Capítulo 11 - Alguém vai te ouvir

Sentei na cama e respirei fundo, completamente confusa sobre o certo e o errado. Tirei a calça, a blusa rasgada e coloquei uma camiseta fina de mangas longas.

Estou com calor, culpa de quem?

Deitei na cama. Ainda é cedo, eu poderia voltar a dormir. Mas os pensamentos me impediriam disso, eu sei.

Decidi focar meus pensamentos no vírus, para desintoxicar a minha mente daquele ser irresistível. Já que eu não posso usar o vírus para criar uma vacina, talvez eu devesse pensar mais além.

Uma cura!

Será infinitamente mais complicado, porém só precisarei encontrar alguma brecha. Como disse o Zaphy, eu consigo!

O que eu não consigo é deixar de citar ele na minha cabeça.

Olhei meu celular e o relógio marca quase dez horas da manhã. O que eu vou ficar fazendo o dia inteiro aqui? Estou arrependida de ter saído do laboratório.

Não sei por quanto tempo fiquei perdida em teorias e viajando naquele cheiro cítrico que teima em surgir vez ou outra, até eu ser despertada ao ouvir Whatever. Tenho que colocar o celular no silencioso antes que algum alien o ouça.

— A pizza estava boa?

— Finalmente atendeu. Estava aonde? Ah, não importa. Então, retomando de onde paramos... Por que está em Cambridge? Diga a verdade.

— Eu já disse. Para ficar um pouco com os meus pais.

— Você não iria abandonar tudo assim. E outra, vocês nem se dão bem.

— Isso não é verdade. Só tenho um relacionamento complicado com o meu pai.

— Ok, se não quer falar, tudo bem. Me conte alguma novidade, então. Já está de olho em algum gatinho, aí no interior?

— Na verdade estou. — Virei de bruços na cama. — Tem um... um cara, que está me deixando completamente louca.

— Opa, que rápida! Quero descrição! É gostoso?

— Super!

— Hmm! Já pegou?

— Mais ou menos. — Soltei um riso. — Mas... a gente não vai dar certo. Somos de mundos diferentes. — Literalmente.

— Que desculpa mais sem graça. Mas ele é diferente de você, como?

— É complicado.

Por favor, não diga que é um gótico, louco e cheio de piercings.

— Não. — Ri de novo.

Se fosse só isso estava bom.

— Menos mal. — Suspirou.— Uma perguntinha...

— Diga.

— É o senhor "ninguém importante"?

— Talvez? — Sorri, mas ainda bem que ela não pode ver.

Por que eu sorri?

— Haaaa... Sabia que tinha alguma coisa ali.

Meus olhos foram atraídos para o som da tranca da porta se abrindo, em seguida se fechar, deixando alguém preso comigo. Continuei com o celular no ouvido.

— Quer alguma coisa? — Me virei para ele, ainda deitada.

— Quero.

— Devo me retirar? — Anne disse do outro lado da linha.

— Depois eu te ligo, Anne.

— Ok. Beijos!

Desliguei o celular nervosa. Espero que ele não estava todo esse tempo atrás da porta ouvindo a conversa, com essa audição de super herói que ele tem.

Que vergonha!

— O que você quer? — Sentei sobre a cama.

— Saber se já pensou em algo sobre o vírus. — Zaphy falava enquanto caminhava e se sentava ao meu lado na cama.

Automaticamente me afastei um pouco e puxei mais o cobertor sobre mim.

— Ainda não. — Pigarreei. — Mas vou pensar em alguma coisa.

— Sei que vai.

Ele ficou me encarando sem dizer nada, só aumentando o desconforto.

— Mais alguma coisa?

— Não. — Continuou me encarando com aqueles olhos negros penetrantes.

— Então acho melhor você ir. — Apontei com sutileza para a porta.

Mas ele fingiu que não me ouviu, e se aproximou mais de mim, me fazendo recuar a mesma distância.

— Não. Acho melhor eu ficar. — E se aproximou mais um pouco.

Tornei a recuar, ficando com as costas coladas na cabeceira triangular da cama alienígena.

— Está com medo de mim, terráquea? — Riu.

Não basta ter esse sotaque lindo, tem que rir mais lindo ainda.

— Claro que não. Só... prefiro que você saia pois acordei muito cedo hoje, estou com sono. — Tentei transparecer tranquilidade mas minha voz saiu trêmula.

Zaphy se aproximou mais uma vez, me fazendo sentir sua respiração pesada e seu cheiro cítrico embriagante. Ele dirigiu a mão até meu seio por cima da camiseta. Afastei ela rapidamente.

— Pare com isso — falei baixo.

O alien simplesmente ignorou minhas palavras e puxou o cobertor que me cobria. Me deixando apenas de camiseta e calcinha em sua frente. Minhas pernas ficaram totalmente descobertas, me matando de vergonha. Comecei a puxar, em vão, minha camiseta para cobri-las.

— Saia daqui, agora! — Elevei a voz irritada, empurrando-o em seguida.

— Fale baixo, terráquea! — Segurou meus braços com força, um com cada mão.

Depois puxou-os de forma que nossos corpos se chocaram e nossos rostos ficaram praticamente colados. Me deixando ainda mais nervosa com essa aproximação. Seguiu com a boca até meu pescoço, lambendo e depositando pequenas chupadas. Isso foi me desestabilizado, me deixando sem forças para lutar contra o desejo que eu sentia por aquela coisa de outro planeta. Aos poucos, fui diminuindo o esforço de soltar meus braços de suas mãos pálidas e grandes.

Zaphy se afastou e segurou em minhas coxas, puxando-as para que eu me afastasse da cabeceira e deitasse na cama. Depois atirou-se em cima de mim. Colocou a mão por baixo da minha camiseta, envolvendo um de meus seios com ela, enquanto me encarava com prazer. Meu coração estava a todo vapor, minha respiração descompassada e meu corpo desesperado para tê-lo. Ao notar a minha reação, Zaphy sorriu, com certeza convencido, vendo o efeito que apenas o seu toque me causa.

Imediatamente ele levantou o único pano que escondia os meus seios e seguiu com boca até um deles, guiando sua mão até o outro. Sua boca produz movimentos delicados e deliciosos, como se fizesse isso a vida toda.

Mas como isso é possível se até ontem, ele não havia sequer tocado em um peito?

Dirigi minha mão até seus cabelos loiros, ao mesmo tempo que apertava com a outra mão, a lateral do seu corpo por cima da camisa. Ele afastou a boca do meu seio, voltando a me encarar e desceu as mãos até a parte de trás dos meus joelhos, puxando-os para cima, se colocando entre minhas pernas.

— Zaphy — sussurrei.

— Pelo amor de Galru, terráquea, não me peça para parar. — Segurou meu rosto com uma mão. — Não estou aguentando mais.

Ri da forma de como ele falou.

— Não quero que pare. – Mordi meu lábio inferior. — Só que tire logo essa camisa.

Ele sorriu e a tirou em fração de segundos. Fiz o mesmo com a minha, ficando apenas de calcinha. Zaphy voltou para cima de mim, após ficar me analisando por alguns segundos e tornou a lamber meu seio, agora com mais pressa. Sua boca caminhou até meu pescoço, sincronicamente apertava minha cintura e subia a mão até a minha coxa. Começou a fazer um caminho de lambidas pelo meu pescoço, desceu por entre os meus seios e chegou até a minha barriga, me fazendo arquear as costas de excitação.

Não demorou muito para ele arrancar a minha calcinha e começar a passar os dedos no meu ponto mais sensível.

Soltei um gemido.

— Aí também é diferente? – Eu tinha que perguntar.

— Não, aqui é igual. – Riu e voltou com os lábios até o meu pescoço, agora além de lamber e chupar, está deixando pequenas mordidas.

Não quero nem pensar nas marcas que isso irá me causar.

Comecei a abaixar a calça dele com pressa, imediatamente Zaphy parou e se levantou de cima de mim, ficando de joelhos entre as minhas pernas.

— O que foi? — Levantei o tronco, me apoiando nos cotovelos.

Ele saiu da cama, ficando em pé ao lado dela. Olhei confusa.

— Tire... – ordenou, olhando para as próprias calças depois para mim — me olhando.

Mordi meu lábio de novo ao vê-lo em pé ao meu lado, apenas de calça e me fitando com a cabeça ligeiramente inclinada.

— Você é lindo demais, alien.

— Eu sei. — Sorriu de lado. — Agora tire a minha calça.

Convencido e mandão.

Sentei na beira da cama, de frente para ele e totalmente nua. Confesso que tenho um pouco de dificuldade com a nudez e a luz do dia não me ajuda muito com isso.

Mas por esse alien eu aceito passar por cima da minha vergonha besta.

Primeiro degustei com os dedos seu abdome incrivelmente maravilhoso. Coloquei o dedo no inicio de uma de suas entradas abdominais e segui ela até a sua calça. Agora de perto posso notar os poucos pelinhos loiros abaixo do seu umbigo. Não satisfeita, substitui meus dedos pela minha boca e comecei a apreciar com a língua.

Mas Zaphy afastou a minha cabeça.

— Primeiro me dispa, depois você me lambe.

Eu deveria ter imaginado que ele é um dominador. Desci as mãos e segui abaixando sua calça, olhando-o, como ele havia pedido. Ou mandado. Quando seu membro ficou à mostra, totalmente ereto, notei que aliens não usam cuecas. Ou será só ele? Que seja.

Após a calça chegar no chão, Zaphy terminou de tirá-la com os pés, chutando-a para o lado.

Fiquei admirando seu membro por um momento, enquanto fazia movimentos de vai e vem com a mão, que apesar da cor quase branca, é exatamente igual aos dos humanos. Senti uma sensação de novidade, como quando você ganha um brinquedo novo e os velhos não têm mais graça. Não que eu considere o Zaphy o meu brinquedo novo, mas provavelmente depois dele, eu não conseguirei me interessar por humano nenhum.

Ouvi um gemido tímido vindo dele, quando parei e passei o polegar sobre a sua glande.

— É muito maior do que o dos terráqueos?

Ele quebrou meus pensamentos com essa pergunta no mínimo constrangedora. Olhei para ele e fiquei de pé em sua frente.

— Não vou poder responder pois não tive o prazer de ver todos para comparar.

Levei a minha boca até seu peito, mas sem encostar.

— Agora eu posso? — perguntei.

Ele não disse nada, apenas colocou a mão atrás da minha cabeça e empurrou-a contra o seu corpo. Me servi, saboreando cada pedacinho. Afastei meu rosto do seu peito para olhá-lo, e sem querer fiquei devorando a sua boca com os olhos, de novo. Estou morrendo de vontade de beijá-lo mas não sei como fazer isso.

Na realidade eu sei, mas ele não.

Sem dizer nada ele me empurrou, me forçando a deitar, retornando ao seu lugar em cima de mim. Com as duas mãos segurou minhas coxas e abriu minhas pernas, se colocando entre elas. Colou nossas testas ao mesmo tempo que respirava pesadamente sobre o meu rosto e me penetrou lentamente, ficando parado por um momento. Soltei um gemido baixo e agarrei seus cabelos.

Em seguida, iniciou os movimentos. Devagar e sem pressa. Desci uma mão até sua nuca, arranhando de leve, com a outra fazia o mesmo nas suas costas.

Zaphy levantou seu corpo, flexionando os joelhos na cama com os braços esticados ao lado do meu corpo. Aproveitei para apertar cada parte daquele peitoral perfeitamente delicioso em minha frente.

— Não esqueça que eu estou no controle aqui, terráquea. — Tirou as minhas mãos do seu peito e segurou meus pulsos ao lado da minha cabeça. — Entendeu?

Fiz que sim com a cabeça.

À medida que ele voltou a se movimentar, desta vez com força e rapidez, não me segurei e elevei o tom dos gemidos.

— Sei que está muito bom mas fique quieta — sua voz saiu quase sem força.

Virei meu rosto para o lado e mordi meu lábio com força na intenção de segurar os gemidos. Zaphy manteve seu ritmo alucinante. Meu rosto mesmo distante do dele, conseguia captar o ar quente liberado pela sua boca, resultado da sua respiração arfante. Já estou sentindo meu clímax chegando.

— Me espere.

Como ele sabe? Virei o rosto na direção do dele.

— Você consegue ler pensamentos? — Acabei deixando escapar um outro gemido.

— Quieta, terráquea. Alguém vai te ouvir. — Respirou pesado. — Não consigo ler pensamentos mas adoraria ler os seus agora.

Amei saber disso, mas não consigo esperar.

No mesmo instante tive provavelmente, o orgasmo mais longo da minha vida, relaxando o corpo logo depois, completamente anestesiada. Segundos depois, Zaphy parou os movimentos, desabando sobre mim e respirando com dificuldade na curva do meu pescoço. Envolvi seu corpo com os braços, após meus pulsos serem libertados

— Na próxima vez, me espere. — Mordeu a pele do meu pescoço, em seguida rolou para o lado.

Ele já está pensando na próxima vez?

Apenas ri e me envolvi no cobertor, ficando de bruços, com o rosto virado para ele.

Fechei os olhos.

Ficamos em silêncio por um instante, recuperando o fôlego. O único som emitido no quarto vem da nossa respiração cansada. Mas quando a embriaguez passou, voltei para a realidade, a minha realidade.

O que eu acabei de fazer? Ele é um alien. Estas coisas não funcionam assim, somos de espécies, mundos diferentes. Como uma atuante da área médica sei o quanto é errado misturar espécies diferentes. E se eu engravidar? Além de complicações óbvias, podendo me causar morte no parto, na melhor das hipóteses, eu poderia colocar no mundo uma criatura deficiente de todas as formas possíveis. Isso não seria justo com um ser inocente.

Nunca fui tão irresponsável na vida.

Senti ele se mexer então abri os olhos. Zaphy havia virado de lado para mim, e seus olhos negros estão sobre os meus. Tirei uma mecha de cabelo do seu rosto e coloquei-a atrás de sua orelha, depois acariciei seu maxilar, o fazendo fechar os olhos gostando do carinho. Então ele pousou sua mão sobre a minha e ficou alisando-a com o polegar.

— Isso é errado, Zaphy.

— O que é errado? — Abriu os olhos subitamente.

— Isso. — Apontei para ele e para mim. — Somos de espécies diferentes, biologicamente falando, não é certo. Nossos genes provavelmente são incompatíveis. Se caso acontecesse de eu... — Suspirei. — Enfim, não deveria ter acontecido dessa forma. — Franzi a testa arrependida.

Imediatamente ele se levantou da cama e começou a vestir sua camisa com pressa.

— Ei, não precisa ficar assim. — Me sentei na cama, ainda enrolada no cobertor.

— Escute aqui, sua maldita! Se você se arrependeu, não precisa ficar inventando desculpas e utilizando essas palavras difíceis pra me dispensar. Entendeu? — Caminhou apressado até onde está a sua calça. — Só diga que não quer mais. Eu não faço questão disso — ao dizer a última palavra, fez o mesmo gesto que eu havia feito, apontando para mim e depois para ele mesmo. — Fêmea na minha cama nunca faltou!

Que ser ridículo!

— Você não pode estar falando sério. Acha mesmo que inventei tudo isso pra te dispensar? — minha voz foi tomada pela irritação.

— O que aconteceu, terráquea? Você pode fazer melhor do que isso. Acho que deve trabalhar mais nessa tua performance, como fez lá na área de conferência na frente de todos. Disse que sabia como criar a vacina e depois provou que é tão inútil quanto o resto da sua raça. Aliás... — Terminou de vestir a calça. — Eu deveria ter confiado na péssima fama que ela tem e ter mantido distância de você!

Não acredito nisso. Ele realmente jogou na minha cara que não posso criar a vacina, além de insinuar que fingi sobre poder criá-la? Só eu sei o quanto me empenhei, o quanto eu quis fazer essa droga de vacina!

— Sabe o que eu acho? Que você não passa de um mimado que quer tudo do seu jeito. Pois se não for assim, você é incapaz de entender. — Me levantei da cama. — E não adianta generalizar, me julgando pelo erro de terceiros, criticando a minha espécie e achando que irei me ofender. Tenho consciência do que sou!

Ele ficou me encarando com os olhos cerrados, sem dizer nada. Balancei a cabeça em negativa.

— Você fala mal da minha espécie mas a sua está muito longe de ser a vítima. Utilizaram pessoas inocentes como cobaia para sei lá o quê, me tornaram prisioneira e vivem me culpando por algo que eu nem sabia da existência. Quer saber de uma coisa, príncipe? — Me aproximei dele. — Talvez vocês mereçam sofrer mesmo a porra de uma extinção!

Após a minha ultima frase, ele se dirigiu até mim e me deu um forte tapa na cara, me fazendo cair sentada no chão ao lado da cama.

— Some daqui! — gritei com a mão sobre o rosto.

Em seguida ele saiu do quarto fechando a porta com força. Não pude evitar que as lágrimas lavassem meu rosto dolorido.

Voltei logo para cama.

Abri os olhos depois de um mini cochilo. Preciso conversar com a Anne mas já liguei três vezes e ela não atendeu. Espero que o sinal do celular também não tenha sumido.

Levantei e peguei uma pera na cesta de frutas, que aquela alien que me olha estranho trouxe à tarde. Inclusive, estou me sentindo um Steve Jobs da vida só comendo frutas nesta merda de nave! Preciso tanto de um chá e dos doces da Anne.

Logo chegou a noite e após uma longa crise de choro, peguei no sono.

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