2.NEM TÃO OPOSTOS

A noite foi inquieta para ambos, na mansão dos Shimura. Danzou estranhou o fato de a filha não ter batido boca com ele, apenas chegou e se trancou no quarto. Já na casa dos Uchiha, Sasuke estava mais calado do que o normal e isso só mudou no dia seguinte, quando Itachi chegou e, após um tempo, foi conversar com o irmão.

— Então quer dizer que a Shimura virou a sua cabeça do avesso? Quem diria — o mais velho dos Uchiha sorriu, deixando Sasuke levemente irritado. Ele não havia dito nada de mais, apenas que odiava a Shimura.

— Não sei do que você está falando. Aquela criatura é completamente dispensável. — Revirou os olhos, jogando a bolinha de beisebol para cima.

— É assim que começa e desde que eram crianças que eram assim, lembro da vez que você colou chiclete no cabelo dela e ela meteu um soco na sua cara e depois cortou a sua franja toda torta, para mim isso aí é desejo reprimido, Sasuke. — A voz de Itachi fez com que ele ponderasse o que aconteceu, não que houvesse esquecido o beijo intenso dado na castanha ou tudo que de fato rolou, mas será mesmo que aquilo era desejo ou algo motivado pelo ódio?

Sasuke fechou os olhos brevemente, ignorando tal sentimento.

— Tanto faz, eu realmente não estou a fim de falar sobre isso. — E novamente arremessou a bola para cima, pegando com a direita, era o lançador do time de beisebol do colégio, seguindo a tradição da família e na real não sabia se seguiria jogando profissional ou se entraria para a faculdade e deixaria o esporte de lado. — Vai ao meu jogo semana que vem?

Sasuke perguntou um pouco alheio e Itachi sorriu amavelmente.

— Eu não perderia por nada e Shisui até mandou fazer uma surpresinha para você. — O Uchiha mais velho piscou, deixando o outro constrangido. Sasuke tinha a certeza de que a dupla estava aprontando algo e que infelizmente não poderia fazer nada, e por mais que estivesse afim de recusá-lo, batidas soaram à porta antes de o quarto ser devidamente invadido.

— Teme! Vamos treinar! Esqueceu de dizer que ainda tem umas cem bolas para lançar? A turma do Akamaru vai pegar as bolas para a gente. — Naruto riu, era inacreditável a capacidade do loiro de ser tão... tranquilo. — E aí, Itachi, beleza?

O mais velho sorriu, não entendia como aquela amizade funcionava, mas ficava extremamente feliz por Sasuke ter um melhor amigo assim como ele tinha o Shisui.

— Tudo certo. — Itachi confirmou.

— Você é muito barulhento, dobe, por que raios minha mãe te deixou entrar? — Sasuke cortou a conversa antes dela começar.

— Ora, a tia Mikoto me ama!

— Já falei para mamãe não dar corda para maluco. — Sasuke se levantou enquanto Naruto sorria.

— Pelo menos o humor melhorou, também depois daquele beijão que você lascou na Miwa, tinha que estar todo alegre... — Recebeu a bola na boca, sendo impedido de continuar, mas o estrago já estava feito e o olhar malicioso e inquisitivo de Itachi beirava a perfeição que transbordaria o cálice da paciência de Sasuke.

— Então, quer dizer que você ficou com ela? Agora está explicado.

Sasuke arregalou os olhos por alguns segundos antes de empurrar Naruto para fora do quarto.

— Vamos embora, dobe! — Sasuke exigiu, praticamente arrastando o Uzumaki, que por um milagre entendeu que Itachi, até então, estava no escuro sobre o ocorrido e, com isso, gargalhou tanto que ignorou o amigo.

Itachi somente observou, depois conversaria com o irmão, ou quem sabe, pegaria no pé dele.

Enquanto isso, na mansão ao norte de Konoha, a garota acordava calmamente, embebida pelo reflexo do silêncio, onde se tinha tudo e nada. Miwa Shimura era uma garota jovem na faixa dos dezoito anos, filha de Alana Ay Shimura e Danzou Shimura, uma união instável que durou o suficiente para que a fabricassem, porém se mantinham debaixo do mesmo teto pela carreira política do Shimura sem que Hiro Ay saiba, ou seja, Miwa vinha de um lar frio e coberto de luxos, mas o trocaria de olhos fechados por uma convivência simples, pois além de morar na torre da Rapunzel, tinha um pai que julgava ser um merda.

No entanto, estava feliz. Danzou havia saído para o trabalho e agora poderia pensar somente em si e, por falar nisso... A garota só pensava na reação de Sakura e nos lábios de Sasuke.

— Merda, parece que voltei à adolescência! Era só ter pago e mentido, Miwa, simples assim! — Divagou conforme sufocava o próprio rosto com o travesseiro. Se tinha uma coisa que não queria era perder a amizade de Sakura por conta de um erro bobo, mas não sabia se conseguiria ou se a rosada iria relevar.

Miwa respirou pesado e, ao pressionar os lábios, não conseguiu evitar de pensar no beijo de Sasuke. Para uma dupla que se odiava, aquilo havia sido intenso demais. Batidas soaram na porta e a castanha revirou os olhos, nem tinha retirado o pijama de cobrinhas quando fez um coque pesado nos cabelos e abriu a porta.

— Ainda, querida? Temos trabalho na fundação e você precisa estar pronta em meia hora, então se apresse.

A garota respirou pesado, gostava de ajudar no trabalho da mãe, mas odiava o fato de tudo ter a ver com política, não tinha para onde correr, do lado materno o avô era um presidente e do paterno o pai estava tentando ser um governador.

"Meu Deus, que inferno" Pensou antes de encarar a mãe.

— Bom dia para a senhora também, mamãe, e aí dormi bem? Muito bem. — Ironizou. Miwa não entendia o motivo dela se sujeitar a ficar debaixo do mesmo teto que seu pai, tudo bem que Danzou nunca desrespeitou a mulher, somente era rígido com a filha, que jamais perceberia que o Shimura ainda é completamente apaixonado pela esposa.

— Minha princesa, vamos ter tempo para isso, só preciso que tome café e se vista como a filha do futuro governador. — Piscou e, a esse ponto, Miwa já sabia que não adiantava conversar. Assim, seguiu para o banheiro e fez o que tinha que ser feito, depois tomou café e fez a maquiagem, colocou os malditos saltos que tanto detestava e se encarou no espelho.

— Puta que pariu, era só ter nascido uma sem sobrenome! Se bem que com os contatos da minha mãe seria difícil, ou eu viraria uma Sarutobi ou Fuuma e até mesmo Uchiha. Só de pensar nessa possibilidade me dá vontade de vomitar. Nascer no mesmo clã daquele sad boy ridículo, não! Enfim, é melhor eu ir. — Miwa parou de falar sozinha e seguiu escada abaixo com a bolsa em mãos, torcendo para que o serviço envolvesse crianças fofinhas. Infelizmente, tinha um lado extremamente maternal, adorava bebês e escondia essa vontade de todos.

[...]

O trabalho era nada mais nada menos que a abertura do novo campo de beisebol junto ao parque comunitário e a nova rota gastronômica de Konoha.

Foram algumas horas de entrevista, onde Alana falou sobre as obras e, com orgulho, expressou a alegria pelo fato de algo tão plural estar pronto. Houve prova de comidas e muitas fotos e, em todas elas, Miwa sorria e demonstrava apoio, mesmo que por dentro estivesse torcendo para o pai perder.

A garota já se sentia extremamente vigiada fora das portas da escola, imagina se Danzou ganhasse a candidatura e se tornasse governador? Seria um verdadeiro inferno!

— Temos orgulho de conseguir financiar a reabertura do parque comunitário e claro que isso é apenas o começo. — Alana comentou e o barulho da torcida chamou a atenção. Com isso, a repórter desviou lentamente a tela de filmagem para onde os garotos treinavam. O time promissor de Konoha, que jogava pela liga de beisebol em nome do país no juvenil.

— Olha só, parece que o campo já foi estreado, mas não filmem muito, afinal todos devem manter suas táticas de jogo fechadas. — Alana comentou de maneira divertida, uma saída bem educada e uma forma de trazer a atenção de volta para si.

A entrevista continuou conforme Miwa tentava não prestar atenção nos colegas de classe. Quando finalmente acabou aquela palhaçada, por assim dizer, a garota acabou esbarrando no ruivo conforme conversava com a mãe na volta para o carro.

— Desculpa, Sabaku. — Comentou assim que notou a cabeleira vermelha e os olhos intensamente verdes.

— Sem problema, Shimura, viu Ino por aí? Ficamos de nos encontrar na entrada do estádio e nada. — Miwa sorriu pela pergunta dele, se tratando da amiga, provavelmente estava retocando a maquiagem.

— Ela deve estar retocando a maquiagem, tenho que ir. Até segunda-feira. — Se despediu e a mãe não conseguia tirar os olhos daquela cena. Quando retornou ao lado da progenitora, o sorrisinho cínico permaneceu.

— Pode tirar esse sorrisinho do rosto, mãe. Gaara é namorado da minha amiga, então nem começa com essa ideia de tentar arranjar um macho para mim, que isso é ridículo, essa tradição é arcaica e...

— Não fale desse jeito! Você não é um animal para ter um macho! Deus, imagina se fosse o seu pai aqui? — Miwa revirou os olhos.

— Aí eu estaria o ignorando com força.

— Você não pode continuar tratando ele assim. Seu pai só quer o seu bem, minha querida.

Miwa respirou pesado.

— Olha, mãe, de boas intenções o inferno está cheio, eu só quero viver minha vida em paz e a carreira dele me impede até de dar um pum sem que saibam!

— Miwa!

— Tá bom! Serei a dama perfeita, agora podemos ir? — A matriarca desviou o olhar, notando que os amigos dela estavam por perto.

— Não. Você já fez sua parte, querida, vá se divertir com seus amigos e eu me entendo com seu pai.

Os olhos em tom oliva da garota chegaram a reluzir antes de se aproximar da mãe e a abraçar fortemente, recebendo um beijinho sobre os fios.

— Obrigada, mãe.

— De nada, meu amor. Pode não parecer, mas eu sei o que é crescer no meio político. Só não deixe que te peguem aprontando e sempre apareça bem na TV e está tudo certo. — Piscou de leve, observando a filha sair do carro e pedir para abrirem o porta-malas. Miwa tirou de lá uma bolsa comum e seguiu para dentro do espaço comunitário, tinha a mania de levar consigo uma bolsa com mudas de roupas comuns e nada tão princesa, assim sempre poderia ficar confortável.

A garota cruzou o corredor em direção ao estádio pensando em como a vida era foda. Aos dezoito anos, ainda tinha de se manter na linha, quando na verdade adorava viver do seu jeito. Mal chegou no campo, passando por baixo da arquibancada, quando viu olhares sobre si e, para piorar, topou com Sasuke, que estava molhando a nuca. O Uchiha levantou os olhos após secar o pescoço apenas para vê-la em trajes clarinhos: um vestido de meia manga, utilizando meia-calça que ornava com tudo, saltos e sem decote, os cabelos presos no estilo princesa, maquiagem clara e olhar irritado.

— Shimura...

— Uchiha...

Pareciam que estavam a ponto de se matar a qualquer momento.

— Errou o local, princesa, aqui é para os seres normais. — Miwa ergueu o dedo do meio para ele antes de sorrir.

— Se aceitam você, então qualquer um é permitido. — Sasuke torceu a toalha e se aproximou mais.

— Sua...

— O quê? Maravilhosa? Deusa? — Ela arqueou a sobrancelha e sorriu ironicamente enquanto Sasuke revirou os olhos, estando extremamente próximo dela, nem havia percebido.

— Eu ia dizer mimadinha de merda.

— Você é tão babaca e infantil. — E assim puxou a camisa dele, segurando com força, sem se importar com o fato de estar suado.

— Está querendo outro beijo, Shimura? — A mão direita de Sasuke foi à parede e ela revirou os olhos, enquanto a outra foi à cintura, apertando.

— De você eu quero distância! — Se desse para dividir a mesma respiração, ambos estavam de parabéns.

— Não é o que parece — mordeu o lábio antes de encarar os dela com seriedade, e a mesma gostou do desafio. Odiava tanto Sasuke Uchiha que não poderia perder para ele em quesito algum.

— Talvez eu seja demais para você. — Miwa desviou o lábio lentamente, roçando no canto dos dele, e a mão de Sasuke entrou nos cabelos dela, puxando pela nuca, o mesmo olhar intenso de quando estavam no armário.

— EI, TEME, VOCÊ ESTÁ DEMORANDO DEMAIS... — A voz de Naruto emudeceu e Miwa empurrou Sasuke longe. — Ah... Eu não queria atrapalhar, podem continuar se pegando aí. OH, SHIKAMARU, VOCÊ VAI SUBSTITUIR O TEME, ELE ESTÁ OCUPADO! — Naruto comentou, recebendo uma toalhada molhada na nuca. — PORRA, ISSO DOI!

— Então cala a boca, dobe! Eu vou continuar lançando, vamos logo com isso!

— Tá. Você namora depois, então. Ei, Miwa, as meninas estão na arquibancada lateral até depois.

A Shimura esperou que Sasuke e Naruto saíssem para ficar cheia de vergonha, não pela situação, mas por ter sido pega.

"Cara... Por que eu sou assim? Que droga!" Pensou, encostando a cabeça na parede e contando até dez. Pegou a bolsa que havia caído no chão e seguiu pela mesma saída que o Uchiha e o Uzumaki usaram momentos antes. Bastou ver o olhar das amigas para saber que elas entenderam tudo com outra perspectiva, no entanto, os olhos verdes de Sakura se mantiveram distantes e Miwa viu ali uma oportunidade de se comunicar com a rosada.

Lembrando que o Danzou é esse fdp aqui só que mais velho na casa dos quase cinquenta.

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