Capítulo 35

Point of view — Any Gabrielly

Nós dois esperamos tanto esse dia chegar, agora que chegou vamos fazer esse momento especial. Eu não posso negar, há tantos pensamentos na minha cabeça que essa pode ser a noite dos meus sonhos.

A luz refletida sobre meu corpo chama atenção de meus convidados, meu peito sobe e desce quando percebo que sou alvo de mais ou menos duzentos pares de olhos.

Eu não sei quando meu aniversário tomou toda essa proporção, sei que meses atrás olhava a idade vinte e um anos como algo especial, um marco na vida de ser humano, afinal… Agora estou deixando de ser uma jovem para me tornar adulta, mas agora tudo parece tão supérfluo. 

Idade é apenas um número. Percebo que minha mudança no último mês foi grandiosa, não sou mais aquela menina que queria uma festa com o tema felizes para sempre, com direito a meu príncipe. Príncipe que se mostrou um verdadeiro dragão.

Não acredito mais em felizes para sempre e sim que estamos sujeitos a altos e baixos enquanto vivermos, mas somos nós que decidimos ser felizes independente da situação que estamos e o principal, não depender de ninguém para ser feliz.

Então aqui estou eu olhando todos com suas respectivas roupas de festa e máscara, mudando totalmente o conceito que contos de fadas não existem, e sim, pessoas com máscaras, retratando que cada um de nós não demonstra ser quem dizemos ou tentamos ser.

Temos segredos, medos e inseguranças. E tudo bem ser assim, somos jovens e o aprendizado vem aos poucos e com o tempo aprendemos que a única pessoa que precisamos para sermos felizes somos nós mesmos.

Ninguém faz o outro feliz, apenas acrescenta.

Umedeço meus lábios e passo a mão pelo decote do meu vestido encantada, Pierre soube exatamente fazer o que eu sonhei e imaginei.

Escolhi a cor preta por ser muito elegante, corpete justo com um decote pronunciado e que realça meus seios. O tecido é leve, com uma saia rodada de tecido transparente. A frente é ligeiramente mais curta, minhas sandálias de salto adornam meus pés e a máscara branca com pedrarias fecha meu look. 

Começo a descer as escadas calmamente, um sorriso adorna meus lábios pintados em carmesim. Eu poderia estar triste por tudo que aconteceu dias antes do meu aniversário poderia estar abalada por hoje não ter metade do que eu imaginei para os meus vinte e um anos,  mas… olhando agora, o que isso importa de fato?

Não devemos viver somente baseando-se em planejamentos, é bom poder sonhar com o futuro e consequentemente ter planos mas viver o agora é tão interessante quanto, por isso antes de sair do quarto onde estava sendo preparada, decidi que minha festa seria sim, incrível e inesquecível.

Quando finalmente meus pés deixam o último degrau, sou abraçada por Ricardo e Brandon simultaneamente, eles estão deslumbrantes em ternos pretos e máscaras igualmente pretas.

— Você está, uou, nossa… eu nem sei o que falar. — Sorrio para o jeito embaraçoso de Ricardo, o moreno é uma perdição, contudo eu não consigo sentir desejo por ele, seu jeito desengonçado faz apenas com que eu queira ser sua amiga.

— Você também não está nada mal, Ricardo. Nem você, Brandon. — Olho para o rapaz de lindos olhos azuis e pele clara, ele pisca para mim e me abraça novamente, aproximando seus lábios finos próximo a minha orelha.

— Tenho certeza que um certo alguém hoje não te deixará escapar. — Seu sussurro se torna confuso quando termina de falar, me afasto de seus braços o olhando em confusão, não desvio o olhar procurando por alguma resposta de meu melhor amigo.

— Não se faça de desentendida, Any Gabrielly Soares. Eu percebi aquele clima todo, melhor dizendo… eu pude sentir toda a tensão sexual entre você e o Urrea aquele dia na lanchonete.

Enfim eu entendo onde ele quer chegar, apenas dou de ombros que sorri, não adianta mais negar, Noah e eu estamos sim com uma atração fortíssima, entretanto onde isso vai nos levar eu já não sei, melhor é deixar o tempo agir, como eu disse antes de estar no salão principal, vou viver o agora.

— Quem sabe, meu caro, quem sabe.

Brinco com Brandon arrancando risadas dos meus dois amigos, despeço-me dos dois e vou atender os outros convidados.

Depois de receber e cumprimentar todos quero dançar, beber um pouco, nada que atrapalhe eu curtir meus vinte e um anos.

Aceno para meus pais que estão no salão reservado para os mais velhos poderem conversar sossegadamente, e poderem ir embora quando desejarem sem precisar passar por jovens bêbados dançando como loucos. 

Alguns amigos de meus pais olham em minha direção e comentam algo que faz meu pai sorrir orgulhoso. Dou um aceno na direção deles e vejo várias pessoas importantes.

Volto a caminhar calmamente, olho a decoração de todo o salão e ao ver tudo pronto, percebo que usar os tons prata e dourado deu um ar luxuoso ao salão enorme.

Balões e algumas luzes estão bem distribuídos, não deixando a festa com ar infantil mas ainda com um requinte de uma festa de aniversário.

No caminho vou cumprimentando convidados e olhando os vestidos de variadas cores ficando satisfeita ao perceber que todos receberam meu e-mail com a notificação sobre o uso obrigatório de máscara.

Quando chego ao bar, peço que me prepare um coquetel, enquanto o barman ruivo faz malabarismos incríveis com o copo e seu peitoral definido e desnudo a mostra, pego-me procurando pelo Caipira, um suspiro sai de meus lábios quando não o encontro em lugar algum.

Sei que ele não tem obrigação de vir, sei também que o convidei em cima da hora e com toda certeza Noah não é de estar em festas, mas poxa... Eu achei que nós dois estivéssemos em termos melhores.

Tomo um gole do líquido alaranjado que o barman me entregou, eu não devo me chatear pelo Caipira não estar presente, tenho que entender que nem todos são iguais e que ele já me mostrou ser alguém que eu jamais esperei, isso já é muito importante.

Kill this love de BlackPink toca em alto e bom som, solto um grito e vou até onde Ricardo e Brandon dançam com alguns colegas da faculdade, me misturo com eles e deixo a música dançante me levar, rebolo devagar enquanto beberico da bebida doce.

Brandon agarra minha cintura e me faz dançar junto com ele, jogo minha cabeça para trás rindo e deixo ele nos conduzir.

Nunca teve nada entre nós dois e jamais terá, mesmo sabendo que ele é bissexual, nosso lance é apenas conversar e ajudar um ao outro sempre, sem a necessidade de estarmos colados.

— Atenção, atenção. — a música para e olho para o palco onde o DJ está com um sorriso no rosto. — Vamos parar um pouco a balada, pois a meia noite acabou de acontecer e agora é hora da nossa estrela dançar com seu príncipe para todos nós.

Meus olhos se arregalam e meu coração dispara quando palmas de meus convidados são ouvidas, procuro pela promoter que está tão assustada quanto eu em um canto.

Essa dança era quando o tema felizes para sempre era o slogan de minha festa, era para quando eu pensava que o Benjamin era meu príncipe e minha promoter esqueceu desse pequeno detalhe. 

Todos começam a abrir uma roda em minha volta quando Photograph do Ed Sheeran começa lentamente, meus olhos se enchem de lágrimas por vergonha, eu não tenho ninguém para dançar, muito menos um príncipe.

Quero correr e gritar como louca, mas apenas respiro fundo. Não vou espernear por algo tão banal. Abro um sorriso e viro de frente para o DJ, que está para pedir desculpas e pedir que a música retome, mas meu coração acelera com o que eu vejo: Brandon começa vir até mim com um sorriso, mas Noah segura seu braço e fala algo que faz meu amigo sorrir e assentir.

Enquanto o caipira vem até onde estou, percebo seu rosto endurecido como sempre, sua calça preta social, blazer preto contrasta lindamente com a camisa rosa e a máscara preta que deixa seus olhos ainda mais esverdeados. Seu cabelo está modelado em um topete incrível, mostrando que ele cortou um pouco os fios castanhos. 

Observo seus pés e seu sapato social está tão lustrado que posso ver meu reflexo nele. Porra, ele está impecável.

Noah estende sua mão para mim e percebo o rolex de ouro em seu braço, aceito sua mão e então meu corpo se choca contra o dele, começamos a dançar lentamente em total silêncio.

"Quando ele chegou?"

Meu coração está acelerado e minha boca totalmente seca, apesar de estarmos sendo observados é como se eu estivesse a sós com ele aqui.

— Você veio… — sussurro tão baixo que quase acredito que terei que repetir a frase, mas quando ele me aperta contra ele e me olha docemente sei que ele me ouviu.

— Porque eu não viria, bonequinha de plástico? Apesar de eu achar uma perca de tempo, eu não poderia fazer essa desfeita com você.

Sorrio um pouquinho por saber que ele está começando a se importar comigo.

— Você está… diferente? Digo, nunca te vi vestido tão formalmente. — Não sei de devo enfiar minha cara em algum buraco depois dessa, mas quando ouço seu bufar sei que ele não está com raiva ou sem jeito, está sendo apenas o caipira de sempre.

— A porra do Ryan me emprestou tudo, a não ser a cueca, obviamente. — gargalho  com ele. — Mas… — ele se mostra um pouco envergonhado e eu tenho vontade de acariciar seu rosto por isso. — Eu realmente não sabia como tinha que estar vestido, apesar de ter nascido em uma família que sempre tinha festas para ir, ou não ia ou ia como me visto diariamente apenas para irritar meu pai. — Olho com ternura para ele.

— Eu não me importaria se você aparecesse parecendo um mendigo como sempre. — Ele ri, realmente se diverte com o que eu disse.

— Eu sei, Any. Mas eu quis, não me senti obrigado, não fiz apenas por causa de sua festa, eu fiz por você também, sei que essa noite é importante para você. — Minhas pernas amolecem com o que eu ouço, me aperto ainda mais a ele.

— Noah… — apenas seu nome sai de meus lábios, nenhum outro som, a intensidade que ele emana é absurda.

— O que você quer, bonequinha de plástico? Só peça que eu te darei.

Meu ventre se contrai e quando penso em beijá-lo a música acaba e começa a tocar Bang Bang de Jessie J, todos os meus convidados voltam a dançar a nossa volta depois de nos aplaudirem.

— Eu vou beber algo, depois nos vemos por aí.

Ele me abandona na pista e vai até o barman se acomodando numa banqueta, mordo meu lábio inferior e sinto um calor fora do normal.

Brandon chega perto de mim com uma cerveja gelada em mãos, mexendo as sobrancelhas para mim, o desgraçado estava de olho em nós dois.

— Acho que isso vai te ajudar um pouquinho, pois até eu fiquei com tesão vendo todo esse desejo reprimido de vocês.

Mostro meu dedo do meio para ele pegando a cerveja gelada de sua mão tomando um enorme gole.

(...)

Meus pés doem depois de horas dançando, mas mesmo assim não deixo de me divertir com todos meus colegas. 

Noah sumiu, a não ser por algumas vezes quando ele passava por nós na pista de dança. 

O caipira é reservado e quieto, mas sempre que o via ele sorria de algo e voltava a bebericar sua cerveja.
Meu pai veio alguns minutos atrás para se despedir, pois ele sabia que essa festa irá até o dia clarear.

— Quantas horas, Alice.— pergunto a uma colega e ela pega seu celular.

— Três horas, é a hora do demônio, porra. Vamos esbaldar. — Ela grita arrancando-me risadas ao perceber que ela está mais que bêbada.

Vejo uma certa confusão lá fora e Ricardo entra de mãos dadas com uma garota que não conheço, ou é penetra ou veio com ele, mas não me importo com isso.

Caminho até ele sentindo-me um pouco tonta, nada alarmante, mas que me deixa alegre e sem medo de nada.

— O que está acontecendo, Ricardo?

Ele fica tenso, porém me puxa para um canto largando a garota sozinha por um tempo.

— Benjamin está aí, ele está doido tentando entrar, mas sem chance, os seguranças sabem que ele está proibido de entrar e não tem como ele passar por aqueles guarda-roupas.

Fecho meus olhos.

"Eu não vou lá fora, ele não merece um pingo da minha atenção ou consideração." 

Fiz bem em deixar ordens expressas que não o queria aqui.

Vou é voltar a me divertir ignorando a informação que acabei de receber, isso nunca aconteceu, simples assim.

Todos comemoram quando uma música estilo reggaeton começa a tocar. Uma música muito sensual e aí uma ideia me surge, puxo a saia do meu vestido o transformando em uma espécie de maiô, a meia fina em minhas pernas não me deixa vulgar e o sapato alto me faz parecer uma diva do pop.

Puxo o arranjo do meu cabelo o deixando totalmente solto, jogo minha cabeça para frente e depois para trás fazendo com que meus cachos fiquem melhores e não tão grudados.

Vou rebolando até o balcão, jogo tudo que está em cima dele no chão e subo em cima do mesmo com tudo, todos gritam fazendo com que eu me sinta ainda mais poderosa e gostosa.

Como Alice disse mais cedo: É a hora do demônio.

Dobro meu corpo para frente, minha mão alcança meu pé e começo subi-la devagar por toda minha perna, quando alcanço meu quadril uso as duas rebolando ao ritmo da música.

Quando alcanço meus seios sinto-me queimando em chamas ardentes, olho para frente e Noah está sentando em uma banqueta com as pernas totalmente abertas, sua camisa está com quatros botões abertos deixando evidente suas tatuagens. O blazer já sumiu de seu corpo e as mangas estão arregaçadas até os cotovelos.

Não paro de dançar e olho somente para ele enquanto assobios são ouvidos por todos.

Noah está com sua mão esquerda suspensa com um pequeno copo com um líquido transparente, na mão direita um cigarro recém aceso que queima sem que ele o leve aos lábios. Seu cabelo está um pouco bagunçado, suas bochechas estão rosadas e lábios úmidos. Ele está a personificação do pecado!

Quando a cantora canta: "Eu rebolo, te enlouqueço bate palma que eu mereço, quero ver se você vai aguentar a noite inteira sem poder me tocar."
Faço questão de virar meu corpo e descer lentamente sobre o balcão. Olhando sobre o ombro vejo Noah morder os lábios enquanto rebolo abaixada, gargalho sabendo que ele entende que estou dançando para ele.

A bebida me ajuda sim, mas não estou agindo sobre o efeito dela, sei muito bem o que estou fazendo e sei que posso fazer isso sem parecer uma idiota. Ele me deseja.

Viro-me de frente e olho em seus olhos, e a frase seguinte é para deixar claro para ele. Começo a sensualizar com minhas mãos em meu corpo: "Tudo pode acontecer, vai ter que pagar pra ver, se vai rolar, se é pra valer, ou não."

Depois que a música chega a reta final Brandon me ajuda a descer do balcão, mordo meu lábio e mergulho no oceano azul de seus olhos.

— Brandon, eu quero transar com o caipira.

Brandon engasga com o salgado que ele come e me olha.

— Como? Você deve estar bêbada para caralho! É do Noah que estamos falando.

— É isso mesmo que você ouviu, eu quero transar com o caipira. Aqui e agora.

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