Arquivo 32
F não havia morrido, agora isso era claro para ele, pela primeira vez se sentia com alguma vantagem contra o destino, contra o tempo.
Uma luz de esperança aqueceu seu coração, e ao olhar para todos ao seu redor, ali naquela sala, ele conseguia ver... Eles haviam lembrado também e pensavam da mesma forma que ele, eles não seriam pegos dessa vez. Agora eles precisavam ir até o M. Os olhos amendoados do garoto encontraram o azul penetrante de Z, e dessa vez o azul de seus olhos não pareciam frios como um iceberg, mas, agradavelmente quente, como um céu de verão.
- Me desculpe Z... Por ter dito que não nos salvou. Não sei o que seria de mim se eu não tivesse vocês ao meu lado. - Disse F ao se levantar, se desculpando com todos.
- Farei de tudo para te proteger... - Disse Z ao se levantar apertando a mão de F. Eles haviam criado um vínculo muito forte nesse pouco tempo, mas ouvir aquela frase da boca do amigo aqueceu seu coração.
Os dois abriram um largo sorriso, enquanto os demais começaram a rir animados, todos estavam empolgados. Os demais irromperam em uma comemoração ali dentro... Algo havia começado a mudar aquele dia.
Só não sabiam eles que fora daquela casa havia alguém que impediria o qualquer custo o avanço deles... Alguém que cerrava os punhos com força diante da felicidade deles...
- Vigiem cada passo deles! - disse V para os rapazes que estavam ao seu lado, e ao se afastarem, ela sussurrou para si mesma. - Eu vou cumprir com a minha promessa... - Então segurou seu colar com força e seguiu para a vã.
Naquele mesmo dia F, R e Z haviam saído da casa para ir ao encontro de M. Os três entraram em um ônibus e F se sentou no último banco próximo a janela, vendo as árvores passando ele imaginava como seria encontrar com M novamente, ele esperava que ainda se recordasse de tudo dos dias anteriores, para poder protegê-lo de V. Os pensamentos do jovem rapaz estavam confusos... Por que V sua amiga tão próxima estava tão inclinada a querer tirar a sua vida e a de M assim? O que havia acontecido?
- F, você está bem? - perguntou o amigo como se estivesse lendo sua mente naquele exato momento.
- Sim, estou! Eu só estava tentando entender porque a V está fazendo isso, porque está tão disposta a mudar tudo. E como ela conseguiu fazer tudo isso, como perdemos nossas lembranças, como fizeram os policiais sequestrarem o M...
- Eu acho que ela não tem um poder tão influente para fazer tudo isso. - pontuou R.
- Concordo com R, é capaz dela só ser mais um peão nessa história. Talvez a função dela seja monitorar a gente, isso pode estar acontecendo com várias pessoas na cidade, não só com a gente. - Disse Z sério.
F não sabia se estava começando a se sentir com síndrome de perseguição, mas o tempo inteiro se sentia inquieto e achando que estava sendo observado ou perseguido. Naquele exato momento ele parecia ter visto um homem em pé, no meio do ônibus, que estava parcialmente cheio, e parecia que o homem os observava as vezes. F olhou ao redor dentro daquele ônibus que agora lhe parecia mais estreito, viu uma pequena lente escura intacta que o observava.
- Uma câmera...
- O que? - Disse R confusa.
Z rapidamente olhou para onde F olhava, uma câmera, sempre houve câmera nos ônibus então ele não sabia o que o incomodava no momento. Em alguns momentos pelo reflexo do vidro ao seu lado F achava ver alguém, mas quando olhava não havia nada lá. Entre as pessoas em pé no meio do automóvel ele conseguia ver por uma fresta uma pessoa o observando... Os mesmos olhos da biblioteca... os mesmos olhos negros. F permaneceu estático, ele não conseguia enxergar nada além de um par de olhos negros e frios.
- Acho que estamos sendo... Observados...
Z e R se olharam apreensivos. O ônibus entrou em um túnel e então as luzes se apagaram. Mas antes que se apagassem F conseguiu em um vislumbre ver o rapaz que os observava tirar algo de seu bolso, mas ele só conseguiu ver o cabo...
- Espere... o ônibus mudou a rota. - disse Z. - SE ABAIXEM!!!
R e F se abaixaram e ouviram o tilintar de metais. Na repleta escuridão R começou a tatear o chão na busca de seu celular, sua mão foi de encontro a algo gelado e escorregadio, que segurou sua mão. R gritou chutando o que quer que aquilo fosse para longe. O ônibus havia parado ali dentro do túnel. Logo F percebeu que aquilo era uma cilada. Haviam armado para eles. Z empurrou seu inimigo com a faca para longe e recuou para o fundo do ônibus com os amigos que estavam agora de pé atrás dele. Ao achar o celular R ligou a lanterna, somente para confirmar o que já sabia. Todos que estavam no ônibus estavam contra eles três. O rapaz que segurava um punhal sorria para Z enquanto se aproximava, acompanhado de mais 15 pessoas. F não entendia o riso de escárnio do rapaz até ouvir.
- Ai meu Deus Z, você está sangrando.
Z segurava seu braço que sangrava naquele momento, o punhal do rapaz a frente estava com o sangue de Z, aquilo encheu F de fúria. Ele deu um passo a frente mas Z o impediu.
- Eu vou segurar eles! Enquanto isso quebrem alguma janela e saiam daqui.
- Não vamos deixar você sozinho aqui Z! - disse R chorando.
F não podia fazer nada, ele se sentia tão incapaz, como sempre foi desde que tudo aquilo começou, só estava vivo agora porque havia sido salvo por Z, pelas mensagens anônimas e pela pessoa que o havia salvado de receber um tiro do policial. Ele não podia perder Z, ele era um amigo muito importante. Seus olhos começaram a lacrimejar e então F começou a soluçar enquanto chorava.
- Você é um bebê chorão F! - Disse Z sorrindo para ele. - Vão...
- Não.. - Disse F chorando ao abraçar Z com força. - Por favor não...
- Salve a R... - disse Z no seu ouvido - ... Sobreviva meu garoto...
F arregalou os olhos... ele lembrava daquela frase de algum lugar, uma lágrima escorreu por seu rosto enquanto Z o empurrou e foi de encontro aos seus inimigos à frente. F ouviu o som de vidros se estilhaçando, e então começou a ajudar R a retirar os pedaços maiores de vidro que continuaram ali. Os dois seguraram suas mochilas e saltaram para o lado de fora. Eles começaram a correr desenfreadamente enquanto Z ficava para trás sacrificando sua vida para salvá-los... A frase de Z ainda ecoava na sua cabeça "sobreviva meu garoto!"
Assim que saíram do túnel perceberam que ele havia sido bloqueado com fitas e placas, nessas placas dizia que era por motivo de obras no local... o cenário perfeito para uma emboscada.
- Não posso deixar o Z! Continue sem mim. - F voltou correndo, rezando para que Z ainda estivesse vivo, mas suas esperanças foram despedaçadas com uma explosão vinda do ônibus, tudo pegou fogo.
F caiu de joelhos no chão, ele conseguia ver do outro lado do túnel um grupo de pessoas armadas indo ao seu encontro, escutava R gritando atrás dele, o chamando . E mais a frente ele viu uma centelha de esperança aparecer, ele via uma pessoa correndo em sua direção... Z.
Z parou bem a sua frente tirou dentro de sua mochila uma garrafa com um pano na ponta... coquetel molotov.
- Pegue as que trouxe na bolsa e jogue junto comigo o mais longe que conseguir, assim talvez tenhamos tempo para fugir. O dia ainda está claro, eles não farão nada fora desse túnel. - F pegou uma garrafa e viu que R, que havia os alcançado, agora ao seu lado fazia o mesmo.
- Parem onde estão! Será melhor se cooperarem... - Disse a voz do outro lado do túnel. - Contarei até três, se não se aproximarem com as mãos levantadas iremos atirar.
- R, F, quando eu der o sinal arremessaremos as garrafas e saímos correndo pela lateral. - Disse Z sussurando. - Já!
A contagem estava no dois quando Z deu o sinal. As garrafas foram lançadas, e logo em seguida correram para a lateral, tiros foram escutados antes que o som de explosões o encobrissem. Uma cortina de fogo separou os dois lados, impedindo que seus inimigos avançassem ao encontro deles. Algumas pessoas haviam sido atingidas, mas a maioria permanecia ilesa.
Eles correram até finalmente estarem sobre a luz do dia, estavam a salvo. O coração de F estava acelerado em um misto de medo e alívio, eles continuavam a correr mesmo já estando fora do túnel e prosseguiram até que estivessem longe dali. Já estava quase escurecendo quando o três caíram arfando no sofá de E e H. Eles haviam andado por vários caminhos diferentes, dando voltas, para despistar qualquer um que pudesse estar em seu encalço. E para a surpresa dos três, ali, naquela sala, também estava M.
- M? - perguntou F, por mais que estivesse acabado, sujo e cansado, aquilo havia recuperado todas as suas forças. M estava bem, e vivo à sua frente. - Você... vo... cê está bem?
- Sim, estou! - disse o garoto em um sorriso singelo.
Antes que respondesse qualquer coisa F o abraçou com força, lágrimas transbordavam dele... Ele sabia que poderiam morrer a qualquer momento, que estavam sendo perseguidos e não podiam pedir ajuda para ninguém, e quanto mais tempo passava, mais perigoso ficava. Mas naquele momento nada mais importava, Z estava vivo, M estava em seus braços, e todos estavam ali juntos. Conseguiram lutar de igual para igual com as pessoas armadas no túnel. Eles estavam ficando mais preparados para o futuro que vinha. "Eu não irei perder para mais ninguém" pensava F.
- Precisamos fazer um curativo no braço do Z, o corte não parece profundo. - Disse R enquanto E trazia para ela um balde de água, toalhas e esparadrapos.
F sorriu feliz e disse para Z.
- Muita calma nessa hora meu garoto!
A expressão de Z oscilou por um momento, e seus olhos se arregalaram, mas logo em seguida disfarçou e voltou a ser o mesmo Z confiante e sério de sempre.
Eaeeee meu povo!!!!! Como andam os corações??? Quero saber tudo que estão achando. Mais uma vez obrigado por estarem aqui acompanhando a obra e seu desenvolvimento. Vocês são demais!! Enfim, não esqueçam de curtir e comentar bastante, ajuda bastante. Até a próxima galera! Bjs bjs
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top