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𝗔 𝗿𝗲𝗳𝗲𝗿𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗻𝗼 𝗶𝗻𝗶́𝗰𝗶𝗼 𝗱𝗼 𝗰𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗮́ 𝗻𝗼 𝗰𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟮 𝗱𝗲 𝗧𝗿𝗲𝗮𝘁 𝗬𝗼𝘂 𝗕𝗲𝘁𝘁𝗲𝗿 || 𝗦𝗼𝗽𝗵𝗶𝗮 𝗙𝗼𝗻𝘀𝗲𝗰𝗮 •
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João Branco
Talvez eu devesse começar a colocar o meu último plano em prática. Já estava na hora. A verdade é que essa ideia vinha me consumindo há semanas, meses talvez. Ella havia arruinado a minha vida, desmontado tudo o que eu acreditava ser sólido, me deixado em pedaços. Agora, seria eu que arrancaria cada pilar da vida dela, um por um.
A ansiedade se misturava com a euforia, um sabor agridoce que tomava conta de mim. Cada segundo era uma oportunidade para refinar os detalhes, para transformar o plano em algo impecável. Não haveria falhas, não haveria piedade. Era hora de Ella pagar.
Passei meus dias absorvido em pensamentos. O café onde ela costumava ir...sua antiga casa que eu conhecia tão bem...as lojas de materiais de construção onde eu procurava ferramentas, algumas mais úteis que outras. Tudo tinha que ser meticuloso, como uma obra de arte cruel, mas perfeita.
Havia algo de irônico nisso, pensar no "final".
Sempre há um final, não é?
Mas não seria o meu. Nunca seria o meu. Não fui eu quem escolheu este caminho, mas já que me empurraram para ele, eu seguiria até o fim. Ella aprenderia que a destruição é um jogo de dois.
-Por que não me contaste que a polícia estaria naquela casa do lago quando sequestramos a Lexus? - exclamou Isaac, tenso. -Pensei que podíamos confiar um no outro! Pensei que me contavas tudo!
-Quem manda aqui sou eu... - rebati entre dentes, tentando conter minha irritação. -Estou apenas esperando o momento certo para a minha vingança. Ficarás a saber dos detalhes quando menos esperares.
-Espero que não estejas a enganar-me, porque, desta vez, serei eu a matar alguém.
-Não me desafies! - apertei o braço dele com força, a raiva pulsando nas veias.
Detestava ser desafiado, e ultimamente Isaac parecia testar os limites da minha paciência a cada oportunidade. Já começava a achar que nem deveria tê-lo ajudado a sair da prisão. Talvez, sequer, tivesse sido uma boa ideia envolvê-lo no sequestro da Lexus no mês passado. Ele não concluía um trabalho sequer.
-Só estou a dizer que, se queres que trabalhemos juntos no teu plano final, tens que confiar em mim - ele retrucou, libertando-se do meu aperto com um movimento brusco.
-Não venhas agora querer dizer o que devo ou não fazer, Isaac!
-Para a próxima serei eu a matar-te!!!
-ISAAC! - berrei, o controle escapando de mim. -Não testes a minha paciência antes que eu cometa uma loucura contigo aqui e agora!
Isaac ficou imóvel por um instante, os olhos fixos nos meus. Era como se medisse até onde podia esticar a corda antes de ela arrebentar de vez. Ele sempre gostou de me provocar, mas agora eu sentia que a tensão entre nós estava prestes a explodir em algo irreversível.
-Uma loucura, é? - ele disse, com um sorriso enviesado que mais parecia um desafio. -Queres que eu acredite que vais resolver as coisas comigo agora, aqui? Faz isso e vê onde o teu grande plano vai parar sem mim.
Respirei fundo, os dedos tremendo de tanta raiva, mas mantive a postura. Não podia perder o controle, não agora. Isaac sabia como me levar ao limite, mas eu não ia dar esse gosto a ele.
-Escuta bem, Isaac... - sibilei, apontando um dedo na direção dele. -Não precisas acreditar em mim, não precisas confiar em mim, mas precisas lembrar de uma coisa: eu sou a única razão pela qual tu ainda estás vivo.
Ele deu um passo na minha direção, ignorando completamente a ameaça. Ficamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração, pesada e calculada.
-E eu sou a única razão pela qual o teu plano não implodiu na tua cara...ainda - ele, baixinho, quase num tom conspiratório. -Então, talvez seja hora de começarmos a jogar na mesma equipa, não achas?
-Na mesma equipa? - perguntei, soltando uma risada sarcástica. -Não te enganes, Isaac. Estamos juntos porque eu decidi assim. E eu posso muito bem decidir o contrário.
Ele estreitou os olhos, mas recuou um passo, como se estivesse cedendo...ou apenas recarregando para o próximo embate.
-Muito bem. - disse ele, ajeitando a camisa amassada. -Mas lembra-te disso: não sou o teu cão de estimação.
Dei uma risada seca e virei de costas,
ignorando o impulso de gritar novamente.
-Agora, cala a boca e faz o que eu mandei. Precisamos nos concentrar no próximo passo.
Isaac não respondeu, mas senti seu olhar cravado em mim enquanto saía da sala. Eu sabia que ele estava com a cabeça cheia de planos próprios, mas, se ele tentasse alguma coisa, seria a última vez.
Ella ainda estava viva. E, com ou sem Isaac, eu ia usá-la para acabar com todos que me prejudicaram. A vingança estava tão perto que eu podia quase tocá-la.
Mas algo em Isaac me deixava inquieta. Ele era imprevisível. E eu sabia que o verdadeiro perigo não estava lá fora...estava bem ao meu lado.
Sai do café e caminhei pela rua acima, como se os passos pesassem mais a cada metro. Foi então que o vi. Kai. Não o via há anos, e, embora soubesse que era o único culpado por isso, a visão dele trouxe à tona uma mistura perigosa de emoções. Ele era meu filho. Meu primogênito. Mas também a personificação de tudo que eu havia perdido.
Kai caminhava sem sequer notar minha presença, ou talvez estivesse tentando ignorar. Não consegui me conter.
-Não cumprimentarás o teu pai? - falei, deixando o sarcasmo escorrer na voz. -Kai, não foi assim que eu te ensinei!
Ele parou no meio da calçada, virando-se lentamente. O olhar que me lançou era puro desdém, um ódio que parecia acumulado por anos.
-Eu conheço-te por acaso? - respondeu ele, em alto e bom som, atraindo a atenção de alguns transeuntes. -Não foste tu que te vangloriaste com os teus amiguinhos da prisão, contando como violaste a tua própria sobrinha?
Aquelas palavras atingiram como um soco, mas me recuperei rapidamente, lançando um sorriso cínico.
-Ora, vejamos... - comecei, tentando manter o controle. -Não fui eu quem recusou, não fui eu quem se fez de pobre coitada a vida toda! Ella gosta de bancar a vítima, mas ela está muito enganada se pensa que pode jogar comigo.
Kai deu um passo à frente, a raiva explodindo em cada movimento. Seu olhar era um misto de fúria e desprezo, e seus punhos cerrados prometiam violência. Ele parou a poucos metros de mim, e por um momento, tive certeza de que ele me socaria ali mesmo, no meio da rua.
-Toca nela novamente! - rosnou ele, sua voz carregada de ódio. -Tenta sequer chegar perto, e eu mesmo te mato! Não me importa quem tu és, não me importa se és meu pai. Ella vale mais como ser humano do que tu alguma vez valeste!
Eu ri. Não consegui evitar.
-Ella está bem? - perguntei, provocando. -Soube que ficou zangada contigo quando soube de tudo. Parece que nem o queridinho Kai escapou da ira dela, hein?
Kai avançou mais um passo, o
ódio queimando em seus olhos.
-Eu tenho nojo de ser teu filho! - cuspiu ele. -Eu te odeio tanto, mas tanto...que só espero pelo dia em que não precise mais respirar o mesmo ar que tu!
Fiquei em silêncio por um momento, observando o garoto que eu tinha criado ou ao menos tentado. Ele era tudo o que eu não esperava: forte, desafiador, implacável. Mas por baixo daquela raiva toda, eu via algo mais...talvez uma fração da dor que eu mesmo havia causado.
-Odeias-me, é? - perguntei, minha voz agora fria como gelo. -Isso não me surpreende. Mas lembra-te, Kai. Não importa o quanto me odeies, eu sempre estarei aí, dentro de ti. Tu és meu filho, e isso é algo que nunca poderás apagar.
Ele me olhou como se quisesse me destruir ali mesmo, mas não disse mais nada. Em vez disso, deu meia-volta e começou a se afastar, os ombros tensos, os passos rápidos.
Fiquei parado, observando-o desaparecer na multidão. Ele podia me odiar o quanto quisesse, mas eu sabia que esse ódio também o consumia. Kai podia tentar fugir, mas nunca conseguiria escapar de quem ele era. E isso, no fundo, era a minha maior vingança.
Mason Mount
-Mais tranquila agora? - murmurei, enquanto beijava seu pescoço suavemente. Ella penteava os cabelos, mas seu olhar distante me dizia que estava longe de relaxar. -Precisas relaxar mais, amor.
-Eu preciso é esquecer que o mundo existe. É isso que eu preciso. - respondeu, com uma voz carregada de exaustão e mágoa.
Ella estava irritada com tudo. E eu não podia culpá-la. Descobrir da pior forma que seu segurança era, na verdade, seu primo e pior ainda, filho do homem que causou o maior trauma de sua vida tinha sido cruel.
Um golpe que ela não merecia...
Eu também estava furioso. Alguém poderia ter contado antes. Não precisava ser assim, com tudo desabando de uma vez. Mas, agora, nada disso importava. Ella estava um caco, tentando juntar os pedaços de si mesma enquanto se aprofundava no diário que vinha escrevendo em suas horas vagas. Mas nem isso parecia ajudá-la.
Aproximei-me dela, puxando-a para junto da cama. Abracei-a firme, sentindo sua tensão como um muro entre nós. Ella estava tentando sobreviver ao seu pesadelo, mas eu sabia que, por mais que me esforçasse, nem sempre conseguia ser o abrigo que ela precisava.
-Por que não tiramos umas férias? - sugeri, tentando aliviar o peso de seus ombros. -Tens imensos dias de folga acumulados no clube.
-Não posso, Mason. Tenho obrigações aqui. E, além disso, Lily e Ryan têm a creche.
-No fim de semana, não têm! Vamos, amor, vai te fazer bem. Confia em mim.
Ella balançou a cabeça, relutante, enquanto a expressão em seu rosto endurecia ainda mais.
-Desculpa, mas não dá. Na próxima semana tenho um discurso na ONU, em França. Não posso me distrair com nada agora.
-Posso ajudar com isso. - insisti, colocando as mãos delicadamente em sua cintura, tentando romper a barreira que ela erguia. -Sabes que podes confiar em mim.
-Mason... - sua voz tremeu, enfraquecida, como se cada palavra fosse um esforço. -Eu já não sei de mais nada.
E ali, naquele instante, percebi que as lágrimas estavam prestes a vencer a batalha que ela lutava contra si mesma. Sem hesitar, a envolvi em meus braços e a joguei delicadamente na cama, abraçando-a como se pudesse protegê-la de tudo.
Ella não reagiu.
Apenas ficou ali, tensa, como se carregar
o peso de seu próprio corpo fosse demais.
-Está tudo bem, amor. Estou aqui. E não vou a lugar nenhum. - minha voz era baixa, mas determinada. Eu queria que ela acreditasse nisso.
Ela fechou os olhos, e por um momento, pensei que fosse ceder ao sono. Mas em vez disso, soltou um suspiro trêmulo, segurando meu braço como se eu fosse sua última âncora.
Ella precisava de tempo. Precisava de calma. E eu estaria lá, com ela, até que encontrasse ambos.
Após alguns minutos de silêncio, onde eu apenas acariciava seu cabelo, Ella se afastou lentamente, como se ainda estivesse tentando processar tudo o que acontecia ao seu redor. Ela levantou-se da cama com um suspiro, tentando reunir forças para seguir em frente.
-Vamos descer um pouco? - sugeri, tentando suavizar o ambiente. -A sala pode ser mais confortável.
Ella olhou para mim com uma expressão cansada, mas assentiu. Quando ela se levantou, percebi a rigidez em seus ombros, como se estivesse carregando o peso do mundo.
Desci com ela para o andar de baixo, tentando oferecer o máximo de apoio sem forçar nada. A sala estava tranquila, com a luz suave da tarde filtrando pelas janelas. Lily e Ryan estavam no tapete, brincando com alguns brinquedos, enquanto Munique, cuidava dos pequenos, os vigiava.
-Mamãe! - gritou Ryan ao nos ver, levantando-se com um sorriso largo. Seus olhos brilhavam de alegria, mas Ella apenas sorriu de volta, sem a energia que costumava ter.
Munique percebeu a tensão no ar e rapidamente se levantou, caminhando até nós com um olhar preocupado.
-Melhor, Ella? - perguntou ela, suavemente.
Ella apenas deu de ombros, tentando
disfarçar o cansaço.
-Tentando...tentando lidar com tudo da melhor forma.
Eu a observei, sabendo que ela ainda estava longe de se sentir bem, mas ao mesmo tempo, havia algo reconfortante em estar com as crianças ali. Elas não faziam perguntas, não exigiam nada além de presença, e talvez fosse isso o que Ella mais precisasse no momento.
Munique fez um gesto para que nos sentássemos no sofá, e nós o fizemos, eu ao lado de Ella. Ela relaxou um pouco quando viu os pequenos brincando tranquilos, mas seu olhar ainda estava distante.
-Eu trouxe os brinquedos novos para o Ryan. - disse Munique, tentando mudar o foco da conversa. - Talvez isso ajude a distraí-los um pouco mais.
Lily, que estava construindo uma torre de blocos, levantou os olhos para olhar para sua mãe.
-Mamãe, posso te mostrar o que fiz? - perguntou com a voz suave, mas cheia de esperança.
Ella sorriu, mais genuinamente
desta vez, e acenou com a cabeça.
-Claro, fofinha.
Ela se abaixou ao lado de Lily, que imediatamente começou a explicar sua construção. Ryan, por sua vez, correu até a mãe, segurando um carrinho de corrida.
-Olha, mamãe, corre! - ele disse, empurrando o carrinho para frente e para trás, de forma frenética, como se o mundo fosse uma grande pista de corrida.
Eu observei Ella, que ainda estava visivelmente cansada, mas agora estava começando a se conectar com as crianças, e isso parecia trazê-la de volta, mesmo que por um momento. A tensão no ambiente começava a diminuir, e a casa, que antes parecia um lugar pesado e silencioso, agora estava mais leve.
Munique se sentou perto de mim no sofá, e disse, baixinho, para que as crianças não ouvissem.
-Talvez um pouco de tempo com eles seja exatamente o que Ella precisa para se distrair...e também para que você descanse um pouco, Mason.
Eu sabia que ela estava certa. Às vezes, não eram as palavras ou os planos grandiosos que curavam as feridas. Era apenas estar presente, dar-se um tempo para respirar, e permitir que as coisas se ajeitassem naturalmente.
Olhei para Ella, que agora sorria ao ver Lily e Ryan brincando, e me senti aliviado por vê-la começar a se soltar, mesmo que fosse apenas um pouco. Ela estava tentando, e isso era o suficiente.
-Eu vou ficar com eles. Vocês precisam descansar um pouco, Mason. - disse Munique, como se já soubesse o que eu estava pensando. -Eu e Levi tomaremos muito bem conta destes comilões!!!
Eu só assenti, agradecido. Sem palavras, me levantei e dei um beijo suave na testa de Ella, antes de me afastar para o outro lado da sala. Quando me retirei para a cozinha, abri o frigorífico e dei uma olhada nas opções de comida. Havia tantas coisas, como sempre.
Parecia que nunca faltava nada em nossa casa, mas naquele momento, a abundância me deixava mais confuso do que satisfeito.
O que eu devia pegar?
Uma maçã? Um pedaço de queijo?
Tudo parecia excessivo, quase como se
a comida tivesse perdido seu propósito. Sempre tivemos comida na mesa, por vezes até demais...o que me deixava pensando se Ella também comia junto das crianças quando eu estava fora.
Será que Ella se alimentava ou
deixava de lado como eu fazia agora?
Eu sabia que, entre as obrigações, o estresse
e o cansaço, as refeições às vezes ficavam
em segundo plano.
Perdi-me em meus pensamentos até sentir algo envolver minha cintura por trás. Era Lexus. E, como sempre, parecia perceber até os menores detalhes, as expressões que eu nem sequer notava. Talvez fosse da herança de Ella, de alguma forma, ela havia herdado a capacidade de entender as emoções mais sutis que nem eu conseguia perceber em mim mesmo.
-Tudo bem? - ela perguntou, sua voz doce, mas cheia de preocupação. -Vim passar uns dias com vocês depois da Uni! Matheus veio cá hoje também, ele está na sala com a Lily e o Ryan, e trouxe o Noah!
-Obrigado, anjinho... - comecei, olhando para ela com gratidão. -Obrigado por seres a melhor filha.
Ela deu uma risadinha nervosa, como se não soubesse como lidar com esse tipo de elogio.
-Pai! Não comece, não vá chorar na minha frente!! - ela brincou, dando uma leve empurrada em mim, como se estivesse tentando afastar qualquer sinal de vulnerabilidade.
Eu só ri e a puxei para um abraço rápido, mas afetuoso. Ela realmente tinha esse dom de me fazer sorrir, mesmo nos momentos mais difíceis.
Oie gente, novo capítulo aqui na área da vossa querida autora Mary, temos novos capítulos todas as terças e sextas-feiras ás 19h em Portugal e às 16h no Brasil.
Obrigada, beijinhos!
Boa Leitura 🩷
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