Antes do fim, sempre haverá um começo..?

Raven gostava de brincar pelos jardins do hospital, mas eram tão pequenos e ela não possuía amigos, pois passou a vida inteira presa em um quarto sob o efeito de remédios fortes...

Quanto mais ela crescia, mais a dor piorava, era como se uma sentença, como se o universo dissesse: Crescer pode ser doloroso, literalmente...

Tudo passava como borrões em sua visão, já perdia a vontade de viver, se é que aquilo podia ser chamado de vida, ou algo semelhante... Seus melhores amigos eram os livros, onde vivia altas aventuras e imaginava que um dia poderia acabar como as personagens dos romances que amava...

Era irônico pensar assim... Nunca namorar, nunca sair com os amigos, nunca estudar em uma escola de verdade, nunca participar de brigas, nunca ter inimigos (e até isso parecia importante naquele momento).

Depois daquela conversa... Ah, aquela bendita conversa fora sua libertação!

Muitos podem pensar que seria melhor viver, mesmo doente, mas só quem passa pela dor, o sofrimento e percebe que quem está ao seu redor sofre muito mais, sabe a morte seria libertador para ambas as partes.

"Tem certeza?", perguntara a mãe aflita.

Raven ainda guardava na memória a expressão angustiada da mãe, mesmo que tentasse disfarçar.

"Estaremos contigo, em qualquer decisão, querida!", o pai a confortáveis, mesmo triste e de semblante pesaroso.

Ela apenas os dirigia um sorriso singelo e acenava com a cabeça, era realmente aquilo que desejava e nada nem ninguém a Faria mudar de opinião!

Abrindo os olhos pela última vez, fitou os pais com sorrisos tristes...

Sua mãe pegou em sua mão, beijou-lhe o topo da cabeça e se afastou para que os médicos iniciassem o procedimento.

Nem mais uma palavra foi dita, verdadeiramente não era preciso, pois Raven sabia da condição dos pais, mas eles superariam.

Um leve choro abafado, foi isso que ela ouviu minutos antes de fechar os olhos para sempre, junto com um "Nós sempre te amaremos, querida!".

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