De todas as ideias que Miwa já teve, aquela sem dúvida era a mais "excêntrica", por assim dizer. A castanha já havia transcendido os níveis de esperança em ter uma vida normal; os holofotes do pai sempre interfeririam, então que fosse do seu jeito.

— Estamos namorando, pra você tá bom? — Foi essa a ideia de jerico que ela teve e que foi comprada por Sasuke no mesmo momento.

— E o que eu ganho com isso? — Arqueou a sobrancelha enquanto olhava para as pernas dela e mordia o lábio antes de sorrir de lado.

— É sério isso, Uchiha? Você é um devasso disfarçado! — Apesar da "reclamação", ela gostou demais do que sentiu quando ele a olhou daquele jeito.

— Se não for isso, você vai ter que ser muito criativa.

Ela revirou os olhos.

— Vamos facilitar: eu sei que sou gostosa e posso ser o seu vício facilmente. Agora vamos aos planos. Pede para o seu chofer, ou sei lá o quê, deixar um carro pra gente aqui e vamos dar uma voltinha juntos antes de você me levar para casa. Eu preciso fazer umas comprinhas.

Ela sorriu, e ele revirou os olhos.

— Sabe que seu pai vai enfartar quando descobrir.

— Vaso ruim não quebra, Sasuke. Agora, vamos logo com isso. Assim, eu paro de ser assediada pela mídia e você também, já que é por efeito colateral.

— Ou vamos foder de vez com essa paz.

— Ah, isso nós já fizemos desde o momento em que começamos a nos envolver.

Sasuke tentou não demonstrar, mas era a primeira vez que a castanha assumia que estava se envolvendo com ele, o que, para o moreno, ficou meio óbvio desde a primeira transa pela forma como ocorreu.

— Se o objetivo é deixar seu papai com os fios brancos, você vai dormir na minha casa hoje. — A afirmação fez com que ela revirasse os olhos. Sasuke Uchiha, segundo Miwa, era um mandão! Um cara grosso, irritante, gato e que estava começando a permanecer por tempo demais na mente dela.

[...]

Ok, Miwa não esperava por isso, mas lá estava ela, dentro da piscina na casa do Uchiha, sentada na borda com as pernas na água e Sasuke entre suas coxas, apoiado. Óbvio que o corpo estava todo coberto com um maiô de proteção UV e mangas compridas, e Sasuke também usava uma camisa de mangas longas com a mesma descrição. Para piorar, Mikoto já havia contado a novidade para toda a família, incluindo a mãe de Miwa. E é claro que o Uchiha estava tirando uma casquinha; a mordida na coxa dela deixava isso bem evidente.

— Sasuke, eu não acredito que me obrigou a vir pra sua casa pra te servir — reclamou Miwa.

— Até parece que não gosta. Combinado não sai caro, Shimura. Minha mãe estava começando a pensar no meu futuro amoroso e agora ela tem a certeza de que eu estou comprometido. Não foi você quem sugeriu essa merda? Agora aguenta.

Ela revirou os olhos.

— Sua família sempre é divertida, diferente de você.

— Já eu não posso dizer o mesmo da sua.— devolveu a provocação, e estavam prestes a continuar com ela, se não fosse pela invasão do loiro e de mais meia turma de amigos.

— Mas que porra vocês estão fazendo aí? — A voz de Naruto ecoou, assustando-os.

— Sou eu quem deve perguntar isso; afinal, você invadiu a minha casa! — Sasuke revirou os olhos, e Miwa sorriu, tentando afastar a vergonha de ver seus amigos os encarando, confusos.

— Teme... Por mais que eu queira comemorar em uma festa o fato de que você finalmente desencalhou, temos treino de beisebol hoje, e como ninguém sabia onde você estava, eu achei melhor vir te buscar na sua casa — explicou Naruto, piscando, o que levou Sasuke a revirar os olhos.

— Minha mãe precisa parar de te deixar entrar aqui — reclamou Sasuke, falsamente, enquanto sentia as mãos de Miwa em seus ombros antes dela se abaixar.

— Sua mãe é um amor, pare de reclamar e vai logo. — Naruto afirmou e Sasuke jogou a cabeça para trás apoiando no monte de venus e ela respirou fundo.

— "Eu tenho que voltar pra casa"— sussurrou para que só ele escutasse.

— Esqueceu que você vai dormir aqui? Se for embora agora, a mentira quebra. Miwa, deixa de ser burra — murmurou Sasuke, levando um beliscão por parte dela antes de se levantar e fechar a saída de praia.

— As meninas também vieram? — perguntou Miwa, esperançosa.

— Dessa vez não, gatinha. Mas, se quiser, eu te dou uma carona até a casa da Sakura — sugeriu Naruto, levando um pouco de água da piscina por parte do Uchiha. — Olha o ciúme, Teme, você também vai.

A bagunça fez com que todos revirassem os olhos, enquanto Naruto ria de leve. Miwa seguiu para dentro da mansão e sentou em uma das banquetas da cozinha, sorrindo pelo local ser tão calmo e, ainda assim, se envergonhando pela situação em que esteve com Sasuke.

"Por que as coisas são assim? Estamos fingindo, quando na verdade estamos envolvidos", suspirou ela pelo pensamento. "Meu pai deve estar me caçando feito um louco para me despachar para fora da cidade."

Pensou enquanto bebia água.

— Parabéns, Miwa, tinha que ser logo o Sasuke? Você está duplamente ferrada — sussurrou, apoiando a mão no rosto como suporte e pensando no que fariam dali para frente. Estava tão concentrada que nem se deu conta de que tinha mais alguém na cozinha.

— Talvez porque você esteja apaixonada pelo meu irmão... — Na mesma hora, ela arregalou os olhos, sentindo vergonha e respirando pesado. Por que raios tinha que falar aquilo em voz alta? Itachi sorriu de maneira cúmplice e se aproximou, oferecendo a ela um pedaço de sanduíche. — Se te serve de consolo, ambos possuem o mesmo sentimento, então parem de uma vez com essa gracinha e fiquem juntos. Todo mundo aprova — sorriu, saindo do local, e a castanha só queria cavar um buraco na terra e sumir.

[...]

O treino dos meninos estava sendo ótimo. Sasuke havia conversado com Itachi antes de partir e ouvira do irmão mais velho que era bom estarem preparados, pois os veteranos não pegariam leve. De certa forma, o moreno se sentia completamente orgulhoso do que escutara; afinal, eles estavam mais do que preparados para vencer dessa vez. A lembrança amarga da derrota no ano anterior ainda assombrava o Uchiha mais novo, quando a Akatsuki levou a melhor e o time teve que deixar de lado o sonho de competir pelo país.

Porém, dessa vez estava convicto de que venceriam, principalmente com a sessão de treino pesado que vinham fazendo há meses. Guy não dava trégua para que eles descansassem no internato e, mesmo após entrarem de férias, os treinos eram recorrentes. De certa forma, sentia orgulho ao experimentar a adrenalina que corria em suas veias enquanto praticavam o esporte que tanto amavam.

Enquanto os meninos praticavam, Miwa estava em uma loja cara qualquer ao lado de Ino e Sakura. Uma precisava de ajuda para escolher um vestido de baile, visto que viajaria para Suna, e a outra ainda estava aceitando o fato de que, aparentemente, a amiga estava com aquele de quem ainda gostava.

— Então... Vai mesmo esperar pela nossa pergunta, Miwa? — Ino questionou enquanto selecionava mais um modelo, e a castanha permaneceu quieta.

— Fala de uma vez antes que a Ino comece a surtar — afirmou Sakura. — Estão mesmo namorando?

A voz saiu um pouco baixa, e Miwa odiou vê-la assim, por isso assentiu minimamente para a mentira que criaram.

— Finalmente! Eu não aguentava mais toda aquela tensão entre vocês, e eu sei que é doloroso agora, Sak, mas não era pra ser. — Deu de ombros. Ino nunca fez o tipo que consola de forma suave; ela simplesmente incentiva a seguir em frente, mesmo que compreenda a dor dos outros. — Eu sei que posso estar parecendo uma vaca falando assim, mas, cara, vocês nunca tiveram nada, e até onde eu sei, tudo isso só começou porque você encheu o saco da Miwa para ela participar daquele joguinho. Então vamos agir como as adultas que somos e seguir em frente.

Respirou fundo, selecionando mais uma das peças. Mesmo que estivesse coberta de razão, há certos tipos de conversa que nem sempre devem vir à tona.

— Então foi isso que você fez quando Itachi terminou com você? — Sakura cruzou os braços, e Ino ergueu a sobrancelha, um pouco irritada. Aquela era uma situação completamente diferente, e sabia que a amiga estava tocando em um assunto tão doloroso por sentir raiva.

Miwa, entretanto, se aproximou, colocando a mão no ombro de ambas.

— Amigas... É sério isso? Olha, vamos deixar os Uchihas e qualquer outro para lá e curtir a nossa saída, que tal?

Apesar de contrariadas, ambas concordaram e seguiram para a próxima loja de luxo, onde Ino faria com que Miwa gastasse grana com alguma peça de luxo irrelevante.

[...]

O que era mais engraçado: fugir dos pais feito uma criança por medo de ser obrigada a sair da cidade ou receber uma mensagem de Sasuke avisando que a buscaria no shopping apenas para que fossem fotografados juntos? É óbvio que o moreno tirou uma casquinha, apoiando a destra no quadril e puxando-a de encontro ao corpo conforme se encostava no carro.

— Acho que já deu, Uchiha. Eles entenderam — Miwa sussurrou ao ver as fotos sendo tiradas.

— Está reclamando mesmo disso? — Ele ironizou, e por algum motivo, o rosto dela ruborizou de vergonha, o que fez Sasuke sorrir.

— Será que podemos ir logo?

Ele abriu a porta para ela e seguiu para o lado do motorista.

— Eu quero que faça algo pra mim no jogo de fim de semana — disse, apertando o volante conforme dirigia. Miwa notou o quanto ele estava tenso. Calmamente, deslizou os dedos pelo braço dele, apertando em uma espécie de afago, e seguiu pelo pescoço até chegar na nuca. Não pôde deixar de notar os pelos dos braços dele arrepiados e a atenção completa na estrada.

— O que você quer?

Sem tirar os olhos da pista, Sasuke fez a curva e, com a mão livre, passou pela coxa dela, apertando.

— Você vai saber exatamente o que é. Só preciso que fique atenta ao jogo — disse ele, subindo mais a mão até que ela apertou a coxa, e então ele voltou a segurá-la no câmbio, como se nada tivesse acontecido.

"Maldito Uchiha!"

A casa Uchiha estava cheia, e nem mesmo o casal entendia o que estava acontecendo. Porém, bastou ouvir a risada animada no salão principal para que Miwa se espantasse. Ali estavam seus pais, seguidos pelos de Sasuke, ambos trajando roupas casuais e bebendo em uma conversa casual, uma cena que Miwa nunca imaginou ser possível. Mas quando desviou o olhar para o pai, soube que teria problemas. O brilho nos olhos de Danzou parecia arder em desgosto, e ela entendeu de imediato que, quando estivesse em casa, seria devidamente punida por tudo, mesmo que só estivesse vivendo sua vida.