Capítulo 45 - Diga sim e eu faço

Notas Iniciais

Sim, hoje tem capítulo duplo por motivos de: DIA DAS MUIÉ ❤ Feliz dia pra nós *-*


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Revirei os olhos de tanto nojo e nem me dei o trabalho de esperar eles fecharem a porta, me agachei à mala para pegar uma roupa. Apanhei qualquer coisa e corri pro banheiro. Ao voltar para o quarto já vestida, encontrei o Nepo olhando pela janela com os braços cruzados.

— Posso saber o motivo de você ter dado a entender que estávamos... Que merda, Nepo! E se ele contar pro Zaphy?

— Não vai.

— Como sabe?

Ignorando a minha pergunta, ele caminhou até a porta.

— Ainda precisa ir para o laboratório? — Sua expressão, assim como sua voz, estavam tristes.

Muito tristes, na verdade.

Seguimos calados ao laboratório. Quis puxar assunto e perguntar o motivo daquela tristeza repentina, porém preferi deixar pra lá. Esses aliens são todos bipolares.

Assisti ele se sentar completamente mudo, enquanto eu colocava as luvas. E foi então que aquele silêncio começou a me encher a paciência.

— Por que está tão quieto?

Nepo não respondeu, apenas balançou a cabeça e se encostou no banco, sem dirigir os olhos a mim.

Qual era o problema dele? Eu quem deveria estar incomodada com algo.

Decidi deixá-lo em paz.

Coloquei a máscara, fui ao refrigerador e peguei a cura para replicá-la. Sentei e comecei a dividi-la em pequenas porções, gota a gota, utilizando uma pipeta. Caminhei à outra bancada para pegar outro suporte, a fim de apoiar os tubos de ensaio, quando a porta do laboratório foi aberta atrás de mim.

Me virei e dessa vez não fiquei feliz em vê-los entrar no mesmo local que eu estava.

— Nepo — chamou o Rei, parado ao lado da porta. — Me esqueci de uma coisa.

Sem demora, ele seguiu ao encontro do pai do Zaphy. Quando se tratava do Rei, o Nepo parecia um cachorrinho obediente.

Dashni, que estava atrás do Rei, deu alguns passos para o lado e andou até o meio da sala, segurando sua arma.

Percebi que o Rei cochichava no ouvido do Nepo, com certeza algo que eu não poderia ouvir. Como se eu me importasse e estivesse super interessada em saber o que esse velho dizia.

Virei novamente para frente da bancada e fiquei procurando o suporte. Então, ouvi passos aproximando-se e automaticamente uma onda de nervosismo tomou conta de mim. Não sei ao certo se era medo, mas apenas a presença daquele alien psicopata já me causava uma sensação ruim.

— É uma pena você estar vestida — soprou às minhas costas, quase que inaudível.

— Dashni, diga que eu ouvi errado! — gritou o Rei, irritado — Qual é o problema com os machos desta nave?

No mesmo segundo, Dashni afastou-se.

— A culpa não é minha se ela fica se insinuando para mim.

— O que disse? — berrei, chamando a atenção de todos. — Por que diabos eu iria me insinuar para você se tenho o Zaphy? Já se olhou no espelho, coisa horrorosa?

Era só o que me faltava!

Que ódio desse alien!

Apertei um dos vidros com tanta força que me admirou ele não ter quebrado.

Os olhos do Dashni faiscaram em conjunto com as minhas palavras e não olhei, porém tenho certeza que os do Rei também, por eu ter citado o nome do filho.

— Se falar comigo nesse tom novamente, eu vou...

Dashni foi interrompido pela porta a qual foi aberta novamente, dessa vez com violência, fazendo com que o Nepo e o Rei, próximos a ela, dessem um pulo a fim de desviarem de quem entrava como um raio para dentro do laboratório.

— Você vai o quê, serviçal?

Com uma mão, Zaphy pegou o Dashni pelo pescoço e o levantou no ar, com a maior facilidade.

O Rei e o Nepo voaram até eles.

— 87, solte-o! — gritou o pai.

— Você não precisa fazer isso — falava o Nepo, tentando puxar em vão o braço do Zaphy.

No entanto, o Zaphy parecia não ouvir ninguém. Dashni se debatia à procura de ar e já estava mudando de cor.

Ficando rosado.

A gritaria do Rei e do Nepo, o rosnado do Zaphy e a tentativa falha em respirar do Dashni, estavam me fazendo entrar em pânico. Minha vida sempre foi regada a tranquilidade e eu sempre amei isso. Provavelmente porque fui criada na calmaria do interior. Nunca imaginei que presenciaria uma morte.

Nunca imaginei que viveria rodeada de ódio!

— Filho, você não é um assassino! — tornou a gritar o Rei, dessa vez tentando junto com o Nepo, puxar o braço do Zaphy.

Aquela frase do Rei começou a chicotear em minha cabeça. Zaphy não era um assassino. Por mais que eu quisesse aquele psicopata de coque sofrendo, ele não poderia transformar o Zaphy em um assassino.

E se ele criar gosto por matar? E se ficar frio igual ao seu pai?

— Parem! — gritei, virando-me de costas com as duas mãos nos ouvidos. — Eu não aguento mais isso.

Quase que simultaneamente com o meu grito, ouvi algo cair no chão e o silêncio invadir o laboratório.

Tomei ar antes de me virar e me deparar com o Dashni no chão, massageando o próprio pescoço. Um segundo após, ele iniciou uma série de tosse, ao mesmo tempo em que puxava o ar com força para dentro dos pulmões.

Subi os olhos e encontrei o Zaphy me encarando, de uma forma estranha. Não olhei para mais ninguém, mas pude sentir os olhos do Rei e do Nepo cravados em mim.

Depois de piscar algumas vezes, Zaphy abaixou, pegou o Dashni pelos cabelos e o arrastou até mim. Recuei um passo quando ele ficou muito perto.

— O que quer que eu faça com ele? — Zaphy levantou a cabeça do Dashni, ainda pelos cabelos. — Você decide. Se quiser que eu o mate, eu faço isso agora.

Dashni estava com os olhos fechados e ainda tossia vez ou outra. Em nenhum momento disse algo. Nem mesmo para implorar pela vida.

— Zaphy... eu... eu não... — gaguejei, não sabendo o que responder.

Por que ele estava me colocando nessa posição? Ele queria matar o Dashni e me pôr como mandante do crime?

— Quer que eu mate esse maldito? Diga sim e eu faço.

Olhei para o Rei, que me observava com expectativa e os punhos fechados. Ao guiar meus olhos ao Nepo, ele fez um "não" com a cabeça, parecia amedrontado.

Voltei a encarar o Zaphy.

— Você... você não é um assassino — usei as palavras do pai dele.

Zaphy assentiu. Levantou mais um pouco o Dashni e lhe deu um soco no rosto. O mesmo voltou a cair no chão após ser solto.

— Ela salvou a sua... vida! — Zaphy vociferou, fitando o Dashni enquanto ele se levantava com a mão coberta de sangue sobre o nariz.

— Vá se limpar — disse o Rei, se aproximando dele.

Sem dizer nada ou esboçar alguma coisa, Dashni se dirigia até a saída do laboratório, contudo, foi interrompido pela mão do Nepo sobre o seu peito.

— Quer ajuda?

Nepo não recebeu uma resposta, em vez disso, teve sua mão empurrada sem nenhuma delicadeza e a porta batida com força em sua cara, depois de o Dashni sair.

Tornei a levar a minha atenção ao Zaphy, assim que o vi se aproximar do Rei.

— Que palhaçada foi essa, pai?

— Não fale comigo nesse tom!

— Quer que eu fale como, então? — continuou gritando — Aquele infeliz tentou me matar e ao contrário de expulsá-lo o senhor o defende de mim?

Eu fiz quase a mesma coisa. Deixei claro que não queria que o Zaphy o matasse. Será que ele vai ficar bravo comigo também?

O Rei fechou os olhos e pelo movimento do peito, respirou fundo.

— Ele não tentou te matar, só estava se protegendo!

Zaphy gargalhou e o Nepo se juntou a mim. Trocamos olhares aflitos. Ele também estava incomodado com a discussão entre pai e filho.

— Como tem tanta certeza? O senhor estava aqui? Não, não estava! — gritou ainda mais alto — Pois tinha me expulsado da nave para ficar de segredinhos com Vux!

De imediato, o pai dele abriu os olhos com fúria.

— Você sabe muito bem que não foi por isso que tentei te mandar para Vux! — me olhou, breve. — Vejo que se eu não quiser que a Primeira Potência vá à ruína, preciso arrumar um outro sucessor o mais rápido possível. Você será um péssimo rei!

— Por que não adota o Dashni, papai? Vocês parecem que se dão tão bem. — falou com repulsa. — O que você acha Nepo, de começar a chamar o Dashni de príncipe?

No impulso, olhei para o Nepo, sem querer achando graça do que o Zaphy havia dito, porém, desmanchei o projeto de sorriso ao encontrar o Nepo petrificado.

De canto de olho, vi o Rei caminhando até a porta.

— Vamos, 87, temos que conversar a sós sobre outra coisa.

— Seja o que for não me interessa!

A porta foi aberta e o Rei a manteve segurando, impaciente enquanto esperava o filho.

— Zaphy, melhor vocês conversarem — murmurou o Nepo e logo seguiu para junto do Rei.

Nepo deve saber do que se trata. Fiquei curiosa.

Então, Zaphy veio a mim e segurou o meu rosto com as duas mãos.

— Se ele chegar perto de você de novo, não vou hesitar. Vou matá-lo. Ninguém e nem você irá me impedir.

Assenti.

— É que... eu não gosto de brigas.

— Eu percebi. Por isso eu parei. — ele grudou nossas bocas e me beijou com doçura.

O puxei pela camisa para nos aproximar ainda mais.

— Desculpe Rei, eu também não sei o que eles estão fazendo com a boca — Nepo falou ao fundo.

Eu e o Zaphy rimos ao mesmo tempo, um contra os lábios do outro.

— Vou lá ver o que o meu pai quer. — me deu um outro beijo. — Te adoro — sussurrou e após ouvir o meu "também te adoro", ele foi até a saída.

Me apoiei na bancada enquanto o Zaphy virava-se para o Nepo e dava dois socos de brincadeira sobre a barriga dele por cima da armadura, como se fosse um saco de boxe. Nepo riu depois de segurar os dois punhos do Zaphy.

— Cuide dela, chorão.

Nepo maneou a cabeça, em confirmação. Em seguida, Zaphy saiu do laboratório, logo atrás do pai.

Assim que a porta foi fechada, não esperei nem mais um segundo e corri ao encontro do Nepo.

— Sobre o que eles irão conversar? Eu sei que você sabe.

— Você não vai gostar de saber. — Sentou-se no banco.

— Fale logo!

Nepo suspirou antes de me encarar.

— A Segunda Potência também está indo embora, então o Rei convidou o Rei Nak'e e sua filha para a festa. Acho que ele quer se vangloriar porque a nossa Potência foi a primeira e possivelmente a única a criar a cura.

Eu quem criou a cura. Mas ok.

— E por que eu não iria gostar disso?

— Porque o Rei me pediu para te manter afastada do Zaphy pois ele irá conhecer a princesa.

Bom, eu realmente odiei, muito, demais, saber disso. Outra Zukmi eu não vou aguentar.

— Ela é bonita? — Cruzei os braços, fazendo uma careta.

— É. Pelo menos eu acho.

Merda!

— Acha que ela se interessaria pelo Zaphy?

Que pergunta idiota, é claro que sim. Qualquer criatura em seu juízo perfeito se interessaria por ele.

— Preciso responder? — riu.

Isso, ri da minha desgraça!

— Ok. E ele? Existe alguma possibilidade do Zaphy se interessar por essa etezinha de coroa e me deixar?

— Quer que eu seja sincero?

— Por favor! — Levantei as sobrancelhas, os braços e também a voz.

— Não, nenhuma.


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Notas Finais

Dashni é um traste mas ele não pode morrer. Mais pra frente vocês saberão o porquê.

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