Revendo as certezas
A conversa na van tinha se encerrado com a pergunta de Nara, Amanda ficara em silêncio e todos permaneceram assim até a chegada à Olinda. Luíza desceu da van tentando reavivar a animação do pessoal, disfarçando o mal estar, sendo acompanhada pelo marido, Letícia, Márcio e também por Valéria e por Nara que estavam decididas a aproveitar o passeio. Elton e Amanda seguiam atrás e estavam visivelmente incomodados com o ocorrido e, vez ou outra, era possível vê-los em pequenas e discretas discussões, as discordâncias entre eles também eram visíveis, mas ninguém perguntava nada e todos optavam por fingir que estava tudo bem.
Luíza aproximou-se de Nara em uma das igrejas que o grupo visitava para perguntar o que tinha acontecido na noite anterior, Nara contou sem detalhes sobre como encontrou-se com Valéria e os rapazes na piscina e como foram expulsos da mesma por um funcionário do hotel, e deu a entender que tinha passado a noite ao lado de Elio, assim como Valéria aparentemente tinha passado a noite com Vitor. Luíza riu e disse que se fosse solteira teria ido com elas a piscina, expondo em seguida sua preocupação com Amanda.
_ Ela não tá bem, Nara... e o Alê comentou que o Elton tá meio de saco cheio, sabe?
_ Eu gosto muito dos dois, de verdade, eles são tipo o casal que a gente quer ver junto pra sempre, mas... eles não estão felizes...
_ Acho que eles não tem coragem de se separar!
_ Eles não precisam se separar, Luíza! Mas precisam buscar ajuda...
_ O problema é que o Elton sempre fez todas as vontades dela – Márcio aproximou-se comentando, o que fez com que Nara e Luíza levassem um susto.
_ Desculpa meninas, mas eu não pude deixar de ouvir essa última parte da conversa – Márcio disse envergonhado, desculpando-se.
_ Sem problemas, Márcio! E eu concordo com você.
_ O Alê me disse a mesma coisa, ele disse que se nosso relacionamento fosse assim, ele já teria terminado comigo há tempos.
_ Sabe, casamento não é fácil...aliás... relacionamento não é, a gente tem que aprender a ouvir, a ceder às vezes e a bater o pé e fazer valer nossas vontades em outros momentos.
_ É... complicado! Mas nem eu, nem a Val temos que ser sacos de pancada da ira da Amanda. Eu sei lá qual o problema dela com a gente, talvez seja... sei lá...
_ Inveja! – disse Márcio com convicção.
_ E nem é inveja por mal, sabe? – Luíza completou – Ela sempre foi muito dependente, primeiro dos pais, depois do Elton. Ela nunca foi do tipo independente, que se banca.
_ Tanto que sempre criticou mulheres assim...
_ Pode ser mesmo... – Nara concordou com os amigos. – Mas quer saber, eu não vou estragar meu último dia aqui pensando nisso, e vocês também não deveriam. Vamos curtir e quando estivermos em São Paulo, podemos fazer uma intervenção ou algo assim.
_ Quer saber? Tem razão! Eu vou aproveitar isso tudo ao lado da minha linda e jovem esposa – Márcio sorriu e afastou-se das amigas indo em direção de Letícia que ouvia atenta Valéria contar os detalhes de sua noite ao lado de Vitor.
Luíza foi ao encontro de Alexandre, mas não o encontrou, viu de longe Amanda sozinha aparentemente secando uma lágrima e chamou Nara. As duas aproximaram-se e perceberam que Amanda realmente estava chorando.
_ Tá tudo bem? – foi Luíza quem perguntou.
_ O Elton quer a separação.
_ Ele te disse isso agora?
_ Não, Lui... faz um tempo já...
_ Mas? Vocês pareciam tão bem ontem e todos esses dias.
_ Ah, Lui...é só fingimento... eu não quero me separar, imagina... ninguém na minha família ia gostar disso, eu casei com a ideia de ficar junto pra sempre.
_ Por que ele quer separar? – Nara perguntou com certo receio.
_ Ele diz que eu não sou a mesma que ele conheceu, mas ele também não é!
_ Todos nós mudamos... – Luíza tentou amenizar a situação.
_ Eu sei, ele disse que não suporta o modo como eu faço as coisas, como eu estou sempre julgando e ele diz que eu quero mandar na vida dos outros, que fico ofendendo a Valéria de graça, que fico oferecendo a Nara aos amigos dele, eu nunca fiz isso!
_ Na verdade, você sempre faz. Tudo isso! – Nara disse olhando a amiga nos olhos – E eu odeio, e eu até já te disse que odeio, e você continua fazendo.
_ Ah...agora você também não quer mais ser minha amiga?
_ Não foi isso que eu disse! Mas a verdade é que é um saco alguém que fica ditando regras pra todo mundo. Eu tive uma noite incrível, Amanda! Eu queria poder contar para você e para a Luíza como o Elio é demais, como parece que a gente se conhece há anos, mas... eu não tenho mais vontade de fazer isso.
_ Desculpa, Amanda, mas você precisa entender que nem tudo é como você quer... a gente te ama, somos suas amigas, mas... o Márcio quase nem sai mais com a gente, porque você sempre tem alguma coisa ruim pra falar dele.
_ A gente sabe que ele é muquirana, rabugento, mas ele sempre foi assim – Nara disse sorrindo – E sempre gostamos dele assim.
_ O Elton te ama, dá pra ver isso, mas é difícil ficar com alguém que só critica, que só vê o lado ruim de tudo.
_ Por que vocês nunca me disseram nada? – Amanda perguntou entre lágrimas.
_ Porque você nunca deixou. – Nara respondeu enfática.
_ O que vai ser de nós quando a viagem acabar? – Amanda perguntou com ar de tristeza.
_ Só o tempo vai dizer...
_ Eu espero que nossa amizade se fortaleça e que a gente possa rever nossas certezas – concluiu Luíza abraçando as amigas.
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