O primeiro dia, a segunda noite
Todos se levantaram cedo, às 7h30 a van passaria para levá-los à Porto de Galinhas. Nara saiu do quarto já pronta para o passeio e encontrou os três homens da noite anterior bem arrumados, em trajes sociais, muito diferentes do visual da noite anterior. Aproximou-se e os cumprimentou com um educado bom dia. Os três responderam ao Bom dia e, um deles, agradeceu novamente pela gentileza da noite anterior, o rapaz com cara de ressaca olhou para o amigo sem entender, o que fez com que Nara segurasse o riso diante da expressão do rapaz. O elevador chegou ao térreo e os três despediram-se de Nara seguindo em direção à saída do hotel, enquanto ela seguia para o restaurante. Valéria, Márcio e Letícia viram quando Nara saía do elevador e a esperaram com olhares curiosos sobre os rapazes.
Valéria foi a primeira a comentar sobre os rapazes e Nara contou o que havia acontecido na noite anterior e Valéria logo soltou seu desapontamento consigo mesma "Se soubesse que teria três bonitões no elevador, eu tinha te esperado ontem", ao que Nara respondeu com um sorridente "Bem feito, quem mandou me abandonar". Márcio apenas balançou a cabeça em desaprovação enquanto sua esposa ria e fazia planos para o dia que estava apenas começando.
A van chegou à porta do hotel no horário combinado e cerca de duas horas depois, o grupo desembarcava em Porto de Galinhas. O dia foi animado, o ar do lugar parecia ter feito bem a todos, pois estavam bem-dispostos, o lugar oferecia tantas opções de lazer que seria difícil manter o grupo junto, Letícia, Márcio, Alexandre e Luíza decidiram fazer um passeio de buggy, enquanto Amanda e Elton optaram por mergulharem nas águas límpidas do lugar. Valéria queria curtir a praia e a areia, queria torrar ao sol e paquerar à vontade, Nara não era apta a mergulhos e, por mais que o buggy parecesse atrativo decidiu dedicar-se ao ócio junto de Valéria, apreciando a paisagem do lugar.
O grupo voltou a se reunir lá pelas 2 da tarde, quando já estavam morrendo de fome, encontraram-se num restaurante para almoçar e lá conversaram animadamente sobre vários assuntos, riram e relembraram, saudosos, histórias vividas no tempo da faculdade. Há tempos não se divertiam tanto juntos. Lembraram-se do karaokê que costumavam frequentar, onde se reuniam depois das provas ou para comemorarem os aniversários, o que deu a eles a ideia de pesquisarem por algum lugar do tipo em Recife, logo descobriram que havia um bar com karaokê próximo ao hotel em que estavam.
De volta ao hotel, o grupo combinou o horário em que se encontrariam no hall de entrada. O bar ficava a um quarteirão dali e era bem diferente do que costumavam frequentar na época da faculdade, tinha uma decoração moderna e sofisticada, e o foco ali não era o karaokê, mas já que existia uma tela e microfones... o grupo se ajeitou em uma mesa bem próxima ao pequeno palco, embora pudessem usar qualquer lugar, já que o bar estava vazio naquela noite de terça-feira.
Enquanto Márcio escolhia cuidadosamente uma música para cantar, como sempre evidenciando seu bom gosto musical, mesmo em situações em que a cantoria era pura brincadeira, Amanda e Luíza já tinham escolhido um repertório inteiro e Alexandre cantava um pagode dos anos 90. Valéria esperava por seu drinque dançando animada, enquanto Nara pedia uma cerveja no balcão, quando fora surpreendida por um "Boa noite" ao seu lado.
_ Boa noite – Nara respondeu surpresa, reconhecendo o rapaz negro de sorriso gentil a seu lado e próximo dele os mesmos rapazes do elevador. – E seu amigo, tá melhor?
_ De ressaca – Vitor respondeu com um sorriso ainda mais largo, e estendendo a mão para um cumprimento – Sou o Vitor, prazer.
_ Nara.
_ Uau, que nome lindo!
_ Obrigada.
_ Esses aqui são Elio e Fernando – disse Vitor apresentando os amigos.
_ Prazer. E aquele povo se matando pelo microfone são os meus amigos – respondeu Nara com um sorriso.
_ Então, tá na cidade a passeio? - Elio perguntou aproximando-se do balcão para pedir uma cerveja.
_ Sim, estamos comemorando nossa amizade – respondeu Nara.
_ Oi, Nara! Não vai apresentar seus amigos pra gente? – Valéria aproximou-se com um largo e insinuante sorriso.
_ Eu sou o Fernando, e você é...
_ Valéria. – Embora respondesse a Fernando, era de Vitor que ela não tirara os olhos, percebendo ele adiantou-se para apresentar-se.
_ Prazer, eu sou o Vitor – disse o rapaz estendo a mão para um cumprimento.
_ Eu sou o Elio, mas eu provavelmente tô sobrando na conversa. – disse rindo e afastando-se do balcão.
_ Somos dois sobrando aqui – disse Nara com um sorriso, acompanhando-o e deixando Vitor, Fernando e Valéria num flerte meio sem sentido.
_ Você disse que estão comemorando a amizade... – disse Elio tentando retomar a conversa para o momento em que ela fora interrompida por Valéria.
_ Nos conhecemos há uns... sei lá...15 anos por aí, nos conhecemos na faculdade. E essa, por incrível que pareça, é a primeira vez que viajamos todos juntos.
_ Caramba! Eu conheço esses caras desde os 10 anos, acho... e o que mais fiz foi viajar com eles – Elio respondeu sorrindo, enquanto apontava os amigos no bar. - E o que mais a gente faz é carregar o Nando bêbado.
Nara riu do comentário e olhou para o balcão onde Nando e Valéria ainda conversavam animadamente.
_ Estão a passeio na cidade? - Nara perguntou estendo a conversa.
_ Nada, estamos a negócio. Além de amigos de longa data, somos sócios. – explicou Elio – Juntamos nossas ideias e conhecimentos e montamos uma pequena empresa de soluções de softwares.
_ E estamos aqui para isso – completou Vitor aproximando-se dos dois a tempo de ouvir a conversa – Vender, ou melhor, oferecer nossos serviços e, quem sabe, ganhar clientes.
_ Que legal! – Nara respondeu com sinceridade, mas sem perder a chance de um comentário mais debochado - Por isso estavam todos engomadinhos de manhã.
_ Odeio gravata, mas... ossos do ofício – respondeu Elio rindo.
_ Eu fico bonito de qualquer jeito, então...nem ligo – comentou Fernando, lançando uma piscadela para Nara, embora estivesse flertando com Valéria, enquanto se aproximava da mesa em que estavam sentados.
_ Claro... inclusive bêbado e carregado pelos amigos – respondeu Nara com ironia, fazendo Vitor e Elio rirem.
_ Uau, essa eu queria ter visto – disse Valéria com um sorriso insinuante.
Amanda chamou as amigas de longe, num tom que indicava curiosidade, querendo saber com quem elas estavam conversando. Nara pediu com o olhar que Amanda disfarçasse e convidou os rapazes a juntarem-se ao grupo. Os três eram muito comunicativos e simpáticos, logo ganharam a confiança do grupo e passaram a dividir o microfone com a galera, apenas Nara, Valéria e Elio não cantavam, os três preferiam conversar, rir e bater palmas a cada música finalizada pelos demais, fazendo elogios exagerados sobre a qualidade (para não dizer a falta de qualidade) vocal dos demais.
_ Aí, vocês não cantam, não? – perguntou Vitor.
_ Prefiro beber e observar – Valéria respondeu em tom flertivo, enquanto os amigos que ouviam a resposta apenas balançavam a cabeça e sorriam, pois já conhecem os jogos de sedução utilizados por ela.
_ E você, Nara?
_ Não canto, tenho consciência da minha voz horrível – respondeu Nara sorrindo.
_ Tá querendo dizer que eu e os outros não temos a voz bonita? – Vitor perguntou com ar zombeteiro. – Ou que não temos consciência?
_ Imagina – Nara respondeu irônica – vocês são excelentes cantores... quem são Milton, Ney, Bethânia, Gal... e sei lá mais quem perto de vocês!?
_ O mundo tá perdendo talentos – Elio completou rindo.
_ Eu vou cantar uma bonita agora e vocês conhecerão a minha bela voz – disse Vitor rindo, saindo em direção ao pequeno palco.
Elton e Alexandre finalizaram Fogo e Paixão do Wando ao som de assobios, palmas e gritos de "gostosos" vindos das esposas. Vitor subiu solene no pequeno palco, olhou diretamente na direção de Nara e disse que a música era para ela, que duvidou das qualidades vocais dele, fazendo todos rirem, então numa pose de galã de novela mexicana ele iniciou Paralelas de Belchior. Elio sacou o isqueiro do bolso e o acendeu balançando-o lentamente com o braço esticado, fazendo com que Vitor desse uma leve desafinada diante do riso contido, o que fez os demais rirem e acenderem os celulares imitando o gesto de Elio.
A cantoria seestendeu, assim como as risadas e as conversas. Todos consumiram alguma bebidaalcoólica naquela noite, Nando e Valéria certamente tinham bebido mais que osdemais, e embora não precisasse ser carregado como na noite anterior, eravisível que Nando já não estava em seu melhor momento, com a fala confusa eandar mambembe. Já passava da 1h quando Vitor, Nando e Elio despediram-se dogrupo com abraços calorosos e promessas de encontros no dia seguinte. O diaseguinte seria longo, os rapazes tinham algumas reuniões com possíveis clientese Nara e seu grupo iriam ao Castelo de Brennand e a um tour pela cidade deRecife.
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