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A minha primeira aula é controle da mente e dos sentidos. Ragna me disse que a professora é ótima, mas às vezes ela fala coisas que não fazem muito sentido.

Meus dedos batem na mesa pequena de madeira e eu só paro quando escuto a porta se abrindo e o barulho de um salto alto. 

No centro da sala, agora está uma mulher de cabelos castanhos, mas com mechas loiras espalhadas. Um de seus olhos tem a coloração verde, o outro possui a cor azul. Sua pele é bem clara, deixando suas veias bem à vista. 

Ela usa uma saia longa com babados marrons e uma blusa branca sem manga. Um lindo salto amarronzado de ponta fina cobre seus pés e seus braços são repletos de pulseiras. 

— Meu nome é Sadira, irei ajudá-los nessa etapa. — ela disse, colocando as mãos na cintura — Imagino que todos vocês estão aqui com o mesmo objetivo, e eu irei ajudá-los. — começou a caminhar entre as mesas e cadeiras — Já irei avisar que não será nada fácil. Controlar os poderes demanda tempo e esforço, e peço que vocês tenham paciência para que isso aconteça. Sei que não é nada fácil, já tive a idade de vocês, mas pelo menos tentam controlar esse dom incrível que vocês possuem.

Ela deu um sorriso e se virou, caminhando até sua mesa repleta de livros. Pegou um com uma capa amarela e retirou um óculos de coloração vermelha de uma bolsa rasgada que está sobre uma cadeira. 

— Deixa eu ver... — ela passeava com os olhos pela sala — Você de mechas azuis, estica o braço.

Fiz o que ela mandou e logo a pulseira do meu punho foi retirada, me fazendo dar um grunhido de dor por conta da agulha. O local está vermelho e a marca do furo na minha pele está bem notável.

— Quero que me mostre o que sabe fazer. — disse colocando a pulseira na mesa e cruzando os braços — Não tenha medo de quebrar as coisas ou até mesmo machucar alguém, somente faça o que tem que ser feito. 

Ela fez sinal para eu levantar e eu obedeci, ficando em pé ao lado da mesa. Ia ser perigoso, não sei como parar, muito menos controlar. Posso machucar qualquer um aqui, ou pior, matar.

Engoli em seco, pensando em um jeito de sair daqui. Sadira parece não querer voltar atrás com sua decisão e as outras pessoas na sala, parecem estar curiosos.

— Eu sabia que não conseguiria, seu irmão também não conseguiu. — Sadira diz, bufando — Patrick é um completo imprestável, não sabe fazer nada certo. 

Olhei para ela com o cenho franzido, torcendo para que isso fosse mentira, mas suas expressões estão normais.

Minha respiração agora está acelerada e meu coração palpita rapidamente. Patrick não é um imprestável, ele é incrível. Sadira não pode ficar falando isso dele.

— Odessa também estudou aqui, sabia? — ela perguntou — Sua mãe também era péssima, nenhum professor tinha paciência com ela. 

 Sadira não tem liberdade nenhuma para falar para mim coisas ruins sobre a minha família. Minha mãe é uma pessoa maravilhosa que sabe muito bem lidar com os poderes, igual o Patrick.

Encarei um ponto fixo em minha frente e sem eu perceber, Sadira colocou a pulseira de volta em meu punho. 

Olhei para o lado e vi que algumas mesas estavam jogadas no chão e uns alunos me encaravam de forma assustada.

— Então o seu ponto fraco é a família? — Sadira diz entre um sorriso — Me desculpa, eu precisava fazer você ficar com raiva e soltar os seus poderes. — ela deu algumas batidinhas em meu ombro — O seu irmão e sua mãe são incríveis. — sussurrou em meu ouvido.

O resto da aula eu não prestei atenção, pois somente foi uma apresentação dos poderes. Todos que estão na mesma sala que eu, possuem dons incríveis.

                                      ☾

O dia se tornou noite em um piscar de olhos. 

Todas as noites antes de dormir, eu gosto de ler algumas páginas de algum livro. O de hoje é "A última casa da rua Needless", uma recomendação do meu irmão. 

A porta se abriu e Ragna entrou com um sorriso no rosto, mas logo sua expressão mudou ao me ver deitada de pijama embaixo de um cobertor peludo.

— Levanta, temos coisas melhores para fazer hoje a noite. — disse se sentando na beirada da cama.

— Tipo o quê? — perguntei, fechando o livro e a encarando.

— Hoje é a noite do jogo. Alguns alunos se reúnem na sala onde era o depósito há alguns anos e jogam um jogo chamado "quinze minutos de conhecimento". — ela diz, com um sorriso no rosto. 

— E como é esse jogo? — perguntei curiosa.

— São sorteados dois nomes, e essas pessoas entram para uma salinha e ficam quinze minutos fazendo perguntas um para o outro. Quando o tempo acabar, eles saem e uma das duas é escolhida para falar um conhecimento da outra pessoa, mas se ela não permitir, tem que pagar um desafio que será escolhido pelas cartas. — diz — Os desafios são bobos, como "beijar a pessoa que está na sua frente", "sentar com a pessoa durante um mês no refeitório", e outras coisas do tipo.

— Mas esses desafios são bons, não deveriam ser ao contrário? — perguntei entre uma risada. 

— Eram para ser, mas seu irmão mudou tudo. — respondeu e eu assenti, claro que tinha o dedo do Patrick nisso — Agora, vai trocar de roupa. 

Me levantei e peguei uma calça legging preta colada e um suéter de tricô roxo. Adicionei um tênis branco, um colar e um brinco com o símbolo de uma lua crescente. Meu cabelo deixei solto e finalizei passando um brilho labial. 

Ragna está vestida com uma blusa rosa-claro, uma calça jeans e uma jaqueta jeans do mesmo tom da calça. Seus cabelos estão soltos, com somente duas mechas presas. 

Saímos do quarto e caminhamos silenciosamente pelos corredores vazios e escuros. A sala fica perto do nosso dormitório, então não demorou muito para chegarmos. 

Ragna deu dois toques na porta e logo ela foi aberta por uma garota morena de cabelos pretos cacheados. Ela sorriu para nós e nos deu espaço para entrarmos na sala. 

Patrick está sentado em um puff preto no canto da sala e Hael junto de Julien, estão à sua frente com uma garrafa de cerveja em mãos.

Cain apareceu ao nosso lado e nos recepcionou com um sorriso largo. 

— Seja bem-vinda à sua primeira noite de jogo, Bexley. Espero que tenha uma experiência ótima. — Cain disse antes de sair de perto de nós duas e ir até os meninos.

Parece que Cain os avisou de que eu estava aqui, pois assim que se sentou, todos olharam para a nossa direção.

— Todos estão aqui? — um rapaz perguntou e assentiram — Então, que comece o jogo. 





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