A realidade
No outro dia, graças a deus, chegou o final de semana, eu me sentia incrível, totalmente estasiado pela noite que tivera com Emily, mesmo com as partes ruins, ela tinha sido muito boa.
Na manhã que sucedeu tal noite, eu acordei com um latido fino e estranho, um latido que meus ouvidos não tinham nunca percebido dentro de minha casa. Abro os olhos, lentamente, tentando adaptar meus olhos turvos a um ambiente mais claro, deduzi que deveriam ser lá pelas nove da manhã.
Desci as escadas vestindo meu próprio pijama, azul e preto, enquanto tentava pentear meus cabelos com a mão direita. Minhas meias quase escorregavam no piso frio de minha casa.
Andando pela cozinha ouvi o mesmo latido novamente.
- Tem algum cachorro em casa? - Disse pra mim mesmo, as vezes fazia isso, achava que falar consigo mesmo era ma prática que deixava seu cérebro mais rápido e ágil.
Eu cheguei na cozinha e, antes que pudesse começar minha rotina matinal de tomar Ades e comer alguma coisa, vi uma pequena bolinha de pelo encolhida embaixo da mesa, enquanto meu pai parecia tentar alcança-la. As investida que meu pai tentava fazer para pegar o cachorro somente o atiçava ainda mais. O pequeno filhote balançava seu rabinho freneticamente.
- Pai, o que você está fazendo?
- Oh, filho, não tinha visto que estava ali. - Meu pai se levantou do chão e disse - Foi ideia da sua mãe não me culpe.
- Ideia da mãe?
- E minha, de certa forma, achamos, na verdade eu achei, que fui muito rígido com você, acho que quebrei a confiança que eu tinha em nossa relação, mas se você diz que não bebeu, eu acredito em você.
- E.... o que isso tem a ver com um cachorro na nossa cozinha?
- Eu também achei, depois que pensei na nossa discussão, que você andava muito sozinho, achei que um amigo seria bom para você.
Eu acenei com a cabeça, tentando raciocinar tudo que estava acontecendo naquele exato momento.
- Eu não estou sozinho pai, eu tenho o..... - Antes que eu pudesse dizer Sidney, eu lembrei que não o vira na sexta-feira. - Na verdade, não sei onde está Sidney, tipo, neste exato momento.
Então, ouvi o som de uma nova mensagem no meu celular. Eu o peguei do bolso de minha calça e vi a mensagem, paralisando-me.
Fred, Sidney está no Hospital São Luiz, vá para lá agora, vou em breve.
Emily.
- Pai - disse com a voz entre-travada de surpresa - você pode me levar para o hospital?
....................
- Obrigado. - Disse, agradecendo a enfermeira morena que me indicara onde Sidney estava. Ele não tinha ido para o quarto porque haviam dito que ele poderia sair em breve e que seu caso não era necessário de internação.
Eu puxei a cortina branca do pequeno cubículo em que Sidney estava, ele estava em quase uma das últimas camas da UTI, bem perto da parede.
- E aí, cara, que menina você tentou ficar dessa vez? - Disse, tentando não criar aquele clima típico de hospital, ao vê-lo. Sid estava deitado de avental azul cheio das pequenas cruzes do hospital São Luiz, havia uma pequena bandeja em seu colo com um pacotinho de bolacha e sal e um suco de uva diet.
Ele esboçou um pequeno sorriso e rasgou o saquinho de bolachas.
- Não vai mesmo falar comigo? - Disse, dando uma pequena exaltada em meu tom de voz.
- Fred, eu...... fique longe da Emily.
- Não comece com isso de novo, pelo amor, vim até o hospital e não foi para falar sobre isso. Diga-me, o que aconteceu?
Sidney me olhou com seus olhos lacrimejando.
- Eu o vi, vi do que ele é capaz, Fred, não quero isso pra você, por isso lhe peço, fique longe de Emily West.
Eu ignorei o final da frase.
- Quem, Sid, quem você viu? - Eu segurei o lençol da cama dele.
- Marco, Fred, foi o Marco.
Eu devo ter ficado pálido, senti minha mão relaxar e cair sobre meu colo, meus olhos ficaram paralisados no armário do quarto.
- Marco, o pai de Emily?
- Shh. - Ele disse, começando a gesticular com as mãos.
- Fica longe dela, Fred, por favor. Não sei como você ficaria se algo acontecesse a Emily igual aconteceu a Mel.
- Mel? - Aquela foi a primeira vez que eu ouvira quele nome, ou pelo menos não me recordava dele na hora. - Quem é ela?
- Eu tinha começado a namorar com ela há alguns dias atrás, ela já está no segundo ano da faculdade e tinha me chamado para jantar na casa dela, mas aí ele chegou, estourando a porta da casa dela e arrancando-nos de dentro..... - Sidney parou, receoso e cheio de dor, tanto emocional como física.
- Você tem que falar para a polícia. Você.... - Eu fui interrompido quando ele agarrou minha blusa com os punhos e disse bem próximo ao meu rosto:
- Não, Fred, pelo amor de Deus você não pode falar para a polícia, não, você não pode se o fizer você vai.... - O eletrocardiograma dele começou a aumentar es o som ficou quase ensurdecedor.
- O que está acontecendo aqui? - Chegou a mesma enfermeira morena. - Sai! - Ela falou para mim e agarrou Sidney pelo braço e o fez deitar novamente. Ela é forte, concluí, enquanto saia pelo cortina branca novamente.
Minha blusa verde, agora, estava totalmente abarrotada, mas aquilo não me preocupava nem um pouco, naquele momento só conseguia pensar em Sidney e no quão abalado ele estava.
- Fred! - Ouvi meu nome ser chamado por uma voz inconfundível. - Fred, ele está bem? - Perguntou Emily, vestindo uma blusa nude e uma calça jeans toda rasgada, com uma jaqueta preta no braço direito e um celular na mão esquerda.
- Emily..... aqui não é muito seguro para eu te dizer uma coisa.
Ela pareceu confusa, mas fez o que eu pedi, assim, saímos pela porta da UTI.
- O que quer falar comigo, Fred?
- Olha, já cansei de discutir com você, mas precisarei fazer isso uma última vez, o que o maldito do seu pai tem haver com o acidente do Sidney?
- Fred, cuidado com o que fala.
Eu olhei para os lados e, surpreendentemente, ele estava vazio.
- Por que, Emily? Por que eu deveria tomar cuidado com o que falo? Graças ao seu pai, meu melhor amigo está no hospital! - Não aguentei, e acabei gritando as palavras.
"Espera, eu acabei de chamar o Sidney de meu melhor amigo? Isso é novidade." Pensei, mas logo retornei ao assunto principal.
- Fred, meu pai....
- É um assassino louco? Já percebi. - Disse em tom irônico e estressante porém voltando à minha postura séria novamente.
- Você não sabe quantas vezes já quis dar queixa mas..... não é assim que as coisas funcionam.
- Ah não? - Disse fingindo surpresa. - Então como que funciona as coisas?
Ela colocou a mão em meu peito. Seus olhos começaram a brilhar.
- Você terá de acreditar em mim. A polícia, não é assim tão boa, meu pai tem controlo sob quase todas da nossa região e até em outro municípios.
Eu segurei os braços dela e a encostei na parede. Senti ela se contrair.
- Quem é você, Emily West?
Ela olhou para mim com cara de chorosa.
- Arg,. - Ela disse e, então, soltei o aperto de meus dedos contra seus braços e foi aí que percebi duas rochas no braço dela.
- Quem fez isso em você?
- Qual resposta você quer?
- Oi? - Indaguei.
- Você fez duas perguntas, qual você mais quer saber?
Aquilo me pegou de surpresa, fiquei pensando por alguns segundos.
- A primeira. - Disse com certeza na voz.
Ela levou a mão até meu rosto e o acariciou dizendo:
- Sou Emily West, filha de Marco Farinazzo, o chefe da máfia italiana e, assim, sua sucessora ao controle.
...
Duas horas depois estávamos sentados na grama do Ceret, tomando frappuccinos de brigadeiro do starburcks.
- Então, seu pai é da máfia? - Resolvi perguntar, ainda incrédulo. - Você só pode estar brincando com a minha cara porque, isso aí que você está falando, não existe.
- O que não existe, Fred? A realidade? Olhe à sua volta, acha que as coisas são realmente o que são? A natureza do homem é má, Fred.
- Não acredito. - Beberiquei minha bebida gelada. - Acredito que a origem do ser humano é o amor.
- Amor? Jura?
- Por que, hoje, você me parece tão cética?
Ela arregalou os olhos para mim e disse:
- Porque eu simplesmente acordei com meu pai apontando uma arma para a minha cabeça ameaçando te matar e depois ele simplesmente deixa um bilhete na minha porta falando que ele "saiu para andar". Como acha que me senti, Freduardo, como acha?
Emily adquiriu uma expressão dura, séria.
- Isso é o amor, Fred, o sofrer por algo que não pode ter.
Eu sacudi a cabeça e agarrei a nuca dela, aproximando seu rosto do meu.
- Então qual o sentido de tudo isso? De estarmos aqui, onde tudo começou, de estarmos aqui, juntos, sentindo o prazer de nossos beijos? Diga-me, Emily, qual o sentido disso?
Os olhos dela enxeram-se de sentimentos e nós simplesmente ficamos ali, sentados, conversando por horas e horas a fio.
Sabe, às vezes, você precisa lutar pelas respostas que você tanto almeja, mas tenha noção que, quando encontra-las, elas podem não ser aquilo que você esperava.
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