8.ENCURRALADA
Sasuke queria gritar bem alto "Mas que porra é essa?". Porém, sabia que se o fizesse levaria uma bronca de Mikoto, mas olhar para a garota em seu território e não poder fazer nada o deixava extremamente irritado e confuso.
— Então, querida, como estão as coisas? — O sorriso doce de Mikoto deixava tudo pior. Na prática, Alana e a matriarca dos Uchiha se davam muito bem e, diferente da filha, a Shimura mais velha conseguia manter as relações separadas dos olhos do marido, uma experiência que em breve Miwa adquiriria.
A castanha sorriu de forma doce e isso fez com que os neurônios de Sasuke fritassem.
— Está tudo bem, não vejo a hora das aulas acabarem. E os seus projetos? — Levou a xícara de chá à boca.
— Ah, sua mãe te ensinou bem. — Mikoto sorriu satisfeita. — Teremos uma expansão mês que vem e uma nova etapa de concursos aberta à comunidade. Vai que descobrimos o próximo talento de Konoha.
Miwa assentiu, adorava conversar com a mulher.
— Mas sei que não está aqui para uma visita de rotina e já fui invasiva o suficiente chamando-a para um chá. Vou deixá-la em mãos capazes. — A morena se levantou. — Sejam corteses, queridos.
A mulher deixou o ambiente, dando um olhar severo a Sasuke, o que fez com que Itachi pressionasse os lábios. Quando ficaram sozinhos, Miwa deixou a xícara sobre o apoio e encarou os irmãos:
— Por que ele está aqui? — Questionou, levando o mais velho a rir internamente.
— Façam as pazes por um momento, ok? — Itachi ignorou a pergunta. — Seu pai vai processar qualquer mídia que divulgar esse vídeo na surdina, mas sabemos que não fará efeito ameaças e coisas desse tipo sem a munição correta. Todos possuem esqueletos debaixo do tapete e sabemos bem que cada ponto fraco demanda de uma situação diferente. — Itachi afirmou.
— Então qual é a sua sugestão?
— Tirar o vídeo de circulação não basta? — Sasuke questionou.
— Dependendo de quem ele alcançou, não. Mas, no caso de vocês, o que salva é que tem gente bem mais importante envolvida, então é de comum acordo para todos que esse conteúdo suma.
Itachi estava tão calmo e Miwa extremamente aflita.
— E o que vai acontecer se esse vídeo for explanado? — Tudo o que a castanha queria era seguir com sua vida normalmente e não ser obrigada a viajar para fora do país por causa de terceiros.
— Aí será um inferno para a carreira de todos, fora a lavação de roupa suja na mídia, mas nada que não possamos lidar. — O tom de voz de Itachi era tão calmo como se estivesse falando de algo rotineiro, e ela apenas respirou fundo.
Sasuke a olhou discretamente.
— Bom, vou mandar que preparem um quarto pra você. Já está muito tarde para retornar, fora que se alguma mídia já estiver em posse desse vídeo, irão querer capturar algo a respeito dele para vender. Então, não fica bem a filha do futuro governador...
— Caso ele ganhe. — Sasuke o interrompeu.
— Ainda assim, Sasuke, a reputação dela não vai voltar, ele ganhando ou não. Então, fique à vontade. — Itachi se ergueu e ela continuou sentada ali. — Sasuke será o seu anfitrião.
A cara do Uchiha mais novo era impagável; para qualquer um, a expressão poderia ser a mesma, porém, o olhar com as sobrancelhas um pouco arqueadas demonstrava o falso incômodo. Para Itachi, era uma oportunidade de deixá-los a sós, visto que havia conversado com Shisui e o amigo afirmou que Sasuke se ofereceu para levá-la embora da casa de praia, fora que aparentemente ele estava com ciúmes.
Pobre Sasuke Uchiha, que não faz a menor ideia de que a conspiração contra ele é forte.
A dupla permaneceu ali por um tempo até Sasuke se levantar.
— Você já comeu? — A pergunta direta e sem um resquício de ironia.
— Não, eu só tive tempo de um banho depois dessa bomba estourar no meu colo. — Ela afirmou, tão cansada de tanta confusão que preferiu deixar os atritos de lado.
— Tudo culpa desse seu namoradinho maldito. — Sasuke cruzou os braços e ela se ergueu.
— Acho que você precisa de um aparelho auditivo, ou só faz isso para me provocar. — Revirou os olhos.
Sasuke sorriu sem que ela pudesse ver, colocou as mãos nos bolsos das calças de moletom, e ela pôde perceber o quanto ele estava bonito em roupas tão casuais, o blusão folgado que ela secretamente desejou roubar. Porém, se manteve distante.
— Está esperando o quê? Prefere ficar com fome? — Ainda de braços cruzados e contrariada, Miwa o seguiu; estava no território dele e isso a incomodava.
A cozinha da casa Uchiha mantinha a linha da decoração clássica e clara, com móveis em tom branco e azul-marinho, puxadores prateados e acabamento laqueado, conferindo um brilho único e a aparência de ter acabado de sair da loja. Essa mesma linha entre claro e escuro seguia pelas paredes e piso em uma monocromância perfeita.
— Quando parar de admirar, me avisa, que eu faço algo pra você. — Sasuke ironizou e ela revirou os olhos, se sentando na banqueta.
— Acho que confundi a sua casa com a sua aura maligna terrível. — Ela mordeu a bochecha interna e Sasuke arqueou a sobrancelha. — Esqueci que a senhora Mikoto tem um gosto incrível.
Sasuke poderia dizer que se sentiu afetado, porém mentiria e, com isso, simplesmente deu de ombros, pegou um par de aventais e foi até ela.
— Mudei de ideia, para alguém com a língua tão afiada, você deve saber se virar. — Ele desceu o olhar para os lábios carnudos da garota e mordeu o próprio lábio inferior sugestivamente. Obviamente que se recordou de quando ela estava ajoelhada naquele quarto de hotel e, quando ela viu o olhar lascivo do Uchiha, foi instantâneo. Automaticamente, foi transportada para aquele quarto, onde se conteve para não gemer pelo nome dele.
Intenso, quente e fugaz eram as palavras que definiam o momento e o que ambos sentiam no momento. No entanto, ela piscou os cílios, retornando à realidade.
— Vai mesmo forçar uma visita a cozinhar? Que hospitalidade é essa, Uchiha? — Ironizou, e Sasuke se aproximou mais, ficando atrás dela e quebrando a conexão de olhares. A mão dominante foi nos cabelos castanhos, segurando-os e puxando para que ela o olhasse por cima.
— Você não é visita, Shimura, fora que talvez deva aprender algumas coisinhas. — A proximidade se fez presente mais uma vez quando o barulho da porta se abrindo fez com que Sasuke largasse os cabelos dela e se afastasse. O rosto da garota estava quente como a brasa e o coração disparado.
— Atrapalho? — A voz um pouco grossa e rouca fez com que a respiração dela ficasse ainda mais pesada.
"Puta que pariu, Miwa, parabéns pela burrice! Por que não pediu para Itachi te encontrar na sua casa?" Ela pensou ao ouvir os passos e, para piorar, a proximidade exalava um perfume muito conhecido.
Ali estava ele, Obito Uchiha, o concorrente de seu pai e alguém com quem ela também tinha um passado.
— Definitivamente não. — Sasuke respondeu, indo até a bancada e separando algo. Obito já tinha se dado conta de que era a filha de Danzou que estava naquela mesa e, por isso, se aproximou, parando ao lado dela.
— Vai me ignorar, princesa? — Sasuke parou o que estava fazendo para ouvir aquela conversa. A forma como Obito falou deixou claro que se conheciam, e Miwa respirou fundo e lentamente para que ninguém percebesse, colocando um sorriso doce na face e olhando nos olhos dele.
— Claro que não, Tobi. — Os neurônios de Sasuke fritaram ao ouvir a informalidade.
Obito tirou as luvas e ela lhe cedeu a esquerda, a qual ele beijou e sorriu, tocando a ponta do nariz no pulso feminino.
— Continua com o mesmo perfume. — Ele se apoiou na bancada. — Parece que vazaram a live do Deidara, então me ofereceram como troco para fazer o seu pai recuar. — Ele falava com uma informalidade calma enquanto contava seus planos, e Miwa revirou os olhos.
— Aquele idiota. — Sussurrou.
— Não fale assim, querida, palavras sujas não ficam bonitas nessa boquinha. E pode até não acreditar, mas Deidara ficou extremamente revoltado quando descobriu o vazamento.
Ela preferiu ignorar as palavras dele; depois ainda teria que lidar com Sasuke, que estava a ponto de matá-la.
— E claro que usará, não é mesmo? — Ela apoiou o cotovelo na bancada.
Obito riu, fazendo um carinho nos cabelos dela, trazendo uma mecha nos dedos e levando-a até o nariz.
— Digamos que seu pai sabe de algo que eu quero apagar, e eu tenho duas cartas na manga contra ele e não preciso usá-las publicamente para fazer efeito. — Piscou, indo até o Uchiha mais novo e fazendo um carinho nos fios dele.
— Está muito calado hoje, Sask. — Obito sorriu e pôde sentir a aura ameaçadora do mais novo.
— Não me chama assim.
— Primo, apenas relaxe. Eu jamais prejudicaria vocês, jovens com um futuro tão promissor. Agora tenho que ir; sabem que Itachi não gosta de esperar. — Obito desviou o olhar, sorrindo de lado e piscou para Miwa, que revirou os olhos e não disse mais nada. — Até breve, princesa.
"Puta que pariu, por que eu fiz isso com a minha vida?" A garota pensou enquanto Sasuke deixava um prato à frente dela com uma refeição rápida.
— Obrigada. — Ele não respondeu, apenas saiu da cozinha, deixando-a sozinha e muito confusa.
Miwa não tinha como e não queria entender os sentimentos e emoções de Sasuke, mas estava extremamente confusa com o fato de se sentir incomodada com o olhar de decepção dele.
"Droga, o que está acontecendo?"
Miwa estava irritada consigo mesma e, assim, comeu a refeição calmamente, apreciando o sabor. De uma coisa ela tinha certeza: Sasuke Uchiha sabia cozinhar e muito bem.
Ainda falta algumas explicações a respeito da situação...
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