p r ó l o g o

Boa leitura!
😘

AUDREY WELLS, 6/7 ANOS.
SEU ANIVERSÁRIO.

        Hoje é meu dia preferido no ano! Meu aniversário! O que mais legal do que ter um dia inteiro para te mimarem, te presentearem e fazerem todas as suas vontades?

        É ainda melhor do que sair para pegar e comer doces no halloween!

        Olho para o relógio de coelinho em cima da cômoda ao lado da minha cama. São 04:03 da manhã e sei que vovô e vovó estão dormindo do outro lado do corredor neste exato momento. Mordo meu lábio inferior sentindo-me indecisa. Eles já dormiram demais não dormiram? Dormiram.

        Em uma onda de coragem e determinação eu me pego jogando as cobertas pesadas e roxas para o lado, me levanto e tropeço em um dos meus ursinhos enquanto caminho até minha porta, o tapete impedindo que eu sinta o frio do piso em meus pés. Eu passo pelo batente e atravesso o corredor escuro abrindo a porta do quarto de meus avós com um pequeno clic ao girar a maçaneta fria. Caminho até parar em frente a minha avó que sempre dorme do lado direito da cama.

        O quarto só não está escuro pela grande janela de cortinas abertas na parede atrás de mim e a iluminação da lua me permite ver o rosto bonito da minha avó com clareza. Ela ama acordar com o Sol no rosto.

        — Vovó? — sussurro — A senhora está dormindo? — cutuco ela que resmunga — Vovó? — questiono e ela resmunga, dessa vez, mais coerente.

        — Sim, querida. Eu estou dormindo. O que houve? — ela pergunta bocejando.

        — É meu aniversário! — uma pequena euforia transpassa em minha voz.

        — É mesmo, não é? — ela questiona rindo suavemente. — Joseph, acorde Joseph. — minha avó chacoalha meu avô que também resmunga, mas acorda mais facilmente que ela.

        — Sim querida? — sua voz mais rouca que o normal ecoa pela cômodo escuro.

        — Hoje é aniversário de Audrey! — ela diz e vovô senta-se na cama antes de bater em sua própria testa.

        — Como eu pude esquecer! — ele diz e dou um passo pra trás, meus olhos se enchendo se lágrimas.

        Ele nunca havia esquecido do meu aniversário antes. Um medo de que ele não me ame mais se instala em meu peito e fecho meus olhos com força, com medo de que eles me abandonem. Quero me encolher em mim mesma.

        — O senhor se esqueceu? — pergunto com a voz embargada e baixa, com medo da resposta que vira.

        Não me abandonem, por favor. Por favor.

        — Mas é claro que não, princesa. Como poderia esquecer do dia mais feliz da minha vida? — ele ri roucamente e quase perco a força em meus joelhos com o alívio que sinto.

        Vovô se vira para a cômoda ao lado da cama, de onde tira um cupcake de chocolate com uma pequena velinha em cima. Sorrio largamente e subo na cama, me sentando debaixo das cobertas e entre os dois.

        — Parabéns pra você. Parabéns pra você... Parabéns pra você... — eles cantam.

        — Faça um pedido e assopre a vela, querida. — vovó diz ao meu lado e faço o que pede.

        Eu desejo que papai volte.

        Assopro a pequena vela e mordo a massa escura que parece derreter em minha boca depois que minha avó pega a decoração apagada.

        — Feliz aniversário, querida. — simultaneamente meus avós me abraçam.

        E eu fico ali, sendo abraçada pelas pessoas mais importantes da minha vida e com meu coração quentinho.

🌻

AUDREY, 12 ANOS.
SEMANA DE NATAL.

        Caminho entre as pessoas de terno e vestidos elegantes que seguram taças com bebidas alcoólicas ao qual sou extremamente proibida de provar. As pessoas riem, se abraçam, dançam e matam toda a saudades que o trabalho, os problemas e o cansaço da vida adulta impõem a eles durante todo o ano.

        Procuro por vovô ou vovó entre as pessoas, preciso chegar a eles antes que Nicolas saia da fonte de água que fica no meio do jardim lindo da casa. Vejo que as crianças correm por todos os lados, às vezes esbarrando em algum adulto que os mandam parar de correr mas que realmente não ligam pra isso afinal, é Natal!

        Sempre gostei do Natal, mesmo sabendo que o tão aclamado, ansiado e amado Papai Noel não exista de fato. Mas gosto do sentimento de compaixão, bondade e harmonia que o natal traz. Ele tem a capacidade de trazer o melhor do ser humano a tona e não é qualquer coisa capaz de fazer isso com a humanidade.

        Encontro vovô sentado em uma mesa no canto da sala, alguns homens conversam com o mesmo que gira sua bebida de uma cor âmbar no copo redondo e baixo. Ele sorri quando me vê e indica para que eu siga em sua direção. Antes que eu chegue, seus colegas acenam e vão embora, ainda conversando e bebendo.

        — O que minha princesa aprontou dessa vez? — pergunta me colocando sentada em seu colo como se estivesse no colo do Papai Noel.

        — Por que o senhor sempre supõe que eu esteja aprontando? — questiono ele.

        — Porque conheço você. — ele belisca minha barriga e me contorço rindo.

        — Desta vez eu não fiz nada, eu juro! — digo olhando pra ele com os olhos levemente abertos e usando minha melhor expressão de inocência.

        — A é? E por que o neto do velho senhor Charles está entrando todo molhado no cômodo nesse exato momento? — coloco a cabeça no pescoço de meu avô e aprecio o cheiro forte e masculino que exala do mesmo.

        Vovô tem sempre o mesmo cheiro de lar.

        — Ele me beijou! — digo escondida, sentindo meu rosto queimar em raiva e vergonha.

        Vovô ri. Reviro os olhos. É claro que sim. Vovô tem um senso de humor ácido e apesar de ser uma das coisas que mais gosto nele, prefiro o dispensar nesse momento.

        — Não ria! — digo me afastando. — Isso é uma violação de privacidade! Posso considerar um assédio! — digo tendo uma ideia e chacoalho vovô pelos ombros. — Meu Deus! Esse é meu primeiro caso! — olho animada para vovô que ri de mim, mas não me importo.

        — Você vai ser a melhor advogada desse mundo. — ele diz e belisca a pontinha de meu nariz, faço careta.

        — Eu vou deixar o senhor orgulhoso, vovô. — respondo o abraçando firme.

        — Você já deixa princesa. Todos os dias. — ele me abraça e sussurra em meu ouvido — A juíza está vindo com uma expressão severa. Provavelmente o acusado procurou sua defesa para atingir a promotoria. — arregalo os olho.

        — Dá tempo de fugir? — pergunto.

        — Audrey Elisabeth Wells! — minha avó diz com uma voz severa e me viro olhando pra ela com um sorriso no rosto.

        — Sim vovó? Eu já disse que a senhora está linda nesse vestido? — pergunto docemente, ao meu lado, vovô disfarça sua risada com uma tosse.

        Minha avó permanece com a expressão séria, mas sei que está rindo por dentro. Ela é difícil na queda.

        — Você jogou Nicolas na fonte? — questiona em seu lindo e elegante vestido vermelho.

        — Bem, depende do ponto de vista. Eu me afastei bruscamente dele, o que ocasionou um pequeno atordoamento que foi a real causa da sua pequena e cômica queda na fonte. — respondo — E considerando seu histórico de assédio eu posso muito bem alegar legítima defesa, o que de fato foi, claramente.

        Minha avó solta uma risada e elegantemente se senta ao lado de meu avô.

        — Assédio é? — ela questiona de forma serena.

        — Sim. Acredita que ele me beijou?! — ela ri suavemente mais uma vez.

        Vovó é sempre assim, doce, cálida, leve e elegante como uma brisa de outono. Uma perfeita dama do século XIX eu diria. Vovó estende os braços e saio do colo de vovô para me sentar no seu.

        — O dia em que alguém roubar seu coração vai ser o dia mais feliz da minha vida. — ela diz.

        — Não me ameace vovó. — respondo e meu avô solta uma risada rouca.

        Sua risada é rústica em comparação a de vovó, mas tão boa de se ouvir quanto. Eles se completam.

        — Essa é a minha garota! — bato com minha mão na sua mão áspera e calejada.

        — Não a incentive Joseph! — minha avó rateia com ele que pisca de forma jovial para mim.

        Ficamos conversando até que uma música suave começa a tocar e vovó me tira de seu colo quando vovô a chama para dançar. Vejo o casal idoso se afastar e dançar lentamente na pista de dança. Sorrio em relação à cena que se desenrola diante de meus olhos.

        — O que você está olhando? — tiro meus olhos do casal e me viro para Nicolas que como mágica está ao meu lado de novo.

        Uma toalha branca e felpuda está enrolada no mesmo por cima de um par de roupas secas. O loiro tem treze anos, o que o torna mais velho, mas como nós garotas amadurecemos mais rápido, posso dizer com toda certeza que sou muito mais madura do que ele.

        — O que você quer Nicolas? — digo seu nome com uma raiva mal contida.

        — Me desculpar. — ele dá de ombros e o encaro surpresa.

        — Nicolas Holmes pedindo desculpas? — pergunto debochadamente, que minha avó não me escute usando esse tom de voz.

        Ele fica vermelho e coça a parte de trás de seus cabelos que se assemelham a caramelo.

        — Isso já é ruim o suficiente, ok? Não precisa tripudiar. — ele fica vermelho, mas ainda tem marra o suficiente pra revirar os olhos.

        Sinto uma pontada de culpa me atingir. Lá fora está frio e ele ficou molhado por minha causa.

        — Ok, eu te desculpo. Mas a próxima vez que me beijar sem permissão, eu acabo com você. — digo e o vejo sorrir de lado.

        Garotos...

...

Deixem o votinho para
alegrar o dia da abiguinha aqui.

Acho esse prólogo tão fofo!

Até mais seres humanóides!
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