— Então, como foi a festa?

O corpo dela gelou, as mãos de repente começaram a ficar meladas pelo suor que ela nem sabia de onde vinha.

— Pai...

Danzou ergueu a mão direita, encarando.

— Poupe o meu tempo com a sua mentira e me acompanhe.

Ela respirou fundo, não queria seguir com ele, mas sabia que se subisse as escadas batendo o pé, as coisas seriam piores. Ao adentrar a sala, notou que havia várias malas no canto esquerdo e duas pessoas de pé, fora a advogada da família, sentada na cadeira e o notebook aberto.

— Dê o play May. — Danzou exigiu e ela respirou fundo.

A tela enorme da TV ligada, o vídeo a seguir, foi o mais vergonhoso possível, um bando de jovens bêbados se divertindo pela casa de praia dela. Naruto como DJ revirando deixas cada vez mais escrachadas, uma galera dançando, outra se jogando na piscina e várias se pegando por todos os lados. No meio disso tudo, tinha Miwa, que era imprensada por dois dançando sensualmente, depois foi puxada por uma garota com quem continuou dançando. O vídeo cortou para a galera fazendo campeonato de bebidas na entrada da cozinha e cada perdedor pulando na piscina enquanto Ino contava o placar, cada novo cenário constrangendo-a ao máximo, mas a cena que veio a seguir foi o ápice.

"Cara... Isso é porque eles se odeiam. Imagina se, se amassem." A voz era de Shikamaru.

"Meu Deus, o Sasuke esqueceu que eles não estão no armário? É isso aí, Uchiha, não deixa ela escapar, só leva pro quarto antes!" Ino riu e a câmera foi levemente desviada, onde Miwa finalmente pode ver o motivo do verdadeiro ódio de seu pai.

Sasuke havia puxado, invadido a boca com vontade e a agarrava sem pudor algum em meio aquela gritaria e dança. Ah, se Danzou soubesse que horas atrás ela estava com o Uchiha praticamente treinando como fazer outros.

O vídeo continuou rolando, mas não importava mais, a merda estava feita e a castanha encrencada. Quando a televisão foi desligada, ela respirou pesado.

— Pai, eu posso explicar. — Essa era a pior frase a ser dita e o político só faltou rir internamente da própria desgraça. — As coisas saíram do controle, era só para ser uma comemoração antecipada das férias, só isso.

Foi sincera e o notou acender um charuto. Danzou quando estava nervoso, fumava mais.

—Cadê a mamãe? — Miwa perguntou um pouco nervosa, sabia que ela jamais a deixaria sozinha em uma situação como essa.

— Onde você acha que ela está? — Soltou a fumaça lentamente. — Consertando o seu erro. — Ele massageou as têmporas. — Você vai passar uma temporada na casa do seu avô, até a poeira baixar e...

—O quê? Espera, pai, eu não quero isso!

— Não me interrompa! Eu fui bem claro com você. Toda a liberdade é sua, você pode fazer o que bem entender, desde que não se meta em escândalos ou se envolva com os Uchihas! Você traiu a minha confiança, meu pequeno diamante e isso não será tolerado.

Só então ela entendeu que as pessoas naquela sala, além de seu pai, estavam ali para resolver aquela situação o mais rápido possível.

Miwa nunca foi um poço de paciência, mas era inteligente para agir até nesses momentos.

— Será que podemos conversar a sós? Eu não quero esses estranhos adentrando a nossa privacidade e convivência. — Não dava nem para chamar de manipulação, tinha tanta coisa para dizer e diria sem pensar. Com um menor de mãos, todos saíram e ela encarou o pai, que agora abria o paletó e relaxava um pouco.

— Você tem meia hora. — Danzou não baixou a guarda, sabia que a filha não queria uma conversa normal e sim ser ouvida.

— Eu sou sua filha, caramba, e não um dos seus eleitores!

— E é por isso que estamos conversando, meu bem. Agora fale o que você quer.

— Pai, você nunca foi jovem? Eu ando na linha a minha vida inteira e na primeira curva você está me punindo, isso é ridículo!

Ele riu de escárnio.

— Querida, você não fez uma curva e sim se jogou do abismo! A festa em si não foi o problema, mas a sua promiscuidade junto a um Uchiha é capaz de acabar com a minha campanha! Eu concorro sob os ideais de uma família tradicional e conservadora, você foi o fruto dessa união duradoura. Sasuke Uchiha é simplesmente o oposto desse ideal ou esqueceu que Obito é um dos meus adversários?!

Ela respirou fundo, não estava nem aí para isso.

— A sua pequena diversão não só coloca a minha campanha em risco, mas grande parte dos apoiadores da chapa e acordos fortes e poderosos da cidade, porra! — Ela se assustou, Danzou não costumava xingar, não com ela. — Uchiha, Sabaku, Shikamaru, Yamanaka e Uzumaki Namikazi, são todos públicos, tanto quanto você. A diferença é que não estão dando a cara a tapa à TV diretamente. Miwa, você percebe o que foi que fez?

Ela desviou o olhar.

— Isso vai ser um inferno. — Sussurrou e o pai respirou pesado, apagando o charuto e indo até ela, deixando um carinho nos cabelos castanhos sem a severidade habitual. Apesar de ter a campanha com preocupação principal, Danzou sabia que a exposição dela também era uma prioridade, pois, no momento em que aquele vídeo fosse exposto, Miwa se tornaria o centro das atenções, com olhares julgadores, cochichos e sarros sendo tirados à vontade e, por mais forte e intangível que fosse a respeito da carreira pública do pai, se sentiria sim incomodada com a situação gerada pela mídia e burburinhos da sociedade de convivência, afinal Konoha é extremamente política mesmo que Minato Namikazi, o atual governador, tenha conseguido mudar bastante desse conservadorismo ultrapassado, ele também era um dos principais apoiadores de Obito Uchiha, tal como Shisui apoiava a Danzou.

— Exatamente por isso que vou mandá-la para a casa de seu avô. Sei que está com saudades, fora que dará tempo de tirar esse vídeo do ar.

Ela respirou fundo, apertando as mãos, não tinha culpa dessa confusão toda, foi por isso que convidou somente os amigos e pediu para manterem a discrição, mas ela sabia quem tinha culpa e apostava que sua mãe já estava lá resolvendo.

— Pai, me deixa consertar isso. — Ele a encarou. — Eu faço esse vídeo sumir e depois disso podemos conversar melhor. — Tentou postergar a punição e, por mais que Danzou não fosse ceder, queria vê-la arrumando a própria bagunça.

— Não vou mudar de opinião, mas posso lidar um prazo menor. — Ela assentiu, se levantando.

— Obrigada, pai. — Miwa não gostava de ser tão cortês, mas, precisava. A castanha saiu da sala e foi correndo em direção ao quarto, tomou um banho, arrumou os cabelos e vestiu uma roupa confortável, vulgo calça de tecido que abraçava suas curvas, uma blusa listrada azul e branca e finalizou com jaqueta, nos pés um tênis branco. Ela pegou o celular e ligou para a única pessoa naquele momento que poderia lhe ajudar e torcia para ser correspondida por ele.

— Eu preciso da sua ajuda.

[...]

Sasuke chegou em casa assoviando, já estava na porta do quarto quando Itachi o interceptou.

— Pelo visto, a viagem foi boa. — O Uchiha mais velho entregou a ele um copo de suco.

— Você não faz ideia do quanto foi estressante. — Sasuke mentiu.

— E você está com todo esse bom humor? Algo me diz que a filha do Danzou está metida nisso.

O Uchiha mais novo revirou os olhos fingindo desgosto, quando na verdade estava relembrando dos toques, gemidos e sabor da jovem.

— Aquela mulher é insuportável, mas enfim. O que você quer, irmão? Eu tenho certeza de que não saiu do seu sossego para me perguntar sobre a Shimura. — Arisco, Sasuke indagou enquanto Itachi sorriu levemente.

— Na verdade... Eu quero saber o quanto vocês se divertiram, porque aquele vídeo deixou claro que foi uma festa e tanto.

O mais novo arqueou a sobrancelha, confuso. Até se recordar do drone que sobrevoava a casa e foi impossível não expressar a leve raiva e vontade de matar um certo Yamanaka.

— Aquele loiro filho da puta. — Sussurrou, fazendo com que Itachi o encarasse. — Digamos que a festa foi ótima, deu de ombros abrindo a porta do próprio quarto. — Vou descansar, irmão, depois conversamos. — Sasuke sorriu calmamente e Itachi concordou. Toda vez que estavam juntos, o mais novo mostrava sua verdadeira essência sem se preocupar com julgamentos.

A primeira coisa que fez quando fechou a porta foi largar a bolsa no chão de qualquer jeito e puxou o telefone do bolso. Foi até o aplicativo de conversar onde possuíam um grupo chamado Gennin's de Konoha, cujo nome foi ideia de Ino e Naruto.

Assim que abriu, viu a enxurrada de mensagens e ameaças de morte contra a Deidara.

Eu vou matar essa puta que você chama de irmão INO! — Kiba

Eu ajudo! — Kankuro

O processo vem, desculpa cunhada. — Temari

Tudo bem, eu ajudo a matar, ele está tão errado que nem veio pra casa ainda! — Ino

Cara isso vai foder todo mundo, só aqui tem seis metidos em politicagem 😡🤬— Naruto

Eu falo com ele — Shikamaru

Quem convidou esse energúmeno? — Tenten

Gente se acalmem — Hinata

Alguém viu a Miwa? — Sakura

Com toda certeza está encrencada, esqueceram que o pai dela é o Danzou? — Sai

Ele provavelmente vai mandá-la para fora de Konoha, é o que o meu pai faria no lugar dele antes de eu assumir. — Gaara

Gente que merda, pior que a ideia nem foi dela — Ino

Vamos dar uma surra no seu irmão só para compensar! — Naruto

Gente por favor 😣😳— Hinata

Sasuke parou de ler e abriu o vídeo que Naruto tinha feito questão de deixar o link fixado no grupo e não foi surpresa nenhuma para o Uchiha ver aquela bagunça, mas depois de um tempo ele prestou mais atenção e começou a pular partes até parar no exato momento em que foi até ele e o vídeo só serviu para recordar vividamente a lembrança.

Sasuke não sabia que a bebida o tinha deixado tão alterado, ele encarava Miwa dançando entre dois caras e sendo imprensada de uma forma tão impura que o deixava extremamente puto. Afinal de contas, deveria ser ele a fazer isso. Quando uma garota puxou a castanha, alisando o quadril dela e esfregando os seios um nos outros antes de se encaixar atrás dela, a sanidade do Uchiha foi embora e ele caminhou até ela a puxando pelo braço. Só deu tempo dos corpos colidirem e agarrar a cintura da jovem com uma mão, ouvindo-a ofegar pela surpresa, o olhar se prendeu no dela tão sério que Miwa poderia jurar que estava mais quente e que tudo ao redor havia sumido, os lábios bem desenhados dela pareciam pedir por um toque, assim como o corpo dizia que estava louca para estar à mercê dele, isso claro na mente alterada do Uchiha que desceu a mão para a curvatura dos glúteos antes de invadir a boca dela. O beijo tão intenso que parecia pecaminoso e as pessoas ao redor que somente faltavam uivar pela determinação antes de procurar um par qualquer, fosse para dançar, beber ou transar.

Sasuke não estava tão mal alcoolicamente quando imaginou e Miwa estava extremamente na dele. Quando chegaram ao quarto, arrancando as roupas e a tendo entre as pernas de pé, ele beijou a região da barriga, além de deixar uma mordida, ouvindo-a gemer baixinho, mas não foi além disso, pois seria um crime. Se ainda havia um pouco de sanidade, deveria mantê-la, nem que fosse por ambos. De forma calma, a empurrou na cama e, quando fez a menção de sair, foi puxado por ela, então apenas jogou a coberta sobre os corpos e fechou os olhos, apertando o corpo dela junto ao seu.

O Uchiha balançou a cabeça, deixando as lembranças de lado e resolveu tomar um banho. Não conseguiria tirar a castanha da mente tão cedo, quando não era o beijo no armário da zeladoria, tinha o da casa e o oral naquele hotel barato. Fora terem dormido juntos e quase se atracado embaixo da arquibancada, definitivamente havia momentos íntimos demais para duas pessoas que cresceram dizendo que se odiavam. No fim, Sasuke se deitou na cama, colocou o fone e fechou os olhos, tentando afastar os pensamentos conflituosos a respeito da colega de sala, porém a porta do seu quarto foi aberta pelo mais velho, que sorriu ao vê-lo deitado tão calmo.

— Se arruma, teremos visita.