedi e ele continuou a me ignorar até que chegamos em uma parte afastada de Atlântida.
— Escuta aqui seu deus safado será que dá pra me ouvir? — Acabei o fazendo parar e a biga se desmanchou, finalmente. — Eu estou cansada de...
— Não me interessa suas vontades são irrelevantes. — Ele está irritados desde as suposições de Zeus e não entendo o que eu tenho haver com isso, mas essas humilhações de hoje foram a gora d'água.
— Então por que está me arrastando por ai? Por que não me deixa ir embora se é incapaz de me tratar bem?
Ele gargalhou, o desgraçado estava rindo da minha cara como se eu tivesse dito alguma piada.
— Simplesmente não preciso.
Aquilo me irritou em um grau absurdo, tirei minha sandália e taquei nele, que me olhou incrédulo.
— Você é um estúpido Poseidon, o pior ser que eu já conheci! E olha aqui eu não vou tomar droga nenhuma sem saber o que é só por que você quer! Também não vou engravidar por que não posso e se pudesse eu arrancaria a criança antes de ter um vínculo com você! — Senti meu rosto esquentar pela raiva. — Agora você vai me escutar seu deus meia pataca, Atlântida sempre foi o meu sonho eu só queria mapear essa cidade e ir embora! E no máximo conhecer o deus ao qual fui obrigada a dedicar a minha vida, porém nada é como queremos e agora tudo o que eu quero é nunca mais olhar nessa sua cara perfeita e prepotente de ser superior e arrogante. Prefiro ser só uma humana insolente que sente alguma coisa do que um ser frio sem sentimento algum se isso é a perfeição pra você então eu me curvo perante a sua conquista e quer saber não preciso disso mesmo. — Tirei o outro sapato tacando nele e comecei a andar, estava me sentindo tão aliviada por dentro, meu corpo ainda doía muito porém fiz a coisa certa, tão certa que senti as águas me travarem.
— Coisinha insolente, você acha mesmo que vai falar o que quiser e ir embora com um grande foda-se? — A face de Poseidon se retorcia em um olhar cheio de fúria e um sorriso maldoso, essa já é terceira vez que lhe arranco uma expressão.
— Vai me mandar nadar com os tubarões agora?
— Cala essa boca Sn, só cala a porra da boca! — E ainda embalada em água ele me transportou para o castelo, chegando lá me atirou num quarto qualquer e me trancou. — E DÊ GRAÇAS A MIM POR NÃO TER TE MATADO! — Se exaltou, me levantei do chão e fui até a porta batendo nela:
— ERA MELHOR ME PERFURAR COM AQUELE TRIDENTE SEU DEUS IGNORANTE! — E assim o silêncio se fez presente e tudo o que fiz foi começar a quebrar tudo o que via pela frente, nunca pensei que teria uma vida tão ruim, o que foi que eu fiz para merecer isso?
Vestido que a Sn usou para "sair" com Poseidon
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