Capítulo 40
Point of View - Any Gabrielly
Não importava quantas vezes eu fui nocauteada no chão
Você sabia que um dia eu estaria de pé
Apenas olhe para nós agora
Olho para o balcão cheio de pratos e nenhum me agrada, passei os últimos dias fazendo receitas e nenhuma delas me agradou o suficiente para levar hoje à noite na faculdade. Sei que o professor Julian disse que não precisávamos nos desesperar com esse trabalho, ele apenas quer saber em que nível está nossa intimidade com a cozinha.
Mas porque eu sinto que isso já vai mostrar a ele quem tem ou não futuro na gastronomia? Como ele pode saber se temos ou não talento na cozinha com apenas um prato? Sei que ele é um dos principais professores do curso e talvez isso lhe dá o direito de estalar o dedo e dizer que não sou boa o suficiente, só que isso faz meu lado competitivo gritar dentro de mim dizendo que eu devo calar o belo homem de olhos negros como em uma noite de tempestade.
- Noah. - Grito da cozinha e com alguns minutos ele aparece no ambiente com seu peitoral desnudo com suas tatuagens a mostra, fazendo com que meus olhos se detenham na tatuagem de cruz no meio de seu peitoral e a purpose acima de seu umbigo, essas são de longe minhas tatuagens preferidas, meus olhos descem um pouco acompanhando seu caminho da felicidade para dentro de sua calça moletom cinza que está ligeiramente caída mostrando um pouco de sua cueca calvin klein verde escura.
- Não me olhe dessa maneira, está me dando uma vontade dá porra de te foder, mas você fica de frescura não querendo me dar, quando nós dois sabemos que você quer isso tanto quanto eu.
Sua voz está rouquíssima, subo meus olhos e encontro os seus, pequenos e a cara um pouco inchada devido ter acordado agora pouco, ele acaba de secar seu rosto com a toalha que está em suas mãos, mostrando que estava no banheiro fazendo suas higienes matinais. Se ele ao menos soubesse que eu transei com ele na noite do meu aniversário, mas se passou quase vinte dias e eu não me atrevo a contar e não sei como chegar nele e dizer que quero transar com ele. Então decidi deixar tudo no passado.
Decido ignorar sua fala anterior e volto a olhar minhas receitas.
- O que você quer, bonequinha de plástico? - Noah cruza seus braços e me olha um pouco impaciente sei que não é para me destratar e sim que faz parte de sua natureza, aponto para o pequeno balcão mostrando vários pratos com comidas quase que desesperada.
- Porra, tem comida para nos alimentar durante uma semana.
Ele se aproxima olhando em média dez receitas, e depois me olha.
- O que você quer, Barbie humana?
Me aproximo dele e sem que eu me contenha abraço seu pescoço, Noah olha meu braços ao seu redor, porém não reclama, continuo abraçada sentindo-me bem recebida em seu peitoral largo, enfim entendendo que aqui é meu lugar.
Não por causa de um simples abraço, mas sim por tudo que vivemos até aqui. Sempre nos atraímos mutuamente contudo a convivência com ele me fez perceber o grande homem que ele é, e dentro de mim sinto uma faísca de amor começando a crescer, eu só não sei se é correto deixar ela virar labareda quando sei que ele não sente o mesmo por mim. Melhor deixar as coisas acontecer e não afastá-lo, eu só tenho que tomar cuidado para não colocar esperanças em algo que ainda não é certo.
- Caralho, Any! Por acaso engoliu a merda da língua? Estou a cinco minutos esperando que fale o que quer.
Só então percebo que fiz uma auto análise agarrada ao seu corpo, sorrio divertida, pois não tenho desculpa para meu devaneio, ele revira seus lindos olhos me apertando ao seu corpo, eu não vi quando ele retribuiu o abraço mas gosto da sensação.
- Prove essas receitas e me diga qual é a melhor, caipira!
Saio de seu abraço e pego uma colher limpa para ele provar e vou até o primeiro prato, o chamando com a mão, mas ele não vai.
- Por acaso eu sou a porra de um juiz? Eu não entendo merda nenhuma de comida e muito menos gosto de doce.
Ele se vira pronto para me deixar sozinha, reviro meus olhos com sua grosseria. Sei que ele não quer me maltratar e eu tenho que ter paciência, ele é assim, não muda para agradar ninguém e de verdade eu gosto disso, ele jamais será falso e não engana ninguém.
- Por isso é tão amargo, seu ogro! Mesmo que não entenda de comida acho que consegue ser inteligente e me dizer o que é gostoso ou não. Agora vem até aqui e me ajuda a decidir.
Ele olha um pouco para trás, não me afeto com sua expressão endurecida, se ele sabe ser um bruto eu também sei.
- Anda logo, caipira! Você tem que trabalhar e eu tenho que olhar outras coisas até o horário da faculdade.
- Vai me deixar em paz depois que eu comer essa merda?
Sorrio mostrando minha vitória sem vergonha alguma e assinto, ele suspira vindo até mim.
Pego um pouco do crisp e levo até sua boca ele abre a mesma recebendo o doce que leva frutas e tem uma cobertura que lembra um pouco farofa.
Ele umedece os lábios mastigando devagar, fico calada percebendo que estamos agindo como se fôssemos um casal e eu não sei quando isso aconteceu.
Depois de alguns minutos acabamos todos os pratos, Noah separou três em um canto e eu não sei se ele os eliminou ou se são os seus favoritos.
- Você cozinha bem, bonequinha de plástico, você sabe. Aqueles três são os meus preferidos, agora vou comer deles novamente, mas já vou logo avisando se depois desse trabalho todo que estou tendo você escolher outra coisa eu vou enfiar sua cara na massa de bolo que sobrou ali atrás.
Finjo que nem escutei, a decisão final é minha e ele não pode me forçar a nada, só não falo em voz alta, não por medo dele. Pois sei também que ele não faria nada comigo e sim porque eu preciso mesmo de opiniões.
Vamos até o crisp que foi o primeiro que ele separou, ele come um pouco, depois come o sticky bum e por fim o carrot cake.
- Todos são gostosos, mas o último com certeza é o mais gostoso.
Olho para o bolo de cenoura que contém noz moscada e uvas passas em sua receita, mas é tão simples o que ele escolheu... será que ele está certo?
- Esse bolo fica uma delícia com canela, experimente refazer a massa e colocar um pouco, minha mãe fazia e não sobrava nem farelo para contar história.
Vou até o bolo e como um pedaço vendo que está gostoso, porém provo da pecan pie e fico indecisa.
Noah vem até mim, e do nada me puxa até seu corpo me assustando por estar distraída olhando os pratos, ele me beija com desejo, me assusto porém me recomponho espalmando minha mão em seu peitoral retribuindo o beijo com ardor. Nos separamos quando a respiração já está pesada e seu celular toca no quarto.
- Preciso trabalhar, embale um pouco dessa comida eu vou levar para oficina e oferecer ao pessoal, eu não trabalho tanto para você desperdiçar comida.
Sinto como se estivesse em frente ao meu pai mas assinto.
Depois de tudo devidamente embalado, Noah pega a sacola e vai trabalhar, refaço a receita que ele disse e eu tenho que testar, pois me deixou insegura. Depois de quarenta minutos em média o resultado é incrível e acabo por fim optando por levar o carrot cake mesmo.
Arrumo a bagunça da cozinha e começo a estudar um pouco, esperando a hora da faculdade.
(...)
O dia passou relativamente rápido, sento-me na cama dobrando um pouco a calça jeans, calço o tênis branco e apenas uma blusa branca simples está em meu corpo por ela ser baby look mostra um pouco da minha barriga percebo que estou um pouco inchada e sei que daqui uns dias estarei menstruada talvez daqui uma semana se não errei na contagem pois sou péssima em tabelinha.
Pego uma jaqueta jeans caso mais tarde esfrie um pouco, faço um rabo de cavalo e passo apenas um gloss em meus lábios.
Pego a mochila onde está o meus cadernos e livros e vou até cozinha onde o bolo está bem embalado, vou até meu carro.
Entro no mesmo e depois que coloco meu cinto começo a dirigir por San Diego.
Estaciono em frente a faculdade depois de um trânsito um pouco caótico e procuro pela moto de Noah no estacionamento, ele não chegou a tempo em casa para irmos para a faculdade juntos como temos feito nos últimos dias, talvez teve algum problema no trabalho, achei que ele viria direto mas acho que não vai vir.
Queria mandar uma mensagem mas sei que não tenho esse direito então é melhor vê-lo em casa.
Seguro o bolo com a mão a esquerda quando meu celular vibra, não reconheço o número mas atendo assim mesmo.
- Alô?
- Oi, Any é a Wendy. Vou chegar na sua cidade por volta das nove e meia tem como me buscar no aeroporto?Ou Você poderia me passar o endereço de vocês? Noah não me atende.
Gelo da cabeça aos pés, eu não esperava ela na cidade. Ela ainda não sabe que Noah e eu nunca tivemos nada de verdade, apesar de estarmos mais próximos agora até mesmo intimamente ainda sim não somos nada. Eu não quero mais mentir e se Noah fizer isso eu sou péssima mentirosa e ele sabe disso. Noah vai ter um infarto quando souber que sua mãe está aqui em San Diego.
- Eu busco a senhora, estarei no aeroporto. - tento ser o mais simpática possível, mas acho que não tenho sucesso.
- Não precisa se preocupar, querida. Sei que Noah vai soltar os cachorros quando souber que estou indo até vocês, mas pode deixar que com ele eu me entendo e, se ele for mal educado eu lhe dou as palmadas que deveria ter dado na infância.
Gargalho com sua voz alegre e respondo que ele precisa mesmo de umas palmadas.
- Ah e Ariel me contou que vocês moram em um trailer, não precisam se preocupar, eu vou para um hotel próximo sem problemas.
Agora sim gargalho mais pois lembro muito bem que Noah subornou a menina para não dizer onde morava aos pais.
- Depois olhamos isso, Wendy. Estarei no aeroporto quando você chegar.
Encerro a ligação depois que Wendy me manda mil beijos, jogo o celular dentro da minha bolsa e começo a ir em direção a faculdade.
Alunos estão apressados, cada um indo para seu bloco e curso designado, ao passar pelo enorme prédio de tijolos respiro fundo ao ver Benjamin um pouco mais a frente, tenho que me acostumar com sua presença afinal ele também estuda aqui.
Ainda dói saber o que ele fez comigo mas não é como antes, hoje eu sinto mais nojo por saber que ser humano ele é.
- Any, será que poderíamos conversar? - Benjamin fala quando passo por ele que até então conversava com alguns rapazes. Quando preparo-me para responder ele é mais rápido do que eu.- Eu prometo que será rápido.
Assinto com a cabeça e me encosto na parede que estou próxima observando alguns alunos entrarem em suas salas.
A presença de Benjamin não me afeta mais, conforme ele vem até onde estou, não sinto meu coração acelerar, não tenho vontade de chorar, e a raiva não cresce em meu peito, ele apenas me desperta um desprezo incalculável e Benjamin parece fazer parte de um passado distante. A sensação de ter controle sobre mim mesma é ótima.
- Any primeiramente eu quero agradecer por ter ajudado minha mãe, o que você fez jamais poderei pagar. Sei que deve ter sido difícil para você saber que Guadalupe é minha mãe. E eu queria te pedir... - Eu o corto antes que me venha com sua ladainha, eu conheço esse tom de voz, afinal eu caí por anos em sua lábia doce.
- Eu faria por qualquer pessoa, não é grande coisa assim, então não precisa me agradecer. Faz parte da minha natureza ajudar o próximo, mesmo que esse alguém seja sua mãe. Eu não me arrependo, afinal ela não tem culpa de ter um filho como você. Mas quer um conselho, Benjamin? Pare de ficar atrás de mim, tentando que eu volte para você pois isso não vai acontecer. - Umedeço meus lábios olhando dentro de seus olhos castanhos - tente ser uma pessoa melhor, todos podem recomeçar, eu recomecei. Pare de ter vergonha de seus pais, são pessoas incríveis e eles não merecem o que você faz, assuma quem você é, arrume um emprego e estude como nunca, tenho certeza que poderá ter tudo que quer no futuro. Pare de tentar se dar bem na vida nas custas dos outros, não seja esse tipo de homem. Bom é isso, espero que seja feliz, eu não desejo seu mal mas também você não pode me forçar a conviver ao seu lado, então me respeite e mantenha distância.
Começo a andar o deixando pensativo, eu não olho para trás, Hoje coloco mais um ponto final em uma história que estava inacabada e me sinto pronta para começar a minha história.
Point of View - Noah Urrea
O cigarro está quase no fim e a vontade de acender outro é grande, mas sei que não devo continuar assim, eu não vou parar de fumar, está fora de cogitação mas estou tentando reduzir, pois tenho a consciência que fumo demais e sou jovem demais para ter qualquer tipo de doença nos pulmões nos próximos anos.
Meu celular vibra em meu bolso uma pitada de esperança surge em meu peito ao pensar que pode ser a Any querendo saber o porquê de não ter chego em casa para irmos juntos para faculdade, eu odeio o fato de estar me apegando a Barbie humana.
Olho um tanto ansioso a tela que está trincada e ignoro prontamente quando vejo ser Callie, a morena é linda e rebola como ninguém, só não estou com vontade de transar com ela.
- Quem é? - Ryan pergunta curioso como sempre, deslizo meu celular sobre a mesa, jogando o pitoco do cigarro no lixo e me sirvo com um pouco de café preto. Ryan lê o convite bem explícito para fodermos essa noite e depois me entrega o celular.
- Não vai responder? - Ryan mais uma vez é um metido testudo que se mete em minha vida depois que faz um sinal com as mãos que também quer um café.
- Não estou afim, quero ir logo para casa, estou cansado, hoje trabalhamos excessivamente.
Tenho a cara de pau em mentir, a única verdade que saiu dos meus lábios é que trabalhamos muito hoje, mas não é que eu não queira transar, eu só não quero transar com qualquer mulher... eu quero a bonequinha de plástico.
Olho as horas em meu celular vendo que já são quase dez da noite, bocejo extremamente cansado imaginando-me chegando em casa, tomando um banho longo e enfim poder deitar ao lado de uma Any extremamente falante sobre seu curso e sobre a receita que fez, com certeza me irritarei com tanto blá blá blá e a farei calar a maldita boca fazendo-a usar seus lábios carnudos para outros fins.
- Isso para mim é uma desculpa muito esfarrapada, você está a quantos dias sem transar, Noah?
Agora sim me sinto desconfortável com sua invasão.
- Isso por acaso é da sua conta, caralho? - Ryan ri bebendo do seu café, o meu já esqueci a muito tempo.
- Sim, desde quando você fica ainda mais imbecil do que é, é extremamente da minha conta.
Eu não vou contar de maneira nenhuma que estou a quase vinte dias sem foder, que a última mulher que transei foi com a Any.
Não me faltou oportunidades mas eu não quis, primeiro porque queria brincar com a Any de gato e rato, mas não esperava que a maldita fosse tão forte, e tenho que admitir que o sexo com ela foi tão bom que a necessidade que eu sentia em transar sempre diminuiu consideravelmente e passou para um único alvo: Any.
Levanto da cadeira quando vejo que Ryan espera por uma resposta.
- Vai se foder, Ryan Butler.
Começo a sair da sua sala quando sua voz cheia de sarcasmo me para no meio do trajeto.
- Nem precisou dar resposta, já sei qual é só pela sua atitude. Eu vou te ajudar a usar sua verruga mijadeira, sabe o que você tem que fazer, bebê? - Agora a voz fica fina e infantil como se estivesse com um virgem. - Compre flores, chocolates ou um bom vinho e queijos para fazer fondue, chega em casa toma um banho fique bem cheiroso e então seja gentil te garanto que ela vai ceder. É assim que faço com minha mulher ela fica feliz e me faz feliz.
Ergo meu dedo do meio para ele que ri, mas então fica sério.
- Noah por mais que eu brinque agora, as dicas são sérias, você nunca precisou conquistar uma mulher e agora que está aí todo rendido e não sabe como se portar, conquiste sua mulher antes que outro conquiste.
Troco o peso da minha perna para outra, quero mandá-lo para a puta que pariu, mas... eu não consigo.
- Ela não é minha mulher.
Respondo completamente seco enquanto saio da sua sala, mas antes de fechar a porta eu o ouço perfeitamente.
- Acredite ela é, é você que não permite que ela seja.
Pego meu capacete e vou até a moto, saio em alta velocidade da oficina, a voz de Ryan fica irritantemente em minha mente e quando passo em frente ao mercado eu não acredito que vou dar ouvidos aquele viado.
(...)
Desço da moto em frente ao trailer, seguro com força a sacola que contém o vinho, os queijos, algumas frutas e chocolate para fazermos o fondue. Sinto meu coração bater com força na caixa torácica, porque merda eu fiz isso? Só sexo não justificaria todo esse trabalho.
Enquanto subo os degraus pensando se devo ou não jogar essas merdas no lixo mas algo chama minha atenção antes eu decida: posso ouvir uma risada de criança, e a voz da Any falando sem parar.
Meu coração, se antes batia rapidamente, agora suspeito que estou prestes a ter um colapso nervoso.
- Não precisa ir para um hotel, Wendy! Noah e eu dormimos sem problema algum em um colchão de ar aqui na sala, vai ser divertido tê-las aqui este final de semana.
Ouço perfeitamente quando abro a porta vendo minha mãe sentada no sofá com Ariel se divertindo com algum jogo em seu colo. As duas olham para mim dou um passo para dentro e minha mãe se levanta sorridente quando Ariel corre até mim abraçando meu quadril que é onde ela está batendo.
- Que saudades, meu Nono. - minha irmã grita me apertando o máximo que pode.
- Mas que merda vocês estão fazendo aqui?
Notas Finais:
Será que temos um Noah romântico? 👀
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