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No auge dos meus vinte e três anos de idade, prestes a fazer vinte e quatro - isso provavelmente vai ser um pensamento de pessoa nostálgica ou velha - eu já vi muitas cenas como essa que estou vendo agora.
Os fogos de artifício estourando no céu, as luzes vermelha, azul, amarela, laranja, enfim... diversas cores explodindo bem na minha frente, enquanto as pessoas exclamam doces e exagerados: "Feliz ano novo".
Meu pai me abraça, logo em seguida minhas tias que estão de visita em nossa casa e alguns primos meus que vejo pelo menos, duas vezes ao ano.
Observo as pessoas ao meu redor enquanto bebo um gole de cerveja gelada, é tão cansativo ouvir todos os anos que aquele ano que se inicia seria melhor. Um ano é só uma data inventada pelo homem para se localizar no tempo, aproveitando a volta completa que nosso planeta faz em torno do sol e assim geramos nossas histórias, avanços, momentos, tudo com base no ano que atualmente estamos.
Todos ao meu redor comentava sobre o que esperar de 2014, quais seus planos de vida, quais seus objetivos e metas a realizar que sinceramente amanhã já vão ter esquecido quando o álcool sair de seus corpos ou terem uma básica amnésia. Não julgo, acontece comigo sempre.
Aprendi a não criar metas, digo com todo orgulho que ou as esqueço ou simplesmente deixo de lado.
Apesar das pessoas estarem agora neste instante pensando nos dias que vão se seguir a partir de agora, eu estou pensando no passado. Há 10 anos, em 2004, eu estava comemorando o ano novo na casa da minha melhor amiga, Katherine, enquanto meu pai trabalhava. Há 5 anos, em 2009, eu estava comemorando no dormitório da faculdade junto das minhas amigas que assim como eu não tinha dinheiro para voltar para casa. E agora, eu olho para o céu a procura de um carro voador ou algo do tipo. Katherine, a amiga mais nerd que já tive na vida me disse no auge dos nossos quinze anos que a partir de 2010 deveríamos esperar grandes evoluções da sociedade e da tecnologia.
Bom, muito coisa mudou mas não tão avançado assim, controlo meus dedos que me impedem de ligar para ela e dizer que suas previsões estavam erradas.
Os vizinhos ao redor sorriem uns para os outros, e eu sorrio também. Eu sorrio por achar engraçado a falsidade que dia primeiro de Janeiro de todos os anos proporciona.
- Como você consegue beber essa coisa horrível? - Pergunta a irmã do meu pai, parando ao meu lado enquanto meus olhos ainda estão focados no céu
- Cerveja é horrível mesmo, não tem como negar.
- E por que bebe? - perguntou, virei a cabeça para admirar seus cabelos recém pintados de ruivo, minha tia não deve ter nem quarenta anos.
- Eu ignoro o sabor.
- Ainda sim não respondeu minha pergunta.
- Você mesma me dizia quando eu era pequena que sou estranha - Comento, ela sorriu lembrando
- Pior que é mesmo.
- Não precisa afirmar duas vezes, uma está bom, não machuque mais meu ego.
Ela me abraçou de lado, bebendo seu vinho tinto e se deliciando a cada gole.
- E os namorados?
Eu ri, lembrando de todos eles. Não que eu já tenha namorado muitos, mas também não namorei poucos. Felizmente foram namoros rápidos que não deixaram nenhuma marca dolorosa, terminou tudo em uma boa. Bom, com exceção de um.
- Estão tão perdidos que nem eu os encontro. - respondo sua pergunta anual, todo ano é a mesma coisa.
- Devem estar fugindo de você, você é tão esquisita.
- Céus, vai ficar falando isso até quando?
- Até eu morrer.
Eu ia abrir a boca, pronta para soltar alguma besteira. Ela fez sinal de silêncio, me impedindo
- Olhe lá o que vai falar, você pode se arrepender.
- Já estão discutindo? - Meu pai aparece, as feições enrugadas demonstrando sua idade
- Hoje não, é ano Novo! - Minha tia exalta alegre, eu no entanto, controlo um revirar de olhos
Meu celular toca em meus dedos, 00h35, o nome Katherine aparece na tela me fazendo sorrir.
- Cadê minha afilhada? - Falo no segundo que atendo
- Feliz ano novo pra você também amiga! - Katherine exclama, ouço vozes no fundo, provavelmente é a família dela.
- Feliz ano novo pra vocês - digo
- Claire está aqui - Ouço a bebê de um ano no fundo, balbuciando alguma coisa enquanto Katherine pede para ela falar comigo - Fala com a Titia Megan, ela quer ouvir você
- Fique sabendo Claire, que quando eu ser rica você não vai herdar um real - ameaço
- Ela falou Titia, você que tá surda, acho melhor ir limpar os ouvidos. - Katherine diz, eu sorrio em divertimento - Vamos nos ver amanhã?
- Claro, vamos nos encontrar onde? - Observo os fogos no céu parando aos poucos, os vizinhos da frente rindo alto, claramente bêbados
- Eu passo na sua casa para te encontrar.
- Ok.
- É... - Ela suspirou, pude perceber sua hesitação. Ergui uma sobrancelha como se ela estivesse aqui, conheço Katherine o bastante para saber que nesse exato momento ela está nervosa sobre algo
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei
Ouço vozes no fundo, escuto Seth, seu marido, rindo de alguma coisa e chamando seu nome dizendo para ela ir ver quem estava lá.
- Preciso ir, te ligo amanhã, ok? - Pergunta ela
- Tá bom, tchau!
- Tchau, bjs! - Diz. Estranha.
- Está falando com quem? - Seth pergunta ao fundo, se aproximando, curioso
- Megan - Ela diz esquecendo de desligar, ou talvez tenha imaginado que desligou. Percebo o silêncio, um silêncio tenso. Me pergunto porque não escuto nada, só os sons da pequena bebê. Penso em desligar e perguntar pra ela o que aconteceu amanhã, talvez tenha brigado com Seth para estarem agindo de tal forma.
Então eu ouvi uma voz que me fez entender rapidamente o porque da situação estar tensa do outro lado.
- Parece que minha garotinha anda crescendo rápido demais - Dylan diz ao fundo, ouço a risada de Claire. Eles começam a conversar, imagino a cena na cabeça, Dylan está pegando a bebê no colo, enquanto brinca com ela.
Respiro fundo, e desligo rapidamente. Fazia anos que não escutava sua voz, mesmo que indiretamente.
Só bastou 8 palavras saindo de sua boca para meu coração bater de forma acelerada.
- Você está bem? - Minha tia pergunta
- Estou- sorri amarelo guardando meu celular
- O que aconteceu? - Pergunta preocupada
- Nada - dei de ombros tentando parecer despreocupada
- Te conheço Megan, a sua vida inteira. Fala logo.
- Bom - Tomo um longo gole dessa cerveja horrível. Céus, por que estou bebendo se não gosto? - Dylan está na cidade.
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NOTA DA AUTORA:
Tenho um instagram feito com o intuito de:
1. Ser proxima de vocês.
2. Interagir com vocês em forma de perguntas, enquetes, mensagens...
3. Postar avisos dos meus livros, Spoilers e anúncios dos meus próximos livros.
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