20.O DESFECHO PARTE 3
Último capítulo, boa leitura.
Miwa mal acreditava no que estava vendo. O ambiente que a cercava era surreal. A mesa estava posta com esmero na sala de jantar dos Uchiha, decorada com um requinte que poucos poderiam esperar de uma família de tão poderosa. Fugaku, Mikoto, Danzou e Alana conversavam como se fossem velhos conhecidos — o que de fato eram, suas vozes misturando-se ao tilintar dos copos de vinho e ao som suave da música ambiente. A atmosfera era aparentemente tranquila, mas a Shimura sabia que havia uma tensão subjacente, um jogo de máscaras que todos ali estavam jogando.
Veja bem, Alana e Mikoto realmente se davam bem e eram amigas, porém seu pai e o senhor Fugaku apenas trabalhavam juntos. Entretanto, Danzou detestava todos os Uchihas por igual, salvando apenas Shisui e Itachi, que segundo ele apenas nasceram na família errada por compartilharem do seu mesmo ideal político e agora estava ali tendo que tolerar sua joia mais preciosa, aquele que criou com tanto carinho nas mãos de um qualquer. Sim, para Danzou, Sasuke não passava de um moleque estúpido que não poderia sequer espirar o mesmo ar que sua princesa, diga-se de passagem, ele pensava o mesmo do ex-namorado da filha.
Quando os olhos dela encontraram os de Sasuke, ele sorriu de forma quase imperceptível, como se quisesse lhe transmitir algum tipo de segurança naquele cenário incomum. Sasuke retribuiu em audácia, conhecendo bem o temperamento do político, ele se aproximou e, com uma naturalidade desconcertante, deslizou a mão esquerda pela cintura de Miwa, puxando-a para mais perto de si. O gesto foi claro e preciso, um sinal para todos os presentes de que eles estavam juntos, que ela agora fazia parte do mundo dele. A Shimura sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao sentir o toque firme, mas carinhoso, dele. Ao mesmo tempo, era impossível ignorar o olhar fulminante que Danzou lançou na direção deles.
— Pelo visto, nos pegaram de surpresa. — Miwa comentou docemente.
— Parece que minha mãe não conseguiu esperar. — Sasuke ironizou enquanto Mikoto sorria para ambos assim com Alina.
— Pelo visto os jovens estão mais próximos do que imaginávamos, não é? — Fugaku comentou, sua voz carregada com aquele tom de autoridade que parecia inato, ele estava satisfeito desde que o filho estivesse feliz. Ele observou o gesto de Sasuke com uma expressão neutra, mas que Miwa reconhecia como uma aceitação silenciosa.
— De fato, Fugaku. — Danzou respondeu, um sorriso artificial curvando seus lábios finos. Era uma máscara perfeitamente ajustada, uma fachada de cortesia que ele usava sempre que necessário. — Os jovens têm essa capacidade de nos surpreender, não é? — Sua voz era suave, mas Miwa podia sentir o veneno escondido em cada palavra.
Alana, por sua vez, manteve-se em silêncio, seu olhar desviando rapidamente entre o marido e os anfitriões. Ela sabia como o temperamento de Danzou poderia ser explosivo, especialmente quando se tratava dos Uchihas. Mas, como sempre, ela permanecia na retaguarda, uma presença tranquila em meio à tempestade e com toques precisos ou olhares dado ao marido era capaz de intervir em qualquer situação.
Miwa, que até então se mantivera em silêncio, sentiu o aperto na cintura afrouxar ligeiramente. Sasuke a olhou com uma expressão tranquila, como se dissesse que tudo estava sob controle. Mas ela sabia que, por trás de toda aquela calma, havia uma tempestade se formando. Danzou não deixaria isso passar em branco. Ele não era do tipo que tolerava o que considerava ser uma afronta, especialmente se isso envolvesse sua filha e, ainda mais, os Uchihas.
O jantar prosseguiu com uma conversa educada, mas cheia de subentendidos. Danzou estava no seu melhor papel de estrategista, guiando a conversa com uma habilidade impressionante, manipulando cada palavra, cada gesto, para manter o controle da situação. No entanto, Miwa conhecia aquele olhar em seus olhos — ele estava descontente, talvez furioso, mas mantinha tudo escondido sob a máscara da civilidade e de fato estragaria a noite promissora uma vez que havia combinado de permanecer com Sasuke.
Assim que o jantar terminou, e os convidados se despediram, Miwa sentiu um peso cair sobre seus ombros. Ela sabia o que estava por vir.
O caminho de volta para casa foi silencioso, cada quilômetro aumentando a tensão no ar. Assim que cruzaram a porta de entrada, Danzou fechou-a com mais força do que o necessário, o som ecoando pela casa silenciosa. Miwa sabia que ele estava prestes a explodir.
— O que foi aquilo? — Danzou começou, sua voz baixa e controlada, o que era ainda mais assustador do que se ele estivesse gritando. — Você acha que é aceitável me fazer passar por essa humilhação? Me obrigar a por os pés naquela casa? Porquê resolveu agir como uma pequena inconsequente e sumir sem nos dar notícia por mais de vinte e quatro horas?!
Miwa, que até então se mantivera em silêncio, levantou o olhar para o pai, sua expressão desafiadora. — Humilhação? — Sua voz saiu calma, mas havia um fio de raiva percorrendo suas palavras. — Eu só estava vivendo a minha vida, o senhor não sabe o que é ter esse sobrenome!
Danzou avançou um passo em direção a ela, seu olhar ardendo de desgosto e sendo parado pela mulher antes que algo mais sério viesse a acontecer.
— Viver sua vida? — ele zombou. — Você se envolveu com um Uchiha, Miwa! Isso é mais do que uma simples afronta, é um insulto ao nosso nome, à nossa família, o mesmo nome que você acha um fardo carregar! Para mim, você está morta. Morta! Você não passa de uma decepção para mim!
As palavras dele eram como facas cravando-se no peito dela, mas ela não demonstrou fraqueza. Em vez disso, sentiu a raiva borbulhar dentro de si, uma raiva que ela havia reprimido por tanto tempo enquanto mascarava com a ironia que sempre despejava em suas conversas familiares.
— E o que você queria, pai? — ela cuspiu as palavras. — Que eu fosse uma marionete nas suas mãos? Você só teve uma filha para saciar o seu ego, para poder dizer que tem algo sob seu controle! Mas eu não sou sua propriedade. Eu sou uma pessoa, com vontade própria, e não me importo com o que você pensa.
Danzou a olhou, os olhos estreitados em fúria.
— Cuidado com o que diz, meu pequeno diamante bruto — ele rosnou.
— Danzou se acalme! — Alana exigiu. — Não é ameaçando a nossa filha que fará com que o escute.
— Ameaçar? — Ele sorriu de lado tirando a gravata e bagunçando os fios castanhos bem aparados. — Você nunca me viu ameaçando alguém amor. Agora peço que não se meta nessa conversa, Miwa precisa entender a gravidade do que vez.
— E o que foi que ela fez demais Danzou? Ela no máximo está dormindo com um Uchiha. Parece que nunca foi um adolescente. — Ali o sangue do castanho pareceu congelar, poderia até dizer que estava a beira de um colapso nervoso quando pensou em uma criança com sangue Uchiha correndo pelos corredores da casa e o chamando de vovô, a coluna arrepiou de pavor e o repúdio tomou conta de si encarando a filha como se ela não fosse mais nada
— Ela não é mais adolescente Alana e está na hora de encarar as péssimas escolhas que fez, se continuar com essa merda eu faço questão de te apagar dessa família, sabe muito bem que tenho poder suficiente para fazer com que você desapareça de Konoha, para sempre.
As palavras machucavam mais do que ela imaginou, no fim das contas ainda se importava bastante com o carinho seco do pai, mas o ouvir dizer tanta porcaria fez com que entrasse no mesmo frenesi de raiva que ele.
— Então faça! — ela desafiou, as lágrimas queimando nos olhos, mas sem deixar que caíssem. — Eu prefiro desaparecer a viver debaixo do seu controle, sem poder ser quem eu realmente sou!
A tensão entre eles era palpável, o ar na sala parecia pesado, quase sufocante. Danzou respirou fundo, tentando recuperar o controle que sentia estar escapando por entre seus dedos.
— Você não faz ideia do que está dizendo. — Ele recuou, a voz carregada de ameaça e ao mesmo temor por sentir que a filha o estava rejeitando. — Mas lembre-se, Miwa, eu sempre consigo o que quero e jamais permitirei que aja de forma tão imprudente.
— JÁ CHEGA! — Alana tomou a palavra. — Você não está em condições de continuar com essa conversa e magoar a nossa filha desse jeito não é a solução! Miwa não fez nada e você sabe muito bem disso, então pare de agir com essa brutalidade com a nossa menina!— Alana se via cheia de raiva, mas era o pilar da sobriedade daquela conversa, não deixaria que continuassem ou até mesmo que os sentimentos ruins falassem mais alto e os fizessem agir de maneira incompreensível.
Apesar de sentir o afago materno ela não recuou em suas decisões e com isso fungou antes que as lágrimas escorressem por seu rosto.
— Não precisa disso mamãe, ele já deixou claro que não faça mais parte dessa família.
Antes que ele pudesse continuar, Miwa se virou bruscamente, os olhos cheios de lágrimas, mas sem permitir que ele visse. Ela caminhou calmamente para o quarto no segundo andar, fechando a porta com força e trancando-a, como se isso pudesse mantê-lo longe, mantê-lo fora de sua vida e Danzou sentiu o arrependimento bater contra a face no momento em que o olhar choroso de Miwa encontrou o dele, algo ali havia se quebrado e provavelmente para sempre.
No quarto a castanha se jogou na cama, finalmente permitindo que as lágrimas rolassem livremente. As palavras de Danzou ecoavam em sua mente, mas ela sabia que, pela primeira vez, havia enfrentado o monstro que ele realmente era quando se tratava de si. Uma coisa era não baixar a cabeça e tratá-lo com ironia, outra coisa completamente diferente era expor com clareza e limpidez o que realmente pensava e, mesmo que isso a machucasse, sentiu-se um pouco mais livre.
No silêncio do quarto, apenas a respiração entrecortada de Miwa podia ser ouvida e os olhos queimando de raiva enquanto ela tinha a certeza de que não passaria o restante da noite em casa.
Residência Uchiha
Mikoto estava radiante, e era difícil para Sasuke se lembrar da última vez que a vira tão animada. Assim que eles o jantar foi recolhido, a mãe dele praticamente o puxou para a sala de estar, os olhos brilhando de empolgação. Sasuke mal teve tempo de se sentar antes que Mikoto começasse a falar.
— Então, é verdade? — ela começou, os olhos fixos nos de Sasuke, como se quisesse ler cada nuance de sua expressão. — Você e Miwa... estão realmente juntos?
Sasuke, que estava acostumado com o jeito geralmente calmo e reservado dela, ficou ligeiramente desconcertado com a intensidade. Mas, vendo como a mãe parecia genuinamente feliz, ele não pôde evitar um pequeno sorriso. A mentira estava custando muito e o pior é que não estava se importando.
— Sim, mãe. Estamos namorando. — Seco como sempre tende o olhar analítico da matriarca em antecipação, Mikoto deixou escapar um suspiro de felicidade.
— Oh, Sasuke, eu sempre soube que vocês dois tinham algo especial. Desde que vocês eram pequenos, sempre houve algo diferente entre vocês. Eu não poderia estar mais satisfeita, ela se aproximou mais, pegando as mãos do filho nas suas e apertando-as com carinho.
— Miwa é uma garota maravilhosa, e eu sempre torci para que vocês dois se encontrassem de verdade, sabe? — Mikoto continuou. — Ela tem uma força interior que me lembra muito de você, filho. Eu sei que vocês dois podem fazer um ao outro muito felizes.
Sasuke não era exatamente o tipo de pessoa que expressava sentimentos abertamente, mas a ternura da mãe era contagiante. Ele balançou a cabeça, tentando manter a compostura, mas não pôde deixar de sentir um calor se espalhar por seu peito ao ver como Mikoto estava genuinamente emocionada.
— Fico feliz que você esteja feliz, mãe — ele disse, a voz tranquila, mas cheia de sinceridade.
Mikoto sorriu.
— Eu estou, Sasuke. Muito! Mas... me conte, como isso aconteceu? Quero dizer, como vocês finalmente perceberam o que sentiam?
Sasuke passou uma mão pelo cabelo, um pouco constrangido com toda a atenção, mas ainda assim respondeu.
— Foi algo que simplesmente aconteceu, mãe. Nós sempre tivemos uma conexão, mas... acho que demorou um pouco para percebermos o que realmente significava e agora, está tudo claro. — Apesar dele se apegar ao conceito de que estava contando uma mentira, cada palavra dita foi verdadeira e Mikoto suspirou, como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais romântica do mundo.
— Isso é tão bonito, Sasuke. Eu sempre acreditei que você encontraria alguém que realmente o entendesse, e estou tão feliz que essa pessoa seja Miwa.
No fundo Mikoto e Alana sempre idealizaram a união dos filhos, os queriam felizes e bem, porém se pudessem estar juntos seria melhor.
Antes que Sasuke pudesse responder, eles ouviram um barulho vindo do corredor. Era Fugaku, que vinha observando a conversa à distância. Ele se aproximou, seus passos firmes, mas sem pressa, e parou ao lado de Mikoto, que ainda segurava as mãos de Sasuke.
Fugaku olhou para o filho por um longo momento, e Sasuke quase sentiu que o pai estava avaliando cada palavra dita. Então, para surpresa de Sasuke, um sorriso mínimo se formou nos lábios de Fugaku — um daqueles raros sorrisos de aprovação que ele distribuía com parcimônia.
— Estou contente por você, Sasuke — disse Fugaku, sua voz grave, mas cheia de um orgulho silencioso. — Miwa é uma boa escolha. Tenho certeza de que vocês dois serão promissores juntos.
Aquela simples frase, vinda de Fugaku, tinha um peso imenso. Sasuke sabia o quanto era raro ver o pai expressar qualquer tipo de emoção ou aprovação de maneira tão direta. Ele assentiu, sentindo-se estranhamente aliviado e grato ao mesmo tempo. As famílias sempre foram complicadas, fossem elas Uchiha ou Shimura.
Fugaku colocou uma mão firme no ombro de Sasuke, um gesto que carregava mais do que palavras poderiam expressar, antes de se virar para Mikoto.
— Acho que é hora de darmos a ele um pouco de privacidade. — Ele então olhou novamente para Sasuke, e, com um pequeno sorriso que quase passaria despercebido, completou: — Sua mãe e eu vamos passar a noite fora.
Mikoto riu baixinho, dando um último aperto nas mãos de Sasuke antes de se levantar.
— É, meu querido. Aproveitem, vocês merecem. — Ela lançou a Sasuke um olhar cheio de significado antes de seguir Fugaku para fora da sala e Sasuke quis se afundar no chão, Miwa não estava ali então por que raios sua mãe estava bancando a casamenteira?
A noite finalmente caiu silenciosamente sobre a casa dos Uchihas, agora vazia, exceto por Sasuke. Ele ficou ali, parado na sala de estar, observando o ambiente elegante e silencioso, tentando processar tudo o que havia acontecido. O jantar, a conversa com seus pais, e principalmente, o turbilhão de emoções que Miwa despertava nele.
Sasuke nunca havia sido bom em lidar com sentimentos. Ele sempre preferiu a lógica, a razão, o controle absoluto de suas emoções. Mas Miwa... Ela era a única que conseguia quebrar todas essas barreiras com facilidade. Desde a infância, eles tinham uma relação de provocação mútua. Ambos sempre prontos para um comentário sarcástico ou um olhar desafiador. Ele dizia que a odiava, que não suportava sua presença, implicava com tudo que podia, mas agora, sentado sozinho naquela grande casa, ele não conseguia parar de pensar nela.
Ele foi até a cozinha, pegou uma garrafa de saquê e se serviu de um copo. O líquido desceu quente pela garganta, mas não trouxe o alívio que ele esperava. Pelo contrário, parecia intensificar a confusão em sua mente. Ele se serviu de mais um copo, tentando clarear os pensamentos.
"Sempre disse que a odiava..." pensou, o copo ainda na mão. "Mas então, por que estou tão afetado por ela? Por que a ideia de não tê-la por perto me incomoda tanto?"
Ele se lembrou de todas as vezes que eles haviam se enfrentado, cada provocação, cada olhar carregado de ressentimento. Mas agora, olhando para trás, ele percebeu que sempre havia algo a mais. Algo que ele não queria admitir, nem para si mesmo. Algo que ia além do ódio, algo que ele havia confundido com desprezo.
Mais um gole, e a verdade começou a se revelar em meio à névoa do álcool. O que ele sentia por Miwa não era ódio. Nunca foi. Sempre fora uma atração fulminante que ele tentou mascarar, uma conexão que ele se recusava a aceitar. Sasuke se pegou pensando nos momentos em que ela o irritava até o limite, apenas para vê-lo explodir. E nas vezes em que, depois de todas as brigas, ele se pegava sorrindo ao se lembrar dela. Uma sensação que ia crescendo, quase insuportável, a cada vez que eles se viam.
O toque da campainha ecoou pela casa, interrompendo seus pensamentos. Sasuke franziu a testa conferindo o horário em seu relógio de pulso que marcava vinte e duas horas e meia, e ficou surpreso com a visita inesperada. Quem poderia ser àquela hora? Ou será que seus pais esqueceram a chave?
Ele deixou o copo sobre a mesa e se levantou, caminhando até a porta. Quando a abriu, não pôde esconder a surpresa ao ver quem estava ali.
Miwa estava parada na entrada, o rosto marcado por uma expressão que ele conhecia bem: frustração, cansaço, e algo mais, uma vulnerabilidade que ela raramente deixava transparecer.
— Miwa? — Ele a chamou, a voz baixa e incrédula.
— Eu não tinha para onde ir, se bem que eu poderia ter ido para um hotel — ela respondeu, a voz firme, mas com um leve tremor que denunciava o quanto estava abalada. — Não queria incomodar ninguém ou que me vissem assim.
Sasuke a observou por um instante, notando o quanto ela parecia exausta, como se estivesse carregando o peso do mundo nos ombros. Sem pensar duas vezes, ele se afastou, abrindo mais a porta e a convidando para entrar.
Miwa hesitou por um momento, mas logo cruzou o limiar da casa, e ele fechou a porta atrás dela. O silêncio se instalou entre eles, mas era um silêncio carregado, cheio de significados não ditos. Sasuke a conduziu até a sala de estar, onde ambos se sentaram no sofá, lado a lado, mas sem se tocar.
— O que aconteceu? — ele perguntou finalmente, quebrando o silêncio.
Miwa suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente irritada.
— Meu pai... Ele... Ele simplesmente comprou de vez a nossa mentira e não deixou barato — Ela olhou para ele, os olhos revelando toda a dor que sentia enquanto sorria de maneira ácida. — Para ele, estar com você é uma traição, uma humilhação. Tivemos uma briga feia, e... ele disse que, eu estou morta.
Sasuke sentiu um nó se formar em seu estômago ao ouvir aquelas palavras. Sabia que Danzou não gostava dos Uchihas, mas não imaginava que as coisas chegariam a esse ponto. Ele estendeu a mão, quase instintivamente, e tocou o ombro de Miwa, sentindo o corpo dela tremer levemente sob seu toque.
— E você... o que você disse? — Ele perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.
Miwa desviou o olhar, as mãos trêmulas em seu colo.
— Você sabe como funciona, afinal famílias poderosas se movem no mesmo ritmo.
— Não faz graça Shimura, me responde direito. — Ela revirou os olhos.
— Eu fui além afirmando que ele só me teve para saciar o próprio ego. Que eu não me importo. — Deu de ombros enquanto o Uchiha a encarou. — E aqui? Seus pais soltaram fogos ou te renegaram?
— Fogos está bom pra você? Nossas mães sempre planejaram isso. Creio que esse seja mais um motivo de nós nunca termos nos dado bem, nos detestávamos para quebrar as expectativas, mas... Eu nunca odiei você.
Sasuke ficou em silêncio por um momento, absorvendo o impacto das próprias palavras e tudo o que ela passou. O Uchiha sabia que Miwa era forte, mas não imaginava o quanto estava disposta a sacrificar por causa de tudo o que estava acontecendo entre eles, fosse verdadeiro ou não, fosse pela liberdade ou pelo capricho dela mesma. E isso o fez perceber algo ainda mais profundo.
Sem pensar muito ele a guiou para o salão principal, onde uma lareira acesa lançava sombras dançantes nas paredes, aquecendo o ambiente e criando um contraste com o ar frio do lado de fora. Uma música suave ecoava pelos corredores, criando um ritmo envolvente que parecia ditar o compasso dos corações de ambos. A melodia, sedutora e um tanto melancólica, pairava no ar como um sussurro, intensificando o clima entre os dois.
Miwa estava diante da lareira, seus olhos fixos nas chamas que se moviam em um balé hipnótico tentando deixar toda a merda que ocorreu em sua casa onde deveria estar, ou seja, do lado de fora da mansão Uchiha, já havia tirado. Seu corpo estava envolto em um vestido preto justo, que destacava suas curvas com elegância e sensualidade. Ela sentia o peso do olhar de Sasuke sobre ela, um olhar que a fazia sentir-se despida, mesmo estando completamente vestida.
Sasuke estava encostado na parede oposta, observando-a com a intensidade de sempre, mas havia algo diferente naquela noite. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregado de significados não ditos, de palavras não cumpridas, de desejos reprimidos. O moreno vestia uma camisa preta desabotoada nos punhos, as mangas dobradas até os cotovelos, o que lhe dava um ar despojado, mas perigosamente atraente.
— Miwa — a voz de Sasuke cortou o silêncio, baixa e rouca, como se a própria música fosse parte do diálogo entre eles. Se virou lentamente para ele, o coração acelerando em resposta ao tom profundo que ele usara. — Por que você sempre foge?
Ela sabia que não estava falando apenas daquela noite. Havia algo que os puxava um para o outro, mas que ao mesmo tempo os fazia manter distância.
— Eu não estou fugindo — respondeu, mantendo a voz firme, embora soubesse que era uma mentira. — Só estou... tentando entender o que está acontecendo entre nós.
Sasuke se afastou da parede, caminhando lentamente em direção a ela. Cada passo que dava parecia sincronizado com a batida sonoras, e Miwa sentia-se hipnotizada pelo magnetismo que ele emanava. Quando parou a poucos centímetros dela, a diferença de altura entre eles fazendo com que a Shimura tivesse que erguer o olhar para encará-lo nos olhos.
— Você sabe exatamente o que está acontecendo — ele murmurou, os olhos escuros fixos nos dela. — E está com medo disso. — Afirmou sem mais joguinhos.
Miwa engoliu em seco, sentindo a respiração pesar. Sasuke estava certo. Ela estava com medo, mas não do que ele poderia fazer, e sim do que ela estava sentindo. Havia uma parte dela que ansiava por se entregar completamente, mas outra que temia perder o controle, perder a si mesma na intensidade de Sasuke e em todos os problemas que acarretavam com a verdade.
Ainda assim preferia se servir naquele enlace que prendia suas verdadeira vontades constantes, também conhecida como ironia.
— E você? Não está com medo? — ela desafiou, a voz saindo mais suave do que pretendia.
Sasuke não respondeu de imediato. Em vez disso, ele levantou a mão e a passou suavemente pelo rosto dela, os dedos roçando de leve na pele quente. O toque foi eletrizante, fazendo-a fechar os olhos por um instante, apreciando a sensação.
— Talvez eu esteja — admitiu, a honestidade em sua voz fazendo o coração de Miwa apertar. — Mas isso não significa que eu vá me afastar. Não vou fugir, Miwa. E não vou deixar você fugir também.
A música continuava a tocar, cada nota penetrando no silêncio denso que se formara entre eles. Sasuke inclinou-se lentamente, até que seus lábios roçaram os dela em um beijo suave, quase uma promessa. Miwa sentiu seu corpo ceder, seu coração se entregando naquele momento. A mão dele desceu até o quadril dela, puxando-a para mais perto, enquanto o beijo se tornava mais profundo, mais urgente, os dedos permeando pelo tecido e o puxando lentamente para cima.
— Talvez devessem ir para o quarto. — A voz do moreno ecoou pelo local fazendo com que o casal se separasse bruscamente, Miwa estava enuviada pela sensação quase alcoólica que era estar nos braços de Sasuke e ele simplesmente olhou para Itachi sorriu de lado e puxou e a mão dela em direção as escadas. — Pelo menos dessa vez não negaram, não me deem sobrinhos antes do tempo!
O mais novo simplesmente ignorou a provocação do irmão, abrindo a porta do quarto e puxando-a para dentro, devorando os lábios dela lentamente enquanto a empurrava na cama, tirando a blusa e apenas trancando a porta para ter certeza de que não seriam interrompidos. Sasuke nunca agradeceu tanto aos pais por terem posto isolamento sonoro nos quartos, pois, por hoje, faria Miwa gritar até que perdesse a voz e não se importaria com mais nada.
[...]
O estádio estava lotado, a energia no ar vibrava com a expectativa do jogo decisivo entre o time intercolegial de Konoha, os Gennin's, e o time nacional, a Akatsuki, responsáveis pelo atual título. A partida definiria quem representaria Konoha no torneio internacional de baseball. De um lado, os jovens e determinados alunos do IKS: Sasuke, Naruto, Shikamaru, Choji, Kiba, Shino, Sai, Kankuro, Lee e Gaara. Do outro, os veteranos da Akatsuki, conhecidos por sua implacável habilidade e experiência.
O jogo começou intenso, com os Gennin's mantendo uma defesa sólida, liderados por Shikamaru, cujo intelecto estratégico frustrava as jogadas agressivas da Akatsuki. Gaara, o arremessador principal, estava em sua melhor forma, seus lançamentos quase impossíveis de serem batidos. Ainda assim, a Akatsuki conseguiu arrancar algumas corridas, mantendo o placar apertado.
No entanto, o time de Konoha não se intimidava. Naruto, com sua energia explosiva, foi um dos primeiros a marcar uma corrida para os Gennin's, igualando o placar. Lee, com sua velocidade e agilidade, conseguiu roubar bases, colocando pressão na defesa da Akatsuki. Choji, com sua força bruta, rebateu a bola com tal poder que a enviou para a arquibancada, arrancando gritos e aplausos da torcida.
À medida que o jogo avançava, a tensão aumentava. Cada jogada contava, e o placar se manteve empatado até o final da oitava entrada. Era a vez dos Gennin's atacarem, e todos sabiam que precisavam de uma corrida para garantir a vitória.
Sasuke, sempre frio e calculista, se posicionou no bastão. Os olhos negros estavam focados, e ele ignorou o som ensurdecedor da multidão. O arremessador da Akatsuki, Itachi Uchiha, o próprio irmão de Sasuke, lançou a bola com a precisão e velocidade características. Mas Sasuke estava preparado. Com um movimento rápido e certeiro, ele rebateu a bola com força, enviando-a voando em direção ao campo central.
A bola ricocheteou nas paredes do campo, mas Sasuke já estava correndo para a primeira base. A velocidade e a precisão da Akatsuki tentavam impedir a vitória, mas Sasuke era rápido. Ele alcançou a segunda base com facilidade, então a terceira. Todos prenderam a respiração.
A bola voltou para o campo, mas Sasuke, determinado, fez um sinal para Miwa, que estava na arquibancada, olhando atentamente. Com um último impulso, ele correu para a base final e jogou a bola para Miwa, a garota que ele jurava odiar, mas que, naquele momento, parecia ser a única coisa em sua mente. Ela pegou a bola com precisão, e a filmagem no telão capturou cada segundo daquele momento decisivo.
Sasuke deslizou para a base final, a multidão explodiu em gritos de euforia. Os Gennin's haviam vencido! A emoção tomou conta do estádio enquanto Sasuke levantava, ofegante, mas vitorioso. Seus companheiros de time correram para celebrar, e o telão mostrava Miwa segurando a bola da vitória, um sorriso suave no rosto.
A Akatsuki, mesmo derrotada, reconheceu a habilidade e o espírito dos jovens Gennin's. O time de Konoha estava agora destinado a representar sua aldeia no torneio internacional. E enquanto os gritos de vitória ecoavam pelo estádio, Sasuke, em silêncio, olhou para Miwa mais uma vez, sabendo que aquele jogo não era apenas sobre baseball, mas sobre algo muito mais profundo.
A vida de ambos aos poucos estava prestes a mudar, com o tempo e o fim das campanhas veio o anuncio do novo "Hokage" e nunca restou dúvida alguma que seria Obito, ele tinha mais apoiadores e uma promessa melhor.
Os Genin's passaram a jogar profissionalmente enquanto tinha suas vocações/profissões a parte, assim como as garotas.
Dois anos depois o casamento e Gaara e Ino aconteceu, o que levou todas as amigas a derramar rios de lágrimas, Sakura foi a contemplada ao pegar o buquê e não pode deixar de corar quando Naruto ergueu a taça de champanhe e piscou para a rosada.
A vida aos poucos se acertava e com isso Shimura e Uchiha se envolviam cada vez mais, as provocações e a falsa irritação nunca foi deixada de lado e sempre serviu de combustível. Sasuke estava apaixonado por ela e era correspondido em igual tenacidade. Miwa passou a acompanhá-lo nas viagens e descobriu sua verdadeira paixão por fotografia e assim seguiam juntos sem deixar de lado tudo aquilo que os uniu.
Sasuke nunca agradeceu por ter a empurrado dentro daquele armário;
Miwa nunca descobriu quem foi que drenou parte do combustível do carro dele;
Sasuke nunca ligou para as expetativas sobre si;
E Miwa jamais pisou na faculdade escolhida por seu pai, e por falar nele, ela estava perdoando aos poucos, porém, depois daquela noite na casa do moreno não voltou mais para casa;
Miwa seguiu seu caminho, alugando um apartamento comum e vivendo como sempre quis viver, livre.
E ter Sasuke somente para si era o melhor dos bônus que a vida poderia oferecer.
Segure minha mão pela vida
Hold on to my hand for life
Salve-me desta situação solitária
Save me from this lonely plight
Você quer mais do que o paraíso
You want more than paradise
Garota, estou voltando para casa hoje a noite
Girl, I'm coming home tonight
Garota, estou voltando para casa para você
Girl, I'm coming home for you
Música: You - Somo
Nos vemos no epílogo. <3
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