Parte VIII - Vida
Em outra realidade um drama familiar se desdobrava, ali o tempo passava de maneira mais rápida e o desaparecimento de Belinda já teria feito uma semana, sua mãe adotiva, seu pai e sua irmã procuravam incessantemente pela garota, as autoridades competentes tentavam achar qualquer rastro. Cartazes, post em redes sociais,buscas, todas as alternativas já haviam se esgotado.
- Eu só quero saber o que aconteceu com ela, quero encontrar a minha filha.- Tamara tinha os cabelos loiros e lisos, ela era uma mulher de trinta e cinco anos, trabalhava como dentista e costumava viver uma vida confortável ao lado de seu marido Carlo, sua filha biológica Rebeca e sua filha adotiva Belinda.
- Estamos fazendo buscas nos últimos lugares em que ela foi vista, ouveram denúncias mas nenhuma levou a lugar nenhum, nós não podemos descartar a possibilidade de que ela não queira ser encontrada.
- Você está tentando dizer que a minha filha fugiu? Ela nunca fugiria, Belinda, ela é uma filha exemplar, não me desobedecia, mesmo se eu a proibisse de fazer a coisa que ela mais queria nesse mundo, ela não é rebelde, nunca foi!
- Mesmo assim, todo dia recebemos relatos de jovens desaparecidas, na maioria das vezes elas só foram tirar férias dos pais.- o delegado abriu um sorriso debochado, como se aquilo fosse a verdade absoluta, Tamara quis virar aquela mesa em cima dele e até faria, mas sabia que provavelmente seria presa.
- Tem uma excursão, existe um lugar chamado Floresta Negra, fica fora da cidade, ela iria com a escola, mas eu não deixei, ela pode ter ido pra lá, sem a minha ordem.- Tamara disse, o bolo em sua garganta crescendo, ela sabia que Belinda nunca iria a lugar nenhum sem avisar e pedir permissão para a mãe mas só dessa vez ela rezou para Belinda ter a desobedecido e ido, ela só queria que a filha estivesse viva e a salvo.
- Porque você não nos disse antes? Você precisa nos contar tudo Tamara, para que possamos fazer nosso trabalho.
- É exatamente isso que eu quero, que façam o seu trabalho!- a mulher disse se levantando.- eu tenho que ir, vou mandar imprimir mais cartazes.
Tamara saiu pela porta e o delegado mandou chamar o detetive envolvido no caso, ele era novo mas já havia solucionado mistérios que nem mesmo quem estava a muito tempo no ramo conseguiu.
- Sim, mandou me chamar chefe?
- Preciso que mande investigar esse local, é uma floresta grande, então leve bastante gente.- ele disse entregando um papel com o nome do lugar.
- Pode deixar, eu vou encontrar a garota e ela ainda vai estar viva.- Ele disse com uma certeza que impressionou até o delegado.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Eu sinto isso.- ele falou já indo em direção a saída da sala.
- Eu espero que você esteja certo Eros.
Belinda olhou nos olhos daquela enorme mulher cobra, Vitória nunca pareceu tão humana como naquele momento.
- Eu não entendo.- Belinda falou depois de um certo tempo.- quer dizer, entendo que você tenha raiva do seu pai, é justo, mas essas pessoas...- ela disse olhando para as mulheres desmaiadas e para os Garudas ali presentes.- elas não te fizeram nada.
- Você não entende? Depois de tudo que você viu, você não entende? VOCÊ NÃO ENTENDE!- a mulher gritou e sua cobra sibilou, as outras medusas se agitaram.
- Deixe-me explicar!- Belinda se surpreendeu ao olhar para Eleor, ele havia ficado de pé e parecia triste com algo.- Eu imagino que...essa coisa tenha mostrado tudo o que aconteceu até o seu nascimento, o que ela não pode contar porque a sua memória se resume as memórias dela, do irmão e de sua mãe é que William matinha relações fora do casamento, com mais de um mulher, desses muito relacionamentos teve uma que acabou engravidando, ninguém sabia na época mas William carregava um gene mutante, algo jamais visto antes.
- Sua espécie nojenta, que carrega o sangue dele, nada de bom pode resultar disso, fomos salvos pela mãe Natureza, graças a ela não temos mais esse sangue impuro.- Vitória falou claramente com nojo de Eleor.
- Cala a boca sua lombriga, vocês vem destruindo tudo, matando nosso povo, e porque? Porque somos descendentes do mesmo pai de vocês?
- Vocês começaram essa guerra, quando mataram uma de nós, está no sangue de vocês não é mesmo seu urubu velho? Vocês são a porra de uma praga, uma aberração fruto de um DEMÔNIO!
Logo ambos os lado começaram a se agitar, Belinda temeu outra luta chegando, Eros se levantou ainda meio cambaleante e andou até Belinda, puxando a garota pela cintura ele a colocou atrás dele.
- Se algo acontecer comigo, eu quero que você corra, o mais rápido que puder.- ele disse olhando por cima do ombro.
- Eu não saio daqui sem você!- Belinda disse.
Vitória se preparou para atacar Eleor que agora segurava sua espada em posição de luta, foi então que do céu desceu água, não como chuva, mas como se todo o seu fosse uma grande pia com o fundo tampado e alguém abrisse aquele fundo pra que a água saísse. Assim que a água bateu no chão começou a se congelar formando uma mulher. Aquela altura Belinda estava começando a se acostumar com as aparições da Mãe Natureza, era quase um show pirotécnico para ela. Todos se ajoelharam, mas Belinda se manteve de pé até Eros puxar a menina pelo braço.
- AI!- ela disse.
- Tu é lesa é?- Eros disse e Belinda mostrou a língua pra ele.
- Levantem-se!- a mulher de longos cabelo disse.- porque brigam?
- Minha mãe, vim buscar nossa irmã! Esse impuro estava mantendo ela aqui, a força.
- Mas ora que mentira!- Eleor disse.
- Basta!- A mulher disse e os dois abaixaram suas cabeças.- Filha?
Belinda se manteve de joelhos, nem se quer ousou levantar a cabeça ou olhar na direção da mulher, ela não disse uma palavra, nenhum som foi proferido.
- Filha, porque se recusa a falar comigo?- Mãe Natureza falou se aproximando e tocando em seus cabelos, as criaturas ali presentes olhavam abismados para a menina que ousou ignorar a Mãe Natureza.
- Eu não sou a sua filha!- Belinda falou simplesmente. Ela olhou no fundo dos olhos da Mãe Natureza e por um segundo ela viu seus olhos mudarem do rosa para um vermelho cor de sangue.
- Ora, eu sou sua mãe, Tamara te adotou mas eu sou sua mãe.
- Como... como você sabe da minha mãe?- Belinda disse confusa sentindo um aperto no coração, nunca havia passado tanto tempo longe de casa.
- Eu sei de tudo sobre você, até mesmo coisas que você não sabe! Mas eu não vim aqui para falar sobre isso, eu vim para te levar rumo ao seu destino.
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