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   Richardson com a Valer, é exatamente onde eu moro e exatamente para onde estou indo.

Eu sinto um sorriso enorme encher meu rosto, pois a verdade é que estou quase conseguindo.

Quase conseguindo alugar um apartamento.

Dei uma olhada agora pouco nas minhas contas bancárias e consegui ter o privilégio de calcular minhas despesas. Como estou de férias do meu trabalho, o dinheiro das minhas férias caíram hoje.

E só hoje eu pude perceber que falta pouco.

Ao mesmo tempo que estou feliz por poder dar esse passo importante na minha vida, eu vou sempre sentir uma pitada de tristeza pelo meu pai, não quero deixá-lo sozinho naquela casa.

Ele vai dizer que não se importa, que devo seguir meu caminho, que a vida é assim... Como um bom ex. militar o homem tem um coração duro, mas eu sei que é mais pura mentira.

Ele quer que eu siga meu caminho.

Eu quero seguir meu caminho.

Mas infelizmente é cansativo lembrar que a vida requer sacrifícios.

Assim que cheguei em casa e abri a porta a primeira coisa que vi, que já era o esperado, era meu pai sentado no sofá tomando um gole de cerveja.

Não demorei para tirar meus sapatos e me juntar a ele. Sentei ao seu lado, ele sorriu pra mim e me ofereceu uma latinha.

E como uma pessoa que detesta cerveja, eu aceitei.

Vai entender. Nem eu entendo.

- Como está a senhora Gonzaga? - pergunta meu pai, com os olhos na televisão.

- Está bem, disse que você passou lá, comprou alguma coisa e deixou faltar um Dólar.

- Aquela velha já está maluca. Eu nem passo em frente aquela loja.

Eu ri

- Sabe que isso é charme para te ver não é?

Ele faz careta

- Eu estou velho, querida, mas não tanto assim.

- Papai - dou um leve empurrão nele - ela não é velha.

- Nova que não é.

Sorrio

- Eu iria adorar tê-la como madrasta.

Ele arregala os olhos em indignação, e toma a cerveja da minha mão.

- Mal começou a beber e já está bêbada - acusa

Tomo a cerveja de volta, bebendo cada gole ruim da latinha.

- Estou sendo honesta.

- As vezes honestidade é uma coisa ruim - Ele diz e volta a olhar para a televisão. Eu me aconchego derrubando minha cabeça em seu ombro, confortável.

- Parece que a famosa dupla dithy está na cidade - Ele me lança aquele olhar para me mostrar o que está falando

- Ah é? - dei de ombros, me fazendo de "não ligo" ou "caguei" - Seth sempre está por aqui, você sabe.

- Não estou falando do Seth, você sabe.

- Não, não sei.

- Ah querida, você sabe.

- Ok, ok - tomo mais um gole - Talvez eu saiba. E o que que tem Dylan Colins estar na cidade?

- Não sei, me diga você.

- Não sei aonde você quer chegar, pai.

- Não quero chegar a lugar nenhum, Megan, só estou comentando.

- Aham, sei.

ele ficou novamente em silêncio, olhando para a televisão e eu segui seu olhar, ele estava assistindo a um jornal besta de fofocas de famosos.

- Nossa, como a Britney Spears está bonita - Eu admiro

- Faz quanto tempo que vocês terminaram? - Ele perguntou de repente

- Não lembro de ter namorado a Britney Spears. - respondo

Ele me lançou um olhar severo deixando claro que não estava para piadas hoje.

- Quatro anos, pai.  - respondo o que ele de fato quer saber

- Tanto tempo assim?

- Tanto tempo assim. Apesar de que eu gostaria que fosse uns dez anos, aí você com certeza não lembraria mais dele e não estaríamos conversando sobre ele agora mesmo.

- Eu nunca esqueceria aquele garoto.

- Até parece que foi você que namorou com ele.

De novo, o olhar severo. Evito rir, brincar com o temperamento sério do meu pai é engraçado. Ao mesmo tempo que brincar quando o assunto é meu ex. namorado do ensino médio, evita que meu coração dispare.

É tão detestável sentir isso.

Quando ele entrou na loja hoje a tarde, eu simplesmente travei. Estava atendendo um cliente que me perguntava alguma coisa comum, mas quando a porta se abriu e eu levantei meu olhar para ver quem era, eu... eu... eu simplesmente congelei.

Nada saiu da minha boca para responder o cliente, ao mesmo tempo que minhas pernas evitaram andar ou correr para o outro lado do mundo. Não que eu tenha esse poder.

Eram raras as vezes que nos víamos e quando nos víamos sempre evitavamos estar tão perto um do outro. Ele é um perigo para mim, e com certeza, o sentimento é recíproco.

Então a idéia de estar frente à ele de novo, me deixou arrepiada, nervosa e com coração quase explodindo em meu peito.

Quando o coração dispara como uma metralhadora... é claramente uma resposta a algo. Mas uma resposta ao o quê?

Ele ficou olhando ao redor, e eu tive o instinto de me esconder antes dele me ver e inevitavelmente quase quebro a cara no chão.

Entã Sra. Gonzaga me olhou severamente, igual meu pai quando não suporta brincadeiras.  Eu levantei disposta a encarar o maldito passado.

Ou a maldita pessoa.

Mas então ele virou de costas e a minha mente desgraçada me iludiu dizendo que ele foi embora e que aquela pessoa era outra pessoa. Mesmo eu sabendo que não era.

Eu cheguei, perguntei se podia ajudar e então eu me surpreendi.

Não por vêlo de novo, tão perto, mas surpresa por mim mesma. Eu reconheceria seu corpo de costas, de lado, de todos os jeitos.

Eu sempre o reconheceria.

E isso me deixou brava. Porque é uma merda.

- ...Megan? - meu pai me desperta dos meus pensamentos sobre o desgraçado.

Desgraçado porque ele não tinha o direito de entrar naquela loja sabendo que eu poderia estar lá dentro.

- hum?

- Não ouviu nada do que eu disse certo? - pergunta

- Não - confesso

Ele assente e desliga a televisão

- Melhor deixar assim então.

- O que você estava dizendo? - pergunto curiosa

Ele pega o prato sujo que nem notei em cima da mesa de centro e levanta do sofá, antes de dar um passo para longe, meu pai diz:

- Que eu ainda me lembro o quanto era cansativo minha filha completamente apaixonada por um jogador de futebol irritante.

- Você fala como se eu nunca tivesse me apaixonado depois dele - acuso

- Megan minha filha - Ele abre um sorriso lento - Nós sabemos que nunca.

E quando ele se afastou eu vidrei meus olhos na televisão desligada. Já se passaram quatro anos, por que ele continua tão presente... no meu coração e na minha cabeça?

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