009
Ragna já está em sua cama dormindo, usando um pijama de frio rosa com algumas listrinhas brancas e um tapa olho branco com alguns gatinhos desenhados.
Robin está deitado na minha cama em cima da coberta e eu estou em pé, colocando uma jaqueta de couro por cima de uma blusa fina preta. Calcei meu coturno e deixei meus cabelos soltos jogados para trás.
Peguei meu celular e coloquei no bolso traseiro da minha calça e abri a porta delicadamente, verificando se Ragna continua dormindo.
Caminhei calmamente pelos corredores e subi as escadas, indo em direção à biblioteca, que, por sorte, está aberta. Entrei e ela logo se fechou atrás de mim.
As luzes se acenderam e eu olhei para os lados, mas não há nenhuma outra pessoa comigo. Fui até as prateleiras e passei os dedos pelos livros.
— Achei. — falei pegando um livro de capa preta com alguns detalhes marrons.
"O sangue de Emeric" são as palavras que brilham em meu campo de visão. Abri e passei os olhos pelas páginas amareladas e um pouco desgastadas.
Emeric foi um cara perigoso, que somente com um olhar podia matar uma população inteira. Quando morreu, seu sangue foi guardado e deixado em vários lugares diferentes, incluindo aqui na academia.
Quem conseguir achar todos os sangues e os beber, terá o poder nas mãos e a fúria no olhar.
— "Se algum dia todo o sangue se juntar novamente e ser totalmente destruído, não haverá mais perigos para a população." — li em voz alta e assustei-me ao ouvir um barulho de um livro caindo atrás de mim.
Olhei rapidamente e vi Hael, encostado em uma prateleira e me encarando com seus olhos azuis brilhantes. Ele usa uma blusa de moletom preta com o símbolo da academia e uma calça jeans.
— Hael, você não deveria estar estudando em algum canto escuro? Ou talvez provocando alguém com o seu sorriso debochado? — falei, com um olhar penetrante.
— Ah, Bexley, sempre tão direta. Mas sabe que eu não sou o único a desafiar as regras por aqui. Afinal, somos os melhores, não é mesmo? — disse, com um ar de superioridade.
— Os melhores? Talvez. Mas isso não nos dá o direito de roubar sangue de um falecido. — cruzei os braços.
— Você acha que sou o culpado pelo desaparecimento? Mesmo eu estando com você na hora do apagão?
— Ninguém comprava que foi roubado na hora que tudo escureceu.
— O que você fará ao respeito, detetive Bexley? — ele se aproximou de mim.
— Vou descobrir a verdade, é claro. Mesmo que isso signifique enfrentar sombras ou criaturas ancestrais. E você, Hael? O que esconde por debaixo desse sorriso? — dei um sorriso irônico e ele soltou uma risadinha.
— Talvez eu só esteja tentando proteger algo que é maior do que nós dois. Algo que pode destruir esse mundo. — ele olhou nos meus olhos.
— Afinal, por que está aqui? — suspirei.
— Passei praticamente a tarde toda aqui em busca de informações sobre o sangue de Emeric. — ele pegou o livro em minhas mãos. — A última pessoa que tomou esse sangue me fez sofrer, então quero achar todos e destruí-los.
— E eu quero provar minha inocência, olha só, nós dois queremos algo que não podemos ter. — me virei para a prateleira e ele pegou em meu braço, me puxando e me prendendo contra seu peito.
Dei alguns passos para trás e bufei, arrumando minha jaqueta que está bagunçada.
— Vamos juntos atrás desse sangue. — ele disse e eu sorri, negando com a cabeça.
— Isso não vai dar certo, um de nós vai acabar morrendo.
— Bexley, às vezes é preciso sacrificar uma peça para salvar o tabuleiro inteiro. E, no final, somos somente peças nesse jogo. — ele começou a andar — Se mudar de ideia, sabe onde fica meu dormitório.
Isso é doideira, mas se quero provar que sou inocente nessa história, vou ter que ir atrás disso.
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