Capítulo 7 - Você gosta de ficar perto de mim

Mel

Puta que pariu!

Esse alien ainda me mata do coração! Que corpo é aquele? E por que ele fica me provocando desse jeito? Se ele continuar assim, eu não irei conseguir me concentrar na vacina. Pior, provavelmente vou esquecer até como se examina uma célula caso ele chegue perto de mim!

Eu estou muito ferrada!

Escondi meu celular dentro da bolsa, mas antes pedi ao Rick que carregasse a bateria via gás carbônico, pois ainda não sei como utilizar a energia elétrica daqui.

Vesti qualquer coisa, coloquei meu jaleco por cima e acomodei a mala embaixo da cama. Respirei fundo, dei uma batida na porta para que o Zaphy, que me espera do lado de fora, abra.

— Finalmente, terráquea. Vamos! — falou após o canto da sua boca se curvar num mini sorriso ao me ver.

Segui logo atrás.

Felizmente, ou não, ele havia colocado a camisa. Enquanto caminhávamos em silêncio pelo corredor, fiquei olhando aqueles pilares, que vão até o teto fazendo uma curva e terminando do outro lado, para evitar olhar para ele, que está à minha frente. Mas meus olhos não conseguiram ignorar aquelas belas costas parcialmente descobertas por muito tempo. Esta camisa preta semelhante a uma regata, porém com um corte diferente, meio diagonal, não está tapando muita coisa.

— Por que não tentou fugir?

— O quê? — Me causou um leve susto com a pergunta repentina.

— Só responda a pergunta. — Deu uma breve olhada para trás.

Por que ele está me fazendo uma pergunta tão óbvia?

— Se eu tentasse fugir você me mataria.

— Quero o verdadeiro motivo.

Como assim, o verdadeiro motivo? O que esse alien quer saber, exatamente?

— Eu já disse.

Zaphy parou e virou-se para mim. Quase trombo contra ele.

— Não sei o porquê, mas você não me teme mais, logo esse não é o verdadeiro motivo.

Desfiz o contato visual. Mas isso está certo. Por mais que o Zaphy se empenhe em me amedrontar, insinuando que vai me bater a qualquer momento, não tenho mais medo dele.

— Não quer responder, então deixe que respondo por você.

Voltei a olhá-lo e coloquei as mãos nos bolsos do jaleco, para esconder o tremor que surgia.

— Você gosta de ficar perto de mim.

Espere um pouco. Eu gosto de ficar perto dele? De onde esse imbecil tirou isso?

— Como é que é? Deixe de ser convencido!

— Não precisa ficar tímida, terráquea. Pode confessar. — Cruzou os braços e sorriu de lado.

Droga! Ele fica lindo sorrindo assim.

Dirigi meus olhos aos meus pés para não encará-lo. Tudo bem que ele é um bonitinho sedutor, talvez um pouco gostoso, mas achar que eu larguei toda a minha vida apenas para ficar perto dele, é o maior absurdo que já ouvi na vida.

Que metido!

— Sabia que eu estava certo. — Riu e voltou a caminhar.

— E o que te faz pensar que está certo? — Fui atrás dele.

Ele simplesmente não disse mais nada. Nem essa anta sabe do que está falando.

Mais alguns passos e Zaphy parou diante de uma porta, acelerei para alcançá-lo. Felizmente não encontrei tubos no caminho até aqui, pelo menos isso.

Zaphy abriu a porta, como de costume, colocando seu olho negro no visor, e enfim entramos. Fiquei boquiaberta com o que encontrei. O lugar é lindo! Diferente mas magnificamente lindo. Eu estou verdadeiramente encantada!

Nem sei o que dizer!

Na verdade eu sei.

— Uau! Este laboratório é incrível! — Segui até uma bancada, com vários equipamentos sobre ela.

— Não é tão completo quanto o laboratório A, mas acredito que lhe sirva.

— Por mim está ótimo. É diferente fisicamente dos que eu estou acostumada a usar, mas o propósito é o mesmo. Consigo descobrir a utilidade de cada coisinha aqui.

Comecei a caminhar pela grande sala, tateando cada peça que eu via pela frente ao mesmo tempo que citava o seu nome na minha mente. Se este laboratório não é completo, nem quero imaginar como é o outro.

— Então já pode começar. A amostra do vírus está no refrigerador. — Apontou para um gabinete no canto do laboratório.

Depois sentou-se em um banquinho preso ao chão do lado da porta, pegou uma daquelas plaquinhas amarelas e digitou algo.

— O que é isso que está segurando?

— Um laipro. Semelhante aos seus computadores.

— Interessante.

— Interessante. — me imitou com a voz fina, sem tirar os olhos da placa amarela. — Agora vá fazer a vacina, terráquea.

Ótimo. Até prefiro ele antissocial ao invés de tentando me causar um infarto.

Coloquei a máscara, as luvas e comecei a estudar o vírus. Notei que ele não se parece nem um pouco com os vírus da Terra. Ou esses aliens se enganaram muito sobre a origem do vírus ou talvez o tempo no espaço o alterou completamente.

Depois de um tempo analisando aquela amostra, afastei meus olhos e descansei as costas no encosto do banco. Minha visão já está ficando turva. Olhei para a janela oval à minha direita e vi que já escurecia. Nem vi o tempo passar.

Eu realmente gosto de fazer isso.

Mas reparei que o Zaphy saiu do laboratório algumas vezes. Admito que fiquei curiosa para saber aonde ele tanto ia. Talvez tenha uma namorada. Ou várias.

Mas isso não é da minha conta.

— Que isso? — Zaphy levantou-se, olhando para o nada como se estivesse ouvindo algo.

— Isso, o quê?

— Este barulho que a nave fez. Não ouviu? — Olhou para o teto. — Parece haver algum defeito no motor. Mas agora parou.

— Eu não ouvi nada.

Ele só pode estar querendo me assustar.

— Por que será, raça inferior? — falou com deboche. — Às vezes esqueço que a sua raça tem a pior audição que existe.

Revirei os olhos.

Minha barriga começou a roncar e lembrei que eu só havia comido duas maçãs em praticamente dois dias. Uma ontem à noite e outra hoje pela manhã.

— Estou cansada, amanhã continuo estudando o vírus. — Guardava os equipamentos enquanto falava com ele. — Agora preciso comer alguma coisa.

— Primeiro, você não é uma hóspede. — Caminhou até a porta. — Segundo, só irei te levar até a área de alimentação porque também estou com fome.

Que babaca!

Ele fechou o laboratório e seguimos até a tal área de alimentação. Haviam mais dois aliens ali, me olharam com cara de desprezo e saíram. Que espécie nojenta! Com certeza fazem parte do grupo que é contra eu criar a vacina.

— O que você come? — Abriu um tipo de geladeira alienígena.

— Agora está me perguntando? Achei que eu não fosse uma hóspede. — Cruzei os braços.

— Fale logo! — Levantou um pouco a voz.

Segui até ele para olhar lá dentro, de modo que ficamos bem próximos. Sem querer, respirei novamente o seu cheiro cítrico maravilhoso. Isso me gerou pensamentos proibidos, mas rapidamente os afastei. Eu nunca fui afetada dessa forma por um homem, por que está cada vez mais difícil de controlar, seja lá o que isso seja?

— Leve o tempo que quiser, não estou nem um pouco com pressa — falou irônico, enquanto ainda segurava a porta da geladeira.

Peguei um negócio rosa que obviamente não faço ideia do que seja e ele já segurava uma pasta roxa em uma tigela. Sentamos à mesa, um de frente para o outro. Vez ou outra, enquanto eu comia a coisa rosa, que apesar do gosto diferente é muito boa, olhava para ele. Mas quando o Zaphy dirigia os olhos até os meus, eu imediatamente desfazia o contato visual.

Por que estou agindo como uma adolescente?

— Por que N?

Novamente, me assustei quando ele quebrou o silêncio repentinamente.

— Não entendi.

— A letra N. O que significa? — Apontou para o pingente na minha correntinha.

— Ah, sim. — Segurei o pingente, dando uma breve olhada. — É por causa do meu irmão gêmeo. Ele se chamava Nathan. A gente trocou, ele usava a minha com a letra M e eu a dele.

— Chamava? — tirou os olhos da tigela, para me encarar

— Ele morreu há seis anos, vítima de uma doença rara. — Suspirei. — Aliás, esse foi o motivo de eu querer ser biomédica.

— Minha mãe também morreu há seis anos. — Desviou o olhar.

— Sinto muito.

Ele voltou a encarar a sua pasta roxa.

— E aquele símbolo na armadura que você estava usando ontem? O que significa?

— Primeira Potência. É o equivalente a um de seus países.

Fiquei sem assunto. Ele também não é de falar muito então a calmaria se instalou por um tempo. Zaphy já havia terminado de comer, mas continuou sentando, girando a tigela sobre a mesa. Até que eu não quis comer mais e me levantei.

— Vamos.

Ele guiou os olhos até mim e levantou-se também. Seguiu até o corredor sem dizer nada, fui logo em seguida.

Caminhamos em silêncio até meu quarto. Fui trancada e me joguei na cama. Eu não entendo o Zaphy. Algumas vezes é violento, outras safado, tem também as vezes que fica totalmente calado, parecendo triste ou pensativo.

Esse alien é definitivamente uma incógnita pra mim.

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