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Quando eu tinha dez anos, era uma garota super bagaceira. Talvez a mais bagunceira da cidade. Eu ia trocar de roupa e simplesmente jogava a suja no chão. Eu procurava algo na minha cômoda arrumadinha e quando percebia estava a maior bagunça.
Meu pai dizia: "pare com isso, seja organizada".
Dez anos se passaram, na verdade, treze anos se passaram desde os meus dez anos de idade, e me sinto um pouco envergonhada de dizer que só agora tomei coragem de seguir seu conselho.
Só agora tomei coragem para tentar ser certinha. Organizada. Não procrastinadora.
O dia começou da seguinte maneira:
1° Escovei os dentes
2° Fiz minhas necessidades até porque não sou entupida.
3° Tomei banho
4° Aproveitei cinco minutos da minha vida me motivando a acordar 100% pra vida.
5° Me vesti.
6° Tomei café com meu pai.
7° Katherine me ligou para irmos tomar café numa lanchonete.
E eu? já havia tomado café a menos de meia hora, por que não tomar café novamente?
Sobre ser organizada, estou tentando colocar as coisas importantes numa lista. Prioridades as coisas que posso deixar para outro dia.
Eu preciso ser mais organizada. Não posso entrar na casa dos vinte e quatro (em breve) sendo uma completa pé no saco pra mim mesma.
- Tudo bem? - Perguntou Katherine assim que entramos na cafeteria - Está muito calada.
- Eu estou ótima na verdade - falei, com Claire no colo. A pequena, doce e linda menina estava brincando com meus cabelos longos.
Na verdade, esse negócio de tanto organização está sendo bom pra mim. Eu finalmente vou conseguir sair da casa do meu pai e comprar uma lugarzinho pra mim.
- Você está com bafo de café - Katherine disse, eu abri um sorriso grande
- Você me conhece, sabe que meu corpo precisa de café pra ser feliz.
- Isso não faz bem, Megan, não em excesso. Você é praticamente uma viciada em cafeína.
- Antes cafeína do que heroína, maconha, êxtase... enfim - listo o óbvio
Diga não as drogas!
- Não fale sobre drogas na frente da Claire - Katherine pega no meu pé
Encontramos uma mesa para sentar e eu respondo:
- pelo amor de deus, Katherine, até parece que sua filha de um ano sabe o que é êxtase!
- Megan - resmunga
Revirei os olhos, melhor eu calar a boca antes que a mamãe coruja meta a mão na minha cara.
- Ei, aquele cara não é seu ex? - Perguntou ela, apontando com o queixo para atrás de mim
Eu me assustei. Foi inevitável, quando vi já estava assustada olhando rapidamente para trás.
Eu senti cada batida do meu coração. Meus batimentos cardíacos estavam tão rápido que podia jurar que a qualquer momento pularia do meu corpo e eu o veria estirado pelo chão.
Quando eu olhei, eu vi.
Eu vi ele.
Eu vi... Sean.
Respirei mais calma, acordando pra vida com Katherine acenando na frente do meu rosto e Claire tentando imitar a mãe e falhando miseravelmente.
- Uau, não sabia que ficaria tão assustada assim, é só o Sean.
- Sim, eu sei. Só o Sean - Digo sorrindo rapidamente para ele que me notou. Sean estava conversando com uma mulher a poucas mesas atrás de mim, ele me viu, sorriu, acenou e voltaram a conversar.
Sean não é praticamente um ex. É apenas um rolo que durou no máximo, 2 meses. Moreno de braços fortes, e do sorriso fácil.
Felizmente, o rolo que tínhamos terminou numa boa. Apenas concordamos que era a hora certa de parar com algo que não estava levando nenhum de nós dois para canto nenhum.
- Que foi, Megan? - Pergunta Katherine confusa com minha reação.
A minha reação ao ouvir "ex" é por causa de outra pessoa. Pensei que fosse alguém que não deveria ser e por sorte não era. E mesmo que eu coloque na minha cabeça (principalmente desde ontem de noite quando ouvi sua voz por acidente no telefone) que em algum momento, mesmo que seja por conta do destino a gente se encontre, é algo normal.
É passado.
Passado deve ficar no passado. Eu já superei, simples assim.
O problema é que, mesmo que meu coração e meu cérebro tenha superado, essa superação toda sempre fica por um triz toda vez que vejo uma foto, escuto seu nome ou fazem menção a ele indiretamente.
- Pensou que era o Dylan não foi? - Kathy pergunta, odeio que essa mulher me conheça tão bem!
Eu dei de ombros, resolvendo ser sincera
- Por um momento, sim.
- Ele está na cidade.
- Eu sei.
- Como sabe? - Pergunta surpresa já criando uma fanfic na sua mente de que eu encontrei meu caro ex namorado em algum lugar.
Foquei minha atenção em sua filha sentada em meu colo, Claire brincava com o guardanapo em cima da mesa, completamente entretida, porém apesar de meus olhos estar na mini Katherine Vancouver em meus braços, eu ainda prestava atenção na conversa.
Na conversa que nem deveria começar.
Porquê não é boa. Não faz bem.
- Você esqueceu de desligar o telefone ontem de noite.
- Caramba - colocou a mão na frente da boca, se sentindo culpada - Eu sinto muito, Megan! Não foi intencional!
- Eu sei que não foi.
- Fica tranquila, logo ele vai embora.
- Não estou preocupada com o quando ele vai embora. Na verdade, o que me deixa desse jeito Katherine é saber que mesmo que ele resolva morar aqui novamente, nunca nos veremos. Ele faz questão de evitar qualquer lugar que me encontraria.
- Você faz o mesmo.
- Queria poder dizer que não faço, mas seria mentira.
Claire estende os braços pra mãe, com os olhos cheios de lágrimas, do nada.
- Não se preocupe, ela só está com fome - Me acalmou, por um momento pensei que tinha feito algo errado
- Se eu tiver uma filha quero que seja como você, Claire - Bilisquei seu nariz, ela abriu um sorrisinho rápido e segurou a mamadeira em suas pequenas mãozinhas, enquanto se sentava confortável no colo da mãe.
- Como vai seus planos para o apartamento? - Perguntou
- Bem, se der tudo certo no fim do mês pego as chaves - Falo ansiosa para ter meu espaço.
A verdade é que amo morar com meu pai, ele é sozinho então ambos faz companhia um para o outro. Mas eu sinto que preciso de um pouco mais de privacidade e independência, isso é a única coisa que me motivou todos esses anos a correr atrás disso.
- Estou tão orgulhosa de você, Megan - Disse Katherine - Finalmente vamos poder fazer uma festa do pijama sem seu pai gritar que vamos quebrar o chão.
Eu ri
- E agora a pequena Claire poderá participar - Eu brinco
Katherine sorriu ligeira
- Seth vai me acusar de derrubar nossa filha no chão, fica vendo.
- Manda o Seth ir cagar.
- Posso ajudar? - Pergunta um atendente parando diante de nós
- Dois cafés pretos, por favor - Peço - mais alguma coisa, Kathy?
Ela nega
- Por hora é só, obrigada.
O atendente sai, e nós duas entramos numa conversa divertida sobre medicina, ano novo e meu novo apartamento.
Faço uma nota mental para riscar da minha lista do dia "encontro com Kathy", e me sinto mais preparada para iniciar o dia de bom humor e cheia de positividade.
Eu só não contava com o fato de que alguém específico iria aparecer e de alguma forma, fazer eu me sentir aquela garota de 17 anos.
Novamente.
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