O quinto motivo
Foi inacreditável ver o tempo passar tão rápido. Já fazia três anos que eu conhecia Jimin, e dois que eu o namorava. Gostaria de falar que muitas coisas entre a gente mudou, que nossa vida entrou em um rumo completamente diferente e que agora é tudo novo. Mas isso seria uma extrema mentira.
Eu me formei na faculdade e comecei a trabalhar aonde eu fazia meus estágios. Jimin continua no mesmo emprego, com os mesmos amigos e os mesmos funcionários que ele sempre reclamou. Nossa vida era calma, saiamos aos fins de semana, ou fazíamos maratona de Netflix. Dependia muito do nosso humor – mais do loirinho que do meu.
Tivemos nossas brigas, nossos acertos, nossos ciúmes e dores de cabeça, mas sempre passamos por tudo juntos. E a cada dia que passa eu tenho mais certeza de que é isso que eu mais quero: passar por tudo junto do meu pequeno Park.
E é exatamente por isso que nesta noite de sexta-feira, embaixo de um céu completamente estrelado, estou arrumando a mesa da maneira mais romântica que sou capacitado a fazer.
A verdade é que essa não é a minha tentativa. A primeira foi em um restaurante, mas nós começamos a discutir sobre o vestido de uma moça, e acabou que não achei o clima adequado para o pedido. A segunda tentativa também foi a luz do luar, mas foi em um piquenique noturno, porém choveu. Demais. O pão que eu preparei ficou boiando dentro da cesta. A terceira tentativa foi em um pedalinho, mas a criatura que eu amo tanto resolveu me dar um susto, o que resultou em um Jeongguk na água completamente puto. Se eu fizesse o pedido naquele momento, bem... digamos que não iria seguir a linha de pedidos mais lindos e românticos. E a quarta tentativa... Ela foi o pior fiasco de todos. Eu tinha visto um pedido muito fofo na internet, era dentro do cinema e, durante os trailers, aparecia um vídeo do casal, rolava o pedido e depois o filme começava. Eu fiz tudo certinho, mas no dia o loiro do meu coração insistiu que queria ver outro filme. Brigamos tanto até eu conseguir convencer ele a entrar na sala que teria o maldito do pedido, que acabamos perdendo a hora dos trailers e quando chegamos o filme já tinha até começado. Apenas para piorar, o filme foi uma merda e ficamos brigando o caminho inteiro para casa, e enquanto eu dirigia meu lindo carro escutando ele berrar sobre "como eu deveria escutar ele, porque ele entende de cinema", um babaca bateu no meu carro e eu fiquei com um amassado enorme na traseira.
Eu só espero que a quinta tentativa dê certo. Quer dizer, cinco é meu número da sorte, não?
Eu tinha convencido o Jimin a vir na minha casa, usando a desculpa de que fui promovido e queria comemorar. Eu realmente espero que dê certo, se não será meio difícil explicar a ele que não houve promoção alguma.
Eu queria ver feito alguma comida romântica para jantarmos. Sei lá, algo meio macarrão com almondegas, tipo a dama e o vagabundo, mas o loirinho não gostaria. Ele não é muito fã de misturar carne com massa. Eu então pensei e pensei. Sério, eu pensei em todos os pratos possíveis, estava quase fazendo omelete para jantarmos, mas lembrei que nhoque é muito gostoso e fácil de fazer. Então eu juntei minhas habilidades culinárias com a de observador do Spoleto e internet, resultando nesse jantar. Deus, que tudo dê certo.
Eu já estava de banho tomado, comida pronta e mesa arrumada. Minhas mãos suavam e eu tenho o pequeno receio de quando eu o ver, eu comece a gaguejar.
Felizmente, aqueles outros pedidos falhos serviram para algo, e me deixaram me acostumar com o nervosismo.
Consegui escutar a campainha tocando. Oh, é ele. Calma, calma. Pareça feliz por causa de uma promoção, vai Jeon, você consegue.
Depois de conseguir controlar meus sentimentos, eu consegui abrir a porta. Assim que pus meus olhos nele, parecia que todo o ar do mundo desapareceu. Ele estava tão lindo. Como alguém consegue estar sempre tão bonito? Ele sempre balançava meu coração, era tão estranho tantos sentimentos. Tudo bem, eu os tinha há três anos, mas poxa, simplesmente não dá para se acostumar com Park Jimin.
– Meu amor! – Me abraçou forte, coisa que obviamente eu retribui – Estou tão orgulhoso de você! Eu sabia que todo esse seu trabalho e esforço seria compensado!
Eu queria tanto que isso fosse verdade... Infelizmente não é, e mesmo eu odiando mentir para o meu amor, valeria a pena.
– Aposto que o povo do seu escritório deve estar morrendo de inveja... – Foi tagarelando enquanto entrava na minha casa, já se jogando no sofá com um sorriso orgulhoso no rosto – desculpa gente, mas meu namorado é melhor. Apenas dois beijos.
– Jimin... também não é assim, né? Todos lá se esforçam muito.
– Me deixa te elogiar – Fez biquinho, coisa que me derreteu no mesmo segundo. Todas essas reações automáticas do meu corpo são tão injustas.
– Vem, vamos jantar, vamos. – O puxei pelas mãos, para o guiar até a varanda – Não quero que a comida esfrie.
Assim que abri a porta de correr, e o loirinho foi para o lado de fora, pude ver sua expressão de admiração. Não querendo me gabar, mas estava lindo mesmo.
Eu pus a mesa para nós dois, em uma toalha vermelha, com rosas brancas e uma vela – bem protegida por sinal, para não pegar fogo em nada e estragar tudo.
No chão também tinha algumas pétalas de magnólia, deixando tudo com um cheiro doce e fraco, mas gostoso.
– Nossa, tudo isso por uma promoção? – Deu uma risadinha – Você realmente se animou com essa ideia de receber mais.
Soltei um riso sem graça. Felizmente Jimin é lerdo, o que quer dizer que vai demorar para desconfiar de algo, mas eu realmente fui meio burro deixando tudo isso tão na cara.
Puxei a cadeira para que ele sentasse, e logo fui buscar o nosso jantar. Era um nhoque simples, ao molho branco. Eu sei que ele merecia grandes coisas e grandes cuidados, porém eu queria algo que eu mesmo fiz e, bem, eu não sou nenhum masterchef.
Comemos em silêncio. Estava tudo calmo, em paz. Conversávamos sobre diversos assuntos, mas todos leves e bobos. O clima estava tão gostoso que eu já estava começando a temer pelo momento em que tudo daria errado.
– Jimin... – Segurei sua mão por cima da mesa, o olhando nos olhos. Ele estava tão bonito, embaixo das estrelas, iluminado pela vela. Ele era, definitivamente, o homem da minha vida – Eu ensaiei para esse momento tantas vezes que sequer consigo contar, mas o pior de tudo é que minha mente já fez o favor de apagar tudo que eu já tinha preparado – soltei um riso sem-graça, sendo acompanhado por um pequeno risinho. Eu podia ver em seus olhos a confusão, e eu estava a beira de um colapso nervoso – Eu te amo. Sei que vivo dizendo isso, mas é simplesmente a verdade. É um amor sem cobranças, sem maldades ou complicações. É um amor simples e puro, como o de uma criança por seu bichinho de pelúcia favorito. Você conseguiu me mostrar um lado da vida que eu nunca pensei que poderia experimentar, mas que eu sempre ouvi falar. Você foi um telhado no meio de uma tempestade, o bote salva-vidas no meio do oceano, o repelente no meio da floresta. – Eu podia ver lágrimas em seus olhos, e me segurava para não ficar da mesma maneira – Você mudou minha concepção a respeito da vida, destino e até mesmo mudou todo o meu dia-a-dia, e isso foi a coisa mais maravilhosa que aconteceu comigo. Eu quero sempre poder ver o seu sorriso, passar os fins de tarde junto de ti, te abraçar e te consolar quando você chorar e também quero ser o único a estar em seus braços. Jimin, eu quero estar contigo pelo resto da minha vida. – Eu via tantas lágrimas escorrendo por seu rosto que eu só queria poder o abraçar forte. Me ajoelhei em sua frente, pegando a caixinha com as alianças e a abrindo – Park Jimin, você aceita casar comigo?
Meu coração batia mais rápido que uma máquina de lavar, e durante aqueles cinco segundos em que o loirinho ficou me encarando sem dizer nada, eu jurava que ele iria levantar rindo e dizendo que preferia casar com o pé grande a casar comigo.
– Jeon... Eu- – Ele parou de fala, e eu comecei a ter medo do cérebro dele ter entrado em pane – Eu aceito!
Ele apenas pulou em mim, me abraçando e apertando. Nem preciso dizer que fiz o mesmo, né? Eu já estava chorando, assim como ele, nós dois extremamente realizados e felizes. E juntos.
Eu pus a aliança em seu delicado dedo, vendo ele fazer o mesmo. Eu estava noivo. Noivo de Park Jimin. Eu irei casar com o amor da minha vida.
Em meio a toda a nossa alegria, não reparamos que, no momento em que ele pulou em mim, ele acabou puxando a toalha, fazendo algumas coisas que estavam na mesa caírem, inclusive a vela. Só percebemos quando o desastre já tinha se formado: a toalha estava em chamas.
O resumo de tudo aquilo foi nós dois correndo com baldes d'água na mão, tentando apagar o fogo. Até que em um momento, eu fui tacar a água, mas ele estava na minha frente, resultando em um Park Jimin encharcado. Pelo menos o fogo havia sido apagado, mas ele ficou tão puto que tacou a água do balde dele em mim.
No dia seguinte estava os dois acamados, com febre e espirrado. Contudo estávamos juntos.
Eu nunca vi graça na vida. Nunca almejei uma vida longa, sequer queria estar vivo. Mas ele mudou tudo isso. Com cinco motivos, ele me fez querer viver, querer experimentar mais da vida e mais do mundo. Sentir os mais diversificados sentimentos. E tudo isso, ao lado dele. E esse foi o meu quinto motivo para ficar vivo: poder viver ao lado de Jimin.
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