Under the Stars


Quero-a ao meu lado, e a quero comigo para sempre

No outro dia acordei com esse pensamento, meus braços ainda enroscados envolta à cintura de Emily. Eu abri meus olhos e a observei. Como ela era linda. Suas costas começavam a iluminarem-se com a luz do sol, atribuindo-a uma aparência delicada.

Eu fiquei ali, deitado, imóvel, sentindo a sensação de nossas peles se roçando, eu ainda podia sentir o êxtase que ela me proporcionara na noite anterior. Quem diria que um garoto que não havia beijado nenhuma garota até os 17 iria perder a virgindade tão rápido?

- Bom dia. - Ela disse, virando seu corpo, ficando de frente para mim. Seus olhos me encaravam carinhosa mente.

- Bom dia. - Sussurrei, mas estava com muito medo de estragar o prazer daquele momento.

Eu aproximei meus lábios dos dela e a beijei, um turbilhão de sensações adentrou meu corpo, pegando as minhas memórias mais recentes da noite passada, cada toque, cada beijo, o amor era algo muito bom quando era recíproco.

Minhas mãos começaram a caminhar pelas costas dela e depois desceram até suas coxas.

- Hey, garotão, calma aí. - Ela sorriu para mim, sua mão encostando em meu peito. - Eu tenho que ir trabalhar.

 Eu disse:

- Não tem não. - Eu abaixei minha cabeça e comecei a beijar seu pescoço, parte por parte.

- Amor, de verdade, tenho de ir trabalhar.

Eu recuei e me sentei na cama.

- Amor?

Ela se levantou da cama. Sua nudez era tão bela.

- Sim. - Ela se abaixou e pegou suas vestes. - Se você pode me chamar de Lily - ela se aproximou de mim, agora já vestindo seu sutiã - eu posso te chamar de amor. - E então ela me beijou.

Eu sorri maliciosamente e me levantei da cama.

- Sabe, nossas vidas seriam tão boas aqui. - Ela começou a dizer, sua voz pareceu ter adquirido um fardo que ela não conseguiria mais carregar sozinha. - Fred, você acha que devemos continuar com isso?

Eu andei até ela, começando a colocar minha roupa de baixo quando parei na frente dela.

- Claro, Lily. - Eu acabei de me arrumar, só faltava colocar minha blusa. - Só tenho que comprar mais umas roupas. - Debochei, naquele dia eu tinha de fazer algumas compras ou teria de voltar para São Paulo por que não ia ter roupas o suficiente.

- Não é isso, você sabe muito bem. - Ela segurou as palmas de minhas mãos e beijou uma delas, levando-as depois até a sua nuca. - Não aguentaria vê-lo se machucar.

- Eu não irei. Nós podemos resolver tudo. - Eu me inclinei e beijei sua bochecha.

Será que teria sido diferente se ela realmente tivesse certeza de que eu iria me machucar?

..........................

Depois de me despedir de Emily na Rosticceria decidi ir encontrar Heloise, nós tínhamos muito a conversar.

Eu cheguei até a frente do hoteleco e, para minha surpresa, ele estava cercado de policiais.

- O que está havendo? - Perguntei para um deles. Será que algo acontecera com Heloise?

- Reclamações sobre uma briga de casal no terceiro andar, mas parece que não  aconteceu nada, felizmente. Já está tudo resolvido.

"Terceiro andar?" Comecei a pensar. "Heloise!" Na noite em que chegamos nós nos hospedamos no terceiro andar, era muito provável que ela ainda estivesse hospedada lá na noite anterior.

Eu me desesperei, comecei a correr ignorando todos os olhares ao meu redor, subia as escadas de dois em dois degraus tentando ser mais rápido, mas apenas obtive um cansaço maior, nunca fui lá o mais atlético, na verdade, não gostava de esportes.

- Heloise! - Disse elevadamente ao chegar na porta do quarto. - Helô! - Continuei batendo na porta, agora combinando gritos com socos. - Heloise! - Na última batida a porta se abriu, lentamente, parecia que alguém havia ajudado a abrir a porta, mas não havia ninguém.

O ranger da porta ao abrir fez com que meus pelos eriçassem, mas a visão foi ainda pior do que o barulho. Parecia ter acontecido uma verdadeira batalha ali. A cama estava desarrumada e os travesseiros jogados no chão, o vidro do banheiro estilhaçado e os sapatos dela derrubados e largados no chão.

" Como a vida é efêmera" Comecei a lembrar da voz de Heloise nos meus sonhos anteriores. Meu coração acelerou, ela tinha de estar ali, o que poderia ter acontecido com ela? Meu coração se desesperou. Olhei para a direita, onde estava a cama em que dormira, quase chorando e vi algo que fez o tempo parar. Eu o vi.

Hugo estava ali, parado, de pé, com uma arma na mão.

A primeira conclusão que tive foi a de que ele havia tentado matar Heloise, e agora limpava as provas do crime. Mas na mesma hora pensei no que o policial me disse, que não tinha sido "nada grave e já estava resolvido" e também lembrei do poder da máfia e do que Emily me contou, Hugo podia muito bem ter convencido o policial a deixar para lá.

Eu comecei a recuar, meus pés tremendo, temerosos de encostar no chão e fazer algum barulho.

"Ele atacou a garota que eu amo, a garota mais especial e única que já conheci. Ele a matou!" Meus pensamentos encheram-se de raiva, ódio e desespero.

- Hugo! - Gritei, minha voz não saiu tão forte pois ainda estava em choque com a ideia absurda de ter perdido Helô.

Ele se virou e arregalou os olhos.

- Fre... - Antes que ele completasse a frase eu pulei para cima dele, agarrando-o pela barriga e jogando-o de costas no chão.

Comecei a socar-lhe o rosto, mas, no terceiro soco, percebi o quão acabado estava Hugo. Seu olho direito ainda tinha resquícios arroxeados, seu rosto do lado direito estava esfolado e sua boca com pequenas feridas. Envolto a seu pescoço havia marcas de dedos que provavelmente eram muito fortes.

- Fred, não fui eu. - Ele disse com a voz falha.

- Cala boca! - Eu dei um soco no rosto dele.

- Não.. - Dei-lhe outro soco, o que começou a faze-lo engasgar. - Fre...

- CALA A BOCA! CALA A BOCA! CALA A BOCA! - Meus punhos atingiam Hugo conforme pronunciava as palavras odiosas.

Eu parei, cansado, e tombei de lado, sentindo minhas costas baterem contra a quina da cama, o que me tirou um gemido. Hugo se remexeu e cuspiu sangue, seus dentes agora manchados de vermelho.

- Fred... - ele tossiu e cuspiu sangue. - Eu não a matei.

- Só, para, por favor. - Eu coloquei as mãos nos olhos e comecei a esfregá-los.

Hugo sentou-se e grunhiu.

- Você está mais forte do que me lembrava.

Fuzilei-o com os olhos.

- Mas é verdade, Fred, eu não... - ele gemeu ao tentar mudar de posição - ...a ataquei.

Eu o ignorei.

- Ouça-me, Fred, eu..

- Por que você acha que vou querer ouvir o que você tem a dizer? - Eu fiquei de quatro. - Você destruiu nossas vidas - eu agarrei o pescoço dele e comecei a apertá-lo - você nós trouxe até aqui, você não se cansa de nos ver sofrer, por que, Hugo, por que você a matou?

Hugo engasgou com o restinho de sangue em sua boca.

- Eu não vou mentir. - A minha mão envolto ao seu pescoço impedia-o de falar claramente. - Eu destruí sua vida? Sim. Queria ter o que você tinha? Sim, mas Fred - ele começou a dizer entre o engasgo - eu não a matei. Você tem que acreditar em mim.

Eu apertei o pescoço dele uma última vez e o lancei no chão.

- Por que eu deveria?

Hugo se recompôs.

- Porque se você não acreditar em mim e não me ajudar, você estará deixando Heloise morrer.

..........................

 - O que você está fazendo aqui? - Disse Emily com o mesmo tom de ódio que usei na primeira vez. - Não achei que você fosse capaz de vir me ver.

Hugo a olhou primeiro com desdém e depois com arrependimento.

- Não vim aqui para te ver, se é o que está realmente me perguntando. Vim salvar Heloise.

- Há - Emily sentou-se na cadeira da praça, naquele momento ela já estava em seu horário de almoço. - Jura? Igual você foi ajudar meu pai?

Hugo abaixou o olhar.

- Fred - ela arrumou os cabelos com a mão e direcionou sua atenção à mim. - Aposto que isso é mais uma armação de meu pai.

- Como?

Emily engoliu em seco e disse:

- Quando fugi e antes que consegui o emprego, eu fui até meu tio.

- Geovane. - Disse.

- Voce.... voce o viu?

- Sim. - Respondi.

- Não! Não! Então é por isso que você está aqui! - Elaa pontou para Hugo. Seus olhos expressando uma dor profunda. - Meu pai realmente te mandou aqui!

Eu olhei confuso, Emily parecia um pouco desesperada.

- Fred, nós temos que ir embora. - Ela se levantou. - Vamos comprar só uns dois pares de roupas pra você e vamos partir.

Eu me levantei da cadeira.

 - Como? - Indaguei.

- Nós vamos para outro lugar. Rio de Janeiro, Minas Gerais, ou até mesmo pro exterior mas não podemos ficar aqui.

- Não. - Eu disse, minha voz um pouco mais baixa do que o normal. Estava receoso.

- Como é? - Ela disse surpresa.

- Não vou abandonar a Helô, assim como ela não me abandonou quando você fugiu.

- Está me atacando, Fred?

Acho que aquela era realmente a primeira briga que tivemos. Não seria a última.

- Não, Lily, só quero dizer que..... não me parece justo. Ela precisa de nossa ajuda. E nós vamos ajudá-la.

Ela respirou fundo.

- Quando eu fugi eu encontrei com meu tio. - Ela bufou. - Infelizmente ele era só mais um covarde da família, sempre abaixando a cabeça para Marco. Ele me mostrou uma foto de Pietro e Hugo amarrados na minha antiga casa. E agora Hugo simplesmente aparece aqui e Heloise some. - Fred, jura que isso não te parece nem um pouquinho suspeito?

Eu comecei a pensar rapidamente, tentando encaixar as coisas. Era muita informação para as 14h28 da tarde.

- Sim, é claro que é. - Eu disse, decidindo que era melhor não falar sobre o acidente e morte de Pietro. - Mas vale a pena.

Emily relaxou os ombros e disse;

- Mas e Hugo?

- Eu... só vim ajudar.

- Veremos. - Ela respondeu e andou até a frente dele. - Mas se fizer qualquer gracinha que nos coloque em risco, você morre.

Quando Emily começou a andar em minha direção eu indaguei:

- Mas, Hugo, por que você estava com uma arma no hotel?

Ele olhou para mim. Aquele estava sendo um dos primeiros dias dos quais vi Hugo com medo.

- Era a minha arma.

- Não era de Heloise? - Perguntei.

- Pera aí, ela tinha uma arma? - Perguntou Emily com um ar de surpresa. 

- Ela me disse que só usaria em caso de emergência.

Tudo ficou quieto, o vento batendo na blusa amarela de Hugo.

- Pelo menos ela tem com o que se proteger. - Finalizou Emily.

- Assim espero. - Disse cauteloso.

"Ah, Heloise, onde você está?"

..................

Três horas depois Emily já estava saindo da Rosticerria e eu voltava com a roupa nova que havia comprado.

- Juro que te pago depois, amor. - Disse.

Desda vez eu já estava sem dinheiro, então, Emily me emprestou seu cartão com o qual comprei as roupas que já estava usando: uma blusa vermelha com o símbolo da ferrari (que eu comprei num outlet) e um shorts azul claro.

- Essa é a menor de nossas preocupações. - Nesta noite Emily usava uma saia preta longa e uma blusa branca com uma pena preta  que mostrava sua barriga chapada, ela estava simples, porém bonita.

- Onde começamos? - Indagou Hugo enquanto amarrava seus sapatos cor de areia. Sua blusa rosa o destacava no início da noite.

- Fred, você foi quem passou mais tempo com ela nesses últimos meses, alguma ideia?

Eu já estava, de certa forma, para que todas as perguntas viessem para mim, mas eu não teria a resposta de nenhuma, eu ainda não havia acabado de decifrar Heloise.

- Nada. Não tenho ideia. - Disse finalmente, uma tristeza recaiu sobre meus ombros.

Emily andou até ficar ao meu lado. A barra da saiu dançava nos tornozelos de Emily.

- Não se preocupa. Nós vamos achá-la.

Eu assenti, vendo a garota que eu mais amava e a garota com que eu tive o prazer de ter a melhor noite da minha vida. 

"Será que eu realmente a amava ou estava só me iludindo, não sei, o que eu sinto por Heloise é tão complexo."

Eu não poderia me dar ao luxo de duvidar de alguma coisa naquela hora, nós tínhamos que encontrá-la e era isso, apenas isso.

- Bom, e se começarmos por onde ela poderia ter ido? - Concluí.

- Acha que dá certo? - Disse Hugo, as mãos enfurnadas em seus bolsos.

- Não temos certeza de nada, Hugo - respondeu Emily antes de mim -, mas temos de tentar alguma coisa.

Ele concordou com a cabeça.

- Hugo - comecei - talvez você possa voltar ao hotel, ver se ela voltou para lá.

Ele concordou e, receoso, abraçou-me.

- Vai dar certo. - Então ele se virou e começou a correr na direção do hotel.

- Ainda não acha isso muito estranho? - Perguntou Emily enquanto o víamos  desaparecer nas sombras da próxima esquina.

- Claro que acho. - Respirei fundo. - Mas uma coisa que Heloise me ensinou esses dias, é que a vida é uma estranheza.

Eu segurei a emoção e começamos a andar.

- Onde vamos? - Indagou a garota pela qual eu estava perdidamente apaixonado.

- Ao restaurante de seu tio, vamos começar por lá.

Emily parou.

- Ele não vai ajudar. Pode ser até perigoso.

Eu olhei de volta para ela. A respiração da garota estava cansada e, seus olhos, passavam medo e angústia.

- Temos de correr riscos. - Eu sabia que podia perder Emily algum dia, mas tentava não pensar nisso e apenas aproveitar o maior tempo possível com ela.

- Ele não vai nos ajudar, você sabe disso. - Ela tomou a dianteira e começou a guiar o caminho até o alto do capivari.

Corri para alcançá-la e disse:

- É exatamente com isso que estou contando.

.......................

Quando chegamos no restaurante já havia se passado quarenta minutos, o tempo estava se esgotando rápido.

- Não vamos entrar pela porta da frente. - Disse ela.

- Óbvio - disse no meu jeito carinhoso.

- E como vamos entrar? - Perguntou ela.

- Não sei.

- Parabéns você é realmente um gênio. - Ela se levantou e começou a correr até o lado esquerdo do restaurante. Ela parou e acenou para mim, indicando para eu segui-la novamente.

- Emily...Emily. - Eu sussurrava enquanto via a garota saltitando na minha frente. E se o tio dela nos visse?

- Nós estamos indo pelos fundos, não se preocupa. - Ela correu novamente e eu a acompanhei. - Além disso, eu tenho uma arma. - Ela abriu a pequena bolsa que sempre carregava e mostrou-a para mim.

- E eles tem dúzias dela.

- Então por que nós viemos aqui, Fred? - Ela ficou impaciente.

- Para pegar essas armas e fazê-lo nos dar alguma pista.

Emily parou e colocou a mão sobre meu peito.

- Espera, o que? Isso é um plano suicida. Quem garante que ele sabe de algo? Ainda tem mais, quem pode garantir que ele vai falar algo?

- Eu sei são muitas possibilidades, mas se Heloise foi pra algum lugar ela pode ter passado por aqui. Eu não sei, Emily, pela primeira vez eu realmente não sei de nada, só estou tentando improvisar.

Quando fomos continuar ouvimos um estrondo, logo, vimos a porta dos fundos sendo aberta e dois rapazes saindo de la aos beijos.

Emily quase abriu a boca quando um deles falou.

- Quem são eles? - Indagou o mais novo.

- Tio?- Disse Emily vendo seu tio, Geovane, beijando um homem.

- Ah, minha querida sobrinha. - Ele empurrou o rapaz. - Que momento mais agradável. - Ele pegou o telefone. - Olha, também temos o querido Fred aqui. - Ele começou a digitar no celular. - Marco vai adorar a surpresa.

Emily pegou arma e mirou no tio, que fez o mesmo. O clima ficou pesado, as armas apontando furtivamente uma para a outra.

- Não vai fazer isso, querida, seu pai só está com saudade.

Quando ele colocou o telefone no ouvido eu disse.

- Para.

O tio dela olhou-me com desdém.

- Jura? Você só vai dizer: pare?

Eu fiquei vermelho.

- Você é patético. -Prosseguiu o tio.

- Você disse que ela vai amar a surpresa de eu ter encontrado Emily e de nós estarmos aqui. - Eu levantei a tela do celular. - Mas talvez ele adore ainda mais a surpresa de seu irmão ser gay. - Na foto na tela do meu celular estava Geovane beijando o rapaz, enquanto o mais novo agarrava suas vestes.

- Não brinque comigo, criança. - O garoto ao lado de Geovane disse.

- Criança? - Debochei. - Olha pra sua cara!

O garoto levantou a camisa e retirou uma arma da cintura e mirou em mim, logo, puxou o gatilho recém engatilhado. A baal zuniu perto de meus ouvidos.

- Não! - Emily gritou e puxou o gatilho, mirando no garoto. O rapaz, infelizmente, desviou e jogou-se para dentro do restaurante novamente.

- Vaca! - Gritou Geovane.

- Certeza de que está falando com a pessoa certa? - Respondeu Marco no outro lado da linha do telefone.

- Marco - Geovane se abaixou e desviou de um segundo tiro de Emily - irmão, eles estão aqui! No restaurante! Os amantes infortunados.

- Ah meu deus. - Emily concluiu e começou a correr. - Corre! - Ela gritou e nós dois começamos a correr e, antes de voltarmos à trilha do alto do capivari ouvimos o tio dela gritando:

- As estrelas vieram para vê-los morrer, meus caros. - E então outro tiro foi lançado.

Nós continuamos a correr até subirmos metade do morro.

- Para - eu disse -, por favor, para. - Apoiei-me em meus joelhos, ofegante e esbaforido. 

- Não! Nós temos que ficar o mais longe dali! Você não ouviu? Marco está vindo!

Eu olhei para ela, o suor escorrendo pela minha testa.

- E.... eu.... - comecei a dizer retomando meu fôlego - eu acho que sei onde Heloise pode estar.

Lily parou e ficou me olhando, suas sobrancelhas levemente curvadas tentando decifrar-me através de uma expressão.

- Onde? - Disse ela finalmente.

Eu me levantei e retomei a postura.

- Perto das estrelas, é claro.

...................................

Graças ao tio de Emily, ironicamente, eu acabei decifrando o local em que Heloise poderia estar.

- Como você tem tanta certeza? - Disse Emily.

- Eu só.... - comecei a lembrar da noite que tive com Helô, dela tocando minha pele e fazendo-me perceber o quanto a vida é fria. - Eu só sei.

Naquele momento, com nossas forças finais, continuávamos a subir o morro.

- Mas por que ela estaria no topo do morro? - Indagou ela começando a ficar cansada.

- Ela queria ficar debaixo das estrelas, ficar debaixo delas e ficar apenas olhando-as, unindo-se a elas.

- Por quê?

- Isso é o que eu ainda estou tentando descobrir.

Chegamos, finalmente, ao topo. Nós caminhamos por um campo vasto, sem muitas árvores ( estas rodeavam o campo) e, na ponta extrema do campo, estava ela, Heloise.

- Helô. - Minha voz tremia igual ao momento em que encontrei Emily. - Estamos aqui para te ajudar. - Nós nos aproximamos dela em uma distância suficiente para ela nos ouvir perfeitamente. - O que aconteceu? Por que fugiu?

Os pés da ruiva tocavam a grama fofa e fria daquele campo.

- As estrelas são tão lindas, Fred. - A voz dela estava trêmula e fraca, percebia-se que ela estava chorando.

- Sim, elas são. - Concordei.

Heloise virou-se, sua maquiagem escorrendo pelo seu rosto junto às suas lágrimas.

- Eu sabia que iriam me encontrar.

A garota de vestido preto virou seu corpo totalmente, revelando estar segurando sua arma com a mão direita enquanto, com a outra, serrava os dedos, cravando suas unhas na própria pele.

- Eu só desejava que não o tivessem feito. - Heloise levantou a arma enquanto seus olhos ficavam ainda mais vermelhos com o choro. Mas, surpreendentemente, ela não apontou para mim, mas sim para Emily.

Heloise estava ali, de pé, num vestido preto, apontando uma arma para a mulher que eu mais amava na vida, enquanto chorava e sentia a maior dor de sua vida.

















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