Capítulo 9 Parte 2 (Rascunho)

No almirantado, o Almirante Shaeffer apontou poltronas para os dois sentarem-se. Um ordenança trouxe refrescos e ele disse:

– Vejo que o que deseja compartilhar é algo que o preocupa, filho. Tendo conhecido você da última vez, sei que não se preocupa à toa, então acho melhor irmos direto ao assunto.

– Tem razão, senhor – disse Pedro. – Diga uma coisa, após a destruição de Hércules, não se colonizou mais nenhum planeta aqui?

– Sim, nós colonizamos dez mundos, mas, da Galáxia, não veio mais ninguém. Acho que levaram a sério a ameaça.

– Imagino e acredito que, pelo menos, um deles é hostil.

– Como sabe?! – perguntou Samara, espantada.

– Vocês têm uma frota de combate muito grande para uma região quase deserta – respondeu. – Eu obtive mais informações na Terra. Os dados sobre a guerra foram apagados, mas não foram esquecidos. Sei que a Terra não tem a menor condição de ameaçar vocês, mas acredito que deveriam saber o que aconteceu e o que eu pretendo fazer. Entretanto, precisarei da ajuda de alguns dos seus especialistas.

– Muito bem, somos todos ouvidos.

Pedro contou a história que Helena lhe ensinou sobre o passado e a guerra. Após, mostrou as consequências disso. Falou durante bastante tempo até que se calou. O Almirante General não demonstrava nada, mas a Samara estava surpresa.

– Foi disso que escapamos – disse finalmente o velho, muito sério. – O que pretende fazer, Pedro?

– Você não pode vencer todo um mundo repleto de robôs controlados por uma superinteligência artificial administrada por um bando de ditadores disfarçados de salvadores – argumentou a Almirante, preocupada.

– Olhe, meu jovem – emendou o Almirante Shaeffer –, nós já dissemos que é bem-vindo a este mundo. Traga seus familiares e amigos, mas não lute uma batalha vencida que pode custar a vida da sua esposa ou mãe.

– Eu abandonaria muita gente que não teve escolha, ao contrário de mim, que tenho – ripostou, Pedro. – Por outro lado, com a ajuda da sua equipe científica posso levar essa luta a bom termo e ainda trazer benefícios para todos; nós, vocês, todas as duas galáxias!

– Se acredita nisso, filho, terá todo o nosso apoio. Quando quer encontrar a equipe do doutor Hans?

– Amanhã.

– Então – disse Samara, levantando-se –, amanhã apanho você no hotel e levo-o à universidade. Agora voltemos que assumi um compromisso com o capitão Norman.

― ☼ ―

Desceram no hotel e encontraram os outros no bar da piscina, divertindo-se. Quando a Almirante de Esquadra apareceu, Norman abriu um sorriso alegre e aproximou-se abraçando-a.

– Chegou a minha militar favorita – disse, rindo e ela correspondeu ao abraço.

Pedro viu aquilo de forma positiva e poderia ser um começo para o seu grande plano. Também notou que a mãe e Samuel estavam bastante envolvidos, conversando e rindo, os dois de olhos brilhantes. Sorriu, quando Luana o abraçou e beijou. Baixinho, a garota disse, falando no ouvido do marido:

– Amor, acho que vamos ter mais dois casamentos para o futuro e bem próximo.

– Sabe, meu amor, eu só quero ver a minha mãe feliz e Samuel é um grande sujeito – respondeu, piscando o olho. – E a Almirante tá mesmo caidinha pelo capitão.

– Vocês vem conosco? – perguntou Norman, risonho. – Samara prometeu mostrar uns bons lugares.

– Não vamos atrapalhar?

Vamo logo... – berrou, fazendo um gesto com a mão.

― ☼ ―

O casal acordou cedo, como sempre. Fizeram a higiene e desceram para tomarem o desjejum. Pouco tempo depois, apareceu a mãe com o Samuel e ela parecia irradiar alegria.

– Você está linda, mãe – disse Pedro. – Gostou dos terranos?

– Muito, filho – respondeu, sorrindo para Samuel que a ajudou com a cadeira. – Eu viveria aqui de bom grado.

– Veremos isso em outra ocasião – disse o filho. Olhou para a esposa e acrescentou. – Luaninha, não precisarei de você hoje. Quer passear com eles pela cidade?

– Seria uma boa mudança, Pedrinho. Quando vai?

– Samara disse que passaria aqui cedo.

Mal terminou de falar, ela apareceu, virada em sorrisos e acompanhada do Norman. Sentaram-se para comer e, ao terminarem, Pedro e a terrana foram para a nave dele pegar uns objetos. Depois, ela deixou-o na universidade e despediu-se, prometendo voltar no fim do dia.

Após se cumprimentarem, o jovem mostrou para os cientistas uma caixa do tamanho de um tijolo pequeno e junto dois aparelhos que pareciam tiaras ao contrário com um arco por cima.

– Isto é um equipamento da Terra usado para domar o povo que não tem o que fazer – começou, apontando para a caixa. – É chamado de simulador e estas são duas interfaces neurais, uma para cada usuário. O objetivo é mergulhar o usuário em um mundo virtual criando jogos simulados ou qualquer coisa que se desejar maginar. A pessoa que usa isso, mergulha em uma realidade alternativa tão intensa que deixa de discriminar a real da fictícia. Ele sente como se fosse verdade e, segundo desconfio, pode até morrer nessa realidade que morrerá no mundo real.

– Não deixa de ser interessante – disse Hans –, se não fosse tão assustador.

– Exato – concordou o jovem cientista. – Neste momento, bilhões de pessoas estão conectadas nessa droga.

– O que deseja fazer? – perguntou outro dos cientistas.

– Preciso de alterar esta interface neural para poder alcançar o meu intento, doutor, Serguey.

– Mas por quê?

– Atrás do governo da Terra, existe uma mega inteligência artificial chamada de Basilisco e ela controla quase tudo, mas é usada por ditadores. Se eu alcançá-la daqui, não serei rastreado e será tarde para me deterem.

– Eu conheço a história dessa experiência mental chamada de Basilisco de Roko porque sou especialista em inteligência artificial. Espero que esse aí não seja nem perto da história original.

– E não é. – Pedro fez uma careta. – Preciso procurar modos de impedir que me matem e preciso de ficar irrastreável.

– A engenharia reversa vai demorar muito, Pedro.

– Eu tenho o esquema e o código fonte original. – O jovem estendeu o palm. – Vocês têm possibilidade de troca de dados entre computadores diferentes?

– Sim, ele adapta-se ao protocolo.

– Ótimo, vamos ao trabalho...

― ☼ ―

No segundo dia, como sempre muito cedo, o casal levantou-se, mas Luana parecia estranha.

– O que foi, amor? – perguntou o marido. – Você está esquisitinha!

– Não sei se foi algo que eu comi, mas estou muito enjoada e tonta.

Preocupado, o jovem pegou o comunicador do hotel e chamou a recepção.

– Há um medo-robô aqui no hotel? – perguntou ele, preocupado. – Ou algum lugar onde possamos ir? Minha esposa não se sente bem.

– "Fique tranquilo, senhor. Temos uma unidade automática portátil para emergências. Estará aí em pouco tempo."

Menos de um minuto depois, alguém batia à porta e entrava com um aparelho que parecia uma caixa grande sobre rodas, do tamanho de um ser humano.

– Senhor – pediu o funcionário. – Ponha a sua esposa sobre a mesa analisadora.

Pedro obedeceu e Luana começou a brilhar de leve em tom azul-claro. Pouco depois surgiu uma tela holográfica similar à do computador da universidade e imagens do corpo dela foram sendo projetadas em alta velocidade.

– Informar sintomas – pediu a máquina.

– Enjoo, tontura...

– Está grávida – disse uma voz feminina na porta e Pedro olhou para a mãe, incrédulo. – Isso é óbvio, filho.

– Mas nós usamos cuidados, mãe...

– Acho que andei negligenciando isso, amor, com tantos problemas...

– Confirmado diagnóstico – interrompeu a máquina. – Gravidez. Tempo aproximado cinquenta dias. Não se mexa que aplicaremos um medicamento para enjoo... pronto, pode levantar, mas devagar.

Pedro ajudou-a e abraçou-a, sorridente. A sogra aproximou-se e também abraçou Luana.

– Que essa criança não precise viver o que vivemos! – exclamou Andreia.

– Luto por isso, mãe. – Olhou para o funcionário do hotel e agradeceu, descendo todos.

No restaurante encontraram Samuel, Norman e Samara. Brincalhão, o coronel disse:

– Caramba, viraram molengões? – perguntou. – Vocês sempre foram os primeiros a levantar.

– Luana passou mal... – disse Pedro, interrompido pela mãe.

– Eu vou ser avó!

Em meio a uma série de parabéns, Samuel disse:

– Nesse caso, também serei avô.

– Você ainda não casou com a minha mãe! – exclamou Pedro, debochado.

Samuel levantou-se em silêncio e aproximou-se do casal, abraçando ambos e dizendo:

– Eu acompanhei todos os passos de vocês dois desde o vosso primeiro ano, quando fui escalado para os vigiar por conta do vosso desvio gigante. Eu estava sempre perto, pronto a proteger vocês de qualquer coisa. Eu vi Luana chorando feito uma desesperada naquela praça e você dizendo para ela a coisa mais importante que disse na sua vida, Pedro, coisa essa que mudou a vida de vocês dois para sempre e para melhor. Eu vi tudo e, de vez em quando, aparecia para conversar uns segundos porque sentia um amor muito profundo por ambos como se fossem meus filhos de verdade. Eu sou um pai para vocês dois, podem ter a certeza.

Emocionado, Pedro e Luana abraçaram o amigo. Nesse momento, Andreia levantou-se e abraçou Samuel.

– Obrigada por ter sido mais pai do que eu fui mãe – disse, meio sem jeito. – Eu estava presa ao simulador e perdi muito, mas agora estou aqui.

Quando os ânimos se acalmaram, voltaram a comer.

– Você vai comigo ou prefere ficar aqui, amor? – perguntou Pedro, preocupado com ela.

– Pergunta boba – disse Luana, rindo. – Vamos logo.

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