03|Abdomens Desnudos, Aquários Secos, Experiências Alienígenas e Apostas
boa leitura!
😘
Algo sobre mim? Adoro vestir jeans, camiseta e uma terceira peça, mas quando é para ir em uma festa, libero totalmente meu lado paty. Desço as escadas com meu vestido preto brilhante colado no busto, seu comprimento que chega até o meio de minhas coxas é perfeito para dançar. O salto quinze que uso também preto eleva minha autoestima de maneiras inexplicáveis e o cabelo solto, mas lindamente cacheado como sempre juntamente a maquiagem de um castanho esfumado no estilo foxy eyes, que chama atenção para o castanho mel de meus olhos e esconde o choro recente me deixa feliz. Eu amo me sentir bem arrumada e cheirosa. Na boca, um batom vermelho prostituta completa o visual.
Daemon está no final da escada com um tênis branco, calça jeans preta e camisa social branca dobrada até os cotovelos, suas mãos estão no bolso da calça e um sorriso sacana está colado em seus lábios. Conforme desço os degraus, seus olhos passeiam por meu corpo de forma lenta e deliberada, quase posso sentir seu toque em meu corpo e tento deixar a satisfação fora de meu rosto.
— Uau... Você está linda! — elogia.
— Só não vá se apaixonar. — respondo fazendo com que o mesmo revire os olhos e chego mais perto — Você também não está nada mal. — bato as costas de minha mão de leve em seu peito ao passar, o olhando de lado.
Sorrio porque ele realmente não está nada mal, na verdade está bem gostoso, isso sim.
— Depois sou eu quem é arrogante? — coloca a ponta de seu dedo sob meu queixo, erguendo-o de leve em sua direção.
O cheiro de seu perfume me deixa tonta, mas não por excesso e sim porque é uma delícia. Sempre tive um fraco por homens cheirosos.
— Sem chance, garanhão. — é o que respondo no lugar de beijá-lo, que é o que eu realmente queria fazer. — Além do mais, não é arrogância quando é verdade. — pisco e me afasto ao som da sua risada.
Saímos de casa onde um vento fresco encontra meu corpo de uma maneira agradável e vejo um lindo e reluzente Camaro, mas ei, de um lindo roxo profundo e intenso. Reviro os olhos para o clichê que esse carro é e não resisto em pensar no meu bebê Jarvis, que querendo eu ou não, também é a porcaria de um clichê.
Mas pelo menos é um clichê esplêndido, minha mente me conforta. Paro de caminhar subitamente por conta da minha surpresa e pisco para Daemon, que abre a porta do veículo pra mim.
— Que foi? — questiona.
— Acho que nenhum cara com quem já sai abriu a porta pra mim. — não que eles fossem babacas, mas apenas nunca aconteceu.
— Então você está saindo com os caras errados, gata. — pisca pra mim com um sorriso fofo, ele faz muito isso de sorrir e piscar, seria irritante se não fosse bonitinho — E eu disse que o cavalheirismo era para os momentos certos. — reviro os olhos, indo em direção ao carro conforme ele se apoia na porta, me observando por cima da mesma antes de fechá-la.
O Camaro cheira a limpo, menta e perfume masculino. Uma mistura gostosa, surpreendentemente. Não há sujeira no veículo, nem mesmo no tapete.
— Qual o nome da boate em que vamos? — pergunto após um tempo.
— Aquarium. — responde, rapidamente dando partida no carro.
— Aquário? Sério? É meio incomum. Estava esperando algo como um... luxury, sex hot, ou algo assim, mas gostei. — tagarelo — Parafraseando minha melhor amiga: O normal é supervalorizado. — e por falar nela, mando uma mensagem com a minha localização.
Nunca se sabe quando seremos sequestradas e posso achar o garoto ao meu lado um puta de um gostoso, ele pode ter agido gentilmente horas antes, mas isso não significa que eu confie nele ou algo assim, mesmo com Robert me dizendo que deveria, não que segurança e confiança sejam palavras que eu possa associar ao meu progenitor também.
— Você vai entender melhor quando chegarmos lá. — Ele me olha o tempo suficiente para me lançar um sorriso antes de voltar a prestar atenção na estrada ao qual acabamos de entrar.
Seguimos o resto do caminho em silêncio, apenas com o rádio tocando baixinho no carro e os polegares de Daemon batendo suavemente no volante, além de, é claro, o motor potente abaixo de nós. Eu amo isso, o som sutil do carro sob mim, a vibração suave das rodas correndo sobre o asfalto, o carro respondendo à pressão no acelerador. Logo o moreno para o berinjela, como decidi chamar seu veículo, numa vaga no estacionamento lotado da boate e descemos do automóvel.
— A fila está enorme! — reclamo de braços cruzados.
Se tem uma coisa que eu odeio, são filas. Odeio ficar parada, dependendo do trabalho dos outros para poder continuar com os meus planos. Mesquinho e mimado, eu sei, mas não consigo evitar.
— Calma, baby. Você está com o pai aqui. — diz sorrindo marotamente ao caminhar até o segurança da portaria, me chamando com os dedos para segui-lo.
— Eae Caveira! — dá um tapa masculino na mão do segurança, que o puxa para um abraço masculino de cumprimento.
— Fala aê Caos!
Eles fazem um toque cheio de parafernálias antes do segurança — que mais se parece com um armário — reparar que ele está acompanhado. O homem não muito mais velho que nós de cabelo raspado, tatuagens no pescoço e músculos sob o terno olha para mim de cima a baixo, me analisando assim como eu faço com ele. Uh, eu gosto do que vejo.
— E quem é a princesa com você essa noite? — questiona.
— Caveira, essa é minha mais nova amiga: Audrey.
— É um prazer! — ele pega minha mão e deposita um beijo na mesma, antes de me presentear com um sorriso do tipo mais bonito: simpático, educado e largo.
Retribuo com um sorriso sacana.
O pessoal atrás de nós começa a reclamar pela demora, mas logo se calam com o olhar que o moreno de terno lança sobre minha cabeça em direção aos reclamões. Nossa, se ele me olha assim na cama, eu me derreto toda.
— O prazer é todo meu. — murmuro e seu sorriso aumenta. — É um apelido curioso, me deixou instigada.
— Tenho outra coisa pra te deixar instigada. — se inclina em minha direção.
— Essa não caveira, essa não. — olho para Daemon em uma pergunta silenciosa, um pouco puta pela intromissão, mas ele ignora — Vamos entrar. — diz pra mim.
Caveira abre espaço e antes que eu perceba, entramos na boate com Daemon segurando minha mão e me puxando, sem me dar tempo de piscar ou flertar uma última vez com o segurança. Faço biquinho, mas sou distraída pelo arrepio que passa por meu braço e formigamento na mão com o toque físico do favorito de meu pai. É, eu estou precisando de uma boa foda.
Sou surpreendida quando saímos do corredor e o ambiente me rouba o fôlego. É todo azul, mas não de tinta. O lugar é um aquário. Literalmente. As paredes e o teto são de vidro, dando-nos uma visão maravilhosa de peixes nadando por todos os lados e não só isso, mas é uma grande diversidade de animais e corais, num canto vejo um conjunto de crustáceos e me questiono como eu nunca soube da existência dessa boate.
Então é por isso a escolha do nome e é simplesmente incrível! Digo isso a Daemon, que me oferece um sorriso como resposta.
— Sou amigo do dono. Eles tem toda uma equipe para lidar com a alimentação dos animais e tomaram cuidado para que o som não passasse pelo vidro e a vibração perturbasse os animais. — conta próximo ao meu ouvido por conta da música tocando por aqui e um arrepio cruza minha coluna quando seu lábio roça em meu lóbulo.
O moreno continua me puxando entre a multidão até pararmos no segundo andar, em frente a uma mesa cheia de gente que logo recebe Daemon com sorrisos largos e gritos animados, caminhando para serem gritos embriagados muito em breve.
— Você demorou! Já estava achando que você não vinha mais! — uma garota magra, de cabelos acima dos ombros pintados em uma californiana e de piercing no septo e na sobrancelha logo se levanta para o cumprimentar com um abração.
— Eu disse que já estava vindo! — Ele ri e solta minha mão. — Você nunca acredita que estou a caminho.
Quando ela o abraça apertado, não consigo resistir e sorrio com a cena.
Espero que ela não seja sua namorada. Não quero ter dado uma secada descarada e flertando com um cara que é comprometido. Posso ser mimada, mas não sou uma vadia.
— Isto é porque quando você responde que está vindo, normalmente ainda está indo pro banho. — ela bate em seu ombro.
— Acho que já está bom esse abraço, não? — um garoto de pintinhas e sardas no rosto pergunta com um sorriso torto.
Rindo Daemon se afasta da garota e manda um gesto vulgar com o dedo para o rapaz. Minha presença é finalmente reconhecida e a garota me lança um sorriso antes de surpreendentemente me abraçar também. Uh, não sou muito de abraços em estranhos — ou conhecidos na verdade —, mas retribuo.
— Você não tinha dito que iria trazer uma amiga! — ela se afasta ainda com um sorriso no rosto.
As bochechas dela não doem, não? Nunca fui muito fã de pessoas alegres. Nada contra, apenas não procuro proximidade. Pessoas sempre alto astral e alegres tendem a sugar minha energia social muito rapidamente.
— Meu nome é Natália, mas pode me chamar de Nath. Qual seu nome, princesa? — ela pergunta.
— Audrey. — respondo e ela confirma com um aceno, ainda sorrindo.
— Bem Audrey, é um prazer. Aquele ciumento alí e que está me olhando com um olhar todo apaixonado é Gustavo, meu namorado. — o garoto em questão acena pra mim — Pode chamá-lo de Gu como nós preferimos. A gata ali do seu lado e de cabelos cacheados é a Anna. Ela é a nossa brasileira, por isso se ver ela falando algo que se pareça com bruxaria, não saia correndo, é só a língua natal dela. — Anna levanta sua cerveja em um comprimento mudo — A loira ali é Bianca, é um nojinho de vez em quando, mas é gente boa. Pode chamá-la de Bi assim como...
— Bianca. — a loira de olhos claros, maquiagem e postura impecável corrige.
— O que? — Nath pergunta.
— Ela pode me chamar de Bianca. — a loira repete e Nath a observa por um tempo antes de bufar e continuar.
Pelo canto dos olhos vejo Daemon encarar Bianca. Seria ela sua namorada? Uma ex rancorosa talvez? Não sei, mas com certeza eles já transaram.
— O loirinho sexy ali é Brian, é o gêmeo do bem, irmão da Bianca. — friza Nath lançando um olhar para a loira — Vai tentar dormir com você, mas se eu fosse você pulava fora desde já.
— Ei! — o garoto em questão reclama, acho que ofendido — Não liga para o que ela diz, Audrey. Vamos foder pra fortalecer a amizade? — ou talvez não tão ofendido assim.
Rio e Anna soca o braço de Brian.
— Mantenha essa coisa minúscula que você chama de pênis dentro da calça e aja com a cabeça de cima, por favor. — briga, o encarando com um olhar mortal e fico feliz por ele não ser dirigido a mim.
O seu sotaque fazendo com que ela fale arrastado, como se estivesse cantando. É bonitinho e estranho.
— Quer ver o minúsculo? Eu vou te mostrar o minúsculo — Brian começa a fazer cosquinhas em Anna que começa a se debater desesperadamente, derrubando uma garrafa de cerveja que acaba molhando Gu, Bianca e ela mesma.
Rio com Nath, Daemon e Brian, conforme eles gritam ao serem molhados e Bianca fica vermelha de raiva e vergonha.
🌻
Não sei quantas horas faz que chegamos na boate e eu estou meio embriagada para me dar ao trabalho de ir descobrir, tá bom, muuuuito embriagada.
Dancei com todos os garotos e garotas do grupo, menos com Gu por ser comprometido com a Nath e Daemon. Até mesmo com Bianca dancei um pouco.
Após uma boa e velha disputa com muitos shots de tequila, resolvemos ir a uma pizzaria 24 horas que fica a apenas uns vinte minutos de carro daqui — isso de acordo com Brian. Meus pés estão cansados de dançar e meus olhos pesados, o suor começa a secar em minha pele com a brisa fria presente do lado de fora da aquarium e quase já quero minha cama.
— Não quero ir. — resmungo para o moreno, que ri.
— Quem vai comigo?
Pergunta Gu, já que nem ele e nem Daemon beberam por serem os motoristas da vez.
— Eu! — Nat diz pulando e sorrindo.
Nath está um pouco — leia-se muito — alterada por conta do álcool.
— É claro que você vai comigo, amor. — ele dá um beijinho na mesma.
— Eu também. — Anna raspidemente entra no banco traseiro do carro preto.
— A Bianca vai com vocês. — a loira citada olha feio para Daemon e cruza os braços, fazendo birra, mas não me importo, pois vi uma kargatixa correndo pra baixo do carro.
— Mas eu sempre vou com você e com Brian!
Ele encolhe os ombros antes de dizer:
— Hoje não. O banco de trás é pequeno e quem vai comigo é a Audrey.
— Mas por que? Ela que vá com o Gu! — a Barbie fica vermelha de raiva.
— Por que eu trouxe ela e ela vai comigo! — Ele diz exasferado...
Não, pera...exasq... exasperado! Isso.
Ele diz isso exasguerado. Ah, foda-se, vocês entenderam. Eu tento evitar uma discussão me oferecendo em ir com o Gu, afinal, gostei muito de Nath e Anna e não me importaria com suas companhias.
— Não, você não vai. — minha carona olha feio pra mim.
Ótimo! Eu tento evitar confusão e ele fica bravo comigo?! E quem ele pensa que é pra falar assim comigo? Só não discuto porque tô cansada, mas ele que me aguarde amanhã.
Bianca me encara com raiva antes de sair pisando duro em direção ao carro onde Gu tenta pacientemente colocar a cabeça de Nath pra dentro, mas ela insiste em por pra fora e gritar: "EU ESTOU EM UM TANSCORMES!!!"
Acho que ela quer dizer transformers, mas não tenho certeza.
Assim que entro no banco de trás, já que Brian é o melhor amigo e eu a 'novata', Nath grita meu nome de lá da frente.
— O QUE? — grito com a cabeça para fora da janela.
— VOCÊ ESTÁ EM UM TANSCORMES! — ela grita e antes que eu responda vejo uma mão puxar a cabeça dela pra dentro — TÃO ME ABDUZINDO! SOCORRO!
— TÔ INDO! — grito de volta, saindo do carro mas não consigo correr muito antes de Brian me segure por trás e me levante do chão. — DEIXA EU IR AJUDAR! — grito e me debato, mas seus braços permanecem como aço em minha cintura.
— Ela está bem, Audrey! — ele diz — Olhe lá! — olho para o carro e vejo Nath com a cabeça pra fora.
— ERA O GULAVO! MEU NAMORADO! — ela grita e vejo novamente alguma coisa puxá-la pra dentro.
Antes de qualquer reação minha Brian me coloca no banco traseiro e fecha a porta que tento abrir apenas para descobrir que está trancada. Jogo minha cabeça pra trás e solto um soluço.
— O que foi, Audrey? — pergunta Daemon preocupado.
— Vocês não me ajudaram a salvar ela. E vocês eram amigos dela e agora ela foi abduzida por aliens que farão experiências com ela! — grito.
— Ela não foi abduzida! Ela está indo a pizzaria! — Daemon diz e Brian está rindo tanto que está vermelho como um tomate.
— Tem certeza? — questionou.
— Absoluta.
— Você está abilutamente certo disso? — questiono.
— Sim.
— Daria sua vida por isso? — insisto.
— Com certeza.
— Se estiver errado, eu vou fazer experiências com você.
— Cara, você é maluca! — Brian gargalha.
O resto do caminho é tranquilo, apesar da briga incessante pela posse do rádio que Daemon e Brian travam.
Chegamos na Di Massa, uma pizzaria italiana aparentemente maravilhosa e nos sentamos em uma mesa nos fundo, apesar da pizzaria estar vazia nesse horário.
Eu me sento de frente para Daemon, a minha direita senta a Anna e a minha esquerda Brian. Em frente ao Brian está Nath e na cabeceira a mesa o Gu, do lado da Nath, Daemon me encara e ao seu lado tem um carrapato, opa! Bianca.
Foi mal, erros acontecem.
Depois de muito discutir qual sabor das pizzas decidimos por frango com catupiry (melhor pizza ever!), calabresa e a Moda da casa.
Qualquer coisa que eu falo Bianca faz caretas, discorda e/ou tenta arrumar confusão e isso já está me enchendo o saco e até mesmo me deixando sóbria de novo, o que é um porre de ruim.
— Como vocês se conheceram? — pergunto para ninguém em especial.
Anna toma a frente e responde:
— Daemon e Brian eram colegas de quarto no primeiro ano, com a convivência logo se tornaram amigos, isso facilmente acabou incluindo eu e Bia na equação, já que sou a melhor amiga desse tapado aqui. — passa a mão por trás de mim e bate em Brian — Nath era e ainda é minha colega de quarto, namora Gustavo desde o último ano do colegial e pense na minha surpresa e espanto — Gu reclama em frustração, já antecedendo o que Anna irá falar. — quando eu e meus pais estávamos entrando no quarto para conhecer minha colega de quarto e pegamos eles literalmente transando.
Olho para Nath que geme e bate a testa na mesa, já Gustavo está mais vermelho que o batom que tenho nos lábios.
— Eu sei, traumatizante. — continua — Enfim, depois de convencer a minha mãe a não me mudar de quarto e para isso tive que usar chantagem emocional, que fique claro, eu acabei ficando amiga de Nath, mesmo que durante meses ela não tenha conseguido olhar pra mim sem rir. Gustavo então? Nem me encarar conseguia.
Eu rio alto e apoio minha cabeça no ombro de Brian. Para o claro alívio de Gu, nossas pizzas chegam e quando acabamos de nos servir, olho enojada para o prato de Daemon, que além de encher sua pizza de mostarda também pediu leite para molhar a pizza e comer.
— Por que essa cara? — pergunta ele.
— Precisa por tudo isso de mostarda? E o leite então? É horrível — faço uma careta observando seu prato
— O que?! É bom. — ele olha para o prato como se procurasse alguma coisa errada.
— É nojento!
— Eu concordo com ela. É horrível. — diz Anna entrando no assunto.
— Eu acho gostoso! — Bianca sorri.
Reviro os olhos exasperada. Ô garota baba ovo em!
Daemon olha pra mim e corta um pedaço da sua pizza, molha no leite, depois enche de mostarda e me oferece.
— Nem fodendo que eu vou experimentar isso aí.
— Ah, para de ser menininha e põe logo na boca. — o loiro do grupo rebate — É só engolir tudo bem rápido.
Dou um tapa na cabeça do Brian por seu comentário de duplo sentido e faço que não com a cabeça olhando Daemon colocar aquela massa deliciosa — infelizmente estragada pelo leite e molho nojento — na boca.
— Eu te desafio!
Picos e olho pra Bianca, que está com uma cara de deboche e um sorriso cínico no rosto ao me encarar. Franzo as sobrancelhas.
— Como é?
— Isso mesmo, eu te desafio a experimentar.
— Desculpe, você tem cinco anos novamente? — Brian se engasga com uma risada.
Qual o problema dessa garota? Que infantilidade da porra essa de desafio, mas como sou muito mais madura, eu é que não vou negar um desafio — por mais que seja infantil — dá sonsa ali.
Daemon me oferece mais um pedaço e eu aceito, mas quando vou pegar o garfo ele o tira do meu alcance e faz sinal negativo com a cabeça, depois me oferece de novo e eu abro a boca, dando de ombros.
É oficial: Pizza com leite e mostarda é realmente horrível!
— Ih, ó lá. A Audrey experimentou o leitinho do Daemon — bato forte em Brian enquanto os outros riem e sua irmã aprofunda ainda mais sua carranca.
Legal.
Na saída da pizzaria decidimos ir para o apartamento da Nath, que o divide com Gu. Aparentemente o relacionamento deles é bem sólido.
O clima entre o grupo estava gostoso e ninguém queria acabar com a noite, por mais que fosse quase cinco horas da manhã e faltasse pouco para o sol nascer.
O apê possui dois quartos, sala de jantar, sala de jogos, sala de estar, cozinha e lavanderia, ocupando o nono andar inteiro do prédio chique.
Nos dirigimos para a sala de jogos assim que Gu termina seu tour pelo lugar.
— Vamos jogar o jogo do somente? — pergunta Anna cambaleando de lado e se escorando em Brian que a segura firme.
Sinto minhas pernas bambearem também e quando acho que vou cair, Daemon me ajuda com o equilíbrio.
Ergo o rosto. Ele tem seu braço atravessando minha cintura e encosto minha cabeça em seu ombro para o encarar.
— Valeu aê. — Digo e ele ri, meneando com a cabeça.
Nossa, ele tem olhos lindos.
— E aí? Vamos ou não jogar o jogo do somente?
— O que é esse "Jogo do somente"? — questiono ao voltar minha atenção pra morena novamente.
— É um jogo em que você diz algo que somente você acredita ou não. Se alguém que estiver jogando concordar com você, você e essa pessoa bebem um shot cada. — Daemon explica gentilmente ao meu lado, falando baixo. — É como um “eu nunca”, mas essa versão de Anna veio diretamente do Brasil.
Uhm... Voz gostosa. Gemendo então, deve ser uma loucura.
— Eu vou buscar a bebida! — Nath se levanta e por um momento cambaleia para o lado, antes de sumir porta a fora tendo que se apoiar na parede.
— Não é meio infantil? — questiono, Daemon desdenha com um dar de ombros enquanto ri nasalado.
— É sim. Fazemos isso mais pra ter um "motivo" pra beber do que qualquer outra coisa. — Ele responde, me ajudando a sentar em um puff e logo se colocando ao meu lado novamente.
— Eu tenho uma palavra pra isso, só não sei se consigo dizer ela agora. — exclamo e ele ri, de novo.
Eu sou engraçada? Será que sou? Não me acho engraçada, mas e se eu for? Será que eu tenho um sotaque engraçado e não sei?
Antes que eu pergunte para Daemon sobre meu sotaque engraçado, Nath volta e traz consigo uma garrafa de vodka quase cheia.
— Ok, eu começo! — ela se joga em um puff rosa, quase derrubando a bebida no chão — Somente eu acredito em unicórnios. — Nath grita.
— Rá, eu também!
Nath e Anna tomam um gole na boca da garrafa.
— Somente eu não acredito que Michael Jackson morreu. — Brian diz com um sorriso convencido nos lábios.
— É óbvio que ele morreu — reviro os olhos. — Não tem como alguém tão conhecido como ele forjar a própria morte, mesmo com todo o dinheiro.
— Ah é, sabichona? E o que somente você acredita? — ele levanta uma sobrancelha só, me desafiando.
— Somente eu acredito que o amor não existe. — respondo a primeira coisa que me vem à mente.
— Como assim? — Anna indaga, jogando seus cachos perfeitos por cima do ombro e apoiando os antebraços nos joelhos.
— Não acreditando, ué. — encolho os ombros, acostumada com sua reação.
É sempre a mesma: incredulidade.
— Mas ele existe. — Gu fala com convicção e olha pra Nath com os olhos brilhando.
Fofo, mas enjoativo e irreal.
— Sinto informar mas não, não existe.
— Por que você acredita nisso? — questiona Daemon, franzindo o cenho e nossa, são todos românticos por aqui?
— Eu não sei, só me parece ilusório demais acreditar nisso. É como acreditar no coelhinho da Páscoa, Papai Noel e na Fada do dente. — concluo enquanto todos me olham embasbacados.
— Você nunca se apaixonou? Nunca teve um amor assim? Um romance adolescente que te cortou ao meio quando não deu certo? — Nath interroga, parecendo meio verde e nego.
— Nope. Nadica de nada. Tive alguns namorados, mas sempre soube que não os amava. Era só diversão adolescente. — novamente dou de ombros — Conveniente… confortável e aceitável na melhor das hipóteses.
— Mas todo mundo acredita no amor, até mesmo eu! — olho para Brian surpresa e um pouco cansada desse assunto.
— Não é isso que você demonstra. — rebato com ironia.
— Ei! Não tem nada de errado em se divertir com as pessoas erradas enquanto você procura a certa. — pisca pra mim e sorrio, achando graça — Por falar nisso, eu posso ser sua pessoa errada, gata.
— Essa é uma visão de vida bem triste. — tensiono com a fala de Daemon.
O olho com raiva, já farta desse assunto e dessas reações exageradas. É sempre a mesma coisa, sempre uma abertura de debate chata e cansativa. Explodo. Não sei por que, mas eu simplesmente explodo com isso.
— O amor não existe — ranjo meus dentes — Simplesmente não existe! Aceite isso.
— Você não pode provar que não existe! — rabete igualmente frustrado.
— E você não pode provar que existe — respondo no mesmo tom.
Um sorriso de provocação e confiança surge em seus lábios lindos e beijáveis. Quero socá-lo e pior do que isso, quero ainda mais beijá-lo.
— Não, você não pode. — o encaro em desafio, percebendo pelos seus olhos que ele acredita no contrário.
— Quer apostar?
Dou uma risada sarcástica e irônica. Meu lado cético ganha vida mais rápido que um espirro.
— Quero.
E é nesse momento que Nath vomita por todo chão.
...
amo, amo, amo
as meninas bêbadas,
são tudo pra mim
é assim, que nasceu A APOSTA.
UHUUL
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