012

Tomamos o chá e Eldra nos levou até um quarto no andar de cima da simples casa. Nele há duas camas de solteiro com lençóis desgastados e uma cômoda, onde coloquei minha bolsa em cima e Hael fez o mesmo.

— O banheiro é aqui do lado, fiquem a vontade. — Eldra diz antes de sair do quarto e me deixar sozinha com Hael.

— Eu sei que já disse isso, mas irei repetir. Um de nós vai acabar morrendo no final. — falei, colocando as mãos na cintura e encarando Hael, que deitou em sua cama.

— Para de pensar negativo. — respondeu, se virando de costas para mim.

— Não tem como pensar positivo em uma situação como essa.

— Se está com tanto medo, por que veio?

— Quero provar minha inocência.

— E eu quero vingar a morte de meu irmão e minha mãe. — ele se virou e levantou da cama, passando a mão pelo cabelo bagunçado — Eu não vou dormir, o quarto é todo seu.

Hael saiu do quarto e fechou a porta, me fazendo suspirar e sentar na beirada da cama, que fez um barulho estridente quando entrei em contato.

Percebi que Hael muda completamente quando o assunto é sua família, e não julgo ele, se eu perdesse o Patrick e minha mãe por conta de uma ação terrível de meu pai, também não ia gostar de tocar nessa conversa.

É algo delicado para ele, então tenho que tomar cuidado com as palavras quando tivermos uma conversa.

Duas batidas na porta ecoaram o lugar, me fazendo levantar e abrir a porta calmamente, revelando a imagem de Leopold com uma coberta e um casaco em mãos.

— Trouxe para você, caso precise. — ele me entregou as coisas e eu sorri.

— Obrigada, Leopold. — agradeci, colocando as coisas sobre a cama — Sou muito grata pelo o que estão fazendo por nós.

— Vocês são pessoas boas, é o mínimo que poderíamos fazer. — ele sorriu — Falta algumas horas para amanhecer, aproveita esse tempo para dormir.

— Eu vou fazer isso. — respondi o encarando, ainda sorrindo.

— O Duke vai te acordar, então se preocupe em perder a hora.

— E quem seria Duke? — perguntei, curiosa.

— Amanhã você vai descobrir. — respondeu — Boa noite, Bexley.

— Boa noite. — respondi, ainda com um semblante de dúvida.

Leopold se retirou e eu fechei a porta, deitando na cama um pouco desconfortável, mas é o que tenho nesse momento.

Meus pais não sabem de nada do que está acontecendo, o que me deixa com um certo peso na consciência. Se meu pai descobrir sobre isso, ele vai jogar em minha cara todas as vezes que ele disse para eu não ir para a Academia, já a minha mãe, iria me ajudar nesse momento difícil e estaria do meu lado a cada segundo.

Eu sempre fui mais chegada em minha mãe, o que fez que nossa relação se tornasse intensa. Nas noites em que eu não conseguia dormir, ela deitava comigo na pequena cama de solteiro e cantava uma música baixa e calma para eu conseguir relaxar e dormir.

Patrick já é mais íntimo do meu pai, o que resultava em uma grande disputa nas quartas a noite. Meninos contra meninas no jogo de tabuleiro. Nós, eu e minha mãe, sempre ganhamos.

Perdida em meus pensamentos, nem percebi na hora que meus olhos se fecharam e eu adormeci.

                                        ☾

Um ruivo alto me assustou, me fazendo pular na cama e soltar um grito alto ao ver um lobo de coloração branca sentado no chão ao lado de minha cama.

A porta foi aberta rapidamente e Leopold apareceu, rindo da situação a sua frente. Ele caminhou até o lobo e passou a mão sobre o seu pelo, como se fosse um gatinho manso.

— Esse é o Duke, o nosso lobinho. — Leopold disse, me encarando — Ele é um amor, passe a mão nele.

— Não, obrigada, eu amo a minha mão. — respondi, com a respiração um pouco pesada.

— Confia em mim, Duke nunca iria machucar você, ele conhece as pessoas que possuem um bom coração. — ele pegou delicadamente a minha mão e levou até o topo da cabeça do lobo, que fechou os olhos ao sentir o meu toque.

— É tão macio. — falei acariciando Duke — Meu sonho sempre foi ter um gato ou cachorro, mas meu pai é alérgico e nunca deixou.

Leopold não respondeu, o que me fez virar o rosto em sua direção e encontrar ele encarando o meu pulso, que ainda possui a pulseira da Academia.

— O que foi? — perguntei, trazendo sua atenção para mim.

— Por que tem essa pulseira?

— Ela não me deixa usar os meus poderes, o que agradeço, já que não sei controlar. — falei, me levantando da cama e espreguiçando.

Hael entrou no quarto e não olhou em nossos rostos, somente passou direto até a sua cama e retirou a blusa, revelando seu abdômen definido com a tatuagem na costela.

— Não sabe controlar? — Leopold perguntou, me chamando a atenção novamente.

— Ainda não. — caminhei até a cômoda e peguei uma blusa preta justa com mangas compridas e uma calça preta, de cintura alta e têm um corte largo nas pernas.

Como a bolsa é pequena, consegui colocar poucas peças de roupas, somente o necessário.

Hael agora está vestido com uma blusa de manga longa azul e arruma os cabelos pretos escuros que estavam um pouco espetados.

— Quer ajuda para controlar eles? — Leopold me parou, antes de eu entrar para o banheiro.

— Ela consegue controlar sozinha. — Hael fala, sem olhar para nós.

— Na verdade, eu quero ajuda para controlar eles. — respondi firme, incrédula pela atitude inesperada de Hael em responder uma pergunta que foi direcionada a mim.

— Ótimo, troque de roupa e me encontre na sala. — disse, se retirando do quarto.

— Por que respondeu por mim? — me virei para Hael, que dobrava a roupa que usava antes.

— Não confio nele.

— Achei que eles eram de confiança.

— Raidne é confiável, ele não.

— Leopold me parece ser um rapaz muito bom. — finalizei a conversa, entrando para o banheiro e fechando a porta.

Troquei de roupa e finalizei colocando a minha gargantilha preta em meu pescoço.

Sai do banheiro e Hael já não está mais aqui, o que eu agradeço pois ele não parece bem hoje. A mochila dele está jogada em cima da cama e a ponta de um papel meio amarelado aparece, me chamando atenção.

Caminhei até ele e puxei, revelando um papel inteiro dobrado duas vezes. O abri e encontrei algo que parece ser uma carta, então meus olhos percorreram por todo o papel um pouco desgastado.

𝐐𝐮𝐞𝐫𝐢𝐝𝐨 𝐇𝐚𝐞𝐥,

𝐄𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐥𝐡𝐞 𝐝𝐢𝐳𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐩𝐫𝐞𝐜𝐢𝐬𝐚 𝐬𝐞𝐫 𝐟𝐨𝐫𝐭𝐞, 𝐞 𝐚𝐜𝐡𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐧ã𝐨 é 𝐮𝐦 𝐩𝐫𝐨𝐛𝐥𝐞𝐦𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐯𝐨𝐜ê. 𝐓𝐞 𝐝𝐢𝐬𝐬𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐫𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐥𝐞𝐫 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐜𝐚𝐫𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐭𝐢𝐯𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐞𝐦 𝐮𝐦𝐚 𝐬𝐢𝐭𝐮𝐚çã𝐨 𝐧𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐥 𝐧ã𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐞𝐠𝐮𝐞 𝐬𝐚𝐢𝐫. 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐧ó𝐬 𝐭𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐥𝐢𝐜𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐞 é 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥, 𝐮𝐦𝐚 𝐡𝐨𝐫𝐚 𝐯𝐚𝐢 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐚𝐫 𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐯𝐚𝐢 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐭𝐫á𝐬 𝐞 𝐝𝐢𝐳𝐞𝐫 "𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐞𝐠𝐮𝐢".
𝐓𝐞𝐧𝐡𝐨 𝐦𝐞𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐧ã𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐞𝐠𝐮𝐢𝐫 𝐭𝐞 𝐯𝐞𝐫 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐫, 𝐩𝐨𝐫 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐜𝐚𝐫𝐭𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐨 𝐬𝐞𝐦 𝐦𝐞 𝐯𝐞𝐫, 𝐞𝐬𝐭𝐨𝐮 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐯𝐨𝐜ê 𝐦𝐞𝐮 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐨. 𝐄𝐮 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐢𝐚 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫 𝐚𝐨 𝐬𝐞𝐮 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐯𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐯𝐨𝐜ê 𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳 𝐚𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐚𝐦𝐚, 𝐦𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐬 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬 𝐬ã𝐨 𝐦í𝐧𝐢𝐦𝐚𝐬, 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐨 𝐭𝐞 𝐝𝐢𝐳𝐞𝐫 𝐩𝐨𝐫 𝐦𝐞𝐢𝐨 𝐝𝐞𝐬𝐬𝐚𝐬 𝐩𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐨𝐫ç𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐦𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞 𝐟𝐚ç𝐚 𝐩𝐞𝐫𝐜𝐞𝐛𝐞𝐫 𝐚 𝐜𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐢𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐭𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐝𝐨 𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚çã𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐭𝐞𝐧𝐜𝐞 𝐚 𝐞𝐥𝐚. 𝐀 𝐚𝐦𝐞 𝐧𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐧𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐭𝐞 𝐚𝐦𝐨.𝐒𝐞 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐝ú𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐮𝐬 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬, 𝐟𝐚ç𝐚 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐨 𝐜𝐨𝐫𝐚çã𝐨 𝐦𝐚𝐧𝐝𝐚𝐫 𝐞 𝐬𝐢𝐠𝐚 𝐞𝐦 𝐟𝐫𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐝𝐢𝐠𝐚 𝐚 𝐞𝐥𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐚 𝐚𝐦𝐚 𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐫 𝐯𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐭𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐨𝐬 𝐬𝐞𝐮𝐬 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐚𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐥𝐚, 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐚𝐫𝐭𝐢𝐥𝐡𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐢𝐝𝐞𝐢𝐚𝐬 𝐞 𝐫𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐬𝐢𝐦𝐩𝐥𝐞𝐬 𝐝𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚.
𝐄𝐮 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐨 𝐭𝐞𝐫 𝐧𝐞𝐭𝐨𝐬 𝐯𝐢𝐮? 𝐓𝐫𝐚𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐚𝐫𝐫𝐮𝐦𝐚𝐫 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐚 𝐞𝐥𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐮𝐦𝐚 𝐩𝐞𝐬𝐬𝐨𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐥𝐞𝐬 𝐧ã𝐨 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦 𝐯𝐞𝐫, 𝐦𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐨𝐬 𝐚𝐦𝐚𝐦 𝐢𝐧𝐜𝐨𝐧𝐝𝐢𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞.𝐎𝐛𝐫𝐢𝐠𝐚𝐝𝐚 𝐩𝐨𝐫 𝐭𝐮𝐝𝐨, 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐨! 𝐀 𝐦𝐚𝐦ã𝐞 𝐭𝐞 𝐚𝐦𝐚 𝐝𝐞𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐞 𝐭𝐨𝐫ç𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐟𝐞𝐥𝐢𝐜𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐧𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐭ã𝐨 𝐜𝐫𝐮𝐞𝐥.

𝐀𝐭é 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚.

𝐓𝐞 𝐚𝐦𝐨

𝐌𝐚𝐦ã𝐞

Não consegui segurar a lágrima que escorreu pelo meu rosto assim que terminei de ler todas as palavras lindas escritas nesse papel um pouco amassado. Hael tinha uma mãe incrível e, por atitudes causadas pelo sangue de Emeric, ele a perdeu.

Vou ajudá-lo a lutar pelo o que ele perdeu e superar toda essa dor que ele guarda no peito.

                                      ☾

Já na sala, me sentei no sofá esperando Leopold aparecer para começarmos a treinar os meus poderes.

Eldra me ofereceu um café da manhã mas eu neguei, não estou com tanta fome.

Barulhos de passos veio da escada e eu olhei em sua direção, vendo Leopoldo usar um conjunto preto de frio.

— Me desculpe pela demora, fui trocar de roupa e Raidne me pediu ajuda para mudar a cama de lugar. — disse rindo.

— Não tem problema. — respondi, com um sorriso no rosto — Por onde começamos? — levantei animada do sofá, batendo uma mão na outra.

— Primeiro, precisamos retirar a sua pulseira. — ele apontou para o meu pulso e eu assenti.

— Como vamos fazer isso? Ele tem uma agulha que está dentro da minha pele, então não pode ser com agressividade. — coloquei as mãos na cintura e ele sorriu, balançando a cabeça de forma negativa.

— Eu chamei o namorado da minha irmã para nos ajudar nisso, ele já trabalhou na Academia e sabe como tirar.

— Que bom. — respondi, olhando para a porta que se abriu lentamente.

Um homem de aparência jovial apareceu, com cabelos castanhos cacheados um pouco úmidos e usando um casaco de moletom cinza e uma calça.

Se eu visse ele pelas ruas da cidade, pensaria que você um homem comum que está indo para o trabalho.

— Mas eu sou um homem comum. — ele disse, limpando os pés no tapete da porta principal.

Ele leu a minha mente?

— Sim, eu li a sua mente, esse é o meu poder. — ele balançou as mãos por conta do frio — Fico feliz em te conhecer, Bexley, Leopold falou super bem de você.

— Falou? — perguntei, encarando o rapaz que somente piscou um olho em minha direção.

— Vou retirar a sua pulseira para vocês conseguirem treinar. — ele disse vindo em minha direção e eu estiquei o braço, já preparada para dor da retirando da agulha.

Ele passou a mão por ela e puxou, me fazendo forçar os olhos e engolir o pequeno grito que queria sair de minha garganta. Ele a coloca em cima do sofá e sorri, indo em direção a escada.

— Muito obrigada. — falei, mexendo o pulso.

— Por nada, Bexley. — ele sorriu — Que falta de educação minha, nem me apresentei. Me chamo Nicolas.

— Foi um prazer te conhecer, Nicolas. — coloquei as mãos na cintura.

— Minha irmã está na quarto, não está muito bem hoje. — Leopold diz para Nicolas, que faz uma cara feia, mas logo sobe para o andar de cima.

— Vamos treinar agora? — falei animada e ele assentiu, saindo pela porta da frente.

O acompanhei e fomos até o meio da floresta, onde está quieto e fresco. Ele deu alguns passos para trás e esticou as mãos em minha direção como um aviso para que eu começasse o meu "show".

— Respire fundo e feche os olhos, esqueça a minha presença e somente escute a minha voz. — ele começou e fiz o que pediu — Lembre-se de uma situação que você estava feliz com alguém que ama, se divertindo, rindo e aproveitando o máximo.

A primeira coisa que veio em minha cabeça foi o dia em que fomos viajar para outra cidade no aniversário de meu pai e fomos o caminho todo rindo e cantando músicas. Meu irmão é totalmente desafinado, o que me fazia rir até as costelas doerem.

O chão começou a tremer e escutei um barulho alto de algo caindo no chão. Abri os meus olhos e vi que a árvore que estava em pé ao meu lado, agora está no chão.

Leopold me encara com uma expressão feliz e bate palma animado. Ele caminha em minha direção e coloca a mão em meu ombro.

— Foi incrível. — disse.

— Leopold, qual é o seu poder? — perguntei, reparando que ele nunca havia me falado qual era.

— É um poder bobo.

— Nenhum poder é bobo.

— Consigo me comunicar com os animais . — ele disse um pouco envergonhado.

— Leopold isso incrível! — falei animada — É um poder maravilhoso e nem um pouco bobo.

Então foi por isso que o lobo que apareceu no quarto, não me mordeu quando passei a mão em seu pelo.

Eu amaria ter esse poder, pelo menos ele é inofensivo.


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