16.EXTRAVASANDO DO JEITO ERRADO
A vida é realmente imprevisível. Miwa, que antes estava feliz e havia se tranquilizado ao lado de Sakura, agora fervia por dentro. Já havia segurado a vontade de chorar de raiva e simplesmente seguiu para casa, até mesmo deixando a comida de lado.
A casa estava silenciosa e ela fervia de raiva, como havia demorado a chegar, Danzou adiantou o assunto por telefone e agora ela adentrava a sala de estar da casa com passos pesados e um olhar decidido, mas carregado de raiva. Alana, sua mãe, estava sentada no sofá, enquanto Danzou estava de pé, observando a filha com sua expressão habitual de frieza e autoridade. O ambiente estava tenso, e Miwa sabia que aquela conversa não terminaria bem.
— Eu não acredito que vocês tomaram essa decisão sem me consultar! — Miwa explodiu, encarando o pai com os olhos brilhando de indignação. — Kumogakure? Faculdade de Direito? Isso não é o que eu quero!
Danzou permaneceu inabalável, com os braços cruzados e um olhar impassível. Ele esperou alguns segundos antes de responder, com a voz firme e controlada:
— Miwa, suas escolhas são irrelevantes neste momento. Como minha filha, você tem responsabilidades que vão além dos seus desejos pessoais, ficar aqui em Konoha participando de festinhas com os seus amigos não vai levar a lugar nenhum. A faculdade de Kumogakure é a melhor opção para garantir um futuro sólido. Direito é uma área que lhe permitirá entender as complexidades do mundo em que vivemos, especialmente com meu cargo político em ascensão.
Miwa sentiu seu sangue ferver ao ouvir as palavras do pai. Ela sempre soube que ele era controlado e autoritário, mas esperava que, ao menos uma vez, ele a ouvisse.
— Eu não vou ser uma extensão da sua ambição, pai! — rebateu com firmeza. — Eu tenho sonhos, coisas que quero fazer por mim mesma! Você nunca me perguntou o que eu queria, nunca considerou minhas vontades! E parece que ainda estar me punindo pela confusão na casa de praia.
Alana, que até então estava em silêncio, finalmente se pronunciou. Sua voz era mais suave, mas ainda carregava a condescendência de alguém que já havia aceitado seu destino.
— Miwa, entenda que nós só queremos o melhor para você. Seu pai está certo. Kumogakure oferece uma educação de excelência, e o curso de Direito vai te preparar para enfrentar os desafios que virão, fora que manterá o legado da família. Nós só queremos garantir que você esteja pronta para o futuro querida.
Miwa virou-se para a mãe, sentindo uma pontada de decepção. Esperava, ao menos, algum apoio.
— E o que eu quero, mãe? — perguntou, sua voz vacilando entre raiva e desespero. — Eu pensei que você estivesse do meu lado.
Alana respirou fundo, sua expressão suavizando por um momento, mas logo retomando a seriedade.
— Miwa, eu sempre vou estar do seu lado, mas há momentos em que precisamos fazer escolhas difíceis. Eu sei que isso é doloroso para você, mas confie em nós. Estamos pensando no seu futuro.
Miwa sentiu uma mistura de tristeza e frustração. Ela sabia que, no fundo, a mãe se importava, mas também sabia que Alana concordava com Danzou. O peso da responsabilidade e das expectativas de sua família era sufocante, e ela sentiu o ódio crescer dentro de si.
— Eu não vou desistir dos meus sonhos só para agradar vocês! — Miwa gritou, sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos, mas as segurou com força. — Eu vou lutar por isso, mesmo que vocês não me apoiem! Pra começo de conversa eu não farei faculdade eu vou cair na estrada e fazer o que eu bem entender! — Respondeu irritada. Claro que pensou em fazer faculdade de artes cênicas ou algo relacionado a literatura, porém, não passava de um lampejo, ainda queria descobrir o verdadeiro interesse e orgulho, sem ser aquele que sentia ao ajudar o próximo ou quando estava com as crianças.
Danzou, sem alterar o tom de voz, finalizou a conversa de forma cortante:
— Lutar contra as decisões da sua família é inútil, Miwa. No final, você perceberá que nossas escolhas são as mais sábias. Essa discussão está encerrada. Você começará os preparativos para Kumogakure imediatamente.
Miwa não respondeu, apenas virou-se e saiu da sala, seus passos ecoando pela casa, as conversas a respeito de seu futuro sempre foram assim, porém, ela sempre fez o que bem entendia e não seria diferente agora só porque o pai conseguiu matriculá-la na faculdade mais conceituado de Kumogakure e se antes restava dúvidas se iria para a boate, agora, dentro do quarto encarava a parte escondida do closet cheio de trajes dignos de uma stripper.
Seus pais não perdiam por esperar.
[...]
A boate estava a todo vapor; as luzes RGB e a fumaça contribuíam para o agito na pista de dança. Enquanto isso, Naruto remixava tranquilamente, sem camisa e com o colar pendurado no pescoço. O boné estava preso no passante direito da calça laranja nada discreta. O pessoal enlouquecia facilmente, e até mesmo o trio Neji, Lee e Tenten havia aceitado o desafio de ir até aquela festa. Hinata estava o mais distante possível do tumulto, ao lado do primo, que alternava entre ficar de olho nela e observar a morena de coquinhos dançando com Lee na pista. Ino já havia perdido as estribeiras há algum tempo, dançando no bar com Gaara, que a tirava da mesa. Kiba e Shino disputavam um vira com Kankuro, que aparentemente estava ganhando. Choji dava apoio comendo ao lado da namorada, Karui. E, para completar a bagunça, havia Sasuke. O moreno estava distante, sentado em uma das banquetas do bar, tomando uma dose de tequila. Sakura tinha chegado há pouco mais de dez minutos quando o viu, tão bonito em trajes sociais e olhando para o celular. Ela se aproximou calmamente e sentou ao lado dele, pedindo um Martini.
— Pelo visto a festa não está do seu agrado, Sasuke — afirmou Sakura, e ele bloqueou o celular, encarando-a. Ela estava bonita, usando um vestido branco curto com algumas nuances rosadas que davam mais movimento e destaque ao corpo. Os cabelos estavam soltos e a maquiagem levinha evidenciava a boca vermelha.
— E você veio logo pra cá. Não sou uma companhia divertida, Haruno — foi direto, como se deixasse claro que queria ficar sozinho. Porém, ela deu de ombros; já estava acostumada com o jeito dele.
— É só levantar daí e dançar — ela afirmou, então bebendo calmamente o drink e encarando a pista. Naruto parecia tão em transe, como se tivesse nascido para estar ali. Sua aura dominava todo o lugar. — Ele parece em casa — concluiu, e ele assentiu.
— O Dobe é ele mesmo quando está naquele palco ou em qualquer outro momento. Parando pra pensar, a personalidade dele não difere pela família — deu de ombros, sendo encarado novamente pela rosada.
— E a sua, muda? — Ele riu amargo, antes de pensar um pouco a respeito e então responder:
— Não. Eu sou exatamente assim em qualquer lugar.
Sakura respirou fundo; logo ele a indagaria sobre o motivo de permanecer sentada quando até mesmo Ino já havia se levantado. Ela então deixou a vergonha de lado. Queria conversar a respeito de algo que sabia não possuir direito, mas não teve tempo, pois logo o moreno foi agarrado pela ruiva.
— Pensei que não te veria mais, querido — Karen disse, um beijo prestes a ser deixado nos lábios dele se não tivesse desviado e colocado a mão na frente.
— Karen, você precisa parar de beber — foi tudo o que ele respondeu antes de colocá-la sentada na cadeira.
— Credo, Sasuke, você parece de mau humor! — Karen desviou o olhar para a rosada, sorrindo. — Oi, Sakura. Já viu quem está no palco do segundo andar? Olha, ela está arrasando. Até dinheiro já jogaram pra ela, e não vai demorar muito até que tire a roupa. — Karen provocou, deixando tanto Sasuke quanto Sakura atentos.
— De quem você está falando, Karen? — A rosada perguntou.
— De quem mais seria? Do furacão conhecido como Miwa, oras — ela revirou os olhos, mas ambas perceberam quando Sasuke, em questão de segundos, já sumia pelos corredores.
Não deixando mais nenhuma dúvida sobre seus interesses.
Mas o que aconteceu com Miwa?
A castanha chegou na boate antes de Sakura, mas não passou pelo andar do DJ. Estava com tanta raiva pelas escolhas do pai, tanta raiva por pertencer à família Shimura, que achou mais plausível descarregar essa raiva e, com isso, subiu para o andar onde havia dançarinas e salas privadas, conseguindo entrar apenas pelo sobrenome.
E foi daí que tudo desandou. Uma bebida aqui, outra bebida ali, e quando percebeu, nem notou que haviam misturado algo no seu copo. Na verdade, estava tão absorta em raiva que agia por pura irresponsabilidade. Mesmo assim, nada justifica ser drogada contra a vontade, e agora estava ali, dançando no palco com uma das stripers para ignorar os efeitos massivos da droga claramente sexual. Ela conhecia bem, pois no dia em que transou com Obito, passou pelo mesmo efeito. O vestido vermelho sangue, justo e com uma pequena fenda na coxa direita, os saltos caros e as joias ornavam um conjunto completo da perversão. Nem ela sabia mais o que estava fazendo, principalmente quando a droga já estava no sistema nervoso. Entretanto, se divertia como ninguém, completamente consciente das ações, porém incontável em seus movimentos corporais e sem filtro algum. Miwa já havia dançado no colo de alguém, subido e recebido um beijo de uma das garotas, ido até o chão e por aí vai. Karen só soube dessa peripécia porque Suigetsu, o segurança de nível, a avisou e já havia a convidado para o andar.
— Não deixa ninguém encostar nela, se é que me entende — Karen sussurrou, estava amplamente alcoolizada e ainda assim ficou para dançar um pouco com Miwa e se divertir antes de descer e dar de cara com Sasuke naquele bar.
Agora o moreno estava no andar superior, encarando a garota dançar, se aventurando no mastro e, depois disso, descer do palco e provocar alguém.
"Merda, o que foi que deu nela?" Mal sabia ele que estava extravasando as decisões medíocres de uma família estressante.
Sem pensar muito, ele se aproximou e foi notado por ela, que não tardou em ir na direção dele e enlaçar o pescoço.
— O que faz aqui, Uchiha? — Era possível observar as pupilas dilatadas e o corpo ofegante.
— Eu que deveria te perguntar isso — respondeu ele. — Você está drogada, Miwa!
Ele apertou a cintura dela e ela revirou os olhos.
— Alguém colocou na minha bebida. Só dá vontade de transar, então eu estou bem. Por mais que esteja me matando, eu aguento. Fora que é só uma dança, o que tem demais?
— Talvez você esteja em um local onde podem facilmente te arrastar para algo perigoso, porra — segurou o braço dela com vontade, já sem muita paciência. — Vamos embora!
— Eu não quero — ela puxou o braço e ele a segurou pela cintura.
— Eu não estou perguntando, e pare de fazer cena nessa porra. — Assim, Sasuke colou o corpo no dela. Ela respirou fundo, sentindo o perfume dele e deixando um beijo no pescoço.
— Você ficou bem assim — ele se manteve sério antes de tirar o blazer e colocá-lo nas costas dela enquanto desciam as escadas. Passaram pelo andar inferior, onde Sakura e os outros estavam. Em momento algum desgrudou do corpo dela. Se apoiou na bancada, deslizou o cartão para pagar a conta do drink único que tomou e mandou que colocassem os gastos de Miwa também.
— Eu levo ela, Sasuke, não precisa... — Sakura sugeriu ao ver como a amiga estava alegrinha.
— Não. Só avisa pro Naruto que fomos embora — e assim saiu, levando Miwa, deixando aqueles que viram encucados e, sem perceber, foram flagrados saindo da boate.
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