Parte VII - Emoções
"São as coisas que mais amamos que nos destroem."
Presidente Snow em Jogos Vorazes
William segurava um logo chicote e seus olhos tinham uma coloração de verde escuro. Belinda sentiu lágrimas descendo em seu rosto, vendo Ann ali ajoelhada totalmente nua, enquanto William batia nela cada vez mais forte, ela queria poder fazer algo mas sabia que não dava pra interferir, porque qualquer que fosse a história ela havia acontecido a muito tempo atrás, o estalo do chicote soou de novo e pedaços da pele de Ann voaram, ela gritou caindo no chão apagada. Tudo se escureceu e Belinda agradeceu por não ver mais aquilo, ela implorou para que não tivesse mais que ver nada mas tudo se iluminou e a garota pôde ver Ann deitada em sua cama.
- São lindos!- Ann falava vendo dois bebês, um deles usava roupinhas femininas e o outro masculinas, William entrou no quarto e Belinda sentiu vontade de socar a cara dele.
A expressão de Ann mudou ao ver seu marido, a empregada se afastou deixando os dois ali sozinhos com os bebês e Belinda notou o olhar de medo no rosto de Ann.
- Ao menos para me dar um filho homem você serviu.- Ele disse olhando o menino, em nenhum momento seus olhos se preocuparam em olhar para Ann ou para a bebê menina, ele pegou o garoto nos braços e Ann parecia querer chorar.
- O que...o que você vai fazer com meu filho?- Ela perguntou.
- Seu filho?- ele perguntou em tom debochado olhando para Ann, seu olhar era tão frio que Belinda não conseguia acreditar que aquele era o mesmo homem.- Este garoto é meu, a você não pertence nada, eu te dei vida, você não era nada, não passava de uma vadia pobre que não tinha onde cair morta, eu te dei tudo e você me deve, vou criar esse garoto da minha forma e você não terá direito sobre ele.
Belinda queria muito mesmo poder bater em William, a raiva cresceu em seu peito e a garota xingou todos os nomes que ela conhecia em sua mente. Tudo se escureceu e quando voltou Belinda pôde ver um garoto já crescido ao lado de William, ele se sentou em um trono. Belinda notou que William parecia velho e cansado.
Uma mulher entrou no salão, Belinda reconheceu ser Ann, ela também parecia mais velha, só que seu rosto ainda carregava uma vitalidade incrível, o brilho em seus olhos ainda estava ali, ela usava um vestido de mangas compridas que iam até os pulsos, Belinda teve o péssimo pressentimento que aquilo seria por causa de cicatrizes.
- Me chamou vossa alteza?- Ann fez uma reverência e Belinda notou que ela não olhava nos olhos de William.
- Sim, Vitória fará dezesseis anos logo, assim como Vitor, ela deverá se casar pois já passa da hora, mande preparar um baile para que ela escolha, assim como eu escolhi a anos atrás.- Ele disse e Ann balançou a cabeça em afirmação.
- Sim vossa alteza.- Ela disse saindo dali.
Belinda quis seguir Ann, queria saber como ela estava, mas seus pés não obedeceram, em vez disso ela ficou ali para olhando para o homem que ela mais detestava nesse exato momento. William se virou para o seu filho, os olhos de Vitor eram tão frios quanto o do pai.
- Vitor, já estou na idade de morrer, você sabe que posso não voltar de alguma batalha dada a minha velhice, quero te pedir algo.
- Sim, pai?- Vitor disse e Belinda sentiu seu sangue esfriar, sua voz era idêntica a de Eros.
- Sua mãe fará o baile e sua irmã irá escolher alguém para se casar, até lá eu tratarei de continuar vivo, mas preciso que você siga esta ordem...
Belinda notou que tom de voz de William estava mais baixo então se aproximou. Se era pra ficar ali então ela queria ouvir tudo.
- Se eu morrer sua mãe assumirá o trono e isso não pode acontecer, então logo após a sua irmã se casar você irá mata-la.
- Mas pai...- Vitor olhava surpreso para o pai, Belinda não esperava aquele tipo de reação, raiva ou revolta seria muito mais apropriado dada as circunstâncias.
- Eu te criei, você irá ser rei, e sua mãe tem ainda muita vitalidade dentro dela... infelizmente. Acredite, eu já tentei tirar toda a vida daquela... mulher, então cuidado, ela é mais forte do que você imagina.
- Porque?- Vitor perguntou.- Porque devo somente depois do casamento de Vitória?
Belinda quase caiu dura, Vitor não se importava com sua própria mãe, ele não tinha sentimentos para com a mulher que o botou no mundo, tudo que ele queria saber era somente o porque da situação, ele faria ali mesmo naquele instante se William permitisse.
- Porque se for antes, quem irá governar será Vitória, ela chegou primeiro ao mundo, infelizmente, mas se ela se casar antes, você será o próximo na linha de sucessão ao trono, se Vitória escolher não se casar, então não teremos escolha, mataremos ela também.
Belinda sentiu seu estômago embrulhar, os dois discutiam a morte de Ann e Vitória como se não fosse nada, bem ali sentados confortavelmente em seus tronos, Belinda estava com nojo dos dois. Tudo escureceu e Belinda sentiu medo do que vinha, queria poder salvar Ann e Vitória, mas era impossível, como de costume Belinda se viu em outro lugar, dessa vez uma floresta, ela reconheceu ser a mesma floresta de carvalhos onde ela estava a horas antes com Eros.
- Venha Vitória, não pare de correr!- Ann falava enquanto as duas tropeçavam nos próprios pés.
Vitória caiu no chão e logo após foi atingida por uma flecha em sua perna, a menina gritou e Belinda queria conseguir fechar os olhos para não ver aquilo.
Logo Vitor alcançou as duas, seus olhos estavam escuros e sombrios, ele sorriu antes de mirar a segunda flecha e atingir no meio da testa de Ann que caiu morta.
- NÃAAAO!- Vitória gritou chorando, logo depois Vitor sacou outra flecha mas ao atira-la em direção a Vitória a flecha pegou fogo e virou cinzas antes de atingir a garota.
Vitor olhou aquilo sem entender, de repente um vento soprou levantando as folhas e do meio do tronco de um carvalho surgiu uma mulher, Belinda reconheceu na hora, era a mesma mulher que havia aparecido dizendo ser sua mãe.
- Quem....quem é você?- Vitor falou confuso segurando seu arco e flecha apontando para Mãe Natureza.
Vitória ainda chorava segurando o corpo de Ann os olhos da mulher estavam fechados e se não fosse pela flecha fincada em sua testa, Belinda poderia jurar que ela estava apenas dormindo.
- Não chore minha criança, acredite, sua mãe finalmente encontrou a paz, as coisas tinham que ser assim.- a mulher disse alisando os cabelos de vitória que eram cacheados e ruivos como o da mãe.
- DEMÔNIO!- Vitor falou lançando uma flecha na direção da mulher que apenas a agarrou com uma das mãos, o garoto arregalou os olhos.- Fique...fique longe de mim.
Mas era tarde demais, mulher se aproximou em um piscar de olhos, seus cabelos enrolaram o pescoço de Vitor que começou a sufocar.
- Pi...piedade.- ele disse com seu rosto ficando roxo.
- Não... Não mate ele!- Vitória disse e Mãe Natureza soltou o garoto que caiu no chão tossindo.
- Você, você salvaria este homem, mesmo tendo ele matado a sua mãe e atentado contra a sua vida?
- Ele é meu irmão, meu pai o criou, a culpa é de meu pai e não de meu irmão, ele nunca conheceu o amor.
Mãe natureza pareceu se convalescer daquela cena, a irmã protegendo seu irmão gêmeo, aquele que matou a própria mãe a mando do pai que o criou de uma maneira insensível e completamente desumana, ela abriu sua boca e dela sairam borboletas, elas eram completamente pretas, as borboletas entraram pelos buracos dos narizes de Vitória e Vitor e os dois andaram em direção um do outro.
No mesmo instante em que se tocaram, seus ossos começaram a quebrar, Belinda queria tampar os ouvidos, o som era agoniante. Os corpos dos dois começaram a se fundir e pareciam virar um só, a parte de cima do corpo daquela criatura era igual a de Vitória, só que seus cabelos tinham uma cor preta agora e seus olhos se tornaram roxos, Vitor havia virado uma espécie de cobra, os dois continuaram a se fundir até Belinda ver que aquilo havia se tornado uma medusa.
- No que...no que você nos transformou?- Vitória disse e Belinda gelou, ela era igual a mulher que havia tocado sua testa e colocado ela nesse transe. Era uma versão mais nova e menor, mas mesmo assim era igual.
- Você se tornará a criatura que vingará a morte de sua mãe, seu irmão a partir de agora só fará suas vontades e como castigo estar condenado a rastejar pelo chão como um verme, vá, faça e complete seu destino.
Uma sensação de formigamento percorreu o corpo de Belinda, logo ela se viu apagando, assim que abriu olhos estava de volta. Eros olhava abismado para Belinda e ela olhava para uma Vitória mais velha, bem ali em sua frente.
- Agora você sabe de toda a verdade.- Vitória disse e Belinda observou uma lágrima cair de seus olhos.
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