Capítulo 31 - Não começa, terráquea

Notas Iniciais

Ain, gente como assim já 4k?!... Na verdade, 4.4kazão!!! Achei que iria demorar mais *-*

Obrigada pessoas lindjas do meu ❤

Fiquem com a continuação do capítulo anterior. Boa leitura :*


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Ouvi os passos dele se aproximando de mim e rapidamente comecei a secar as lágrimas que infelizmente não consegui segurar.

Zaphy afastou meus cabelos e depositou um beijo na minha nuca. Depois me abraçou por trás, pela cintura. Tentei me soltar mas o imbecil me girou com rapidez, me deixando de frente para ele.

Virei o rosto para não encará-lo.

Outra vez fui prensada por ele neste quarto, agora na parede oposta à porta, entre duas janelas, felizmente fechadas. Ele se dirigiu ao meu pescoço, lambendo como gosta de fazer, mas eu não estou nem um pouco interessada. O empurrei com força porém, não obtive sucesso, ele é muito pesado.

— Pare — Zaphy sussurrou contra o meu ouvido ao mesmo tempo que segurava meus pulsos sobre meus seios.

— Eu não quero — limpei a garganta antes de falar e mesmo assim a minha voz saiu um pouco rouca.

— Sim, você quer. Você quer muito, assim como eu. — A cada palavra que ele dizia, encostava seus lábios na pele do meu pescoço, me causando arrepios.

Eu odeio essa falta de controle que tenho sobre o meu corpo.

Zaphy soltou um dos meus pulsos para secar as lágrimas do meu rosto, que até o momento eu havia esquecido que ainda desciam.

— Olhe para mim — ele pediu mas não o obedeci.

Então Zaphy soltou meu outro pulso e virou meu rosto em direção ao seu, com as duas mãos. Colou nossas testas e fechou os olhos, ainda segurando meu rosto.

Fechei os meus também.

Zaphy ficou apenas respirando contra a minha face, eu fazia o mesmo.

— Por que você está fazendo isso comigo? Primeiro age como se eu fosse importante, depois diz essas coisas e parece que sou apenas mais uma — enfim consegui falar firme e cessar o choro.

Ele respirou fundo.

— Não gosto quando diz que isso é errado porque pertenço à outra raça. Fico com raiva e acabo falando as coisas sem pensar.

Preferi ficar em silêncio. Ele sempre joga a culpa para cima de mim. Não sei o porquê dele fazer isso, só sei que me destrói por dentro como nunca antes aconteceu. Já ouvi coisas piores de um homem, mas por que agora parece diferente?

— Abra os olhos, terráquea.

Após eu abrir, Zaphy pegou a minha mão e colocou sobre seu próprio rosto.

— Adoro tanto o seu toque. — Alisava a minha mão com o polegar e friccionava seu rosto na minha palma.

Ainda estamos com as testas unidas, meu rosto levemente levantado para poder olhar diretamente nos olhos dele. Estou com raiva dele, muita raiva, mas eu poderia ficar assim pra sempre, apenas perdida dentro de seus olhos negros, sentindo sua respiração morna indo de encontro com a minha e seu cheiro cítrico contaminar meus pulmões.

E principalmente, xingando ele mentalmente.

Depois, Zaphy se afastou um pouco e levou a minha mão de seu rosto, até seu peito.

— Sinta como eu fico quando me toca. — Seus batimentos estão super acelerados. E os meus também. — Eu nunca fiquei assim com outra fêmea. Nunca. — Desceu a minha mão um pouco mais e a colocou dentro da sua calça. É claro que o romântico tinha que dar lugar ao safado. — Agora sinta como ele está. — Zaphy sussurrou contra meus lábios. — Ele só fica nesse estado quando você me toca, ou quando sinto seu cheiro e, às vezes, só de te olhar ele fica assim.

Liberou seu típico sorriso tarado. 

Puxei a minha mão antes que eu fincasse minhas unhas naquela coisa e o fizesse gemer, mas de dor. Nem o fato de eu ter sentido o seu curativo enquanto ele movia minha mão para baixo, fez meu humor mudar.

— Pensa que caio nessa? — Mas tenho que admitir que ele estava indo bem. Aquilo de "nunca fiquei assim com outra fêmea" me amoleceu um pouco. 

Sim, estou quase me rendendo. Entretanto, ele não pode falar daquele jeito comigo e depois dizer algumas palavrinhas bonitas achando que tudo ficará bem. Zaphy precisa entender que palavras machucam!

Ele se afastou e eu continuei esperando uma resposta. 

— Eu só quero que pare de dizer que isso é errado, terráquea. Por favor. Só te peço isso. Não faz ideia da raiva que isso me causa.

Resmunguei um "cala a boca" e passei por ele, sentando em seguida na beira da cama. Logo, Zaphy sentou-se ao meu lado.

— Não vai dizer nada?

Sequei o canto dos olhos onde ainda havia vestígios de lágrimas e voltei a encará-lo.

— Ela está apaixonada, talvez até te ame, e você vem com essa conversa de que são amiguinhos? Eu não sou idiota, Zaphy!

Ele suspirou e jogou-se para trás, deitando-se na cama.

— Terráquea... — Suspirou outra vez. — Você ao menos prestou atenção no que eu te disse? De como me atinge, de como o meu corpo reage a você? Pois parece que só discutir sobre a Zukmi te importa!

Zaphy acha mesmo que depois dele priorizar sua amizade com a ladra alienígena, vou me derreter assim tão fácil?

— Será que acontece tudo isso mesmo? Afinal, sou apenas alguém que você conhece há poucos dias! — Já não consigo falar baixo.

Levantei e caminhei até o meio do quarto, mas me mantive de frente para ele. Talvez a raiva tenha voltado com tudo.

— Queria entender o porquê de você só absorver as coisas ruins que digo e as boas não. — Voltou ele, a sentar-se na cama.

— Se eu absorvesse só as suas grosserias, nem olharia mais na sua cara, Zaphy!

Ele passou as mãos no rosto. Parece impaciente.

— Ao menos que a Zukmi tenha te machucado, eu não vou me afastar de alguém que nunca me fez mal, só porque você quer.

Não machucou mas bem que ela gostaria. Até ameaçar chamar o ex harém dele para me assustar, essa ET foi capaz de fazer. Porém, cansei desse assunto.

Melhor eu ficar quieta.

— Chega de drama e vamos fazer sexo logo. — Seguiu até mim, sorrindo igual um cafajeste.

Continuei com a minha carranca.

— Pare de falar assim. Um pouco de romantismo seria bom!

Zaphy riu e envolveu a minha cintura. Outra vez tentei me afastar mas ele não cedeu.

— Ser romântico para na próxima discussão você esquecer e citar algo rude que eu disse no primeiro dia? — Começou a atacar o meu pescoço com a língua e eu, a estremecer. — Mas fiquei curioso, como é que eu tenho que falar?

Quero que ele continue mas também quero que ele pare. Droga! Cabeça versus corpo.

— "Vamos fazer amor, minha terráquea" — falei, lhe causando outro riso.

Após afastar seu rosto do meu pescoço, soltou mais uma risada. Não sei o que é tão engraçado.

— Vamos fazer sexo, minha terráquea. — Esfregou seu quadril em mim, sorrindo daquele jeito. — Assim é melhor.

Ah, desisto. Depois continuamos a briga.

Selei nossas bocas, iniciando um beijo intenso e apressado. Ainda sinto um pouco de dor na minha boca, mas não ligo. Zaphy rapidamente levou suas mãos para baixo da minha blusa, me apertando e pressionando meu corpo contra o seu.

Já as minhas estão em seus cabelos, puxando-os, vez ou outra arranhando sua nuca.

Em seguida, ele me levou até a mesa em frente a janela e me sentou nela, se colocando entre as minhas pernas.

Justo perto da janela que está aberta?

— Zaphy...

— Não começa, terráquea. — Me interrompeu, já sabendo o que eu ia dizer.

Me empurrou para que eu deitasse e começou a levantar minha blusa e beijar a minha barriga. Ela ainda está sensível por causa do soco que aquele covarde do Dashni me deu. Sorte que aqui está um pouco escuro e o hematoma não muito forte. Ainda. 

Retirei a blusa e o sutiã, os jogando pelo quarto logo depois. Zaphy subiu mais um pouco, até meus seios, lambendo e chupando cada um deles.

Nossas respirações gritantes e os sons molhados que ele está fazendo, estão ofuscando o silêncio do quarto.

Puxei seu rosto para mais um beijo, enquanto descia a outra mão para dentro da sua camisa, tocando seu corpo malhado e já suado. Quando senti outra vez o seu curativo, separei nossas bocas imediatamente.

Será que ele pode?

— Você acha que pode? — perguntei quase sem ar. — Não está com dor?

— Agora que vem me perguntar isso? — Me deu um beijo forte e rápido. — Outra coisa vai doer muito mais se eu parar agora.

O beijo foi ficando selvagem, cheio de mordidas, chupadas, intensidade e pressa. Puxei sua camisa e ele como um jato, se afastou para terminar de tirá-la, puxando-a pelas costas, deixando seus cabelos maravilhosamente bagunçados.

Zaphy se dirigiu novamente aos meus seios, enquanto apertava um, sugava o outro. Guiei minha mão até o botão da minha calça, mas a pressão do corpo dele, me causou dificuldade para descê-la. Então ele tornou a afastar-se para me ajudar a me livrar dos panos que ainda cobrem meu corpo. Aproveitou e removeu a sua própria calça.

Depois parou e ficou me observando. Por que ele sempre faz isso? Fiz o mesmo, admirando seu corpo pálido e completamente desnudo.

— Está olhando o que, alien?

— Não me canso de te ver nua. — Colocou a mão entre meus seios e deslizou até meu ventre. — Ainda mais sob a luz do luar

Sorri, mas se não estivesse escuro provavelmente eu teria ficado vermelha de vergonha.

Ele me puxou, me forçando a sentar e se colocando entre as minhas pernas novamente. Me possibilitando sentir sua ereção extremamente rígida. Agarrou meus cabelos no alto da minha cabeça e levou meu rosto até o seu. Envolvi seu pescoço com os braços mas Zaphy se desvencilhou deles e colocou minhas mãos sobre a mesa.

— Se incline para trás. — Me espalmou por entre os seios e me empurrou sutilmente.

Fiz o que ele pediu.

Zaphy também se inclinou, grudando ainda mais os nossos corpos. O roçar dos bicos dos meus seios no seu peito, só fez me deixar ainda mais delirante. Enquanto que com uma mão Zaphy me segurava pela nuca, sempre com os olhos cravados nos meus, com a outra, me massageava lá em baixo com calma.

— Ainda acha isso errado? — me perguntou, mas não respondi, então ele começou a encaixar o seu membro lentamente em mim. — E isso?

Mordi meu lábio, deixando o ar pesado sair dos meus pulmões apenas pelo nariz.

— Ainda sou apenas aquela que conheceu há poucos dias? — sussurrei.

— Nunca foi.

Contornei seu quadril com as pernas no mesmo instante. Enquanto o meu quadril, foi segurado com força pela sua mão quente quando os movimentos freneticamente surgiram.

Fechei os olhos e deixei um gemido alto bater sobre a boca dele.

A mesa que mesmo estando presa ao chão, batia com força na janela da nave, ecoando um som grave pelo quarto. Mas o Zaphy parece não se importar mais com o barulho.

Ele levou suas mãos até as laterais da mesa, me estocando com mais força ainda. A pressão que o peso do meu corpo, junto com o impacto do corpo pesado do Zaphy, começou a incomodar os meus pulsos, pois as minhas mãos ainda se encontram sobre a mesa. Então joguei o torso para trás, deitando mais uma vez na mesa.

— Fraca. — Riu, soltando mais ar do que letras.

Não tive força para formular uma resposta. Arqueei meu corpo sobre a superfície, de forma que minha visão se voltou toda para a janela atrás de mim, me possibilitando ver estrelas, literalmente. Mas desta vez, a minha fobia não foi despertada.

Levei meus olhos, quase fechados, até os dele.

— Zaphy...

— Fale.

Ergui um pouco o corpo, me apoiando nos cotovelos, estou inquieta. 

— Nunca me deixe. — Péssimo momento para surgir o medo dele voltar ao seu planeta e me deixar aqui.

Ele sorriu maravilhosamente, inclinando a cabeça para o lado, me invadindo com força e desespero. Amanhã estarei toda dolorida, mas sempre vale a pena. Pude ver um fio de suor descer de sua testa. Acabei descendo os olhos até seu peito que brilha com o mesmo líquido salgado.

— Não vou nem se você quiser. — Por fim disse, como se estivesse me ouvido só agora.

Voltei a colar as costas na mesa. Não consigo mais controlar meus gemidos e acabei soltando um mais alto do que os anteriores pois estou quase lá. Já estava esperando uma advertência dele por conta da altura.

— Grita o nome do teu macho.

Porém fui pega de surpresa.

— Alguém pode ouvir. — Eu não sei como ainda consigo falar.

Meu corpo está piscando de dentro pra fora. Falta pouco...

— Eu não me importo mais. — Tirou as mãos da mesa para segurar o meu quadril, me penetrando mais forte do que nunca. — Grita!

Ele vai me quebrar.

Então fiz como me foi pedido e gritei o nome dele, com a pouca força que eu tinha. Instantaneamente, Zaphy me causou aquela sensação maravilhosa de poucos segundos e eu fui completamente abduzida por ele e levada para algum canto colorido do Universo.

Logo o senti desabar sobre o meu corpo exausto. Deitou sua cabeça em cima do meu peito e aproveitei para acariciar seus cabelos úmidos de suor.

— Você ainda me quebra, alien — minha voz soou risonha e completamente fraca.

Primeira vez que transo violentamente assim. Zaphy às vezes parece um animal.

— Quebro nada, você é pequena mas aguenta. — Levantou e me puxou para que eu sentasse. — Estou mentindo?

Tem razão. Não só aguento como também preciso. Mas no momento estou morta, por que ele não me deixa deitada na mesa?

— Não. — Sorri e envolvi o pescoço dele com os braços. — Mas agora preciso descansar.

Após também sorrir, ele deixou um beijo na minha bochecha.

— Terráquea, pare de ser preguiçosa. — Começou a ajeitar os meus cabelos. Devem estar horríveis. — Eu aqui ferido, estou pronto para mais duas ou três. — Desceu as mãos até as minhas coxas. — Vai ter que aguentar.

Ri, mesmo não sabendo se ele está falando sério ou não. Zaphy pode não me quebrar, mas me deixar quase morta, isso ele deixa.

— Quer me matar, fala logo. — Deixei uma mordidinha em seu lábio. — Agora me leve até a cama.

No momento seguinte, ele passou os braços por trás dos meus joelhos e me pegou no colo. Enterrei meu rosto em seu pescoço pois seu cheiro natural, misturado com o cheiro do seu suor é muito irresistível.

Não sei nem como descrever.

— Desta vez vou deixar passar. — Me colocou na cama. — Mais tarde continuamos.

Isso se eu acordar, né? Pois provavelmente vou dormir por dois dias seguidos.

Sorri, fingindo que concordei.

— Pegue algo para eu vestir — pedi.

Ele quase gargalhou.

— Por favor? — completei.

— Não acha que já está abusando? — Levantou e pegou uma roupa do chão. — Você quer um macho ou um criado, terráquea?

— Quero você.

Jogou a roupa sobre mim e abriu um sorriso... tímido? Quem diria que um dia eu deixaria esse alien envergonhado.

Zaphy voltou para a cama após vestir sua calça como um foguete. Vesti a camisa, que por sinal é a dele e me acomodei sobre o seu peito nu perfeitamente firme e cheiroso. Sinto que finalmente terei uma ótima noite de sono.

De repente, alguns pingos começaram a bater na janela, parece que está chovendo. Melhor forma para dormir, impossível.

— Você diz que... — Ele começou mas depois ficou em silêncio.

Abri os olhos, juntando ainda mais meu corpo ao dele. Se é que isso era possível.

— Quê...?

Zaphy suspirou.

— Que isso é errado porque somos de raças diferentes. Mas... — Ficou em silêncio mais uma vez.

Levantei a minha cabeça para ver seu rosto. Está fitando o teto, mal pisca.

— Fale logo, Zaphy.

Logo depois, ele levou os olhos até os meus. Parece triste e isso está me deixando aflita, porque estou super feliz por estar aqui com ele, mas ele parece que não.

— Eu nunca tive essa sensação que tenho com você, com nenhuma vuxliana. Como isso pode ser errado?

Ok. Talvez a culpa desse olhar triste seja um pouco minha.

A verdade é que o Zaphy está certo. Se a gente se gosta, isso pode ser tudo, menos errado. Só precisamos ceder mais, para acabar com essas discussões bobas. Porém acho que essa parte será mais difícil do que terminar a cura.

— Nunca mais irei dizer isso. — Coloquei a mão no rosto dele e o acariciei com o polegar.

— Parece que estou presenciando uma evolução aqui. É a primeira desde quando vocês se penduravam em árvores, não é?

Gargalhei.

— Que bonitinho, ele andou estudando a evolução humana. — Lhe dei um tapa do braço.

No mesmo instante recebi outro, com força e na bunda. Dei risada de novo e arregalei os olhos.

Primeiro tapa na bunda que recebi na vida!

E justo de um alien.

— A partir de agora, vou devolver também. — Se inclinou e mordeu meu nariz, também com força.

— Ai, seu cachorro!

Isso já é agressão.

Eu massageava o meu nariz enquanto ele olhava para o nada, pensativo. Coçou a cabeça antes de tornar a me fitar.

— O que é um cachorro?

— Um animal que morde.

Ele levantou as sobrancelhas e após ficar um outro momento pensativo, riu de lado.

— Então você é uma cadela.

Essa conversa está ficando esquisita.

— O feminino de cachorro é cachorra. — Pensando bem, não melhorou muita coisa.

— Meu tradutor diz que é cadela.

Voltei a me acomodar sobre o peito dele. Aproveitei para brincar com os pelinhos entre seu peitoral e inalar todo o seu...

Puta que pariu, que alien cheiroso!

— Sinto em lhe informar, mas o seu tradutor está quebrado.

Após notar uma calmaria, levantei a cabeça para ver se o Zaphy estava dormindo, mas seus olhos estão muito abertos.

Porém, congelados.

— Está pensando em quem? Posso saber?

Se ele não estivesse respirando, eu pensava outra coisa.

— Terráquea, às vezes você faz umas perguntas sem sentido. Parece que é doida. — Limpou a garganta, mantendo os olhos parados. — Não estou pensando, estou lendo.

Ótimo, ele acha que sou doida. Talvez eu seja mesmo, estou me relacionando com um alienígena que lê o nada.

Segui os olhos dele à procura de algo que ele pudesse estar lendo, mas não há nada, só confirmando que ele está realmente lendo o nada.

— Lendo a onde?

— Na minha cabeça, terráquea — respondeu com um ar de que fosse algo óbvio ele estar lendo dentro de sua cabeça.

Mas pensando bem, isso deve ser demais! Uma biblioteca no cérebro à sua disposição, que sonho!

Ou talvez não, se for pensar em como os livros são inseridos, literalmente, dentro de sua cabeça.

— Não vai perguntar o que estou lendo? — sua pergunta me tirou de meus devaneios.

— Não verdade, estou mais interessada em saber como isso funciona.

Ele piscou algumas vezes antes de olhar para mim. Agora seus olhos estão com um aspecto mais natural.

— É muito complexo e eu estou com preguiça de explicar. — Fez cara de coitado. — Estou lendo o dicionário da sua potência, quero dizer... país.

Tanta coisa interessante para ler e ele lendo o dicionário. Depois eu que pareço doida.

— Por quê? — Minha expressão foi uma mistura de tédio, desânimo e sofrimento.

— Porque eu quero. Algum problema?

Nossa, que grosso!

Desconfio de que ele tinha o costume de tratar as suas ex ETs assim, mas comigo há regras!

— Não. — Puxei o cobertor e me virei de lado, de costas para ele. — Boa noite!

Ouvi uma sutil risada, que logo se tornou uma gargalhada.

Vou dar na cara dele!

— Por que você vira de costas quando fica com frescura? Você é muito infantil, terráquea.

Não respondi. Caso contrário, irei deixá-lo surdo.

Mas então, o imbecil me deu outro tapa forte na bunda. Quando dei por mim, já havia lhe devolvido no braço, e pelo ardor que surgiu na minha mão, doeu mais do que o tapa que recebi. 

Porém, ele continuou rindo.

— Bateu, levou. É essa a regra, não é? — Sorri também, pois o sorriso dele está me contagiando.

Sem desfazer o sorriso, ele colocou as duas mãos no meu rosto.

— E você ainda tem a ousadia de dizer que nós juntos é algo errado? — Me puxou, chocando nossos narizes. — Isso pode ser tudo, menos errado, Mel. — Sorriu largamente mais um vez, antes de possuir a minha boca com toda a sua fome.

E eu iludida, pensando que iria ter finalmente uma noite de sono.

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