Capítulo 37

Point of view — Any Gabrielly

Você sabe que me preocupo com você
Sempre estarei aqui para você
Prometo que ficarei bem aqui
Sei que você me quer também.

Abro meus olhos assustada. Instintivamente os fecho devido a claridade que incomoda minhas retinas, mas no mesmo momento os arregalo, mesmo com eles ardendo, lembrando o que aconteceu na noite passada.

Olho para meu lado e Noah está dormindo relaxadamente, sua boca está aberta e sua bochecha esquerda está um pouco amassada com vermelhidão mostrando que boa parte do seu sono ele dormiu na mesma posição.

Desço meus olhos por seu corpo e constato que ele está nu assim como eu, não lembro como pegamos no sono exatamente, apenas lembro que assim que acabamos de transar um silêncio se fez presente no quarto e depois de alguns minutos ele dormiu.

Minha mão levanta quase como se tivesse vida própria e vai tocá-lo, porém eu paro antes que cometa a pior burrada de minha vida. Eu não quero que ele saiba que sou a mulher misteriosa que transou loucamente com ele.

Um suspiro sai de meus lábios e logo ele  suspira mais forte e se coloca de bruços deixando sua bunda branca e redondinha a mostra. Levanto-me devagar e visto a roupa da noite passada, só então sinto uma leve dor na parte de trás da minha cabeça, levo a mão ao local e vejo o porquê da dor incômoda, eu dormi com a máscara, retiro a mesma e coloco em cima do móvel perto do espelho eu não queria sair assim, mas agora é tarde demais, eu iniciei com esse plano e agora vou até o fim.

Pego somente minha bolsa e chamo um táxi pelo aplicativo do meu celular, preciso ir para casa antes que ele acorde.

Com menos de cinco minutos estou dentro do táxi amarelo a caminho do trailer, o silêncio do motorista me ajuda a pensar.

Não sei porquê ter insistido tanto nessa história de garota mistério, sei que tive um pouco de medo de sua reação ao saber que logo eu, a bonequinha de plástico, a barbie humana, como ele sempre me chamava, a mimada que insistia em bater no peito dizendo que jamais iria ficar com ele, acabou desejando ele a ponto de pedir ajuda ao melhor amigo.

Mas eu poderia ter me revelado essa manhã, sei que estávamos atraídos um pelo outro, e ontem foi como se tudo que pelo menos eu sentia, explodisse sem reservas. Bem ali em seus braços… porém não quis revelar, quero que esse seja meu segredo, algo que eu posso lembrar sem ter Noah fazendo piadinhas e estragando tudo.

Acho que esse é o meu medo: Noah transformar a noite em que me senti verdadeiramente desejada e apreciada em uma noite qualquer.

O táxi para em frente ao trailer, pago ao senhor os doze dólares e vou para a casa metálica, tiro minha roupa, jogo minha bolsa em cima da cama e desenrolo o cabelo cheio de laquê para lavá-lo, pego uma toalha limpa e um vestido solto azul claro e um conjunto de lingerie bege e vou até o banheiro.

Abro o registro e quando a temperatura da mesma me agrada enfio debaixo da cascata quente, pego o sabonete cheiroso, hoje sei porque o caipira tem um l'occitane, apesar dele não usar o dinheiro da família ele sabe o que é bom devido ao berço que nasceu.

Suspiro quando flashes da noite anterior vem em minha mente, fecho meus olhos para apreciar as sensações que meu corpo me traz.

Eu nunca me senti tão bem em toda minha vida, o jeito que Noah me tocou, o jeito que me beijou, a forma que me possuiu e exigiu de mim foi… mágico.

Eu não teria palavras para descrever o que senti na noite passada, toco meus lábios ao lembrar como ele me beijou avidamente, exigindo que eu o correspondesse da mesma maneira. Como sua boca tocou cada canto do meu corpo e sua língua me explorou, eu não sei se existe sexo melhor que esse, mas para mim foi a definição de perfeição.

Meu baixo ventre se contrai quando recordo-me das palavras sujas que Noah me disse, de quando sua mão segurou com força minha cabeça contra o travesseiro, de quando me pegava de quatro ainda que com cuidado para não me machucar e dar prazer a nós dois.

Começo a passar o sabonete no meu corpo lamentando-me por ter que tirar todo seu cheiro forte e marcante de cada centímetro de minha pele, lamentando que nunca mais poderei ter o que tive noite passada.

Point of view — Noah Urrea

Com preguiça abro meus olhos, um sorriso sacana nasce em meu rosto ao lembrar como Any gemeu meu nome durante a madrugada, olho para o lado para ver o corpo magro e nu diante dos meus olhos e poder finalmente falar com ela que eu sabia o tempo todo que se tratava dela, contudo meu sorriso morre ao constatar que ela já não se encontra mais na cama.

Olhando ao redor e localizo sua máscara em cima do móvel que fica em frente ao espelho, a máscara branca cheia de pedrarias.

Um risada fraca sai de minha boca enquanto caio de volta a cama achando hilário o fato de que eu fui abandonado depois do melhor sexo que já fiz em minha vida.

Eu nunca, em toda minha vida, fui largado depois do sexo, ou eu esperava a mulher acordar e fazê-la se sentir especial ou então eu saia antes que a mesma acordasse. Any agora fez isso comigo. Porra, isso foi genial!

Agora minha vontade de brincar com a bonequinha de plástico de gato e rato aumentou cem vezes mais.

Pego meu celular e levanto-me tão rápido que me sinto tonto, já é quase uma hora da tarde e eu tenho que trabalhar, Ryan vai encher a porra do meu saco.

Visto a calça e a camisa rapidamente, pego meus sapatos e saio quase que correndo do quarto, não dando a mínima para os olhares que recebo de alguns empregados assustados.

Vou até o estacionamento e subo em cima da minha moto, abotoo um pouco a camisa e coloco o capacete acelerando o máximo que me é permitido.

O trajeto é feito rapidamente e quando chego em frente ao meu trailer, mando uma mensagem para Ryan dizendo que estou atrasado, muito atrasado, mas que irei trabalhar mesmo assim. Ele me responde com um simples tudo bem.

Entro em casa e paro no lugar. Any está na cozinha, preparando algo enquanto rebola ao som de Body party.
Mordo meus lábios por saber que parte desse bom humor é por minha causa e sobre nossa noite juntos.

— Que susto, caipira. — Any grita deixando cair o presunto no chão. — Onde esteve até agora? Sumiu da minha festa ontem a noite. — ela se faz de desentendida.

— Vou tomar banho, tenho que ir trabalhar.

Não lhe dou uma resposta direta, vou brincar com ela. Isso vai deixar ainda mais gostoso quando eu a foder de novo.

Vou até o quarto, pego uma blusa cinza escura e uma calça preta junto com uma boxer da mesma cor que a calça . Entro no banheiro e tomo um banho tão rápido que tenho a sensação de não estar limpo, mas não estou com tempo para deixar o chuveiro me relaxar.

Vou até cozinha passando a toalha em meu cabelo, o cheiro está maravilhoso.

— Fiz lasanha, come um pouquinho, antes de ir.

Assinto e pego um prato colocando um pedaço generoso da lasanha à bolonhesa, sento-me à mesa depois de pegar um pouco de coca cola, começo a comer enquanto observo Any se sentar à minha frente. Any come um pedacinho da sua lasanha e faz uma careta logo em seguida, não entendo sua reação pois está maravilhosa.

— Maldito enjôo, eu realmente sou fraca para bebidas, mal consigo comer. — Any fala empurrando o prato e tomando um enorme gole de seu refrigerante cheio de gelo

— Bom que sobra mais para mim. — respondo friamente enquanto pego mais um pedaço, não falo dessa maneira bruta para maltratar a Barbie humana, é apenas o meu jeito, eu não vou virar a porra de um príncipe encantado só porque nós fodemos.

— Você não me respondeu, caipira. Onde você estava ontem a noite que desapareceu, eu não te vi mais depois que dancei. Eu saí com Ricardo mas voltei logo em seguida e não te vi mais. 

É engraçado vê-la se fazer de boba e tentar deixar claro que não teve nada comigo.

Lambo um pouco do molho que ficou em meus lábios e entro em seu jogo, se ela quer brincar comigo que assim seja, eu sou melhor nisso do que ela.

— Eu estava com uma puta de uma gostosa que fode pra caralho, porra nunca vi uma mulher gozar tanto. — dou uma olhada em seu rosto, ela tenta segurar o sorriso e coloca uma expressão de nojo como se fosse verdade que ela sente repulsa.

— Me poupe, não quero mais saber o que fez, você é nojento.

Tomo um gole do meu refrigerante, e seguro a risada, isso está divertido.

— Está com ciúmes, bonequinha de plástico? Não se preocupe, se você quer gozar também é só me pedir.

Ela engasga com o refrigerante que tomava secando o nariz me fazendo rir com seu choque.

— Mas tem algo que me preocupa. Ontem na hora da foda nenhum de nós dois nos preocupamos com a merda da camisinha, eu não quero ser surpreendido com a notícia que serei pai de uma foda de uma noite.

Vejo seus olhos se arregalarem com algo que parece que ela nem pensou, e eu resolvo brincar ainda mais com ela.

— Garanto que eu não tenho doença nenhuma, pois sempre encapo meu pau, e acho que ela não seria burra o suficiente para se não prevenir também, mas eu não sei se a garota misteriosa usa anticoncepcional, mas eu acho que sei como encontrá-la.

Any se levanta em um rompante, ela me olha como se quisesse falar algo mas se cala.

— O que foi, bonequinha de plástico? — encosto na cadeira e olho em seus olhos castanhos.

—Eu..eu.. é.. preciso sair.

Ela gagueja, vai até a sala, pega sua bolsa e sai sem ao menos me falar nada, bato palmas gargalhando ao ver seu desespero. Ela que começou e agora irei até o fim. Acabo de almoçar sabendo que preciso ir trabalhar.

(...)

Acendo um cigarro enquanto adentro a oficina, vejo os rapazes trabalhando e vou até o escritório de meu amigo, entro sem bater como sempre e o encontro todo sujo de óleo olhando alguns papéis.

— Até que fim a princesa resolveu aparecer, como foi a noite?

Ryan se senta em sua cadeira e me olha como se fosse uma velha fofoqueira, dou um trago no meu cigarro e jogo meu corpo sobre a cadeira em frente a sua mesa.

— Foi boa, fodi gostoso e gozei ainda mais gostoso. Fim.

Fumo mais um pouco e vejo seu descontentamento por eu não falar nada a ele. O que eu posso falar? Falar as posições em que coloquei a Any? Ou então sobre como ela gritou meu nome enquanto tinha um squirting?

— Eu não vou falar mais nada, acho que você deveria meter seu nariz extremamente grande no que é da sua conta.

Ele revira seus olhos incrivelmente azuis, olhando a hora em seu pulso.

— Noah, fala sério, eu não quero saber do sexo e sim do que sentiu, porra. Para de fingir que não se importa.

Trago mais um pouco do cigarro e apago a chama vermelha em sua mesa, o que Ryan quer saber é impossível eu dizer, pois nem eu mesmo sei o que houve ontem a noite, a fundo. É algo estranho demais para eu entender o que aconteceu de fato.

O sexo não foi só sexo, mas não considero em hipótese alguma que fiz amor, caralho, é mais do que óbvio que essa porra não existe, isso para mim é fuleragem de mulheres românticas e boiolagem de homens que querem enganar essas bobas apaixonadas.

O que não posso negar é que foi estranhamente bom, estranho a ponto de eu querer transar muito mais com a Any, mas foi um sexo que me deixou saciado, como se enfim tivesse encontrado o pote de ouro.

Cogito a possibilidade do o que eu li uma vez na revista que estava no motel enquanto esperava Callie se depilar, algumas mulheres são tão neuróticas , até parece que alguns pelos na buceta iria atrapalhar uma foda. Bom… a mim não incomoda. Mas enfim, eu li que quando um homem encontra a mulher de sua vida o sexo é satisfatório, é tão prazeroso que você só se contentaria com aquela vez, patético na verdade, entretanto é estranho o que eu senti noite passada, foi intenso, foi incrível e eu poderia me sentir realizado apenas por tê-la uma única vez.

Any me deixa louco, ela é uma bagunça.

Não esperava que depois de ontem a noite ela voltasse para o trailer e ao encontrá-la em nossa casa me deixou eufórico, euforia que não deixei transparecer.

Any tem cada vez mais estado em minha mente, eu nunca em toda minha vida me senti assim, irritado e eufórico ao mesmo tempo, feliz e dependente de um sorriso de uma pessoa. Ansioso para que o dia termine e poder chegar em casa e saber se ela ainda se encontra na minha casa.

Se tudo isso que venho sentindo for realmente amor, minha boca amarga só em pensar tal possibilidade.

Como realmente saber se estou me apaixonando pela bonequinha de plástico e não é a merda de uma atração?

Olho para Ryan que está com duas fileiras de dentes a mostra, ele está sorrindo por ver que eu fiquei pensativo durante todo esse tempo e o filho da puta me conhece bem o suficiente para saber que eu estava em uma briga interna para entender o que está se passando comigo.

— Fale assim, Noah: Ryan, você tinha razão.

Levando o dedo do meio para meu melhor amigo que está rindo todo contente, pois eu não tenho mais como negar, algo está mudando dentro do meu peito.

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