Depois de um dos melhores cafés da manhã da minha vida, Tom continuou o suspense sobre onde estávamos indo, até estacionar o carro em frente á um local, um tanto quanto curioso pra mim.
-Mini-golf? - o questionei ao sair do seu carro.
-Já jogou? - perguntou depois de dar as chaves ao manobrista.
-Não, mas eu sei que você joga, então não é justo. - falei fazendo birra.
-Ah, então andou me stalkeando, é isso mesmo? - provocou ele.
-Ah, cala a boca Holland! Todo mundo sabe que você joga golf. - falei rolando os olhos.
-Tá bom, tá bom! Eu deixo passar... dessa vez! - disse ele piscando.

Depois de entrarmos, fomos até a recepcionista, que nos levou até uma das pistas. Finalmente, com bolas e tacos em mãos, o jogo começou.
É claro que Tom praticamente me massacrou na primeira rodada, mas depois de observá-lo e pegar um pouco mais de jeito, podemos dizer que o jogo virou.
-Sério? Hole in one? Achei que tivesse dito que não jogava. - disse Tom depois de me ver acertar a bola no buraco com uma só tacada.
-Eu não jogo! - respondi dando de ombros.
-E como explica isso? - disse ele apontando para a pequena televisão, que mostrava o placar.
-Sorte de principiante? - falei rindo ao vê-lo balançar a cabeça.
-Eu chamo de trapaça, você com certeza já jogou golf antes. - insistiu, enquanto eu lhe mostrava a língua.
Depois de mais algumas rodadas, fui declarada ganhadora, para completa surpresa, tanto minha, como de Tom.
Assim saímos do golf e entramos no carro, Tom ligou o rádio, que tocava Iris do Go Go Dolls, ironicamente (ou não), a música tema de Emma e Dylan.
-Aww, é a nossa música! - disse Tom ao reconhecê-la.
-Nós não temos uma música. Emma e Dylan tem! - falei virando oa olhos.
-Então? Praticamente o mesmo. - disse ele dando de ombros.
-Você tá nervoso... digo, com essa nova cena? - perguntei de uma vez, tirando o peso das minhas costas.
-É... um pouco, você? - respondeu ele.
-Muito! - respondi mordendo o lábio.
-Vai dar tudo certo Abby, não é como se precisássemos dormir juntos de verdade. Há não ser que você queira, claro! - disse ele dando aquele maldito sorriso cínico.
-Você está impossível hoje, hein Holland? - respondi lhe dando um leve tapa no ombro.
-Desculpa, desculpa, eu... exagerei. Então, mudança de assusto, está com fome? - disse ele com o olhar na estrada.
-Não muito, você? - falei me ajeitando no banco.
-Você ainda pergunta? Eu tô sempre com fome! - disse ele rindo, assim como eu. -Sorvete? - pediu.
-Uhm, não sei. Se vou aparecer sem roupa no cinema, acho melhor parar de comer besteira e começar a fazer exercícios. - falei vendo ele rir. -O que? Eu tô falando sério! - exclamei.
-Qual é Abby, eu acho que você tá ótima! - disse ele, me deixando corada.
-É claro que acha! - falei rolando os olhos.
-É verdade, mas... se quiser, pode se juntar á nós, Haz e eu vamos á academia quase toda manhã, não importa onde estamos! - disse ele.
-Sério? Isso é ótimo! Quer dizer, claro... se não for incômodo. - falei mentalmente me dando um tapa, por ter demonstrado tanta empolgação.
-Sem problema! - disse ele. -Então... sorvete? - disse ele com aqueles olhos de cachorro pidão.
-Sim, sorvete Holland! - falei sorrindo ao ver sua animação.
-Isso!!! Eu tenho o lugar perfeito pra gente. - disse ele voltando a atenção ao volante.

Dizer que fiquei surpresa ao ver onde Tom havia nos levado, era pouco. Paramos em uma pequena casa, quase no fim da cidade de Los Angeles, pintada de rosa, com janelas azuis e flores pra todos os cantos. Na frente, uma placa com os dizeres "Gina's Frost: O melhor sorvete da sua vida!", acompanhava uma pequena mesa e duas cadeiras.
Depois de estacionar, passamos pela porta da frente, fazendo o sino acima de nós tocar. Com mais alguns passos, estávamos na frente de um caixa, com as mesmas cores da faixada, onde uma mulher, um pouco mais velha, com um enorme sorriso, veio nos atender.
-Thomas, quanto tempo! Como você está forte! - a mulher praticamente gritou ao se jogar nos braços de Tom.
-Oi Gina, como você está? - respondeu ele a abraçando.
-Ah, você sabe... levando! - disse a mulher ainda se segurando nos seus braços. -Oh, meu Deus, eu nem vi você aí, me desculpa! - disse ela ao notar minha presença.
-Gina, essa é Abigail, minha colega de cena. Abby, essa é Gina, dona desse lugar. - disse Tom nos apresentando.
-Muito prazer! - falei estendendo a mão.
-O prazer é meu querida! - disse ela antes de me puxar para um abraço apertado. -Porque vocês não se sentam, enquanto eu preparo os pedidos? - disse Gina e  assentimos.
-Thomas, o de sempre? - perguntou ela para o garoto, que assentiu. -E pra você, querida? - disse ela se virando para mim.
Depois de alguns minutos analisando o menu de sabores de sorvete, decidi por uma bola de chocolate e avelã.
-Boa escolha! - disse Gina antes de sumir atrás do balcão.
Tom e eu sentamos em uma mesa rosa, com cadeiras azuis e assentos coloridos. Pensando bem, aquele lugar parecia um arco-íris.
-Gostou? - pediu Tom, me tirando dos meus pensamentos.
-Hm? Ah, eu adorei! - respondi sorrindo. -Como encontrou esse lugar? - perguntei curiosa.
-Essa é uma das vantagens de passar tanto tempo em uma cidade só, você acaba descobrindo os melhores lugares. - disse ele piscando. -A história é um pouco engraçada, na verdade, Haz e eu estávamos voltando de uma festa, completamente bêbados e só o que queríamos era algo pra comer. Então, quando passamos aqui na frente, nós dois entramos pedindo pizza. - contou ele rindo. -É claro que, sendo uma sorveteria, não foi bem o que encontramos. Na verdade, o marido de Gina estava prestes a nos expulsar quando ela veio ver o que estava acontecendo. Ela então nos mandou sentar, nos deu água e até fez sanduíches pra gente. - completou.
-Isso foi muito gentil! Eu teria feito como o marido dela. - falei rindo.
-É... ex-marido, na verdade. - disse Tom, com a expressão triste.
-Oh, desculpa! - falei surpresa.
-É meio recente ainda então, ela não gosta de tocar no asssunto. - explicou.
-Entendido! - falei assentindo.
-Desse dia em diante, Haz e eu viemos aqui sempre que possível, pra visitá-los. - disse ele sorrindo.
-Isso é muito fofo da parte de vocês dois! - falei vendo seu rosto corar. -E eu aposto que é o seu lugar secreto para encontros? - o provoquei.
-Na verdade, você é a primeira pessoa que eu trago aqui. - respondeu Tom, me pegando de surpresa.
Antes que pudéssemos continuar a concersa, Gina saiu animadamente de trás do caixa, com nossos pedidos.
-Torta de maçã pra você e avelã com chocolate pra essa bela moça. - disse ela colocando as tigelas na mesa.
-Obrigada! - falei colocando alguns fios de cabelo atrás da orelha. Uma mania que tinha ao receber elogios.
-Obrigada Gina! - disse Tom sorrindo.
-Sem problema, me chamem se precisarem de alguma coisa. - disse ela antes de nos deixar a sós.
Assim que dei a primeira bocada no sorvete, arregalei os olhos, surpresa com o quão bom era.
-Então? - perguntou Tom.
-Uau, isso é maravilhoso! - falei levando a pazinha a boca novamente.
-Não é? É o melhor sorvete do mundo, vai... prova esse aqui! - disse Tom me oferecendo um pouco do seu sabor.
-Ai meu Deus! - falei sentindo os sabores do sorvete de torta de maçã na minha boca.
-Eu sei, eu sei! - respondeu Tom rindo.

Depois do sorvete e também de muita conversa, Tom e eu nos levantamos para ir embora e Gina veio até nós.
-Já estão indo? - perguntou ela.
-Sim, eu tenho que resolver algumas coisas ainda. Mas obrigada pelo sorvete Gina! - disse Tom a abraçando.
-É claro, você sabe que sempre é bem vindo aqui, Thomas! - disse a mulher retribuindo o gesto. -Assim como você querida, venha sempre que quiser, as portas estão sempre abertas para os amigos desse garoto aqui. - disse Gina.
-Obrigada! - respondi sorrindo.
-Imagina, até a próxima, tomem cuidado na estrada. - disse ela antes de sairmos.
-Nós vamos, tchau Gina! - disse Tom acenando, assim como eu.

Assim que saímos do local e entramos no carro, senti a necessidade de falar o que eu estava pensando desde que havíamos chegado.
-Foi muito bonito ver sua interação com a Gina. - falei chamando sua atenção.
-É? Porque? - pediu ele.
-Eu não sei, o jeito que tratou ela, como se fosse alguém da família, sabe? - falei tentando elaborar melhor as palavras.
-Ela é praticamente, então... - disse ele dando de ombros.
-É só que, no nosso meio de trabalho tem muita gente que, porque é famoso, acha que pode tratar as pessoas diferente, ou que deve receber um tratamento especial. Mas você não, mesmo com todo o sucesso que tá fazendo, você continua sendo... você! - falei sentindo o rosto esquentar a cada palavra.
-Oh, eu entendo o que quer dizer, realmente tem muita gente assim nessa indústria. Eu não sei, eu acho que só tento o meu melhor pra manter meus pés no chão. - disse ele.
-É, tá fazendo um ótimo trabalho nisso! - falei sorrindo.
-Obrigada! - respondeu também sorrindo, antes de voltar sua atenção na estrada.
Não muito tempo depois, Tom estava parando o carro e estacionando na garragem do hotel.
-Então? Se divertiu? - pediu ele, ficando de frente pra mim.
-Muito! Obrigada por hoje, eu tava mesmo precisando. - agradeci.
-Sem problemas! - afirmou ele.
O silêncio tomou conta do ambiente, até o celular de Tom tocar.
-É o Blake, ele enviou algumas fotos de ontem á noite. - disse ele mostrando a tela do seu celular.
-É... já que tocou no assunto, é... o que exatamente você lembra? - falei sentindo meu estômago dar um nó.
-Da festa? - disse ele e assenti. -Hum, eu acho que tudo. Não bebi tanto assim, então. - respondeu guardando o aparelho.
-Ah, então você lembra de tudo? Mas tipo... tudo? - insisti o vendo rir.
-Esse é o seu jeito de pedir se eu lembro do nosso beijo? - disse ele me deixando envergonhada. -Eu acho que lembro, mas porque não tiro essa dúvida? - essas foram as últimas palavras que ouvi, antes de sentir os lábios dele nos meus.
Diferente do dia anterior, esse beijo era calmo, tranquilo, nada nos apressava, a não ser a vontade de estar com o outro. Me inclinei para ter mais acesso aos seus lábios e Tom repetiu o gesto, em poucos minutos, estávamos praticamente um em cima do outro, completamente sem fôlego.
-É... com toda certeza eu me lembro disso. - disse ele ao nos separarmos.
-Idiota! - falei e dessa vez fui eu quem selei os nossos lábios.