11.SE COMPORTANDO POR OBRIGAÇÃO

Três semanas se passaram desde que Miwa resolveu a pendência. Nesse meio tempo, a garota se viu presa no sistema do pai, onde tinha que cumprir as regras perfeitamente ou seria mandada para fora de Konoha. Tudo piorou quando ele viu o quase beijo no carro. Danzou não só detesta os Uchihas, como também possui um passado com um deles, e é por esse motivo estúpido que impõe a própria família à distância. No entanto, ele não é respeitado, uma vez que Alana, além de ser amiga pessoal de Mikoto, possui projetos com ela e adora Kushina Uzumaki, que teoricamente também deveria se manter afastada. Miwa, bem... está cada vez mais interessada em Sasuke.

Neste exato momento, a família Shimura, assim como as fundadoras do país e outros representantes importantes, está em uma festa comissionada para prestigiar Konohagakure. Como não é obrigatório para a maioria, é compreensível o motivo de tantos amigos terem pulado fora.

Gaara, por exemplo, veio por obrigação, já que os cargos de Suna possuem sistema monárquico. A salvação de Miwa é que Ino está com ele, então ela poderia conversar um pouco. Hinata e Naruto também vieram: um porque não tinha nada para fazer e a outra acompanhada de Neji por obrigação. Por fim, Sasuke só queria saber o motivo de a castanha ter desaparecido completamente.

O celular dela foi confiscado, as amigas não podiam simplesmente visitá-la e tudo isso foi uma punição do pai. Mas Miwa não era burra e não aceitaria isso por muito tempo. Uma semana atrás houve o aniversário do futuro e já considerado Kazekage, Sabaku no Gaara, e Miwa viu a oportunidade perfeita. Ela convenceu a mãe a deixá-la ir e o pai também. Entretanto, não imaginou que Danzou colocaria Deidara ao seu lado.

Veja bem, Danzou não sabia os motivos do término de sua filha, mas aparentemente gostava do fato dela odiar Deidara. Afinal, mesmo que o loiro fosse filho de um dos generais, não era um herdeiro ou possuía uma linhagem nobre o suficiente para estar com sua filha, segundo os padrões dele. Então, quando ela soube da tática patética de seu pai, aceitou sem pensar duas vezes, passou o caminho e parte da festa sendo vigiada, até que Ino ligou para Sasori, que finalmente levou o loiro para longe. Quando ela teve tempo, procurou por aquela que tanto queria. Desde que a festa na casa de praia ocorreu, Miwa não teve tempo de conversar com Sakura. Queria saber como a amiga estava e, acima de tudo, ser franca. Por mais que não amasse o Uchiha, haviam ficado duas vezes e, para o azar dela, Sakura não estava naquela festa. O restante da semana foi apenas o resultado ruim de um castigo longo e refinado por seus pais. Afinal, toda ação tem uma consequência.

A festa estava tediosa; tudo o que queria fazer era fugir ou conversar com seus amigos.

Gaara e Ino estavam ocupados, assim como Naruto e Hinata, todos presos em conversas que mais se assemelhavam a monólogos. Miwa suspirou procurando um ponto de fuga antes que viessem atrás dela e, por um segundo, encarou Sasuke com desdém. Estava louca para irritá-lo e sabia que o moreno estava da mesma forma, somente pelo olhar citado. Porém, logo o Uchiha foi selecionado para uma conversa e ela revirou os olhos, seguindo cada ordem do pai, dançando conforme a música até que se cansou. Não aguentava mais fazer presença e precisava respirar, nem que fosse por apenas um minuto.

Com o tempo, Miwa se desvencilhou de muitos assuntos estupidamente chatos antes de seguir para dentro daquela propriedade enorme, procurando um local onde pudesse se esconder, nem que fosse por meia hora, e ter privacidade. Ela abriu uma porta qualquer, adentrou o local e logo se sentiu empurrada. Encarou o idiota prestes a mandá-lo para o inferno quando ouviu o som da porta sendo trancada e viu o sorriso cafajeste nos lábios ao mero acender das luzes.

— Obito... — Ela se afastou, fazendo com que ele se encostasse na porta. — O que você quer comigo?

O Uchiha sorriu. Por um lado, detestou se sentir previsível, mas por outro, adorou ouvir seu nome ser pronunciado tão calmamente por ela.

— Apenas conversar, meu bem. Já que naquele dia não conseguimos.

Miwa o encarou desconfiada e se afastou mais, mesmo que ele ainda estivesse na porta.

— Acho que já dissemos tudo o que tinha para dizer e eu não vou transar com você, se é isso que está querendo.

Ele revirou os olhos.

— Da última vez você gostou tanto, entretanto, não é isso que me interessa no momento.

— Então o que você quer? — Questionou, levando-o a sorrir de lado mais uma vez.

— O arquivo que seu pai tem sobre mim. Entramos em um acordo: o seu vídeo sumiu e ele acabou com o meu problema, mas eu sei que tem mais. Muito mais.

— E o que eu tenho a ver com isso? São seus esqueletos no armário, então se vire sozinho.

Ele a puxou para si e segurou na cintura dela, unindo os corpos.

— Veja bem, princesa, se o seu pai ganhar a sua liberdade acaba. Já eu — alisou o rosto dela, tirando alguns fios do pescoço e aproximando a boca — só quero que o progresso continue e a nossa liberdade também. — Deixou um beijo no lado esquerdo do pescoço e a pele dela arrepiou. Miwa respirou fundo antes de se afastar e manter a pose.

— Você não se garante sozinho? — Tais palavras deixaram o Uchiha descrente e ele acabou caindo em uma gargalhada.

— Você é inacreditavelmente petulante — mordeu o lábio inferior — e uma delícia também.

Ela revirou os olhos e ele se afastou da porta.

— Isso não vai rolar nunca mais. Eu te usei, você me usou e acabou.

Obito sorriu amargo, detestou a ideia de ser usado.

— Quem diria que a filha do meu maior concorrente estaria naquela boate e ainda por cima sendo menor de idade. Você nunca parou de me surpreender.

Ela revirou os olhos com a constatação ímpar antes de o encarar revoltada.

— Assim como o futuro candidato a comandar uma nação em igual estado, fodendo em um banheiro qualquer com a garota que só queria dar o troco no namorado. Estávamos no mesmo barco. Agora, vê se me esquece.

E assim abriu a porta, porém, antes de partir, pode ouvir o tom de voz do moreno, que mais soou como uma ameaça.

— Tenha cuidado com o que deseja.

[...]

O vestido perfeitamente alinhado, os cabelos no lugar e a serenidade de quem aguentaria aquela festa pelo restante da noite sem problema algum. Danzou exprimia um orgulho em sua face que deixaria qualquer um com inveja, tudo por ostentar sua bela e formidável família. Alana estava linda em um vestido que carregava a logo de Mikoto Uchiha na etiqueta e, por mais que ele não quisesse admitir, a peça foi feita para a sua esposa, abraçando suas curvas com carinho e revelando o melhor de seus atributos sem mostrar demais. Era um vestido social incrivelmente belo e sensual pela simples sofisticação. Já Miwa estava de azul-marinho, para combinar com os tons de cinza, preto e branco da família. A roupa não possuía decote, era um corte reto de ombro a ombro em um tecido pouco brilhoso que se destacava na pele. O requinte ficava pelas poucas joias e as costas em renda, abraçadas pelos fios que as encobriam perfeitamente. Resumidamente, ela estava linda, de tirar o fôlego e, acima de tudo, em uma evidência tão singela que era impossível passar despercebida.

Sasuke sentia isso em seus poros, cada vez que o olhar cruzava com o da castanha. E, bom... Itachi também, uma vez que estava observando atentamente o irmão.

— Parece estar apaixonado por ela. — Comentou assim que ficaram sozinhos na mesa designada ao clã.

— Está vendo coisas, irmão. Aqui só tem ódio. — Respondeu sério, levando o mais velho a sorrir enquanto passava a mexer no celular.

— Eu sei que ela não dormiu no quarto do Obito, Sasuke. — Itachi rapidamente pegou o telefone das mãos dele e mudou para a pasta de fotos, selecionando uma e devolvendo o aparelho. O olhar de Sasuke foi de confuso a envergonhado; óbvio que não havia esquecido o momento, apenas soterrado no porão da própria mente. O cheiro de Miwa era gostoso, a maciez do corpo e a sensação quente dela se aconchegando continuavam vivas, mesmo que ele tentasse afastá-las. Itachi, ao perceber a inércia do irmão, deu dois toques em sua testa, fazendo com que ele continuasse vermelho.

— Pode se enganar o quanto quiser. Vocês estão se envolvendo e, quando aquele cara descobrir, isso vai ser um show. — O olhar de Itachi desviou para Danzou, que exprimia orgulho conforme apresentava a filha.

— Sinceramente, isso não é um problema meu. — Sasuke se levantou, avistou Naruto sorrindo para uma loira que só faltava tirar a roupa dele com um olhar e decidiu que estragaria a possível noite do amigo, tudo para escapar do interrogatório do irmão.

A mesa não ficou muito tempo vaga, pois Obito logo se sentou ao lado de Itachi, sorrindo.

— Ela negou. — Foi tudo o que disse antes de beber o conhaque calmamente. Itachi respirou fundo, se acomodando melhor na cadeira.

— Deixa a garota fora disso. Resolvemos sem pressa. — Itachi comentou, atraindo a atenção de Obito. Ele sabia que o primo não se importava verdadeiramente com nada que não fosse o irmão, a ex-noiva ou a segurança de Konoha. Porém, não compreendia o motivo de Itachi duvidar de sua capacidade em manter a cidade segura. Não era um moleque como todos costumavam ver, e sim um homem sábio e muito bem instruído por seu sensei e atual lider de Konoha, o Hokage Minato Namikaze.

— Até hoje eu não entendo como você pode ficar do lado do homem que quer destruir a nossa família.

Itachi revirou os olhos; pelo menos cinco vezes por mês isso ocorria. Obito questionava suas motivações, munido de suas próprias ideias.

— Ele não quer destruir os Uchiha. — Foi tudo o que afirmou.

— Não. Ele só quer segregar, que é a mesma coisa, mas você e Shisui são muito ingênuos para perceber.

Itachi preferiu não questionar.

— E a sua tentativa patética foi achar que a filha dele te ajudaria? Não importa o quão ruim as ideias de Danzou pareçam para você, ele ainda é o pai de Miwa.

Obito sorriu de canto, se recordando da noite em que passou com ela.

Naquela época, Miwa ainda não possuía maioridade. Deidara havia traído a castanha da pior forma. Miwa tinha duas melhores amigas na época, Sakura e Shiori, que veio passar um tempo com ela, se hospedando na casa dos Shimura, usufruindo e abusando de tudo que ela tinha a oferecer. E, obviamente, Miwa não se incomodava; eram amigas há anos. Pelo menos foi o que pensou até a fatídica tarde em que descobriu que a garota transou com o loiro em um dos quartos da casa de praia. Sendo o primeiro amor e único namorado, a castanha amargou mil vezes.

Mas ainda era uma Shimura, no fim das contas, e foi nesse cenário que descobriu o quanto tinha em comum com seu pai. Sendo vingativa e manipuladora, deixou Deidara acreditar que não sabia de nada e que estava tudo bem para, no momento certo, devolver. Bêbada e levemente alterada pelo êxtasy que acidentalmente consumiu, ela cruzou o caminho do Uchiha igualmente ferrado e alterado pelo álcool. Dois seres com os quais ocasionalmente o destino resolveu brincar, culminando em uma transa intensa dentro do banheiro da boate, onde qualquer um que passasse pelo local poderia ouvir.

Inclusive Deidara...

Para Obito, ficou claro naquela noite que fora usado, principalmente por não saber a idade dela. Do contrário, jamais teria aceito. Mesmo que detestasse essa ideia e não a assumisse, o moreno sabia que poderia tirar proveito de situações futuras, desde que se envolvessem novamente.

— Digamos que ela não é tão certinha como parece. Só é necessário acionar os gatilhos certos e, julgando o estado dela atual, não precisarei fazer nada. — O olhar foi direto para Miwa, que agora respirava aliviada e sorria ao lado de Naruto e, respectivamente, Hinata e Sasuke.

[...]

Aquela festa parecia não ter fim. Quantas horas havia perdido com politicagem? Por que raios não podia ter uma vida normal?

O pai discursava em agradecimento pelas menções de honra que recebeu por gerir tão bem as forças especiais conhecidas como ANBU, um grupo de elite militar que fornecia serviços para o alto escalão, além de atuar fora do país em missões secretas para a proteção da população de Konoha e ajuda aos aliados.

O legado de Tobirama Senju alimentado pela fome de poder de um de seus discípulos.

Miwa já não aguentava mais. Só queria ir embora, perder a linha, se vingar por toda a repressão ao longo das semanas. Bastou que olhasse para a mãe em súplica para que a matriarca entendesse, em seu olhar, o pedido mudo.

Alana conhecia o temperamento da filha, diria que, no fundo, era extremamente similar ao seu quando era mais nova. Porém, Miwa batia de frente mais vezes do que podia contar, e por esse simples motivo, suspirou antes de sorrir como se nada a incomodasse e ir até o marido assim que ele acabou o discurso.

— Querido, acho que já chega, pelo menos para a nossa filha. — A voz doce e convincente de Alana fez com que ele concordasse rapidamente em um suspiro. Há quanto tempo ela não o chamava assim? No fundo, sabia que tudo o que aquela mulher precisava era demonstrar que ainda queria e faria de tudo por ela, sem ao menos pensar. Se, mesmo quando ela se mantinha à distância, ele já estava ali, imagine quando há provas.

— Vou pedir para o segurança levá-la ao hotel. — Deslizou a mão direita na cintura da esposa suavemente, como se estivesse a apoiando.

— Não precisa disso, ela sabe se cuidar. Fora que os amigos dela parecem estar no mesmo barco.

Quando Danzou desviou o olhar, chegou a torcer o nariz. Não tinha problemas com Gaara e Ino, não gostava muito de Minato, mas o aturava por ser o atual governador, mas Sasuke? Ele era um Uchiha, então zero possibilidades.

— Não acho que essa seja a melhor das ideias, meu bem. — Beijou a mão enluvada, e ela sorriu.

— Será que poderia parar de pensar em outro clã só por hoje? Não vamos estragar essa noite maravilhosa. — A mulher sorriu antes de percorrer o pulso dele com os dedos e foi sucinta o suficiente para que entendesse. Com uma curta concordância, Alana se afastou e foi em direção à filha, que apenas sorriu ao ver o meneio e os gestos leves e contidos com as mãos. Num impulso, a jovem se virou para o pai e agradeceu mudamente antes de encarar os amigos.

— Eu vou cair fora daqui. — Sussurrou, observando o sorriso largo do Uzumaki, que, se pudesse, tiraria um boné do bolso e colocaria com a aba virada para trás na cabeça. Como não podia fazer isso, cruzou os braços e o encarou.

— Sabe... Eu tenho uma festa para mixar hoje... — Assobiou no final das palavras, levando a Shimura a sorrir de lado.

— Apenas me mostre o caminho, Uzumaki. — Por algum motivo, Sasuke não gostou de ouvi-la tratando outro dessa forma, mas o Uchiha estava longe de assumir os próprios sentimentos e intenções que tanto tratava como ódio.

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